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Pesquisa: a origem do termo

ESCOLA DE FRANKFURT

A Escola de Frankfurt foi fundada em 1924 por iniciativa de Félix Weil. Antes dessa denominação tardia (só viria a ser adotada, e com reservas, por Horkheimer na década de 1950), cogitou-se o nome Instituto para o Marxismo, mas optou-se por Instituto para a Pesquisa Social. Seja pelo anticomunismo reinante nos meios acadêmicos alemães nos anos 1920-1939, seja pelo fato de seus colaboradores não adotarem o espírito e a letra do pensamento de Marx e do marxismo da época, o Instituto recém-fundado preenchia uma lacuna existente na universidade alemã quanto à história do movimento trabalhista e do socialismo. Seguindo a tradição romântica de contestação ao racionalismo, seus integrantes afirmaram que a sociedade moderna, ao conquistar a natureza por meio da tecnologia, provocara um empobrecimento geral dos seres humanos, submetendo-os ao que Goethe denominara de o domínio da "cinzenta teoria". Você sabia? Sob a ótica da fenomenologia o objetivo de sua futura monografia seria o de captar a essência do seu objeto de estudo, seja ele uma sala de aula, um método de trabalho ou um problema qualquer como o fracasso escolar, a baixa qualidade do ensino universitário ou a hiperatividade dos alunos.

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mesmas”, isto é, aos fenômenos, aquilo que aparece à consciência, que se dá como objeto intencional.

Seu objetivo é chegar a intuição das essências, isto é, ao conteúdo inteligível e ideal dos fenômenos, captado de forma imediata. Toda consciência é “consciência de alguma coisa”. Assim sendo, a consciência não é uma substância, mas uma atividade constituída por atos (percepção, imaginação, especulação, volição, paixão, etc.), com os quais visa algo. Seu método mais usual era o da REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA. processo pelo qual tudo que é informado pelos sentidos é mudado em uma experiência de consciência, em um fenômeno que consiste em se estar consciente de algo. Coisas, imagens, fantasias, atos, relações, pensamentos, eventos, memórias, sentimentos etc constituem nossas experiências de consciência. O interesse para a fenomenologia não é o mundo que existe, mas sim o modo como o conhecimento do mundo se dá, tem lugar, se realiza para cada pessoa. A redução fenomenológica requer a suspensão das atitudes, crenças, teorias, e colocar em suspenso o conhecimento das coisas do mundo exterior a fim de concentrar-se a pessoa exclusivamente na experiência em foco, porque esta é a realidade para ela.

A Fenomenologia pode ser resumida como sendo o estudo das essências: a essência da percepção,

a essência da consciência (para citar alguns exemplos).

Por isso mesmo, um das idéias chaves da fenomenologia é a noção de intencionalidade. Esta intencionalidade é da consciência (de um sujeito) que sempre está dirigida a um objeto. Tende a reconhecer o princípio de que não existe objeto sem sujeito. Logo é possível afirmar que a Fenomenologia é uma tendência filosófica que, entre outros méritos, parece, tem o de

:: Fenômeno: A palavra Fenômeno é originária do termo grego phainomenon que significa "observável"). O termo possui um significado específico na filosofia de Immanuel Kant que contrastou o termo 'Fenómeno' com 'Nómeno' na "Crítica da Razão Pura". Os fenómenos constituem o mundo como nós o experimentamos, ao contrário do mundo como existe independentemente de nossas experiências (thing-in-themselves, 'das Ding an sich', 'das coisas-em-sí').

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haver questionado os conhecimentos do Positivismo, elevando a importância do sujeito no processo da percepção da realidade.

Na Educação como um todo, ocorreu grande entusiasmo em relação à uma nova visão que se tem da pesquisa, que procura contextualizar historicamente os dados levantados, levando-se em consideração a subjetividade humana. O hábito da pesquisa positivista de trabalhar, amarrado ao dado e à sua relação fundamentalmente quantitativa com outra informação, não permitia a possibilidade de interpretações mais ricas e aprofundadas das realidades estudadas.

Muitos pesquisadores desenvolveram preconceitos em torno da dimensão objetiva da pesquisa, exaltando o lado subjetivo e a interpretação qualitativa das informações. A busca de significado dos fenômenos e das suas bases culturais privilegiou o enfoque antropológico, especialmente na pesquisa participante e no campo da educação popular e de adultos.

Nos anos setenta, na Inglaterra, iniciou-se uma corrente fenomenológica fundamentalmente de natureza sociológica, que, em seguida, avançou com seus princípios no campo da Educação, determinando ações e maneiras de encarar o desenvolvimento do currículo na escola e, de maneira singular, a pesquisa no ensino.

Se a pesquisa de natureza fenomenológica ainda esbarrava na dificuldade de superar o hábito positivista, os embaraços aumentam, notadamente, quando se realiza a tentativa de investigar usando a conceitualização básica do materialismo dialético. A falta de tradição no emprego da análise marxista da realidade, no meio acadêmico latino-americano, levanta Para

navegar

Um site bastante interessante por abordar não apenas o tema do materialismo dialético, como também outros conceitos marxistas é o de: http://www.pcb.org. br/biblioteca/ introducao.rtf

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sólidas barreiras aos pesquisadores que desejam percorrer este caminho.

Para compreender melhor essa nova visão é necessário conhecer um pouco mais sobre o MATERIALISMO DIALÉTICO e o MATERIALISMO HISTÓRICO. A idéia materialista do mundo reconhece que a realidade existe independentemente da consciência. Esta idéia-chave é fundamental para compreender os dois tipos de materialismo citados.

O MATERIALISMO DIALÉTICO é a base filosófica do marxismo e como tal realiza a tentativa de buscar explicações coerentes e lógicas para os fenômenos da natureza, da sociedade e do pensamento. Por um lado, o materialismo dialético é herança de uma longa tradição na Filosofia Materialista. Por outro, é também antiga concepção na evolução das idéias e baseia-se numa interpretação dialética do mundo. Estas raízes se unem para formar, no materialismo dialético, uma concepção da realidade, enriquecida com a prática social da humanidade. Esta concepção não somente tem como base de seus princípios a matéria, a dialética e a prática social, mas também ambiciona ser a teoria orientadora da revolução do operariado. Seu propósito maior é o estudo das leis mais gerais que regem a natureza, a sociedade e o pensamento e, como a realidade objetiva se reflete na consciência. A dialética do materialismo é posição filosófica que considera a matéria como a única realidade e que nega a existência da alma, de outra vida e de Deus. Nesta ótica as leis do pensamento correspondem às leis da realidade. A dialética não é só pensamento: é pensamento e realidade a um só tempo.

O MATERIALISMO HISTÓRICO por sua vez significou uma mudança fundamental na interpretação dos fenômenos sociais que, até o surgimento do Marxismo,

Dica de leitura

Um livro que pode auxiliar a entender a importância do materialismo histórico é foi escrito por HABERMAS, J. Para a reconstrução do materialismo histórico. 2ª. ed., São Paulo: Brasiliense, 1990.

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se apoiava em concepções idealistas da sociedade humana. Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende a explicação da história das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. A sociedade é comparada a um edifício no qual as fundações, a infra-estrutura, seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria as idéias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas etc.).

Na obra A Miséria da filosofia (1847) Marx esclarece tal ideal ao afirmar que:

As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida,

modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial.

(http://www.coladaweb.com/ filosofia/mat_historico.htm)

RESUMINDO

O Materialismo Histórico Dialético surgiu a partir da publicação do Manifesto Comunista de 1848, por Karl Marx e Friedrich Engels (porém, Marx já apresentara seus traços em 1847, em sua obra “A Miséria da Filosofia”).

O materialismo designa um conjunto de doutrinas filosóficas que, ao rejeitar a existência de um princípio espiritual liga toda a realidade à matéria e a suas modificações.

O materialismo histórico é uma tese do marxismo, segundo a qual o modo de produção da vida material condiciona o conjunto da vida social, política e espiritual. É um método de compreensão e análise da história, das lutas e das evoluções econômicas e políticas. Trata-se de uma abordagem metodológica ao estudo da sociedade, da economia e da história. A análise materialista histórica parte da questão de que a produção, e a troca dos produtos, é pilar de toda a ordem social; existente em todas as sociedades que desfilam pela história. Sendo assim, a repartição destes produtos, aliada com ela à divisão dos homens em classes ou camadas, é determinada pelo o que e como a sociedade produz e pelo modo de trocar as suas mercadorias. Importante O resgate do sujeito é sem dúvida alguma a grande contribuição dessa escola de pensamento.

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Nota-se assim a defesa de um rigoroso determinismo econômico em todas as sociedades humanas o que acabou gerando um clima de polêmica que Marx e Engels mantiveram com seus opositores. Tal idéia só era atenuada com a afirmativa de que existe constante interação e interdependência entre os dois níveis que compõe a estrutura social.

Sob o paradigma marxista, calcado nesses dois tipos de materialismos citados, o pesquisador deve ter presente em seu estudo uma concepção dialética da realidade natural e social do pensamento, a materialidade dos fenômenos e que estes são possíveis de serem conhecidos. Tais princípios básicos do marxismo devem ser complementados com a idéia de que existe uma realidade objetiva fora da consciência e que esta é um produto, resultado da evolução do material, o que significa que, para o marxismo, a matéria é o princípio primeiro e a consciência é o aspecto secundário, o derivado.

A discussão e a prática da pesquisa em Educação, dentro desta linha de pensamento ainda é considerada por muitos como incipiente. A realidade dos países periféricos da América Latina requer seus próprios métodos de investigação e de explicação da nossa realidade. Ao importarmos esquemas teóricos de países centrais, com alto padrão de desenvolvimento tecnológico, econômico e social, com a realidade totalmente diferenciada, corremos o risco grave para o desenvolvimento das pesquisas sobre os nossos problemas sociais, políticos e econômicos.

É importante ressaltar que não buscamos com esse pequeno resumo das três correntes analisadas, que correspondem aos principais paradigmas metodológicos de se fazer e pensar pesquisa, esgotar o assunto a respeito destas, mesmo porque este não é

Importante

Atualmente este tem sido um dos grandes desafios para a pesquisa no mundo todo. Deixar de importar modelos que nada tem a acrescentar a sua realidade local. É fundamental no caso do Brasil que possamos vir a desenvolver pesquisas que respondam as nossas demandas nas mais diferentes ordens: culturais, econômicas, políticas etc.

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nosso objetivo dessa aula. Nossa intenção foi a de apresentar os métodos clássicos utilizados pelos pesquisadores para interpretação da realidade que estamos mergulhados, para facilitar o entendimento dos que estão principiando na área de pesquisa sobre a importância do estudo destes métodos.

EXERCÍCIO 2

Reflita sobre o pensamento de Einsten na citação abaixo e teça suas considerações:

“Nós sabemos agora que a ciência não se desenvolve a partir do empirismo, que nas construções da ciência precisamos utilizar a invenção livre que só a posteriori pode ser confrontada com a experiência. Quanto mais uma cultura reconhece que sua interpretação do universo é fruto de sua cultura, mais avançada é a sua ciência”. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________

EXERCÍCIO 3

Você já teve oportunidade de pesquisar em profundidade sobre um determinado problema ou situação. Relate aqui essa experiência de forma resumida, esclarecendo o que estava sendo investigado e a que conclusões chegou.

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RESUMO

Vimos até agora:

 Vimos aqui resumidamente os conceitos de pesquisa, pesquisa científica e metodologia da pesquisa;

 Refletimos sobre o papel e a importância da pesquisa científica para o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da sociedade como um todo;

 Vimos as diferenças e os pontos de interseção entre as metodologias do tipo quantitativas e qualitativas;

 Conhecemos de forma sucinta alguns dos principais paradigmas metodológicos que norteiam a pesquisa científica;

 Refletimos sobre a necessidade de como docentes nunca abandonarmos a pesquisa, uma vez que é preciso estar sempre atualizados sobre aquilo que estamos selecionando em termos de conteúdo, métodos e instrumentos de trabalho.

O Delineamento da

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