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O método de pesquisa adotado realizado por esta dissertação compreende a realização de estudo de casos e, posteriormente, de uma pesquisa-ação. De acordo com Yin (2007), um estudo de caso pode ser classificado em três tipos distintos:

• Estudo de Caso Explanatório: busca avaliar teorias e instituir relações causais, tal como explicar o por que tal relação existe;

• Estudo de Caso Exploratório: busca colocar o pesquisador em contato com uma realidade até então pouco conhecida por este, permitindo agregar conhecimentos e aprofundar-se sobre determinado assunto;

• Estudo de Caso Descritivo: busca descrever determinada realidade ou fenômeno por meio de observações pessoais do pesquisador, quando em contato com o objeto estudado.

Considerando as características inerentes a cada um dos tipos de Estudo de Caso, pode-se classificar a pesquisa exploratória deste projeto como exploratória. O pesquisador, a partir de visitas in loco, explorou seis realidades com as quais tinha pouca familiaridade, gerando uma maior aprendizagem sobre o tema estudado e possibilitando a elaboração de dois tipos de diagnóstico.

Um dos tipos de diagnóstico foi obtido a partir das visitas realizadas em três Unidades de Serviço Médico-Hospitalares sem Acreditação (Unidade A, Unidade B e Unidade C). Este diagnóstico refere-se à compatibilidade entre a sistemática de Gestão recomendada pela ONA e as práticas gerais de Gestão em tais Unidades. Assim, foram observadas as incompatibilidades e deficiências da sistemática de gestão de cada uma dessas instituições sob a perspectiva de gestão recomendada pela ONA.

Outro diagnóstico foi obtido a partir de visitas à três Unidade de Serviços Médico-Hospitalares já Acreditadas pela ONA (Unidade D, Unidade E e Unidade F). Este diagnóstico buscou identificar os fatores que dificultaram e facilitaram o processo de Acreditação vivenciado em cada uma dessas Unidades, visando fornecer subsídios às ações e implantações realizadas na segunda fase da dissertação, a pesquisa-ação.

Segundo Yin (2007), o estudo de caso é uma investigação que busca compreender um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas, tratando de situações onde comportamentos relevantes não podem ser manipulados. Para Voss et. al, (2002), o estudo de caso pode ser realizado para enriquecer o conhecimento do pesquisador acerca de um dado fenômeno, auxiliando na compreensão de realidades pouco conhecidas.

Um estudo de caso pode ser único ou múltiplo. Enquanto o primeiro é mais adotado para casos críticos e raros, o último busca desenvolver idéias ou questionamentos, ou preservar características holísticas de acontecimentos reais a fim de mapeá-los (YIN, 2007). Portanto, o estudo de caso desta dissertação é exploratório e múltiplo, pois envolveu visitas à seis Unidades de Serviços Médico-Hospitalares, o que, de acordo com Voss et. al, (2002),

aumenta a validade interna das conclusões, gerando evidências mais convincentes e resultados mais robustos e confiáveis do que se o estudo de caso fosse realizado apenas em uma Unidade de Serviços Médico-Hospitalar (estudo de caso único).

Os conhecimentos e a aprendizagem acumulados na pesquisa bibliográfica e na pesquisa exploratória subsidiaram a fase seguinte desta pesquisa: a pesquisa-ação. A pesquisa-ação é uma forma de ação coletiva e planejada, podendo ser de caráter técnico, orientado em função da resolução de problemas reais ou de objetos de transformação. É baseado na busca da compreensão e de ação entre pesquisadores e membros da situação ou organização investigada (THIOLLENT, 2007). Segundo Coughlan e Coghlan (2002), na pesquisa-ação, o pesquisador desempenha um papel ativo no equacionamento dos problemas encontrados, no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas em função dos problemas, interferindo diretamente no ambiente pesquisado ao inserir-lhe mudanças.

O método de pesquisa-ação foi aplicado na Unidade A, visando adequar sua Gestão à sistemática da ONA, e seguiu as etapas do modelo de pesquisa-ação proposto por Coughlan e Coghlan (2002). Para estes autores, a pesquisa-ação é um método de pesquisa cíclico composto por oito etapas:

• Etapa Preliminar: consiste em compreender o contexto e os propósitos nos quais serão realizados a pesquisa-ação. Antes de se iniciar a pesquisa-ação, devem ser avaliadas a viabilidade da mesma, bem como os elementos sociais, políticos e econômicos que serão envolvidos. É importante avaliar o tipo de mudança gerada após a pesquisa-ação, e o período de tempo que será necessário para sua conclusão.

• Coleta de Dados: os dados de uma pesquisa-ação podem ser coletados de diversas fontes, como relatórios financeiros, de marketing, estatísticos, além de entrevistas e observações realizadas no ambiente de estudo. Assim, informações podem ser geradas não só durante as visitas do pesquisador ao campo de estudo, observando-se o trabalho das equipes, a sistemática utilizada para resolução de problemas, ou o processo de tomada de decisão, mas também em entrevistas formais (pré-agendadas) e informais (realizadas durante intervalos, ou horário de almoço) com os profissionais envolvidos. A compreensão acerca de como se dá o relacionamento entre os profissionais, entre equipes de trabalho, ou entre os departamentos auxilia a definir a forma com a qual será conduzida a pesquisa-ação.

• Análise dos Dados Coletados: trata-se de um processo colaborativo entre o pesquisador e os membros da Organização estudada (Alta Administração, profissionais, gerentes, departamentos, etc.), visando troca de informações a respeito de práticas e rotinas de trabalho adotados, do perfil de liderança e de regras e normas existentes.

• Disponibilização dos Dados Coletados: o pesquisador, a partir dos dados coletados, elabora relatórios contendo suas próprias impressões e os repassa para a Alta Administração da Organização estudada. Pode ocorrer, ainda, o processo inverso, isto é, a própria Organização coleta dados, os reúne sob a forma de relatório e os repassa ao pesquisador, podendo realizar, eventualmente, com este reuniões para análise dos relatórios.

• Plano de Ação: trata-se de uma etapa colaborativa entre o pesquisador e a Organização, devendo ser definidos: o papel a ser desempenhado por cada profissional durante a realização da pesquisa-ação e o cronograma de duração de suas etapas. Outros pontos deverão ser definidos nesta etapa, como as áreas da Organização que estarão envolvidas, quais as mudanças necessárias, como será obtido o comprometimento dos profissionais, como serão administrados eventuais focos de resistência, etc;

• Implementação: consiste em executar o plano elaborado, monitorando sua aplicação e certificando-se de que os envolvidos estão cumprindo com suas responsabilidades;

• Avaliação dos Resultados: consiste em avaliar os resultados proporcionados pela implementação da ação, aprendendo com eventuais insucessos e erros cometidos a fim de se acumular mais experiência para que, futuramente, as mesmas falhas não sejam repetidas na iniciação de um novo ciclo;

• Monitoramento: trata-se de uma etapa contínua que ocorre paralelamente a cada uma das anteriores, pois envolve verificar o cumprimento das atividades e responsabilidades de cada fase do ciclo da pesquisa-ação a fim de se evitar que erros e falhas se proliferem e que a ação final revele-se ineficaz.

O comportamento cíclico da pesquisa-ação é ilustrado conforme Coughlan e Coghlan (2002) na figura 5.1.

FIGURA 5.1. Ciclos da pesquisa-ação

Fonte: COUGHLAN; COGHLAN (2002)

As fases referentes à realização do Estudo de Casos e da pesquisa-ação permitiram a realização da última fase desta dissertação: a proposição de uma sistemática orientativa de implantação da Acreditação Hospitalar, nível Acreditação Plena, em Unidades de Serviços Médico-Hospitalares de pequeno e médio porte. Uma representação esquemática das fases da metodologia é apresentada na figura 5.2.

FIGURA 5.2. Fases da Pesquisa