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As Unidades de Serviços Médico-Hospitalares (USMH) da rede pública, também genericamente denominadas de hospitais, fazem parte de um sistema de atenção à saúde que, no caso brasileiro, denomina-se Sistema Único de Saúde (SUS). Neste sistema, essas Unidades destacam-se por sua complexidade funcional, elevada resolubilidade (capacidade da instituição receber, diagnosticar e dar seguimento ao tratamento dos usuários que o procuram) e pelos custos de implantação e operação (TOLEDO, 2002).

Com a finalidade de mostrar as transformações sofridas pelas Unidades de Serviços Médico-Hospitalares nos últimos cem anos, buscou-se definições variadas para esse tipo de instituição. Trata-se de um estabelecimento onde se recebem e se tratam os doentes pobres em enfermarias próprias e os que não são em quartos ou enfermarias reservadas, pagando-se uma cota. Antigamente, os hospitais eram locais onde se recebiam peregrinos, pobres e enfermos (TOLEDO, 2002).

Já para a OMS uma Unidade de Serviços Médico-Hospitalares é uma instituição destinada ao diagnostico e tratamento de doentes, internos e externos, planejada, construída ou modernizada com orientação técnica; bem administrada consoante padrões e normas estabelecidas; geral ou especializada; oficial ou particular, com finalidades diversas; grande, ou pequena, custosa ou modesta para atender os ricos, menos afortunados, indigentes e necessitados, recebendo clientes gratuitos ou contribuintes, servindo, ao mesmo tempo, para prevenir contra doença e promover a saúde, a pesquisa e o ensino da medicina e da cirurgia, da enfermagem e das demais especialidades afins (TOLEDO, 2002).

O Dicionário Enciclopédico brasileiro (1954), por sua vez, define Unidade de Serviços Médico-Hospitalares como instituição destinada a receber, para diagnóstico e tratamento, pessoas que necessitam de assistência médica diária e cuidados constantes de enfermagem em regime de internação, ao mesmo tempo que recebe para idênticos objetivos de diagnostico e tratamento, pacientes em regime de ambulatório, sempre que presente esta unidade (TOLEDO, 2002).

Pode-se observar por meio de tais definições que as Unidades de Serviços Médico-Hospitalares são estabelecimentos que possuem amplas funções, que envolvem

grande numero de tarefas e obrigam uma Unidade de Serviços Médico-Hospitalares moderna a reunir atividades de um hotel, restaurante, lavanderia, escola, farmácia, biblioteca, centro de recreações, oficina de manutenção, central térmica e elétrica, residência, creche, centro de computação de dados estatísticos, arquivo, industria, garagem e outras (MILLER; SWENSSON, 2002).

Isso tudo obriga a Unidade de Serviços Médico-Hospitalares a arregimentar médicos das mais variadas especialidades, enfermagem de todos os níveis, nutricionistas, assistentes sócias, psicólogos, técnicos em dezenas de ramos, pessoal administrativo de várias categorias, engenheiros, operários, etc. O número de pessoas que trabalham em uma Unidade de Serviços Médico-Hospitalares é, em média, o dobro do número total de leitos (MILLER; SWENSSON, 2002).

De modo geral, uma Unidade de Serviços Médico-Hospitalares pode ser considerada como sendo a fusão de cinco grupos básicos: 1. Administrativo; 2. Consultas; 3. Atendimento e Profilaxia; 4. Diagnóstico, Terapêutica e Pesquisa; 5. Internação e Serviços Gerais. A complexidade desse tipo de instituição é tal que toda trajetória de seus usuários, desde a internação até o recebimento da alta, já é devidamente planejada como um sistema de produção bem organizado, com layout por processos no qual o usuário varia trajetória de acordo com a enfermidade que apresenta e, consequentemente, como os exames de que necessita realizar (TOLEDO, 2002).

Cada grupo básico que compõe a estrutura de uma Unidade de Serviços Médico-Hospitalares possui uma dada função. O grupo de consulta e atendimento inclui ambulatórios e consultórios, pronto socorro, ambulâncias e unidades de saúde, dentre outros. Os consultórios e ambulatórios destinam-se a atender usuários externos, os internados na unidade, os doentes que receberam alta e precisam completar o tratamento e os casos encaminhados pelo pronto-socorro. Em caso de Unidades de Serviços Médico-Hospitalares de grande porte, os ambulatórios apresentam uma especialidade específica, podendo variar desde a de clínica geral até a de internação (TOLEDO, 2002).

O Pronto-socorro destina-se ao rápido atendimento de usuários na própria Unidade de Serviços Médico-Hospitalares, na rua, ou em domicílio. Já as unidades de saúde cuidam dos programas de medicina preventiva, complementando a finalidade curativa da Unidade (TOLEDO, 2002).

O grupo de diagnóstico determina o inicio imediato do tratamento, a cura mais breve e a liberação do leito para um novo usuário. Enquanto o grupo de tratamento determina os medicamentos, equipamentos, e práticas que devem ser utilizadas para tratar a enfermidade

do usuário. O agrupamento de pesquisa é responsável pela realização de reuniões cientificas, experiências e novos estudos (TOLEDO, 2002).

O grupo de internação classifica os usuários em quatro categorias: aqueles em estado grave, os obrigados a aguardar leito, os parcialmente ambulantes e os ambulantes. A primeira categoria ocupa o centro de terapia intensiva, enquanto as demais categorias ficam na unidade de enfermagem, que se trata de um local amplo formado por apartamentos, quartos e enfermarias. O agrupamento de serviços gerais é responsável pelo suprimento de provisões, artigos de consumo, roupas, material esterilizado e produtos, energia elétrica, água fria e quente, vapor, gás, oxigênio, ar comprimido, além de realizar a manutenção de máquinas e equipamentos (TOLEDO, 2002).

Nesse grupo destacam-se também a lavanderia e o setor de nutrição. Ao perceber a roupa suja dos usuários, a lavanderia está sujeita a veicular infecções dentro da Unidade, por isso, este setor é motivo de grande preocupação para a administração hospitalar. Seus serviços devem ser perfeitamente separados. A roupa limpa não pode entrar em contato com a roupa suja, nem estar no mesmo ambiente desta. A nutrição determina dietas e alimentação, fornecendo refeições diárias devidamente quentes e balanceadas, o que exige um sistema industrial de produção e distribuição (TOLEDO, 2002).

As Unidades de Serviços Médico-Hospitalares, em razão dos serviços oferecidos e da complexidade de funcionamento, podem ser classificadas em diferentes tipos, os quais são abordados na sessão subseqüente.