• Nenhum resultado encontrado

4.1 Sistemas de Gestão da Qualidade em Serviços Médico-Hospitalares

4.2.4 Organização Nacional de Acreditação (ONA)

4.2.4.2 Manual Brasileiro de Acreditação

O Sistema Brasileiro de Acreditação considera que as Organizações de Saúde são sistemas complexos em que as estruturas e processos são de tal forma interligados que o funcionamento de um componente interfere em todo o conjunto e no resultado final, sendo assim, no processo de avaliação e na lógica do processo de Acreditação Nacional, não se avalia um setor ou um departamento isoladamente (ONA, 2010).

Para avaliar a qualidade assistencial das Organizações de Saúde, é utilizado como instrumento avaliatório o Manual Brasileiro de Acreditação, o qual é composto por oito seções, cada uma com seus fundamentos e subseções correspondentes. As seções agrupam os serviços, processos ou atividades (subseções) com características e fundamentos semelhantes e que possuem afinidades entre si. Já as subseções, cinqüenta e nove, ao todo, tratam do

escopo específico de cada serviço, processo ou atividade e possuem o mesmo grau de importância dentro do processo de avaliação (ONA, 2010).

As seções interagem entre si, permitindo que a Organização de Saúde seja avaliada como um sistema. O processo de avaliação varia de acordo com o perfil e as características da Organização de Saúde avaliada, sendo analisado apenas as seções e subseções referentes aos processos e serviços existentes na mesma (ONA, 2010).

As seções e suas respectivas subseções que compõem o Manual Brasileiro de Acreditação são (ONA, 2010):

• Liderança e Administração: Esta seção apresenta as subseções relacionadas ao sistema de governança da Organização de Saúde. Refere-se a subseções contendo padrões ligados à liderança, diretrizes administrativas, planejamento institucional e relacionamento com o cliente. Esta seção possui, ao todo, cinco subseções: Direção e Liderança; Gestão de Pessoas; Gestão Administrativa e Financeira; Gestão de Material e Suprimentos; Gestão da Qualidade.

• Serviços Profissionais e Organização de Assistência: agrupa subseções que contem padrões relacionados à organização dos serviços profissionais que prestam assistência direta ao usuário, abrangendo todos os serviços de assistência ao usuário: apoio ao diagnóstico, apoio técnico, apoio administrativo e ensino e pesquisa, configurando assim, o modelo e a filosofia assistencial e institucional da Organização de Saúde. Dispõe, ao todo, de três subseções: Corpo Clínico; Enfermagem; Corpo Técnico Profissional.

• Serviços de Atenção ao Usuário: dispõe de subseções que contem padrões relacionados com os serviços assistenciais, ou seja, aqueles em que existe o contato direto com o usuário, processo ou serviço médico assistencial desenvolvido, equipe médica e multiprofissional envolvida, conjunto de insumos tecnológicos específicos e um(ns) espaço(s) institucional(is) especifico(s) a seus respectivos processos. Esta seção é formada por vinte uma subseções: Atendimento ao Usuário; Internação; Transferência, Referência e Contra-Referência; Atendimento Ambulatorial; Atendimento em Emergência; Atendimento Cirúrgico; Anestesiologia; Obsteríticia; Neonatologia; Tratamento Intensivo; Reabilitação e Atendimento Multiprofissional; Mobilização de Doadores; Triagem e Coleta; Transfusão

e Procedimentos Hemoterápicos; Terapia Dialítica; Medicina Nuclear; Radioterapia; Quimioterapia; Cardioangiologia Invasiva e Hemodinâmica; Assistência Farmacêutica; Assistência Nutricional.

• Serviços de Apoio ao Diagnóstico: reúne subseções que contem padrões relacionados a todos os componentes, serviços e atividades voltados a processos de diagnóstico realizados na Organização de Saúde. Ao todo, dispõe de oito subseções: Processo Pré-Analíticos; Processos Analíticos; Processos Pós-Analíticos; Métodos Diagnósticos Neurológicos; Anatomia Patológica e Citologia; Diagnóstico por Imagem; Radiologia e Endoscopia. • Serviços de Apoio Técnico: agrupa subseções com padrões relativos a

todos componentes, atividades e serviços relacionados a processos de apoio técnico e ação técnica especializada da Organização de Saúde. Ao todo, são sete subseções: Sistema de Informação do Usuário; Gestão de Equipamentos e Tecnologia Médico-Hospitalar; Prevenção, Controle de Infecções e Eventos Adversos; Segurança e Saúde Ocupacional; Processamento e Liberação; Processos de Apoio Laboratorial; Assessoria Técnica aos Usuários.

• Serviços de Abastecimento e Apoio Logístico: agrupa subseções contendo padrões referentes a todos os componentes, atividades e serviços relacionados aos processos de abastecimento e apoio logístico da Organização de Saúde. São, ao todo, oito subseções: Lavanderia; Processamento de Materiais e Esterilização; Qualidade da Água; Materiais e Suprimentos; Armazenamento e Transporte; Higiene; Gestão da Segurança; Gestão de Resíduos.

• Infra-Estrutura: agrupa subseções que prevêem padrões a todos os componentes relacionados à gestão e manutenção da infra-estrutura da Organização de Saúde. São, ao todo, três subseções: Gestão de Projetos Físicos; Gestão da Estrutura Físico-Funcional; Gestão da Manutenção Predial

• Ensino e Pesquisa: reúne subseções com padrões para todos os componentes que se relacionem às funções educativas e de investigação da organização, de tal forma que permita realizar um diagnóstico da estrutura disponibilizada para o treinamento funcional, para a educação permanente,

para o processo de formação de recursos humanos e para a geração de novos conhecimentos. É formada por três subseções: Educação Continuada; Ensino; Pesquisa.

A escala de classificação proposta pela ONA, por meio do Manual Brasileiro de Acreditação obedece ao princípio do “tudo ou nada”, isto é, o padrão deve ser integralmente cumprido. Os padrões buscam avaliar a estrutura, o processo e o resultado da Organização de Saúde. Cada padrão apresenta uma lista de itens de orientação (requisitos) que permitem auxiliar na identificação do que se procura avaliar e na preparação da Organização para o processo de Acreditação. De acordo com o grau de cumprimento dos padrões e requisitos (itens de orientação) do Manual, a Organização de Saúde pode ser classificada em três níveis distintos (ONA, 2010).

Cada nível classificatório apresenta um caráter crescente, ou seja, do inicial ao mais desenvolvido, sendo que o nível superior sempre incorpora requisitos dos níveis anteriores (ONA, 2010).

Os níveis de classificação previstos pelo processo de Acreditação da ONA e seus respectivos itens de orientação, são (ONA, 2010):

Acreditado (Estrutura):

É o nível de classificação mais básico e simples com que uma Organização de Saúde poderá ser Acreditada. Prevê requisitos relacionados à estrutura (física e profissional) da instituição. As exigências deste nível contemplam o atendimento a requisitos básicos da Qualidade na assistência prestada ao cliente, nas especialidades e nos serviços da Organização de saúde avaliada, com os recursos humanos compatíveis com a complexidade, qualificação adequada (habilitação) dos profissionais e responsável técnico com habilitação correspondente para as áreas de atuação instituicional. Itens de orientação:

• Habilitação do corpo funcional;

• Atendimento aos requisitos fundamentais de segurança para o cliente nas ações assistenciais e procedimentos médico-sanitários;

• Identificação, gerenciamento e controle de riscos sanitários, ambientais, ocupacionais e relacionados à responsabilidade civil;

• Organização dos processos e sistemas para assegurar o cumprimento das normas vigentes e dos requisitos de segurança para os clientes;

• Estrutura básica (recursos) capaz de garantir assistência orientada para a execução coerente de suas tarefas.

Acreditado Pleno (Processos):

As exigências deste nível contemplam evidências de adoção do planejamento na organização da assistência, referentes à documentação, corpo funcional (força de trabalho), treinamento, controle, estatísticas básicas para a tomada de decisão clínica e gerencial e práticas de auditoria interna. Em geral, prevê requisitos relacionados à documentação e sistematização de processos e procedimentos da Organização de Saúde.

Itens de Orientação:

• Identificação, definição, padronização e documentação dos processos da Unidade;

• Identificação da interação sistêmica entre os processos;

• Existência de normas, rotinas e procedimentos documentados e aplicados; • Definição de indicadores para os processos identificados;

• Medição e avaliação dos resultados dos processos;

• Programa de educação e treinamento continuado com evidências de melhoria e impacto nos processos;

• Evidências de atuação focalizada no usuário.

Acreditado com Excelência (Resultados e Melhoria Contínua):

As exigências deste nível contemplam requisitos relativos à gestão por evidências via indicadores e a melhoria permanente dos resultados destes indicadores. Neste nível, a Organização deve apresentar evidências de políticas instituicionais de Melhoria Contínua em termos de estrutura, novas tecnologias, atualização técnico-profissional, ações assistenciais e procedimentos médico-sanitários, bem como evidências objetivas de utilização da tecnologia da informação, disseminação global e sistêmica de rotinas padronizadas e avaliadas com foco na busca da excelência. Deve utilizar perspectivas de medição organizacional alinhadas às estratégicas e correlacionadas aos indicadores dos processos, além de comparações desses indicadores com referenciais externos e evidências de tendência favorável para os indicadores. A Organização deve, ainda, apresentar inovações e melhorias decorrentes do processo de análise crítica. Princípios orientadores:

• evidências de vários ciclos de melhoria em todas as áreas, atingindo a organização de modo global e sistêmico;

• utilização de um sistema de informação institucional consistente, baseado em taxas e indicadores, que permitam análises comparativas com

referenciais adequados e a obtenção de informação estatística que mostrem tendências positivas e sustentação de resultados;

Os itens de orientação inerentes à Acreditação por Excelência são:

• Definir e implementar ações de inovação e de Melhoria Contínua de processos e procedimentos;

• Comparar indicadores de desempenho com referenciais internacionais; • Estabelecer uma relação de causa-e-efeito entre os indicadores de modo a

permitir a análise crítica do desempenho e a tomada de decisão;

• Realizar análises críticas sistemáticas com evidências de ações de melhoria e inovações;

• Identificar oportunidades de melhoria de desempenho dos processos e práticas da Organização, comparando-as com outras ações de melhoria implantadas em oportunidades cuja solução mostrou-se bem sucedida; De acordo com a ONA (2011), existem, atualmente, duzentos e cinqüenta e uma Organizações de Saúde Acreditadas, das quais, cento e quarenta, são Unidades de Serviços Médico-Hospitalares Acreditadas, ou 2% do total de Unidades existentes no país (6750). Segundo o mesmo Órgão, dentre as cento e quarenta Unidades Acreditadas, quarenta e nove tem Acreditação por Excelência (35%), cinqüenta tem Acreditação Plena (37%) e outras quarenta e uma Unidades (28%) são Acreditadas no nível Acreditação. Apenas duas Unidades tiveram a certificação cancelada em 2010.

Para que uma Unidade de Serviços Médico-Hospitalares participe do programa nacional de Acreditação, é necessária a realização de adequações sob a perspectiva de gestão. Para implementá-las, a Unidade deve incorrer em distintos custos inerentes à Acreditação. Esses custos são abordados na sessão subseqüente.