• Nenhum resultado encontrado

Espaços articulares da articulação temporomandibular 1 Relação da posição condilar com os espaços articulares

Análise Comparativa da Posição Condilar através da Tomografia Computorizada de Feixe Cónico e

I.5 Espaços articulares da articulação temporomandibular 1 Relação da posição condilar com os espaços articulares

 

O  espaço  articular  da  ATM  consiste  na  imagem  radiolúcida  entre  a  superfície  do  côndilo  mandibular  e   a  cavidade  glenóide  verificada  em  exames  radiológicos  da  ATM.  [145]  A  dimensão  destes  espaços  estará  então   determinada  pela  posição  e  forma  do  côndilo  e  pela  forma  da  cavidade  glenóide,  visto  que  esta  última  não  é   uma   estrutura   móvel.   Neste   sentido,   vários   autores   sugeriram   a   existência   de   uma   relação   direta   entre   alteração  da  posição  do  côndilo  mandibular  e  a  variação  da  dimensão  destes  espaços.  Neste  contexto,  surgiram   na  literatura  diversos  métodos  de  avaliação  das  dimensões  destes  espaços  em  radiologia  da  ATM  como  uma   ferramenta  para  determinar  a  posição  condilar  nos  três  planos  do  espaço.  

   

I.5.2 Definição  dos  cortes  coronais  e  sagitais  da  articulação  temporomandibular  

 

A   grande   maioria   dos   estudos   existentes   avaliam   o   espaço   articular   da   ATM   nos   planos   coronal   e   sagital.  Para  tal,  grande  parte  dos  autores  definem  cortes  paracoronais  e  parassagitais  em  tomografias  da  ATM   para  a  obtenção  da  imagem  onde  se  realizarão  as  medições.  

 

Para   a   orientação   da   cabeça   do   paciente   alguns   autores   utilizaram   a   posição   natural   da   cabeça   por   alguns  autores,  o  que  possibilita  a  definição  da  horizontal  e  vertical  verdadeiras  como  planos  de  referência  para   a  marcação  de  pontos  e  medições.[146,  147]  No  entanto,  outros  padronizaram  um  método  de  orientação  da   cabeça   distinto,   recorrendo   à   horizontal   de   Frankfurt   e   ao   plano   sagital   médio.   Nestes   casos,   o   plano   de   referência  adotado  para  efetuar  as  marcações  dos  pontos  e  as  medições  foi  a  horizontal  de  Frankfurt.[148]    

Independentemente  do  método  de  orientação  da  cabeça,  a  seleção  dos  cortes  a  utilizar  nas  medições   é  distinta  para  o  plano  coronal  e  sagital.    

   

Para  obter  os  cortes  paracoronais  seleciona-­‐se,  numa  vista  axial,  o  plano  vertical  que  contém  o  maior   eixo  do  côndilo  no  sentido  medio-­‐lateral,  que  é  paralelo  à  horizontal  verdadeira  ou  à  horizontal  de  Frankfurt,   dependendo  da  metodologia  da  orientação  da  cabeça  do  paciente  aquando  da  aquisição  da  tomografia.[146]   Daqui  em  diante,  este  tipo  de  cortes  será  referido  como  corte  coronal.  

 

  No  que  diz  respeito  aos  cortes  parassagitais,  após  determinação  do  longo  eixo  do  côndilo,  é  definido  o   plano  vertical  que  interseta  este  eixo,  perpendicular  à  horizontal  verdadeira  ou  horizontal  de  Frankfurt.  No   decorrer  deste  trabalho  estes  cortes  serão  denominados  cortes  sagitais.[147]  

   

I.5.3 Espaços  articulares  

 

A  posição  do  côndilo  mandibular  na  cavidade  glenóide  tem  sido  um  tema  controverso  desde  há  vários   anos   no   mundo   da   Medicina   Dentária.   Conceptualmente,   a   posição   ideal   para   permitir   adequada   função   e   saúde   oclusal   sofreu   diversas   alterações   ao   longo   do   tempo,   desde   a   posição   mais   posterior   do   côndilo   mandibular  na  cavidade  glenóide,  para  a  posição  mais  superior,  até  à  posição  mais  antero-­‐superior  do  côndilo   com  o  disco  articular  interposto  entre  este  e  o  osso  temporal.[14,  59,  149-­‐152]  Nessa  conformidade,  em  função   do   período   a   que   se   refere   o   estudo,   é   considerado   o   conceito   vigente   e   verifica-­‐se   na   literatura   para   as   diversas   áreas   da   Medicina   Dentária   uma   modificação   dos   objetivos,   planeamento   e   modalidades   de   tratamento.    

 

Segundo  Okeson[6],  a  oclusão  ideal  é  aquela  que  permite  que  o  disco  articular  se  situe  completamente   interposto   entre   o   côndilo   e   a   fossa   glenóide   e   com   equilíbrio   neuromuscular   que   permita   o   desempenho   correto   de   todas   as   funções   do   aparelho   estomatognático   sem   prejuízo   de   qualquer   dos   elementos   do   complexo.  Para  tal,  o  côndilo  mandibular  deve  encontrar-­‐se  na  posição  musculo-­‐esquelética  estável  que,  em   indivíduos   normais,   se   encontra   na   posição   mais   antero-­‐superior   do   côndilo   e   deverá,   ao   mesmo   tempo,   verificar-­‐se  estabilidade  oclusal  conseguida  quando  se  verifica  o  contacto  simultâneo  de  todos  os  dentes,  ou   seja,  quando  a  oclusão  em  relação  cêntrica  (ORC)  corresponde  à  posição  de  intercuspidação  máxima  (PIM).[6]  

 

Esta   relação   entre   a   posição   do   côndilo   mandibular   e   a   oclusão   dentária,   inerente   na   definição   de   oclusão  ideal  segundo  Okeson,  conduz  a  uma  outra  grande  polémica  na  literatura.  Após  uma  cuidada  análise  da   evidência   científica   é   facilmente   verificável   a   controvérsia   existente   no   que   diz   respeito   à   relação   entre   a   oclusão   dentária   e   a   presença   ou   ausência   de   distúrbios   temporomandibulares   (DTM).   Diversos   autores   defendem  que  uma  oclusão  instável  poderá  estar  na  origem  de  DTM.[31,  43,  53]  No  entanto,  outros  provam   não  existir  qualquer  relação  entre  estes  dois  fatores.[151,  153-­‐155]    

 

Diversos  exames  radiológicos  foram  sugeridos  ao  longo  do  tempo  para  avaliação  da  posição  condilar   tais   como,   ortopantomografias,   telerradiografias   de   perfil,   radiografias   transcranianas   da   ATM   e   laminografias.[33,  104,  156-­‐158]  Para  tal,  o  método  mais  usado  é  a  medição  dos  espaços  articulares,  referindo-­‐ se  ao  espaço  radiográfico  verificado  entre  o  côndilo  mandibular  e  a  cavidade  glenóide  onde  se  encontra  o  disco   articular.[145]   Como   é   compreensível,   qualquer   variação   na   posição   do   côndilo   mandibular   originará   uma   alteração  na  dimensão  do  espaço  articular  da  ATM.  Ricketts,  em  1962,  apresentou  um  método  de  avaliação  da   posição   condilar   utilizando   a   medição   dos   espaços   articulares   em   laminografias.[156]   Várias   técnicas   de   medição   destes   espaços   foram   então   sugeridas,   por   diversos   autores,   aplicados   aos   exames   radiológicos   disponíveis.[33,  104,  156-­‐158]  Utilizaram,  para  tal,  diferentes  pontos  de  referência  e  métodos  na  determinação   da   dimensão   desses   espaços   articulares.   No   entanto,   a   distorção   radiográfica   inerente   a   qualquer   exame   bidimensional  de  uma  estrutura  tridimensional  fez  com  que  estas  medições  fossem  muitas  vezes  questionadas,   assim  como  o  seu  valor  clínico.[104]    

Análise  Comparativa  da  Posição  Condilar  Através  da  TAC  de  Feixe  Cónico  e  IPC  

 

Apenas   recentemente,   com   a   introdução   dos   métodos   tridimensionais,   foi   possível   a   representação   espacial  das  estruturas,  permitindo  diminuir  a  distorção  radiográfica  e  o  erro  nas  medições.[116,  133,  139,  159]   Surgiram   assim   a   TAC,   a   TCFC   e   a   RM   que   permitem   avaliar   a   posição   do   côndilo   mandibular   na   cavidade   glenóide  nos  três  planos  do  espaço.[11,  134,  153,  160-­‐162]  

 

Nestes   exames   imagiológicos,   vários   métodos   foram   utilizados   para   medir   os   espaços   articulares   da   ATM   sendo   possível   encontrar   na   literatura   vários   métodos   efetuando   medições   lineares   com   os   respetivos   pontos   de   referência,   ou   ainda,   determinação   de   áreas.   No   que   respeita   às   medidas   lineares,   diversos   autores[160,  163]  determinaram  a  dimensão  dos  espaços  articulares  recorrendo  à  avaliação  da  distância  mais   próxima   entre   duas   estruturas.   Em   contrapartida   outros,   como   Ikeda   et   al[147],   optaram   por   realizar   uma   construção   geométrica   para   determinar   os   pontos   de   referência,   ou   ainda,   a   distância   a   partir   do   centro   do   côndilo  à  superfície  da  cavidade  glenóide.  Por  outro  lado,  particularmente  em  estudos  com  recurso  a   RM,  a   determinação  dos  espaços  articulares  é  muitas  vezes  conseguida  através  da  determinação  de  áreas.[164]  

 

Face   à   enorme   variedade   de   informação   disponível   na   literatura   cuja   falta   de   uniformidade   metodológica  torna  duvidosa  e  dificulta  a  sua  interpretação,  no  âmbito  do  presente  trabalho,  apresentar-­‐se-­‐á  o   estado   da   arte   acerca   deste   assunto,   através   de   uma   revisão   sistemática   da   literatura   sobre   medição   dos   espaços   articulares   da   articulação   temporomandibular   e   uma   meta-­‐análise   sobre   os   valores   médios   destes   mesmos  espaços  nos  planos  coronal  e  sagital.