III RESULTADOS
III.3 Resultados da análise comparativa da posição condilar avaliada com o IPC e com a TCFC
III.3.2 Resultados da análise do erro
Desta forma concluiu-‐se que uma amostra com mais de 90 pacientes seria suficiente para garantir um erro máximo do Tipo I de 5% com uma potência de teste superior a 80% nos testes estatísticos. A opção foi a inclusão de 100 pacientes, escolhidos aleatoriamente entre os pacientes da clínica.
III.3.2 Resultados da análise do erro
III.3.2.1 Análise do erro das medidas do IPC
Conforme explicado no capítulo anterior, calculou-‐se o número de repetições necessárias para a análise do erro desta investigação e, desse cálculo, resultou a repetição em 27 casos.
Observaram-‐se elevados níveis de consistência entre a primeira e a segunda medições, com os valores do ICC a variarem entre 0,966 e 0,996, não existindo diferenças estatisticamente significativas entre os desvios médios das duas medições (p > 0,05) (Tabela III-‐3; Figura III-‐14).
Tabela III-‐3 Médias dos desvios sagital, vertical e transversal das duas medições e Coeficientes de Correlação Intraclasse (N = 27).
CCI – Coeficiente de Correlação Intraclasse; p – valor de significância do Teste T de Student para amostras emparelhadas.
Nos gráficos de Bland-‐Altman, pode observar-‐se que a quase totalidade das medições se encontra dentro dos limites de concordância e que a linha da média das diferenças entre as duas medições é próxima de zero. Assim sendo, estes valores indicam uma considerável reprodutibilidade das medições realizadas com o IPC (Fig. III-‐14).
CCI Média 1 Média 2 Diferença p
Sagital direita 0,978 -0,13 -0,10 -0,03 0,576
Sagital esquerda 0,996 -0,47 -0,45 -0,02 0,327
Vertical direita 0,988 1,16 1,17 -0,01 0,637
Vertical esquerda 0,976 0,94 0,92 0,02 0,662
Figura III-‐14 Gráficos de Bland-‐Altman dos desvios sagitais, verticais e transversais.
A linha verde representa a média, a linha preta o zero e as linhas tracejadas os limites inferior e superior de concordância. M1 – 1ª medição; M2 – 2ª medição;
III.3.2.2 Análise do erro das medidas da TCFC
Da mesma forma que para o IPC, foram repetidas as medições dos espaços articulares da ATM com TCFC em 27 casos.
Os valores do coeficiente de correlação intraclasse variaram entre 0,919 e 0,992 nos espaços articulares coronais, sem se observarem diferenças estatisticamente significativas (p > 0,05) entre a primeira e a segunda medições (Tabela III.4; Figura III-‐15). Estes valores são indicadores de uma excelente reprodutibilidade.
Análise Comparativa da Posição Condilar Através da TAC de Feixe Cónico e IPC
Tabela III-‐4 Médias dos espaços articulares coronais medial, superior e lateral das duas medições e Coeficientes de Correlação Intraclasse (N = 27).
CCI – Coeficiente de Correlação Intraclasse; p – valor de significância de do Teste T de Student para amostra emparelhadas
Quanto aos gráficos de Bland-‐Altman relativos às medições realizadas em TCFC, nos espaços articulares coronais, observa-‐se, novamente, que a quase totalidade das medições se encontra dentro dos limites de concordância e que a linha da média das diferenças entre as duas medições é próxima de zero. (Fig. III-‐15).
Figura III-‐15 Gráficos de Bland-‐Altman dos espaços articulares coronais medial, superior e lateral, nas articulações direira e esquerda.
CCI Média 1 Média 2 Diferença p
Coronal EAM direita 0,939 2,20 2,27 -0,07 0,209 EAM esquerda 0,992 2,28 2,25 0,03 0,258 EASc direita 0,964 2,33 2,31 0,02 0,667 EASc esquerda 0,991 2,54 2,52 0,02 0,283 EAL direita 0,919 1,51 1,54 -0,03 0,429 EAL esquerda 0,965 1,58 1,63 -0,05 0,119
A linha verde representa a média, a linha preta o zero e as linhas tracejadas os limites inferior e superior de concordância. M1 – 1ª medição; M2 – 2ª medição.
Nos espaços articulares sagitais os valores do coeficiente de correlação intraclasse variaram entre 0,956 e 0,990, também sem diferenças estatisticamente significativas (p > 0,05) entre a primeira e a segunda medições (Tabela III-‐5; Figura III-‐16). À semelhança do que se verificou nas medições dos espaços articulares no plano coronal, também nos valores sagitais se verifica uma excelente reprodutibilidade nas medições.
Tabela III-‐5 Médias dos espaços articulares sagitais posteriores, superiores e anteriores das duas medições e Coeficientes de Correlação Intraclasse (N = 27).
CCI – Coeficiente de Correlação Intraclasse; p – valor de significância de do Teste T de Student para amostra emparelhadas.
Nos gráficos de Bland-‐Altman relativos às medições realizadas em TCFC, nos espaços articulares sagitais, também aqui se verificam as mesmas características mencionadas anteriormente que conferem um elevado nível de reprodutibilidade às medições (Fig. III-‐16).
CCI Média 1 Média 2 Diferença p
Sagital EAP direita 0,980 2,33 2,29 0,03 0,333 EAP esquerda 0,980 2,20 2,23 -0,03 0,356 EASs direita 0,956 2,39 3,34 0,04 0,269 EASs esquerda 0,990 2,41 2,38 0,03 0,235 EAA direita 0,956 1,81 1,85 -0,04 0,179 EAA esquerda 0,963 1,92 1,93 -0,01 0,834
Análise Comparativa da Posição Condilar Através da TAC de Feixe Cónico e IPC
Figura III-‐16 Gráficos de Bland-‐Altman dos espaços articulares sagitais posterior, superior e anterior, nas articulações direita e esquerda.
A linha verde representa a média, a linha preta o zero e as linhas tracejadas os limites inferior e superior de concordância. M1 – 1ª medição; M2 – 2ª medição;
III.3.3 Caraterização da amostra
A caracterização descritiva da amostra é apresentada sumariamente na tabela III-‐6.
A amostra deste estudo foi constituída por 100 indivíduos, 67 (67.0%) do sexo feminino e 33 (33.0%) do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 16 e os 64 anos (M = 33,55; DP = 12,40), sendo os escalões etários predominantes dos 30 aos 40 anos (29.0%) e dos 20 aos 30 anos (24.0%).
Relativamente à Classe esquelética, são mais frequentes os indivíduos com uma relação óssea intermaxilar de Classe I (40%), seguindo-‐se os de Classe II (35%) e de Classe III (25%).
Quanto à classificação da relação molar, quase metade dos indivíduos selecionados para este estudo apresentam uma relação de Classe I de Angle (49%), existindo 31% de pacientes com Classe II de Angle e 20% com uma relação de Classe III de Angle.
Tabela III-‐6 Caraterização da amostra quanto ao género, escalão etário, Classe esquelética e Classe dentária.
Variável Categorias Frequência absoluta Frequência relativa (%)
Feminino 67 67,0 Género (N = 100) Masculino 33 33,0 < 20 anos 19 19,0 [20 - 30[ 24 24,0 [30 - 40[ 29 29,0 [40 - 50[ 16 16,0 [50 - 60[ 10 10,0 Classe Etária (N = 100) ≥ 60 anos 2 2,0 Classe I 40 40,0 Classe II 35 35,0 Classe Óssea (N = 100) Classe III 25 25,0 Classe I 49 49,0 Classe II 31 31,0 Classe Dentária (N = 100) Classe III 20 20,0
III.3.4 Resultados dos registos do indicador de posição condilar
III.3.4.1 Caracterização da amostra global
A caracterização da amostra está exposta na tabela III-‐7.
O estudo do deslocamento condilar com o IPC permitiu identificar que, na articulação direita, existem valores deste deslocamento com significado clínico (igual ou superior a 2 mm em valor absoluto) em 7% dos casos, no sentido sagital, e em 20% dos casos, no sentido vertical. Na articulação esquerda, esses valores foram de 14%, no sentido sagital, e 17%, no vertical.
Os valores do deslocamento condilar, no sentido sagital do côndilo direito, variaram entre 4,3 mm para posterior e 2,0 mm, em direção anterior, sendo a média de um deslocamento de 0,167 mm para posterior com desvio padrão de 1,179 mm (Fig. III-‐17).
No que diz respeito ao deslocamento do côndilo esquerdo no mesmo plano, verificou-‐se que os valores estavam compreendidos entre 5,2 mm de deslocamento posterior e 2,8 mm de deslocamento anterior, sendo a média, neste caso, 0,658 de deslocamento posterior com desvio padrão de 1,252 mm (Fig. III-‐17).