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PARTE I – REVISÃO DA LITERATURA

1. O ESTÁGIO PEDAGÓGICO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

1.2. ESTÁGIO PEDAGÓGICO

A aprendizagem do saber e saber – fazer, componente prática – prática pedagó- gica – dos cursos de formação inicial de professores a que vulgarmente apelidamos de estágio pedagógico, praticum, entendida como área disciplinar, apresenta-se-nos como um meio de aquisição de conhecimentos: o conhecimento prático do saber como ensi- nar. Constitui-se, assim, “como o último passo na formação inicial do futuro professor” (Santos, 2004: 20) e, ao mesmo tempo, como o momento em que o aluno estagiário, futuro professor, procura efectuar a ligação entre a teoria e a prática. É o momento de confrontação com a realidade (Piéron, 1996), de colocar em prática e acção todos os conhecimentos adquiridos durante o percurso de formação inicial e ser capaz de os adaptar aos alunos e ao contexto em que o processo ensino/aprendizagem decorre. Ou seja, “através do estágio pedagógico o professor estagiário explana os conhecimentos científicos adquiridos ao longo da sua formação, ajustando-os ao ritmo de aprendizagem dos seus alunos, promovendo a ligação da teoria à prática” (Santos, 2004: 20). Surge, desta forma, como um momento decisivo no processo de formação de professores e do desenvolvimento do tornar-se professor. É o concluir de uma condição de aluno com estatuto bem determinado e o iniciar da profissão (Galvão, 1996), “ainda é aluno, mas já é professor” (idem, 1996: 72). Assim, o estágio curricular “representa na formação ini- cial dos alunos, o período final do seu percurso para a obtenção do estatuto que lhe con- ferirá a graduação profissional necessária ao exercício da profissão docente” (Ferreira, 2001: 28). O estágio surge, assim, como uma componente fundamental do processo de

formação do aluno estagiário, pois é a forma de fazer a transição de aluno para profes- sor, “aluno de tantos anos descobre-se no lugar de professor” (Machado, 1999: 49), e a melhor forma de adaptação à nova realidade que irão encontrar no futuro, adquirindo uma “visão unitária, complexa e integral das exigências do exercício da actividade docente” (Santos, 2004: 20). Esta fase de iniciação decorre sob o apoio de outros pro- fessores, nomeadamente, o supervisor e o professor cooperante. Estes têm como objec- tivo ajudar o aluno estagiário a aplicar os conhecimentos adquiridos e que está a cons- truir e, também, ajudá-lo a encontrar as soluções mais adequadas para os problemas com que se depara no processo ensino/aprendizagem.

Conforme estabelece o Decreto-Lei n.º 344/89, de 11 de Outubro, o estágio é um momento fundamental na formação de professores. A Portaria n.º 336/88 de 28 de Maio esclarece que a Prática Pedagógica, como componente fundamental no processo de desenvolvimento das capacidades e competências que integram a função docente, con- cretizam-se através de actividades diferenciadas, tendo em conta os seguintes aspectos: observação e análise, cooperação, intervenção e responsabilização pela docência.

Vários autores têm referido a importância deste momento (Ralha Simões, 1995; Simões, 1995; Galvão, 1996; Piéron, 1996; Ryan e Hughes, 1996; Caires e Almeida, 1997; Pires, 1998; Francisco, 2001; Ferreira, 2001; Caíres, 2003; Santos, 2004) na pre- paração dos futuros professores para a entrada na realidade de ensino constituindo, ain- da, uma referência para um melhor conhecimento da forma como os futuros professores conhecem, como esse conhecimento é adquirido e como aprendem a ensinar.

Outros autores salientam que o estágio pedagógico “constitui simultaneamente o culminar do que as instituições superiores consideram ser a formação inicial de profes- sores e a integração legítima no mundo profissional” (Galvão, 1996: 71). Para Ralha Simões (1995: 88), “a prática pedagógica constitui um aspecto importante na formação inicial de professores, apesar da diversidade de formas em que se traduz e dos objecti- vos que em cada contexto formativo prossegue”. Piéron (1996: 19) refere que o estágio de ensino no meio escolar “é o verdadeiro momento de confrontação entre a formação teórica e o mundo real de ensino”, a fase mais importante e mais significativa da forma- ção profissional. Também Karmos e Jacko (1977, citados por Simões, 1996: 129) refe- rem que “a prática pedagógica constitui uma experiência unificadora fundamental da maior parte dos contextos de formação de professores, dando a possibilidade aos indiví-

duos de explorar e de integrar o que aprenderam, antes de se tornarem profissionais. Na opinião de Rodrigues e Ferreira (1999: 275), “o Estágio Profissional é um momento de excelência de formação e reflexão. Particularmente, corresponde a uma etapa funda- mental na formação profissional dos professores. As suas expectativas são por vezes claramente ambiciosas, ou até mesmo desajustadas pelo que a interferência das variá- veis de formação e do contexto assume um papel de crucial importância no enquadra- mento do professor em estágio”. Francisco e Pereira (2002: 21) consideram que o “está- gio pedagógico surge como um momento fundamental, conjugando-se aí factores importantes a ter em conta na formação e desenvolvimento do futuro professor, nomea- damente o contacto com a realidade de ensino, tendo como factor central a acção educa- tiva do aluno estagiário e a mediação de todo este processo – supervisão”. Este contacto com o mundo real do processo ensino/aprendizagem é entendido pelos alunos estagiá- rios “como um momento de desenvolvimento profissional na medida em que lhes per- mite sentir o pulsar da realidade da sala de aula” (Francisco, 2001: 116). Concretiza-se, desta forma, uma etapa fundamental de aprendizagem, preparação e evolução profissio- nal, na medida em que permite pôr em prática a teoria aprendida durante os anos ante- riores e onde são confrontados com as verdadeiras dificuldades inerentes ao acto de ensinar. Esta ideia é justificada na resposta de um aluno estagiário, em que o mesmo refere que “(…) o estágio pedagógico desempenha um papel fulcral na formação do docente, além de podermos pôr em prática tudo aquilo que aprendemos, contactamos com a realidade escolar, que muitas vezes, não corresponde às nossas expectativas (idem, 2001: 117).

Tendo como referência os autores atrás citados referenciando a relevância do estágio, é importante que o mesmo apresente objectivos claros, independentemente dos aspectos que, inevitavelmente, possam agir sobre o estagiário, e se materialize como um

tempo favorável e um contexto adequado ao seu desenvolvimento pessoal e profissional.