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47 Esta tendência possibilita aos destinos turísticos maduros o desenvolvimento de produtos

específicos que contemplem a possibilidade de proporcionar ganhos para a saúde e beleza e que aumentam o bem-estar geral da pessoa (Theiner e Steinhauser, 2006).

Como referido anteriormente, a capacidade de inovação ao nível dos produtos turísticos confere aos destinos turísticos uma elevada capacidade competitiva. No entanto, para que essa oportunidade seja devidamente aproveitada, os destinos têm que se dotar de recursos humanos com elevados níveis de formação como mencionam Pechlaner e Tschurtschenthaler (2003).

1.3.4.6 Os Fatores Sociais

Paralelamente aos fatores demográficos também na área social existe um conjunto alargado de fatores com capacidade de influenciar os fluxos turísticos atuais, entre os quais iremos proceder à análise do crescente individualismo, busca de novas experiências, autovalorizarão, importância da relação preço – valor, crescente gosto pelo experimentalismo, um aumento da consciência social e ambiental e a valorização da segurança aos diferentes níveis.

Verifica-se que existe uma procura crescente de produtos individualizados, nos quais a pessoa possa participar ativamente, descobrir, experienciar ou aprender algo de novo. O individualismo reflete-se na necessidade de efetuar escolhas diversificadas e individualizadas e de se libertar de alguns condicionalismos sociais (Dwyer et al., 2009; Theiner e Steinhauser, 2006; Bieger, 2002).

Esta tendência pode ser altamente penalizadora para os destinos turísticos maduros que não sejam capazes ou que não tenham condições para diversificar a base dos produtos oferecidos. No entanto, para os destinos turísticos que tenham conseguido preservar o seu ambiente natural, social e cultural, esta nova tendência confere-lhes a possibilidade de desenvolver produtos individualizados que vão ao encontro desta nova tendência (Theiner, 2006 e Steinhauser; Buhalis, 2000).

Relativamente à aquisição de produtos turísticos, verifica-se que apresentar apenas as características funcionais do produto é claramente insuficiente, estes têm que apresentar soluções com carácter de experiência. As vivências que os novos consumidores procuram

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devem conter elementos de diversão, design, interatividade e conferir experiências sensoriais e emocionais interligadas de forma coerente (Richards e Wilson, 2006b; Theiner e Steinhauser, 2006).

Esta busca de novas experiências, mais uma vez, abre caminho ao desenvolvimento de novos produtos turísticos, cuja base não são necessariamente recursos turísticos de primeira grandeza mas sim muita criatividade e capacidade para compreender as necessidades específicas destes novos consumidores cada vez mais imprevisíveis (Morgan

et al., 2009; Theiner e Steinhauser, 2006).

Os turistas são mais críticos e menos leais, fruto da sua enorme experiência em relação a diferentes destinos turísticos e valorizam produtos que apresentem uma boa relação qualidade - preço, não procuram necessariamente o produto mais barato no mercado, mas sim aquele que apresentar uma melhor relação qualidade – preço percebida (Dwyer et al., 2009; Aguiló et al, 2005; Murphy et al., 2000; Knowles e Curtis, 1999).

A tendência de procurar a melhor relação possível em termos de qualidade - preço é altamente penalizadora para aqueles destinos turísticos incapazes de apresentar outra forma de se diferenciarem dos destinos concorrentes a não ser pelo fator preço. Mesmo baixando os preços sucessivamente até ao ponto de colocarem em risco a sustentabilidade económica das empresas, estes destinos podem registar uma diminuição significativa da sua competitividade.

O que acaba de ser referido pode ser agravado pelo aumento da preocupação em relação à preservação do ambiente, à qual já nos referimos em pontos anteriores como sendo uma ameaça à competitividade dos destinos turísticos que não forem capazes de tomar medidas céleres e eficazes na preservação do ambiente (Aguiló et al., 2005, Hu e Wall, 2005, Mihalic, 2000).

Por último, gostaríamos de referir novamente a tendência crescente para a valorização da segurança aos mais diferentes níveis como sendo um dos fatores com maior capacidade para influenciar a competitividade dos destinos turísticos. Dwyer et al. (2009) referem a este propósito que não é suficiente gerir os riscos, é igualmente fundamental gerir a forma como a procura turística perceciona esses mesmos riscos no destino.

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1.4 Conclusão

Ao longo do presente capítulo foi nosso propósito analisar o conceito de competitividade, assim como caracterizar os destinos turísticos maduros e decorrente do levantamento efetuado, conduzir uma análise no sentido de verificar a forma como fatores específicos e gerais influenciam a capacidade destes destinos para manterem ou aumentarem a sua capacidade competitiva num sector cada vez mais marcado pelos efeitos da globalização e por profundas mudanças de paradigma ao nível da procura turística.

Em primeiro lugar, gostaríamos de salientar que os destinos turísticos maduros, devido a um conjunto alargado de fatores, nem sempre abordaram o planeamento do turismo de forma adequada. Consequentemente, ao longo dos anos, tornaram-se visíveis os impactes negativos da atividade sobre o ambiente mas também sobre a vitalidade económica dos destinos. Os impactes do turismo são habitualmente designados por impactes ambientais, analisando-se sobretudo como o desenvolvimento do turismo afeta o meio físico mas também o social e cultural. Embora se torne cada vez mais evidente que o turismo também pode acarretar alterações consideráveis na qualidade estética da paisagem do destino, este tipo de impactes não é habitualmente tido em consideração.

Neste sentido e face às exigências de uma procura turística cada vez mais experiente, com elevadas preocupações ambientais e procurando sempre a melhor relação qualidade – preço, é imprescindível que, numa primeira fase, os destinos turísticos maduros resolvam os problemas que apresentam ao nível da manutenção e atualização dos diferentes tipos de infraestruturas, do ambiente físico e construído e das alterações ocorridas na qualidade estética da paisagem do destino.

Da revisão da literatura efetuada, podemos retirar a ilação de que a não resolução destes problemas torna inevitável a entrada em declínio destes destinos. Dada a elevada fragmentação e extrema complexidade da oferta turística nos destinos turísticos maduros, é igualmente necessário desenvolver uma visão partilhada em relação ao tipo de desenvolvimento que se pretende para o destino, como forma de canalizar as ações individuais num determinado sentido e com determinado objetivo.

Os destinos maduros que após esta fase ainda apresentarem um ambiente natural, social e cultural suficientemente preservado, face a alterações contidas em vários fatores globais e

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mediante a adoção de um conjunto de medidas pró-ativas, podem reforçar a sua competitividade em relação aos seus concorrentes.

A Figura 1.4 apresenta os fatores específicos e globais mais significativos para manter a competitividade dos destinos turísticos maduros. Decorrente da análise desses fatores e da caracterização efetuada, propomos investigar com maior detalhe a forma como os destinos turísticos maduros podem levar a cabo a inovação de produtos mas também de processos e das diferentes formas organizativas de suporte que permitam a diferenciação do destino face aos concorrentes e a criação de experiências turísticas únicas e autênticas.

Figura 1.4 – Fatores que Influem na Competitidade dos Destinos Turísticos Maduros e Implicações para a Gestão do Destino

Fonte: Elaboração própria.

É igualmente nossa convicção que basear a criação desses produtos na paisagem cultural dos destinos não somente permite atingir os objetivos de diferenciação e criação de experiência únicas e autênticas, como permite a conservação ou recuperação da qualidade estética da própria paisagem cultural do destino mediante a manutenção de práticas ancestrais ou modernas, nomeadamente ligadas à agricultura, ao artesanato ou mesmo a pequenas indústrias de cariz mais artesanal, evitando que o turismo se torne uma monocultura. Competitividade dos Destinos Turísticos Maduros Inovação Paisagem Cultural Learning Regions Fatores Globais Económicos Políticos Ambientais Sociais Demográficos Tecnológicos

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