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41 nível de educação As alterações ao nível da demografia conduzem paralelamente a

modificações ao nível social, incluindo fenómenos como a disponibilidade para abdicar de dinheiro para ter mais tempo livre, individualismo, busca de novas experiências, auto- valorização, importância da relação preço-valor, experimentalismo, aumento da consciência social e ambiental e valorização da segurança aos diferentes níveis.

Tanto Ritchie e Crouch (2003) como Dwyer et al. (2009) não tiveram a preocupação de explicitar a forma como os fatores identificados influem na competitivade dos destinos turísticos de acordo com as suas características e a fase do ciclo de vida em que se encontram.

Seguidamente é nosso intuito, baseande-nos nos fatores identificados por Dwyer et al. (2009), selecionarmos os fatores que podem afetar de forma mais pertinente a competitivade dos destinos tuísticos maduros, quer apresentando-se como uma ameaça, quer criando novas oportunidades que permitam aos destinos turísticos ultrapassar as suas fragilidades e reforçar a sua capacidade de competir a nível internacional.

1.3.4.1 Os Fatores Económicos

No âmbito dos fatores económicos, considerámos a forma como o desenvolvimento económico geral e a difusão de tecnologias podem afetar a competitividade dos destinos turísticos maduros.

É geralmente aceite que em paralelo com o desenvolvimento dos transportes, o progresso económico registado em muitos países está na génese do forte crescimento que o sector do turismo tem conhecido nas últimas décadas (Bull, 1995). Theiner e Steinhauser (2006) consideram que o aumento do rendimento real das famílias levou a um acréscimo do consumo de serviços e produtos baseados no conhecimento.

O aumento do recurso a diversas tecnologias e a terciarização da sociedade levaram a que o trabalho físico exigente tivesse perdido algum significado, diminuindo assim a procura de férias em que o descanso físico estivesse em primeiro lugar. Em alternativa regista-se a procura de férias em que a regeneração psíquica e mental surgem em primeiro plano (Walder, 2007).

Capítulo 1 - A Competitividade no Turismo

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Esta alteração abre caminho para a procura de férias ligadas ao desporto, cultura, formação e aventura. Os destinos turísticos maduros podem assim desenvolver produtos que vão ao encontro destas novas necessidades, retirando pressão de zonas de maior congestionamento e canalizando os fluxos turísticos para outras áreas, possibilitando assim também um desenvolvimento mais harmonioso do destino (Walder, 2007).

1.3.4.2 Os Fatores Políticos

Em relação aos fatores políticos, salientamos as alterações na correlação de forças ao nível internacional e o aumento das preocupações relacionadas com a segurança aos mais diferentes níveis.

Existem neste momento vários países emergentes suscetíveis de provocar alterações significativas na geopolítica e na paisagem turística, em que a China e a Índia surgem em primeiro lugar, mas podemos considerar igualmente o Brasil ou os países que integravam o Bloco de Leste (Dwyer et al., 2009; Cooper et al., 2006; Theiner e Steinhauser, 2006). Para os destinos turísticos maduros, estes mercados podem representar uma oportunidade para diversificar os respetivos mercados. Exige-se, no entanto, que esses mercados sejam devidamente identificados e que paralelamente sejam desenvolvidos produtos com capacidade para satisfazer as necessidades específicas desses mercados (Cooper et al., 2006).

O fator segurança engloba acidentes, ataques terroristas, instabilidade política, criminalidade, ocorrência de desastres naturais, higiene e segurança alimentar e questões de saúde (Dwyer et al., 2009; Timothy, 2006).

Dado que os destinos turísticos maduros são procurados essencialmente por midcêntricos, ou seja, uma tipologia de turistas pouco aventureira e muito preocupada em minimizar possíveis riscos associados às suas deslocações, é essencial que estes destinos acautelem a ocorrência de situações de risco, desenvolvendo proactivamente planos de contingência (Timothy, 2006).

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1.3.4.3 Os Fatores Ambientais

A preocupações com as questões ambientas tornaram-se centrais na sociedade actual e já foram referidas anteriormente, pelo que neste ponto, gostariamos de salientar as alterações climáticas, a delapidação dos recursos naturais e a perda de biodiversidade.

A este respeito deve-se salientar que o clima é um fator fundamental na competitividade dos destinos turísticos e com o avolumar das evidências de alterações climáticas, nomeadamente o aquecimento global, torna-se necessário perceber a forma como essas mesmas alterações poderão afetar o turismo (Hoffmann et al., 2009; Amelung e Viner, 2006; Viner e Nicholls, 2006; Becken, 2005).

Os destinos turísticos maduros, dada a sua dependência do turismo, devem estar especialmente atentos à forma como as alterações climáticas podem afetar o destino no futuro. A manutenção dos principais produtos turísticos oferecidos pelo destino pode estar comprometida, tornando-se imprescindível planear e desenvolver produtos turísticos alternativos como forma de manter a vitalidade do sector (Hoffmann et al., 2009).

A sociedade atual debate-se com a perspetiva de esgotamento de alguns recursos naturais se o seu uso não for racionalizado. Em primeiro lugar são referidos os combustíveis fósseis, mas também a escassez de água potável. Paralelamente o acréscimo da população mundial exige o aumento da área arável para a produção de alimentos, o que leva à devastação de grandes áreas florestais (Dwyer et al., 2009).

Os destinos turísticos maduros poderiam transformar a ameaça energética numa oportunidade para se posicionarem como destinos em que fundamentalmente são utilizadas energias renováveis. Para além de darem um contributo positivo para a preservação dos recursos naturais, estariam igualmente a proporcionar aos seus residentes e visitantes um ambiente menos poluído (Michalena e Tripanagnostopoulos, 2010).

No respeitante à falta de água potável e destruição de paisagem natural, esse é um problema com que muitos destinos maduros se debatem, tornando-se imprescindível tomar medidas no sentido de adotar uma gestão sustentável do destino (Dwyer et al., 2009; Ritchie e Crouch, 2003).

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Pelos motivos mencionados no ponto anterior, a perda contínua de biodiversidade retira aos destinos turísticos maduros a possibilidade de diversificar a sua base de produtos a oferecer se não acautelam a preservação da biodiversidade existente no destino (Dwyer et

al., 2009).

Torna-se igualmente fundamental para os destinos turísticos maduros monitorizarem o desenvolvimento e tendências nos transportes ou conjunto de transportes mais utilizados nos seus mercados principais, no sentido de poderem atuar de uma forma proactiva e não serem obrigados a reagir à posteriori.

1.3.4.4 Os Fatores Tecnológicos

Os fatores tecnológicos com maior possibilidade de afetarem a competitividade dos destinos turísticos maduros são o transporte e sobretudo o desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação.

O aumento da mobilidade individual proporcionado pelo desenvolvimento do transporte rodoviário e aéreo tem tradicionalmente beneficiado uns destinos turísticos em detrimento de outros e seguramente que no futuro próximo será colocada maior pressão sobre o sector no sentido de reduzir os impactes ambientais (Dwyer et al., 2009).

Em relação ao desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação, deve-se ter em consideração que as experiências de lazer não podem ser representadas fisicamente nem podem ser experimentadas antes do ato de compra, tornando-se fundamental para a sua aquisição a forma como estes são descritos e o formato audiovisual em que são apresentados. Para alcançar plenamente esta função é necessário o desenvolvimento de um sistema de tecnologias de informação que permita integrar num processo contínuo informação, comunicação e simultaneamente distribuição de produtos turísticos (Dwyer et

al., 2009; Walder, 2007; Theiner e Steinhauser, 2006).

O desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação abre aos destinos turísticos maduros que sejam altamente dependentes de intermediários uma possibilidade de conseguirem chegar diretamente aos consumidores finais, conseguindo uma redução significativa de custos. No entanto, há a salientar que nem todos os destinos turísticos maduros têm o know-how exigido para exercer essas funções, uma vez que no passado

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