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ESTADO ATUAL DA CASUÍSTICA NAS CIDADES DA GALIZA E DO NORTE DE PORTUGAL

No documento Turístico / Alojamento Local (páginas 31-33)

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Sendo o objetivo do presente documento, promover a reflexão sobre o impacto da atividade turística na morfologia urbana das cidades do Eixo Atlântico, muito especialmente, aqueles decorrentes da economia colaborativa como fator potenciador do incremento do número de turistas que visitam estes espaços, importa, numa primeira fase dos trabalhos, estabelecer o ponto de situação atual bem como a evolução verificada nos últimos anos para que se possa quer estabelecer a necessidade efetiva quer refletir sobre fórmulas a utilizar pelas cidades na gestão desses impactos.

Com este fim procedeu-se à recolha de informação junto dos municípios através de questio- nários online11 e à consulta dos respetivos documentos de planificação e gestão urbanística.

Esta informação foi complementada, sempre que considerado relevante, por informação obtida através dos media (digitais e tradicionais) atento o facto da mediatização que os fenó- menos em análise têm vindo a verificar no contexto das grandes cidades europeias. Atenta, também, a divergência de contextos legais associados ao desenvolvimento das VUT/AL na Galiza e no Norte de Portugal (ver capítulo anterior), a caracterização do estado da arte que se efetua seguidamente desenvolve-se ao nível regional (permitindo, por sua vez, identificar as boas práticas desenvolvidas pelas próprias cidades do Eixo Atlântico do Noroeste Penin- sular que podem ser transferidas às restantes ou, até adaptadas de forma a integrarem a estratégia global de ação que venha a ser proposta por esta associação).

2.1.1. INTRODUÇÃO

11 Apresentam-se, nos anexos I e II, os modelos de questionários aplicados entre 15 de março e 15 de julho de 2019 aos muni-

O surgimento de novas fórmulas para a troca de bens e serviços de carácter não profissio- nal significou uma revolução nos nossos dias, gerando novas atividades económicas que, sob a expressão “economia colaborativa”, permitem prestar determinados serviços, muito procurados pela sociedade e com uma enorme aceitação por parte desta. Sectores como o transporte e o alojamento turístico ou o arrendamento de férias tornaram-se os maiores expoentes deste fenómeno ou, pelo menos, os que podem ser mais claramente identificados a nível mundial.

Diversas estatísticas e estudos multinível evidenciam esta tendência da qual as cidades espan- holas não escapam, onde o sector do turismo tem uma importância económica indiscutível. O rápido crescimento do alojamento colaborativo, num espaço de tempo relativamente curto, teve um impacto nos espaços, no ambiente urbano e nos princípios da liberdade de liberdade de empreendimento, da livre concorrência e da garantia da unidade de mercado, que não pode ficar à margem da regulamentação, justificando a necessidade de intervenção por parte das autoridades públicas, no desenvolvimento desta atividade económica. O obje- tivo não deve ser outro senão avaliar, de forma equilibrada e ponderada, todas as vertentes implicadas no exercício da atividade específica, limitando-se ao estritamente necessário para a cumprimento do interesse geral.

A nova caracterização do turismo, com a irrupção do alojamento colaborativo, obrigou as autoridades públicas a nível estatal, regional e local a atualizar a sua regulamentação, espe- cialmente, no sector do arrendamento de habitação para fins turísticos.

A projeção territorial desta atividade, confundida com as tipologias habitacionais tradicionais do espaço urbano - habitação unifamiliar e plurifamiliar - tem facilitado a sua penetração no tecido das cidades, gerando impactos nem sempre favoráveis, a nível local. O aumento exponencial junto com a falta de canais legais e regulamentares que pudessem, de forma equilibrada, maximizar os elementos positivos e mitigar, reduzir ou eliminar as externalida- des negativas deste novo fenómeno, tem gerado numa parte da cidadania, alarme social e sensação de saturação turística, a que as cidades espanholas vão dando resposta de formas muito variadas.

Deve recordar-se que, devido à repartição de competências determinada pela Consti- tuição de 1978, pelos 17 Estatutos de Autonomia e pela Lei 7/1985, de 2 de Abril, das bases do regime local (LRBRL) e ulteriores modificações, cada administração fez uso dos instrumentos à sua disposição, deixando a intervenção nas mãos das autonomias, a in- tervenção através dos regulamentos de ordenamento do território, como, por exemplo,

o Consejo Insular de Maiorca através da aprovação do PIAT12 ou de normativa turística como,

por exemplo, a definida pela Galiza13 e a maioria das comunidades autónomas espanholas,

definindo este novo tipo de alojamento e adotando medidas de controlo ou limitação do acesso à própria atividade em si mesma.

Por sua vez, algumas cidades, através de competências urbanísticas, como mais clara ma- nifestação de autonomia local, decidiram condicionar a atividade mediante a modificação dos seus planos especiais ou gerais ou à aprovação de ordenanzas regulamentadoras deste uso terciário, na medida em que determina uma limitação do número ou local em que ma- terialmente se pode desenvolver esta atividade, administração mais próxima do cidadão e com o objetivo único de salvaguardar a cidade enquanto espaço de convivência harmoniosa e sustentável do ponto de vista social e ambiental.

Perante este panorama, é necessário analisar a situação do setor turístico e do alojamento colaborativo a nível autonómico e local, prestando especial atenção aos 17 municípios ga- legos que fazem parte do Eixo Atlântico, entendendo que as necessidades de cada municí- pio podem ser diferentes e que a incidência da denominadas VUT é diversa, dando lugar a ações impacto, que devem ser analisadas, para que a intervenção pública não gere mais problemas do que aqueles que pretende solucionar.

No que diz respeito ao mercado imobiliário, importa salientar que praticamente a totalidade das habitações para arrendamento na Galiza foram construídas durante as décadas dos anos 50 a 80 ou a partir do ano 2000. Na sua maioria são multifamiliares, com menos de 46m2 e de uma categoria de construção intermédia. Do ponto de vista socioeconómico, as

famílias que maioritariamente vão ao mercado de arrendamento são famílias formadas por casais com filhos, com menos de 16 anos e com rendimentos entre 1.000 e 2.000 euros por mês.

O preço médio das rendas na Galiza, de acordo com o portal Idealista, aumentou 14% entre dezembro de 2015 e março de 2018.

Por cidade, Vigo é a cidade com maior renda média (8,3 euros por m2), seguida da Corunha

(7,2 euros por m2), enquanto que o preço médio mais baixo é em Ferrol, que é quase metade

do preço em Vigo (4,3 euros por m2) e em Lugo (4,8 euros por m2).

12 Plan de Intervención en ámbitos turísticos de la isla de Mallorca.

13 Lei 7/2011, de 27 de outubro, do Turismo da Galiza e Decreto 12/2017, de 26 de janeiro, através dos quais se regulam as

VUT.

No documento Turístico / Alojamento Local (páginas 31-33)