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Estratégia Nacional para a Redução dos Resíduos Biodegradáveis

Este documento, elaborado a 8 de Julho de 2003 pelo Instituto dos Resíduos, enquadra-se na Estratégia Comunitária preconizada pela Directiva Aterros. Tem como objectivo fundamental o cumprimento da Directiva, considerando uma gestão sustentada dos RSU [9].

Nesta estratégia privilegiou-se o seguinte:

- valorização da matéria orgânica;

- responsabilização em atingir as metas estipuladas na Directiva Aterros e na legislação nacional (Decreto-Lei n.º 152/2002), solicitando a apresentação pelas autoridades competentes de programas de gestão que evidenciem as medidas a desenvolver e o cronograma correspondente;

- novo sistema económico que incentive a recolha selectiva e a minimização da deposição de resíduos em aterro;

- promoção de acções de sensibilização junto da população.

A fracção de resíduos biodegradáveis presentes nos RSU é elevada, atingindo valores na ordem dos 60%. A deposição deste tipo de resíduos em aterro implica a resolução de questões como a produção de odores, produção de gases com efeito de estufa, risco de explosão, produção de lixiviados com uma elevada carga orgânica, ocupação de espaços e risco de ocorrência de assentamentos.

Os RUB, entre estes os resíduos verdes, os resíduos alimentares, o papel e o cartão, são resíduos urbanos que podem ser sujeitos a decomposição anaeróbia ou aeróbia.

Quando a recolha de RSU é indiferenciada, a percentagem de refugos a enviar para aterro é elevada, o que torna a eficiência das unidades de valorização orgânica relativamente baixa.

Em Portugal encontram-se em funcionamento cerca de seis unidades de valorização orgânica de RSU por compostagem, nas quais os resíduos tratados provêm normalmente da recolha indiferenciada de RSU. Estas unidades possuem uma capacidade total de tratamento de cerca de 400000 toneladas por ano.

Num futuro próximo, prevê-se a entrada em funcionamento de duas estações de compostagem e uma central de digestão anaeróbia para resíduos recolhidos selectivamente, o que perfaz um total de nove estações de valorização orgânica com uma capacidade total de tratamento de aproximadamente 500000 toneladas por ano.

Por outro lado, estima-se a construção de treze novas unidades de valorização orgânica e a ampliação de duas unidades, de modo a perfazer, em 2016, uma capacidade de tratamento de 860960 toneladas de RUB por ano.

Actualmente existem em Portugal duas centrais de incineração de RSU, com capacidade para 1060000 toneladas por ano, com produção de energia eléctrica de cerca de 590000 MWh/ano [9].

Encontra-se também instalada na região Autónoma da Madeira (Santa Cruz) uma central de incineração com capacidade de 126000 toneladas por ano, com uma produção de 60000 MWh/ano. Todas as unidades existentes apresentam um desempenho adequado, dispondo de elevados padrões de controlo da poluição, bem como programas abrangentes de monitorização ambiental.

Para o cumprimento do disposto na Estratégia Nacional para Redução de RUB com destino a Aterros, prevê-se a necessidade de construir uma nova unidade de incineração no Sistema Multimunicipal do Litoral Centro, com uma capacidade de tratamento de 400000 toneladas por ano, bem como a possibilidade de ampliação das unidades existentes [9].

Como acções a desenvolver, o documento apresenta os seguintes pressupostos [9]:

- associação/reorganização de tecnossistemas de modo a optimizar a gestão de resíduos, minimizando a dispersão de unidades de tratamento e garantindo a sua sustentabilidade económico-financeira;

- possibilidade de haver sistemas que funcionem como utilizadores de capacidades excedentárias de tratamento de outros sistemas;

- adopção de parcerias entre os sectores público e privado para a gestão de RSU;

- optimização dos processos de tratamento recorrendo às Melhores Tecnologias Disponíveis (MTD);

- garantia de um adequado funcionamento das unidades;

- aposta em soluções flexíveis com o objectivo de minimizar o risco de ruptura de componentes e linhas de tratamento;

- introdução de objectivos de recolha selectiva de resíduos alimentares e de jardim;

- identificação e avaliação do destino e mercado dos produtos e materiais resultantes do tratamento adoptado.

As áreas de actuação desta estratégia de redução de RUB são as seguintes [9]:

- Valorização orgânica de RUB;

- Criação de incentivos à redução dos RUB destinados aos sistemas centrais de tratamento (tipo “compostagem no quintal”);

- Implementação de sistemas de recolha selectiva de RUB;

- Reforço da capacidade de valorização orgânica;

- Obtenção de um composto de qualidade;

- Incineração de RUB;

- Reforço da capacidade de incineração;

- Recurso a tecnologias emergentes;

- Reforço da recolha selectiva e reciclagem de papel e cartão;

- Criação de instrumentos jurídicos, económicos e financeiros;

- Execução de acções de sensibilização ambiental;

- Fomento das actividades de informação, investigação e desenvolvimento.

No futuro prevê-se que a valorização dos resíduos biodegradáveis permitirá [9]:

- diminuir a reactividade e o tempo de estabilização dos aterros;

3 Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos

A gestão de RSU tem sido matéria para a realização de várias alterações tecnológicas, sociais e económicas ao longo dos anos, de acordo com os diferentes tipos e níveis de exposição dos resíduos no meio envolvente.

Um dos maiores problemas para a uniformização de práticas estratégicas de gestão de resíduos baseia-se na variação da sua composição, pelo que não existe uma receita que permita resolver directamente a problemática da produção e gestão dos resíduos.

A Resolução n.º 97/C76/01 do Conselho Europeu, de 24 de Fevereiro, relativa à estratégia comunitária de gestão de resíduos apresenta a seguinte hierarquia de princípios aplicáveis à sua gestão:

- prevenção;

- recuperação;

- eliminação.

Assim, de uma forma geral, para uma política de gestão integrada de resíduos podem ser adoptadas as seguintes considerações:

- identificação das situações mais críticas e definição e implementação de medidas;

- estabelecimento de estratégias bem definidas;

- criação de instrumentos legais e financeiros;

- mobilização de meios e sensibilização dos agentes intervenientes.

É também de referenciar que uma correcta política de gestão de resíduos deve ser baseada em:

- responsabilização das entidades produtoras de resíduos;

- prioridade de redução da produção, seguida de valorização;

- eliminação correcta dos resíduos que não possuam qualquer possibilidade de valorização;

- sensibilização dos intervenientes na produção de resíduos para alterações comportamentais;

- aplicação do princípio do poluidor-pagador;

- co-responsabilização dos intervenientes no ciclo de produção dos resíduos;

- incentivo ao uso das melhores tecnologias de produção e tratamento, bem como a introdução de elevados níveis de qualidade nas instalações industriais;

- avaliação e acompanhamento contínuo da gestão de resíduos.