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Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos

Nos últimos tempos, a gestão de resíduos passou a constituir uma das maiores preocupações da Sociedade, transformando-se num assunto com especial atenção por parte das entidades locais e governamentais competentes.

A Agenda 21, objecto de um acordo celebrado entre as nações participantes da Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento, realizado no Rio de Janeiro em 1992, sublinhou que a redução, a maximização da reutilização e reciclagem devem constituir as primeiras fases da gestão de resíduos.

Esta Agenda acentua também a atribuição de uma maior prioridade à investigação, desenvolvimento, transferência tecnológica e educação pública, referindo igualmente a necessidade de realizar investimentos nos sectores público e privado com vista a atingir uma adequada gestão dos resíduos.

A Figura 1.1 caracteriza o fluxo de materiais de uma Sociedade. Este diagrama consiste num sistema fechado onde se verifica que não há consumo de produtos mas sim uma utilização, baseada numa entrada e saída de materiais, ou seja, em estado estacionário poderá dizer-se que os materiais injectados no processo são os mesmos que são rejeitados pelo mesmo. Nesta figura constam como opções de gestão de resíduos a deposição final, a recolha de material para produção de energia e a re-incorporação do produto no processo de fabrico. Verifica-se que, o início do ciclo é caracterizado pela utilização de vários tipos de materiais: as matérias primas, os produtos secundários resultantes da ineficiência do processo de fabrico e os materiais provenientes do uso doméstico, para recuperação ou reciclagem [1].

Numa abordagem geral, pode afirmar-se que a gestão de resíduos consiste na utilização de um conjunto de regras e aplicações tecnológicas associadas às fases de produção, recolha, transferência, transporte, armazenamento, controlo, valorização e eliminação dos resíduos sólidos.

Figura 1.1 Fluxo de materiais de uma Sociedade [1]

É fácil pensar na gestão de resíduos como uma redução na fonte, através da diminuição das matérias-primas envolvidas nos processos fabris e no aumento da recuperação e reciclagem dos resíduos. No entanto, estas regras dificilmente poderiam ser aplicadas, uma vez que dependem de factores económico-financeiros, administrativos, legais, sociais, entre outros, o que implica a realização de uma análise mais complexa destes aspectos antes de tomar qualquer tipo de decisão em matéria de gestão de resíduos.

Os parâmetros que intervêm mais directamente na resolução de problemas de gestão de resíduos são:

- quantidades produzidas;

- densidade;

- composição qualitativa;

- taxa de variação da produção.

Por outro lado, a produção de resíduos depende de variados factores, como o nível de vida e hábitos da população, o clima e estação do ano, a comercialização e utilização de novas metodologias de embalagem, o tipo de aglomeração populacional, características socio-económicas e a eficiência dos sistemas de recolha.

A adopção de sistemas integrados de gestão, com a redução, reutilização, reciclagem, compostagem, incineração com aproveitamento energético, entre outros, permite delinear soluções diferenciadas de acordo com as características dos resíduos. Como tal, é imprescindível realizar um programa ou plano de gestão de resíduos, tendo em conta as respectivas soluções de tratamento, valorização e destino final.

A formulação de tal programa deve considerar soluções diferentes consoante as características dos resíduos a gerir, bem como as disponibilidades tecnológicas e económico-financeiras existentes. É igualmente de salientar que um dos principais factores para a gestão de resíduos é a intervenção da população, através da sua participação activa na defesa do ambiente.

Actualmente, a gestão de resíduos é ainda um assunto muito complexo cuja problemática envolve os seguintes pressupostos [3]:

- aumento da taxa de produção de resíduos per capita e diminuição dos locais de possível eliminação;

- disfunções e riscos ambientais associados aos tecnossistemas de gestão, cujas medidas de prevenção e minimização representam elevados custos;

- dificuldades inerentes a mudanças de filosofia e de estrutura dos sistemas de gestão de resíduos;

- necessidade de obtenção de consensos e envolvimento dos vários agentes nos processos de participação em planos de gestão de resíduos urbanos;

- dificuldades na aplicação de medidas complementares efectivas que incutam comportamentos eficientes de conservação dos recursos, redução e valorização dos resíduos, por parte dos agentes económicos e dos consumidores.

A estratégia da União Europeia defende uma hierarquia de princípios que incentiva a redução, reutilização, valorização e a deposição final em último lugar.

Como exemplo, é apresentado na Figura 1.2 a hierarquia da gestão de resíduos nos Estados Unidos da América.

2 Legislação Ambiental Aplicável aos Resíduos Urbanos

A criação de instrumentos legais que permitem proceder ao estabelecimento efectivo de regras na gestão de resíduos tem sido cada vez mais utilizada.

A legislação ambiental em Portugal é um pouco ambígua, mas têm sido efectuados esforços no sentido de abranger as situações de maior carência ambiental. Esta apresenta-se de uma forma dispersa e extensa, dificultando por vezes a sua consulta, além de que pode, em diversos casos, adquirir interpretações secundárias sobre um determinado ponto de vista. De uma forma geral, pode ser considerada como abrangente, encontrando-se em permanente actualização.

No Anexo A são apresentadas as Portarias, Decretos-Lei, Directivas e Decisões Comunitárias que mais se destacam na imposição de regras de gestão de resíduos no âmbito dos RSU, apresentada segundo os temas principais [5].