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Estudo 2: Análise Confirmatória da estrutura interna das escalas e Teste do Modelo

De acordo com a fundamentação teórica abordada sobre bem-estar no trabalho, a perspectiva teórica de que o bem-estar de trabalhadores seria adequadamente representado por avaliações dos aspectos comprometimento organizacional afetivo, satisfação no trabalho e envolvimento com o trabalho ainda não recebeu nenhuma comprovação empírica, encontrando-se na literatura apenas pesquisas correlacionais. Este estudo pretendeu contribuir para o entendimento empírico do fenômeno bem-estar no trabalho no sentido de testar este modelo teórico.

Ainda que existam dados de pesquisa que sustentem a validade dos instrumentos utilizados para investigar tais aspectos separadamente (ECOA; EST e EET), a reunião destes aspectos em um único construto de segunda ordem intitulado bem-estar no trabalho nunca foi corroborada.

Assim, para sanar esta lacuna teórica, o segundo estudo propôs dois objetivos específicos:

a) verificar se as estruturas apontadas pelas análises fatoriais exploratórias empreendidas para comprometimento organizacional afetivo, satisfação no trabalho e envolvimento com o trabalho se confirmam, através de um estudo com nova amostra;

b) testar o modelo teórico de bem-estar no trabalho como fenômeno determinado por comprometimento organizacional afetivo, satisfação no trabalho e envolvimento com o trabalho.

2.2.1.1 Local, População e Amostra

A população investigada neste estudo constou de trabalhadores com vínculo empregatício. Os respondentes foram contatados através de e-mail e de redes sociais no período de dezembro de 2012 a fevereiro de 2013. A quantidade mínima de respondentes estipulada foi 200, a partir do critério de 10 respondentes por item da maior escala, além de Byrne (2008), entre outros autores, defender assa quantidade de respondentes quanto à realização de análises fatoriais confirmatórias, de maneira a garantir o atendimento de parâmetros quantitativos necessários para tal análise.

A quantidade de respostas alcançada, inicialmente, foi de 223 respondentes. Destes, alguns questionários foram excluídos da amostra em virtude da ausência de algumas respostas nas escalas, perfazendo um total de 206 sujeitos após as exclusões. Foram priorizados como critérios de inclusão trabalhadores maiores de idade e com vínculo empregatício, excetuando autônomos, empresários e estagiários. A coleta de dados foi não- probabilística, numa amostra por conveniência.

2.2.1.2 Instrumentos

Os instrumentos foram os mesmos utilizados e descritos no estudo anterior, inseridos num questionário autoaplicável virtual, quais sejam, Escala de Comprometimento Organizacional Afetivo (ECOA), Escala de Satisfação no Trabalho (EST) e Escala de Envolvimento no Trabalho (EET).

2.2.1.3 Procedimento

Um questionário online foi elaborado com os instrumentos supracitados para que os prováveis respondentes pudessem acessá-lo através de um link. Esses sujeitos foram convidados virtualmente, contatados pela internet através de redes sociais e de e-mails, sendo informados sobre objetivo, instruções de preenchimento, condições de inclusão na amostra e endereço eletrônico do questionário (http://marleymelo.limeask.com/76549/lang- pt-BR) para a coleta da pesquisa, além da solicitação de reenvio aos contatos do respondente, a fim de ampliar a população participante. Para o prosseguimento na pesquisa era necessária a adesão ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo 2), obtido ao passo que o sujeito concordava em participar da pesquisa e avançava as etapas disponibilizadas.

2.2.1.4 Análise dos dados

Por meio do programa estatístico PASW (versão 18) foram utilizadas estatísticas descritivas (medidas de tendência central, dispersão e frequência). Os dados dessa amostra também foram inspecionados quanto a erros de digitação, dados faltosos e casos extremos, de maneira a preparar o banco de dados para análises multivariadas. Os itens com respostas ausentes até o limite de 5% do total de participantes foram preenchidos pela média aritmética da variável. Utilizou-se também o programa Analysis of Moment Structures (Amos) (versão 18) para a análise fatorial confirmatória das escalas ECOA, EST e EET e para a Equação por Modelagem Estrutural. Foram considerados os seguintes indicadores de ajuste (Byrne, 2010; Tabachnick & Fidel, 2007):

 Qui-Quadrado (X²): Averigua a possibilidade de o modelo teórico se ajustar aos dados, em que quanto menor, melhor o ajuste, pois será estatisticamente significativo com a discrepância entre os dados e o modelo analisado. Por ser sensível ao tamanho da amostra (n > 200 pode favorecer descartar um modelo adequado), deve-se interpretá-lo com alguma reserva, valendo-se de sua razão em relação aos graus de liberdade (χ²/g.l.). A razão do qui-quadrado em função dos graus de liberdade (χ²/g.l.) colabora para a avaliação do modelo, uma vez que ajusta o valor do teste proporcionalmente ao número de parâmetros existentes, sendo bons valores abaixo de 5 e excelentes ajustes entre 1 e 3. Contudo, a prática sugere que poderá padecer de viés quando a amostra for superior a 1.000 participantes.

 Índice de Bondade do Ajuste (Goodness of Fit Index - GFI): Este indicador, como sua versão ponderada (Adjusted Goodness of Fit Index - AGFI), funciona como a estatística R² na análise de regressão. O GFI explicita o quanto o modelo teórico pode ser explicado pela extensão da matriz de variância e covariância, a partir do modelo testado, e não depende do tamanho da amostra. Os valores transitam de 0 (ajuste nulo) a 1 (ajuste perfeito), sendo ideais valores próximos ou superiores a 0,90, em que o modelo se ajusta aos dados.

 Índice de Comparação do Ajuste (Comparative Fit Index - CFI): Compreende um indicador comparativo adicional de ajuste do modelo. Compara o ajuste do modelo ao ajuste do modelo nulo, com valores mais adequados próximos ou maiores que 0,90.

 Raiz Quadrada da Média dos Quadrados dos Erros de Aproximação (Root Mean Square Error of Aproximation - RMSEA): calcula a divergência entre o modelo teórico e os dados empíricos disponíveis, de modo a identificar o tamanho do erro entre as matrizes amostral e populacional. Valores altos são indicativos de um modelo não ajustado.

Recomenda-se valores próximos ou inferiores a 0,05, variando entre 0 e 0,08 como escores aceitáveis.

Desse modo, a partir da Análise Fatorial Confirmatória realizada para cada construto (COA, ST, ET), e da Modelagem por Equação Estrutural realizada para testar o modelo teórico de BET, são destacados os indicadores de ajuste utilizados como parâmetros para a análise dos dados. A entrada da matriz de variância-covariância adotou o estimador ML (Maximum Likelihood), o qual a partir da maximização das probabilidades obtidas na matriz de covariância amostral estipula parâmetros que a aproximam da matriz de covariância populacional (Byrne, 2010).

CAPÍTULO III

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3 DESCRIÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesta seção serão descritos a caracterização das amostras de cada estudo e os dados obtidos nas análises realizadas, obedecendo à ordem descrita no método, qual seja: análises de componentes principais dos construtos comprometimento organizacional afetivo, satisfação no trabalho e envolvimento no trabalho, seguidas de suas respectivas discussões. Posteriormente, serão descritos os dados obtidos no estudo 2, subdivididos em tópicos: análise fatorial confirmatória realizada para cada construto citado e o teste do modelo explicativo de BET por meio da modelagem por equação estrutural, discutidos à luz da bibliografia pertinente.