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Estudos realizados com andarilhos de 4 rodas 60

Capítulo 2 – Estado de Arte 7

2.2. Marcha Assistida 42

2.2.3. Benefícios e Riscos dos andarilhos 51

2.2.3.4 Estudos realizados com andarilhos de 4 rodas 60

De um modo geral, os andarilhos de 4 rodas são preferencialmente selecionados pelos pacientes, comparativamente ao andarilho de 2 rodas. O seu sistema de rodas faculta uma marcha mais natural e um deslocamento suave, sem nenhum esforço exagerado. Em contra-

tivo ao utilizador. Para esta secção foram selecionados 12 artigos, os quais se focam na análi- se dos efeitos do andarilho nos seus utilizadores. Estes artigos encontram-se divididos entre as seguintes temáticas; o efeito na capacidade de exercício funcional em pacientes com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica); efeito no equilíbrio e na exigência nos membros supe- riores; alterações no controlo dos membros inferiores; e atenção requerida.

De acordo com a primeira temática, os pacientes referidos têm limitações na respiração, as quais precisam de ser reduzidas. Assim, os autores que se debruçaram sobre este tema, estudaram a avaliação do efeito do andarilho de 4 rodas na incapacidade, oxigenação e na capacidade de exercício funcional nestes pacientes, de forma a melhorar a sua qualidade de vida (Honeyman et al. 1996; Solway et al. 2002; Probst et al. 2004; Gupta et al. 2006). Os autores Probst et al (2004) estudaram o efeito da utilização deste andarilho na distância per- corrida e nas variáveis fisiológicas em pacientes com DPOC. Em termos de participantes, fo- ram selecionados 15 pacientes diagnosticados com DPOC, sem nenhum problema neurológi- ca ou limitação motora e sem prática na utilização de dispositivos de assistência. Para a reali- zação dos testes utilizaram um sistema de telemetria, oxímetro de pulso e uma máscara de respiração. O estudo consistiu na realização do teste 6MW (6-min walk test), ou seja, cami- nhar durante 6 min, com e sem o andarilho, com sessões de treino, adaptação da altura do andarilho para cada pessoa e com 30 min de intervalo entre cada teste. Em termos de análise estatística, utilizaram testes não paramétricos, testes Wilcoxon signed-rank, análise de regres- são múltipla stepwise por utilização do software Metasoft e SAS. Este estudo apenas apresen- tou benefícios da utilização do andarilho. De uma forma geral, a sua utilização permite uma melhoria na capacidade de exercício funcional dos pacientes, mais especificamente, verifica-se uma redução da dispneia, aumento da ventilação, aumento da distância percorrida no teste 6MW, redução da hipóxia e da falta de ar, aumento da velocidade de marcha e sensação de segurança e estabilidade, permitindo que as pessoas se desloquem a uma maior velocidade com o mesmo volume de oxigénio (Probst et al. 2004).

Dois artigos (Takanokura, 2010 e Tung et al, 2013) focaram-se para estudar o efeito no equilíbrio e nas exigências requeridas aos membros superiores. Takanokura (2010) desenvol- veu um modelo mecânico 2D de forma a otimizar a altura do andarilho e reduzir a carga apli- cada nos músculos dos membros superiores e inferiores, para as diferentes condições de pi- so. A avaliação da exigência imposta aos membros superiores foi desenvolvida em dois modos diferentes. O autor realizou um estudo para calcular os inputs necessários para o modelo me-

cânico. Este modelo mecânico foi utilizado para otimizar a altura do andarilho. Assim, foi pre- ciso a utilização de extensómetros para avaliar as forças nos membros superiores. De forma a adquirir os parâmetros para o modelo, os participantes usaram o dispositivo em pisos de as- falto seco e cascalho seco com uma determinada postura, caracterizada pelos membros supe- riores alongados e os cotovelos não dobrados. Para o teste selecionaram 600 pessoas com uma idade superior de 70 anos. O autor concluiu que o facto de utilizar o andarilho mais alto e empurrá-lo na direção perpendicular, inclinando o tronco sobre o andarilho, permite manter uma postura correta, manter as características padrão da marcha e aliviar a carga muscular aplicada nos membros superiores e inferiores. Para que seja realmente benéfico é necessário um correto ajuste da altura do andarilho e da postura do utilizador (Takanokura 2010).

Quanto ao terceiro foco dos estudos, 4 artigos (Alkjaer et al. 2006; Liu et al. 2009; Vogt et al. 2010; Schwenk et al. 2011) analisaram as alterações no controlo dos membros inferiores. Liu et al (2009) centrou-se no estudo das diferenças dos parâmetros da marcha entre pacien- tes que utilizam o andarilho de 4 rodas (TUG – True User Group) e potenciais utilizadores (PUG – Potencial User Group) deste dispositivo. Para este estudo selecionaram 18 TUG e 15 PUG com mais de 65 anos e residentes num lar, sem nenhuma limitação nos membros infe- riores, com a capacidade de caminhar 9.15 m. A escolha dos PUG incluía pessoas que tives- sem caído uma vez no último ano ou que não tiveram hospitalizadas nos últimos 3 meses. A realização do estudo consistiu na aplicação de um questionário sobre o andarilho de 4 rodas e caminhar sobre a plataforma GaitRite com um cinto de segurança. Os participantes efetuaram sessões de treino, os PUG realizaram 3 ensaios com o dispositivo, enquanto que os TUG efe- tuaram 3 ensaios com e 3 sem o andarilho, havendo intervalos de 3 min de descanso entre testes. Os ensaios em que foi utilizado o andarilho, os utilizadores tinham que manter uma postura correta e o corpo entre as duas rodas traseiras do andarilho. Quanto ao processamen- to dos dados aplicaram a média e o desvio-padrão, a parte estatística consistiu na implemen- tação da ANOVA e T-teste emparelhado, através do software GaitRite Gold e SPSS. Este estudo permitiu concluir que com a utilização deste andarilho há uma redução da carga aplicada nos membros inferiores, por outro lado, verificou-se que há uma redução da cadência, velocidade de marcha, tempo da fase de balanço, comprimento do passo, comprimento da passada e aumento do tempo da fase de apoio e de duplo suporte, devido ao medo de queda e, por fim, alterações na postura do utilizador (Liu et al. 2009). Contrariamente, Vogt et al (2010) conclu- iu que a utilização do andarilho aumenta a confiança e a segurança do utilizador, melhora o

equilíbrio e a mobilidade, não interfere com a reabilitação, mantém ou até mesmo melhora as capacidades motoras do utilizador.

Entre os artigos selecionados, o última tema abordado corresponde à atenção que os ido- sos e jovens requerem durante a utilização do dispositivo, realizando o teste de duas tarefas. Miyasike-daSilva et al (2013) debruçou-se sobre o estudo do efeito da utilização do andarilho na marcha e na exigência de atenção em condições de possível desequilíbrio. Para tal, utiliza- ção um gravador de voz digital, altifalante, microfone e uma câmara digital. Verificou-se a apli- cação do teste de duas tarefas, sendo que a primeira tarefa consistia em simplesmente andar e a segunda em repetir sons. Os participantes (12 jovens e 2 idosos saudáveis) tinham que caminhar com e sem o andarilho numa superfície estreita e numa barra de madeira. Para ca- da uma destas 4 condições realizaram apenas a primeira tarefa e ambas em simultâneo. Os autores verificaram que há uma redução da atenção exigida e um aumento da estabilidade da marcha nas condições em que o equilíbrio é desafiado – superfície estreita – e, por último, a velocidade da marcha mantém-se normal (Miyasike-daSilva et al. 2013). Já Wellmon et al (2006) conclui que há um maior atraso na resposta à segunda tarefa durante a utilização do andarilho do que em marcha livre, ou seja, a marcha assistida com o andarilho de 4 rodas requer um maior nível de atenção (Wellmon et al. 2006).