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Estudos realizados com mais do que um tipo de andarilho 52

Capítulo 2 – Estado de Arte 7

2.2. Marcha Assistida 42

2.2.3. Benefícios e Riscos dos andarilhos 51

2.2.3.1 Estudos realizados com mais do que um tipo de andarilho 52

Para esta secção foram encontrados 11 estudos, os quais avaliam o impacto dos diferen- tes andarilhos, de forma a determinar os seus benefícios e riscos. Verificou-se que estes 11 artigos focam-se em 4 tipos de estudos diferentes, sendo estes, a atenção requerida, o custo metabólico, efeitos adversos da utilização do andarilho e as modificações na marcha, provo- cadas pelo uso dos andarilhos.

Atendendo ao primeiro foco referido, em 1992, os autores Wright e Kemp, realizaram tes- tes de forma a avaliar a atenção requerida durante a marcha com andarilho de 4 pontas e de 4 rodas, introduzindo a metodologia de 2 tarefas (Dual-task). Para este estudo foram selecio- nadas 5 pessoas familiarizadas e 5 não familiarizadas com o uso dos andarilhos. A idade dos

zação de duas tarefas em simultâneo, pretendendo determinar o tempo de reação. Neste es- tudo, basicamente a pessoa tinha que caminhar com o dispositivo e reproduzir uma resposta sonora o mais rápido possível, aquando o surgimento de um tom a uma frequência de 1500 Hz, sendo esta a prova secundária. As 10 pessoas tiveram que realizar 3 tipos de testes, o primeiro tipo consistia em realizar a prova secundária, ou seja, as pessoas tinham que res- ponder o mais rapidamente possível a um estímulo manual ou vocal, com uma resposta igualmente manual ou vocal. O segundo tipo de teste compreende apenas a realização da primeira prova, ou seja, a pessoa caminhava 6.1 m em marcha livre, com o andarilho de 4 pontas e com o andarilho de 4 rodas. Por fim, o terceiro teste era a execução das duas pro- vas. Para este estudo utilizaram um microfone capaz de captar a resposta sonora da pessoa, um cronómetro e um alarme, o qual produz o tom a 1500 Hz. Para os dados obtidos determi- naram a média e o desvio-padrão e em termos estatísticos aplicaram a ANOVA e o teste Tukey post hoc. Os autores concluíram que o deslocamento com um DA exige uma maior atenção do que em marcha livre, resultando numa redução da cadência. Para o andarilho de 4 pontas, verificou-se um maior tempo de reação para a resposta da segunda prova e uma maior exi- gência de atenção (Wright & Kemp 1992).

Relativamente ao segundo foco, custos metabólicos, Holder et al. (1993), propuseram um estudo de forma a comparar os custos metabólicos entre a marcha assistida (muletas axilares, andarilho de 4 pontas e de 4 rodas) e não assistida. Para a realização do estudo foram seleci- onados 9 jovens saudáveis com uma idade média de 29.11 anos e sem história clínica de do- enças cardiovasculares ou respiratórias. Os testes foram divididos em 3 fases espaçadas por uma semana. A primeira fase consistiu em avaliar o consumo de oxigénio baseado em técni- cas espirométricas, sendo que cada participante teve que correr a uma velocidade constante de 2.33 m/s numa passadeira. Quanto à segunda fase, consistia na ambulação nas 4 condi- ções de teste, ou seja, em marcha livre e em cada DA. Os participantes realizaram sessões de treino e os dispositivos foram devidamente ajustados para cada pessoa. Para cada condição, os participantes caminharam durante 7 min à velocidade pessoal ao longo de um caminho oval de 24.5 m. No final de cada teste, procederam à medição da frequência cardíaca e da pressão sanguínea. As pessoas podiam descansar entre testes e era necessário esperar até que os valores medidos retornassem aos valores normais. Por fim, a terceira fase tinha como objetivo determinar a confiabilidade (teste-reteste), procedendo a uma segunda sessão de tes- tes. Para além do teste-reteste também foi aplicado o Coeficiente de Correlação de Pearson, o

teste Tukey post hoc e o T-test. Os autores concluíram que caminhar em marcha livre resulta num menor consumo de oxigénio por minuto. Com as muletas axilares é quando se verifica um maior consumo entre os dispositivos estudados. Em contrapartida, as muletas axilares também são o dispositivo que permitem o menor consumo de oxigénio por metro percorrido, isto pode ser devido ao facto de estas muletas permitirem uma maior velocidade de ambula- ção, o que conduz a um menor consumo de oxigénio por distância. Em relação aos andarilhos estudados, uma vez que estes precisam de ser elevados ou empurrados para se moverem, isso leva a um aumento do consumo de oxigénio e uma redução da velocidade. Contudo, a marcha livre continua a ser a que resulta num menor consumo de oxigénio, comparativamen- te com os outros dispositivos. Estes dados foram obtidos em jovens saudáveis, não se sabe se em idosos o mesmo se verifica (Holder et al. 1993).

Foley et al. (1996) realizaram testes em idosos saudáveis e demonstraram que a ambula- ção com o andarilho de 4 pontas corresponde a um maior consumo de oxigénio do que em marcha livre, o que vai de encontro com as conclusões de Holder et al. Por outro lado, de- monstraram que não há diferenças no consumo de oxigénio entre a marcha livre e a marcha assistida com um andarilho de rodas. Por outro lado, o andarilho de 4 pontas requer mais oxigénio do que o de rodas (Foley et al. 1996). Priebe e Kram (2011), obtiveram as mesmas conclusões do que Foley et al. e, ainda acrescentaram que o andarilho de 2 rodas requer um maior consumo de oxigénio do que o de 4 rodas (Priebe & Kram 2011). Para maior detalhe dos estudos Foley et al (1996) e Priebe e Kram (2011) ver tabela A.1 nos Anexos A.1.

Quanto ao terceiro foco, o qual consiste na avaliação da existência ou não de efeitos ad- versos pela utilização do andarilho, ou seja, se de facto a utilização dos andarilhos causa da- nos ou não e quais são as dificuldades observáveis. Leung e Yeh (2008) estudaram o risco da utilização de andarilhos em idosos, selecionando 19 idosos sem nenhum registo médico nos últimos 3 meses, que utilizassem ou que já tivessem utilizado o andarilho. O estudo baseou-se num questionário de 37 itens, dividido em 4 partes, sendo estas: o histórico do paciente, utili- zação do andarilho, atividades em que utiliza o andarilho e a opinião do utilizador. Para este estudo, foi utilizada uma câmara digital para gravar o movimento dos participantes com o an- darilho. Em termos de processamento dos dados, calcularam a média e o desvio-padrão, já no âmbito estatístico aplicaram a ANOVA, T-teste e, se os testes fossem significativos, usavam o LSD (Least Significant Difference) com o SPSS. Após a realização do estudo, concluíram que a maioria dos idosos prefere utilizar o andarilho de 4 pontas e num espaço interior, ou seja, in-

door, utilizam os membros superiores para suportar o peso do corpo, originando danos trau- máticos, como por exemplo, dores no pulso, ombros, coluna e na cintura (Leung & Yeh 2008).

Liu (2009) seguiu o mesmo protocolo, mas com um questionário diferente e aplicou o Mi- ni Exame do Estado Mental (Mini-Mental Status Exam - MMSE). O questionário baseava-se em informação demográfica, histórico da utilização do andarilho, manutenção do andarilho e ocor- rência de quedas. Foram selecionadas 158 idosos que utilizem andarilhos há mais de 24 me- ses, os andarilhos estudados foram os de 2 e 4 rodas. Os autores demonstraram que ambos os andarilhos aumentam a base de suporte, melhoram o equilíbrio e a mobilidade e, reposici- onam o corpo para a frente. Por outro lado, os dois tipos de andarilho proporcionam a perda de balanço dos braços, uma postura incorreta e aumentam o risco de queda (Liu 2009).

O último tipo de estudo desta secção consiste na avaliação da alteração da marcha. Kloos et al (2012) debruçaram sobre o efeito que os DAs têm em pacientes com Huntington, para isso incluíram no estudo 21 voluntários com a doença, a qual foi confirmada por um neurolo- gista. Os participantes realizaram o teste UHDRS - Unified Huntington’s Disease Rating Scale - a componente cognitiva e tinham que ser capazes de caminhar 10 m sem nenhuma ajuda. Para a realização dos testes utilizaram uma plataforma GaitRite de 4.88 m com sensores in- corporados, aplicaram o teste UHDRS mas da componente motora e um teste de manobrabi- lidade. Na plataforma os participantes deslocavam-se à sua velocidade normal, em marcha livre e com cada um dos dispositivos (bengala normal, bengala mais pesada, andarilho de 4 pontas, 2 e 4 rodas), enquanto que o teste de manobrabilidade consistia em percorrer um circuito com obstáculos. As pessoas realizaram sessões de treino, para se familiarizem com os dispositivos e podiam descansar entre os ensaios. Foi determinado o coeficiente de varia- ção, aplicação do método ANOVA e o teste Tukey post hoc utilizando o software SAS (Statisti- cal Analysis Software). Os autores verificaram que os andarilhos de 3 e 4 rodas produzem uma marcha de maior velocidade e com maior comprimento de passada, comparativamente com os outros andarilhos. Os andarilhos de 4 rodas providenciam menos variabilidade na marcha, menos quedas e tropeções, requerem menos esforço para o manobrar, mais estabili- dade e é o melhor dispositivo para contornar obstáculos. O andarilho de 4 pontas proporciona um aumento do tempo em suporte duplo e maior variedade da marcha. Este andarilho e do 2 rodas provocam uma redução significativa da velocidade de marcha e do comprimento da passada, comparativamente com a marcha livre. Por fim, os andarilhos de 3 e 4 rodas produ- zem uma base de suporte mais estreita do que a marcha livre, o de 3 rodas resulta num mai-

or tempo em duplo suporte do que o de 4 rodas e em marcha livre. Por último, com andarilho de 4 rodas as pessoas sentem medo de cair (Kloos et al. 2012).