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2.1 Qualidade de vida no trabalho

2.1.5 Estudos recentes de QVT

Na pesquisa efetuada nas bases de publicações internacionais foram encontrados três artigos, considerados após a leitura, com análises recentes discutidas nas produções acadêmicas que são comentados abaixo:

- QVT: problemas teóricos e metodológicos e apresentação do novo modelo e instrumento de mensuração: o artigo escrito por Martel e Dupuis (2006) aborda o constructo subjetivo da QVT; a necessidade de considerar os aspectos organizacionais, humanos e sociais fazendo parte da definição de QVT; a relação inseparável entre qualidade de vida do indivíduo e QVT; e a apresentação do modelo de medição para as ações de QVT.

Ao longo do tempo os critérios objetivos de avaliação dos resultados dos empregados foram substituídos por aspectos subjetivos, entretanto, os pesquisadores continuam convencidos da necessidade de mensuração por critérios objetivos de QVT.

Os autores, desse artigo, apresentam o levantamento das publicações acadêmicas entre 1973 a 2002, em dois periódicos, sendo o Psyclit, especializado em psicologia e comportamento, e o

Sociolife, com artigos sobre sociologia, antropologia, comportamento e cultura. O resultado

da busca compara o número de artigos publicados com o tema QVT com hum mil e trinta e quatro no período mencionado e artigos referentes ao estresse e doenças mentais do trabalho com dez mil e noventa quatro publicações para o mesmo período.

Os autores consideram a realidade econômica caracterizada pela globalização, o aumento da competitividade e da tecnologia da comunicação, com o uso intenso de telefone celular e e-

mail, como desencadeadores do estresse e a diminuição da privacidade das pessoas,

responsáveis pela diminuição das pesquisas relacionadas à QVT.

Constataram após a pesquisa o declínio na produção de artigos acadêmicos decorrente da deficiência teórica e a ausência de definição clara, objetiva, operacional, considerados fatores essenciais aos pesquisadores interessados nos estudos sobre a condição do trabalho no mundo.

O instrumento de mensuração apresentado por Martel e Dupuis (2006) é chamado de QLSI,

Quality of Life Systemic Inventory, fundamento na relação entre qualidade de vida e QVT, e

está formado por trinta e três itens de avaliação divididos em quatro classificações, sendo elas: natureza do trabalho, contextos físico, psicossocial e organizacional.

A seguir são citados alguns dos itens de avaliação para exemplificar parcialmente o instrumento QLSI. Quanto à natureza do trabalho considera o tempo e autonomia no desempenho das atividades, participação nas decisões, e requisitos necessários para o desempenho da função; no contexto físico analisam o ambiente de trabalho, equipamentos e ferramentas utilizadas, benefícios como restaurante e estacionamento; nos aspectos psicossociais consideram para a investigação, os sentimentos de pertencer, capacidade emotiva, competitividade e relação com colegas; no contexto organizacional observam o crescimento na carreira, transferência do posto de trabalho, ganhos, benefícios, flexibilidade de horário, entre outros.

Com a possibilidade de medição, os autores acreditam no fortalecimento da definição de QVT, respeitando a subjetividade do constructo e a inter-relação dos fatores organizacionais, individuais e sociais.

- Melhorias da QVT: implicações para o RH: esse artigo traz uma rica contribuição sobre a QVT e as relações familiares. Segundo Akdere (2006) existem hoje pelo menos 70% de mães, com crianças, trabalhando pelo menos metade da jornada diária, implicando na reavaliação das famílias nas tradicionais divisões das tarefas domésticas, do trabalho remunerado, o cuidado com os filhos e com os idosos.

Foi realizada uma pesquisa em 1998, pelo periódico The New York Times, apontando a existência de 83% das mães e 72 % dos pais com atividades profissionais com conflitos entre as demandas do trabalho e o desejo de permanecer com seus filhos e familiares.

A necessidade de equilibrar a vida profissional e familiar tem levado as empresas a oferecerem facilidades e benefícios aos empregados como serviços de assistência e cuidados as crianças, creches, estudos sobre conflitos relacionados à família e a implantação de políticas chamadas de “family-friendly” como auxílio aos empregados para alcançarem o equilíbrio entre o trabalho e a vida familiar.

- QVT: você te investido na organização do futuro. Segundo Ballou e Godwin (2007) muitas empresas estão investindo significativa quantidade de recursos e tempo nas iniciativas para elevar a satisfação dos empregados.

Essa nova tendência chamou a atenção da revista Fortune, responsável pela avaliação anual das “100 melhores empresas para trabalhar”, decidindo por incluir a avaliação dos locais de trabalho com práticas diferenciadas de qualidade de vida na sua pesquisa.

Esse artigo apresenta os benefícios comuns nas empresas premiadas, sendo eles: recursos para cuidados dos filhos, serviços de recolocação do empregado, aconselhamento de carreira, roupa casual todos os dias, recursos para cuidados com idosos, aquisição das ações da empresa para todos os empregados, auxílio à adoção, horários flexíveis, cafés e lanchonetes subsidiadas, serviços de lavanderia, assistência ao planejamento escolar, redução do tempo de trabalho, reembolso de 100% da taxa de matrícula para cursos, assistência para compra de imóvel, redução da semana de trabalho, aconselhamento financeiro, seguro de automóveis em grupo e serviços jurídicos pré-pagos em grupo.

Além dos benefícios mais frequentes nas empresas pesquisadas foram relatados nesse artigo os benefícios incomuns conforme relacionados a seguir: vinte dias livres para cuidar dos filhos, dentista na empresa, uma semana paga para os novos avôs, uso de avião da empresa para urgência da família, quatro dólares para corte de cabelo na empresa, dez mil dólares de benefícios para tratamento de infertilidade e ajuda à adoção, dez horas pagas por mês para trabalhos voluntários, trinta e cinco dias de férias para empregados com dez anos de empresa e a cada cinco após esse período, são alguns dos diferenciais listados pelo artigo.

As publicações citadas são exemplos das mudanças conceituais ocorridas, da procura do conceito definitivo e objetivo de QVT e das novas respostas dadas pelas empresas para atração e retenção dos profissionais contratados. A partir disso, constata-se a necessidade de práticas de gestão capazes de contribuir para a implantação e manutenção dessas ações, sendo esse o tema da próxima seção.