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ETAPAS DEFINIÇÃO ORIENTAÇÕES PARA PROJETO DE ARQUITETURA

ESTUDO

PRELIMINAR

Estudo efetuado para assegurar a viabilidade técnica a partir dos dados levantados no programa de

necessidades38, bem como de eventuais condicionantes do contratante. Visa à análise e escolha da solução que melhor responda e este programa, sob os aspectos legais, técnicos, econômicos e ambiental do empreendimento.

Definição gráfica do partido arquitetônico, através de plantas, cortes e fachadas (opcional), que contenham a

implantação, acessos, estacionamentos, sistema construtivo, zoneamento das atividades, circulações,

organização volumétrica, número de pavimentos, atendimento às normas, entre outros.

PROJETO BÁSICO

Conjunto de informações técnicas necessárias e suficientes para caracterizar os serviços e obras, elaborado com base no estudo preliminar, e que apresente o detalhamento necessário para a definição

e quantificação dos materiais, equipamentos e serviços relativos ao empreendimento. Deverá demonstrar a viabilidade técnica da edificação a partir

do programa de necessidades e do estudo preliminar desenvolvidos anteriormente, possibilitar a avaliação do custo dos serviços e obras, bem como permitir a definição dos métodos construtivos e prazos de

execução do empreendimento. Solução das interferências entre os sistemas e componentes da

edificação.

O PBA (Projeto Básico de Arquitetura) é composto por representação gráfica e relatório técnico, e será avaliado pela Vigilância Sanitária para aprovação da edificação. É

também base para o desenvolvimento dos projetos complementares de engenharia (estrutura e instalações). Deverá conter plantas com nomes de todos os ambientes,

todas as dimensões, locação dos equipamentos, etc. Em reformas e ampliações deverá conter legenda para áreas a demolir, a construir e existente. Indicação de cortes, elevações, ampliações e detalhes. Planta de cobertura,

de situação e locação com acessos de pedestres e veículos. Relatório com dados cadastrais do estabelecimento, memorial de arquitetura, resumo da proposta assistencial, número de leitos, especificação básica de materiais e equipamentos, soluções para abastecimento de água potável, energia elétrica, etc.

PROJETO EXECUTIVO

Conjunto de informações técnicas necessárias e suficientes para a realização do empreendimento, contendo de forma clara, precisa e completa todas as

indicações e detalhes construtivos para a perfeita instalação, montagem e execução dos serviços de

obras.

Deverá conter todos os desenhos necessários para descrição do edifício e dos elementos externos: implantação, plantas, cortes, todas as elevações, ampliações, esquadrias, impermeabilização, todos os detalhes necessários, etc. Poderá conter, se solicitado pelo contratante, cronograma com as etapas lógicas da execução dos serviços e suas interfaces, bem como manual de operação e manutenção das instalações, orçamento analítico da obra e cronograma físico-

financeiro.

Tabela 6. Etapas de projeto de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Fonte: Elaborada pela autora a partir das informações constantes na RDC nº 50 da ANVI SA.

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“Conjunto de características e condições necessárias ao desenvolvimento das atividades dos usuários da edificação que, adequadamente consideradas, definem e originam a proposição para o empreendimento a ser realizado. Deve conter a listagem de todos os ambientes necessários ao desenvolvimento dessas atividades” (ANVI SA, 2002, p.3).

Dickerman e Barach (2008) apresentam uma descrição do processo de projeto geralmente utilizado em edificações de saúde. Para estes autores, esse processo costuma ser linear, iniciando-se com o trabalho do arquiteto sobre os dados recebidos, desenvolvendo-se para a definição geral da planta e volumetria, e, posteriormente, acrescentando-se equipamentos, tecnologia da informação, sistemas prediais, mobiliário e outros equipamentos. Há uma tendência, segundo os autores, de não se retornar e avaliar as questões envolvidas com uma visão holística, que se justifica inclusive por questões financeiras.

Trazendo as colocações de Silva (2003) para as instituições de saúde, temos que estas instituições, enquanto empresas, se constituem como um todo num processo – sequência de atividades – porque recebem insumos e geram serviços para atender às necessidades de seus clientes. Da mesma forma, as áreas internas que compõem sua estrutura também são constituídas como processos.

Assim, os diversos processos – sequencia de atividades – relacionados ao atendimento de pacientes, serviços de apoio, diagnóstico, entre outros, são distintos e precisam ser compreendidos por quem projeta a edificação. Melo (1991) coloca que não existe modelo fixo para projetos destas edificações, no contexto de configurações espaciais, mas que cada uma deve ser vista dentro de seu particular contexto.

Como discutido, o envolvimento dos diversos tipos de usuários é importante para que os processos possam ser mapeados e nortear a organização e divisão dos espaços que irão compor a edificação.

Kenny e Canter, (1981 apud MELO, 1991) citam um exemplo de projeto de edificações de saúde em que os arquitetos conceberam como opostos os espaço onde ficariam os pacientes e onde ficariam os médicos/ enfermeiros, “ sugerindo um modelo onde as noções de contato entre os pacientes e os funcionários do hospital são bastante simplificadas” .

I sto nos leva a crer que o problema do “ design” não está nos aspecto tecnológico, mas na falta de informações sistemáticas sobre o que as pessoas realmente fazem em determinado lugar e como elas concebem o ambiente físico em relação ao desenvolvimento de suas atividades. Dessa forma, ao avaliarmos um hospital, estamos implicitamente avaliando não somente o modelo médico vigente, mas

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também a adequação do ambiente físico onde será posto em prática tal modelo (KENNY E CANTER, 1981 apud MELO, 1991, p.94-95).

No caso específico de projetos de intervenções em edificações de saúde, existe uma fase inicial de diagnóstico da edificação existente.

Para Appleton (200339 apud CROI TOR, 2008), “ [ ...] parece evidente que, em primeiro lugar, é necessário se conhecer completamente o objeto de intervenção, e definir um programa base para esta intervenção, ou seja, o que se tem como edifícios e o que se deseja ter deste edifício.”

Marques de Jesus e Barros (2010) afirmam que os métodos de diagnóstico das condições físicas dos edifícios alvos de intervenção ainda são precários. “ [ ...] não há metodologia de projeto focada nesse tipo de empreendimento e, ainda, na maioria das intervenções já realizadas, as tecnologias construtivas empregadas foram as mesmas utilizadas em obras novas” .

Para os autores, esse procedimento mostrou-se inadequado às condições da reabilitação, na maior parte dos casos, por resultar em “ [ ...] longos períodos de intervenção, importantes alterações de projeto e, por consequência, em expressivas alterações do custo inicialmente previsto [ ...] ” .

Em vista disto, estes autores salientam a necessidade de antever as dificuldades potenciais da execução através de uma compreensão sistêmica da obra alvo de reabilitação, conhecendo-se cada subsistema do edifício e sua interação com os demais. Este procedimento é extremamente importante para garantia de um projeto e um planejamento adequado do empreendimento, propiciando o controle dos riscos envolvidos ao longo do processo.

Para Roders (2007b), o projetista deve lidar, num projeto de reabilitação, “ com um edifício que já passou por um processo de projeto original, e dependendo do seu ciclo de vida, por algumas intervenções” . Portanto, o projetista deve observar toda uma realidade que já existe, e não simplesmente olhar ou ignorar.

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APPLETON, J. Reabilitação de edifícios antigos: patologias e tecnologias de intervenção. Amadora: Orion, 2003.

Nestes projetos, a autora argumenta que é necessário que o projetista se coloque diante da edificação existente como “ um médico que examina o seu paciente” Não é possível realizar um diagnóstico ou definir um tratamento adequado para a situação sem uma análise detalhada do paciente. De forma análoga, não é possível projetar e planejar uma intervenção sem que seja realizado um exame profundo e detalhado da edificação pelo projetista.

Freitas e Souza (200340 apud CROI TOR, 2008) acreditam que a probabilidade de ocorrência de problemas na execução aumenta quanto menor for a eficiência da etapa de diagnóstico. No entanto, os autores afirmam que é sempre possível que problemas ocorram durante a execução devido a interferências que não puderam ser previstas, por melhor que seja a qualidade da etapa de diagnóstico.

A autora supracitada propõe um método de processo de projeto para reabilitações dividido em dois estágios básicos, que são o “pre-design” e “design” .

O pre-design, que corresponde à fase de diagnóstico, se subdivide em quatro etapas: 1. Análise: etapa em que são levantadas e registradas as informações do edifício

e do meio em que está inserido;

2. Síntese: etapa em que se filtram, organizam e convertem as informações mais importantes num levantamento objetivo;

3. Avaliação: etapa em que se definem as melhores alternativas de projeto, de acordo com os critérios do meio ambiente, importância do imóvel e estado de conservação;

4. Decisão: Nesta etapa, as alternativas selecionadas são documentadas.

A etapa de design, por sua vez, seria constituída por um conjunto de atividades voltadas à reabilitação. Desta forma, esta etapa leva em conta não só a edificação existente, mas também o programa de necessidades da edificação final.

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FREI TAS, V. C.; SOUZA, M. Reabilitação de Edifícios: do diagnóstico à conclusão da obra. I n: Encontro sobre conservação e reabilitação de edifícios, 3. Lisboa, Portugal. Actas... Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 2003, v.2, p.1157.

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O estágio de design se subdivide em cinco etapas. As etapas de análise e síntese confrontam as informações – voltadas ao projeto de reabilitação – com os dados coletados no estágio de pré-design, fornecendo bases para a etapa de simulação. A etapa de simulação, por sua vez, apresenta as soluções de projeto para a reabilitação.

A quarta etapa é a de avaliação do projeto no contexto, quando o projetista avalia, através da comparação dos resultados das etapas de pré-design e design, as vantagens e desvantagens das soluções escolhidas.

Neste processo de projeto, o projetista sempre pode voltar e tentar melhoras suas soluções projetuais, até que esteja satisfeito com o projeto final proposto. Assim, o processo de projeto não precisa terminar, a menos que o projetista e/ ou os outros atores envolvidos determinem em contrário (RODES, 2007b, p.14)41.

Por fim, na etapa de decisão, todo o processo de projeto e as respectivas soluções são documentados, novamente nas três variações: registros documentais, orais e físicos.

A Figura 10 ilustra o modelo do processo de projeto proposto por Roders (2007b).

Figura 10. Processo de Projeto de Reabilitação. Fonte: Adaptado de Roders ( 2007b) , Croitor ( 2008) .

Croitor (2008) ainda argumenta que os processos de projetos de reabilitação se diferenciam dos relativos a obras novas através de características específicas. Roders (2007) coloca que durante a execução das obras de reabilitação podem ser encontradas, no processo de desmonte de paredes e pavimentos, novas evidências,

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que implicarão na necessidade de intervenções no projeto. Nestes casos, é importante o trabalho das equipes de projeto na obra. A autora afirma que em alguns casos é necessário que se paralisem as obras até que os problemas sejam solucionados e, eventualmente, no caso de alterações importantes, o novo projeto seja submetido à nova aprovação junto aos órgãos competentes. I sto pode implicar tanto no cronograma de obra quanto nos custos do empreendimento.

5

5

EESSTTUUDDOO

DDEECCAASSOO

5.1 Perfil das empresas levantadas

Conforme descrito no item 1.3.1.2, foi possível traçar um perfil geral das empresas atuantes em projetos para edificações de saúde no estado de São Paulo, através dos questionários respondidos e das páginas eletrônicas das mesmas. A Tabela 7 resume as informações obtidas, e serviu como ferramenta para selecionar a empresa onde seria realizado o estudo de caso. Assim, a empresa W foi a que se destacou em relação aos critérios estabelecidos e à disponibilidade de participação na pesquisa, e foi a empresa escolhida.

EMPRESA U EMPRESA V EMPRESA W EMPRESA X EMPRESA Y EMPRESA Z

Local iz ação da Em pre sa

São Paulo - SP São Paulo - SP São Paulo - SP São Paulo - SP São Paulo - SP São Paulo - SP

Áreas d

e Atuaç

ão Proj. Complem., Coord. de Projetos, Acomp./ Dir. de Obra. Planos Diretores, Proj. Arquit./Compl, Coord. de Projetos, Acomp./ Dir. de Obra, Admin. de Obra. Planos Diretores, Proj. Arquit./Compl, Coord. de Projetos, Acomp./ Dir. de Obra. Proj. Arquitetura, Coord. de Projetos, Acomp./ Dir. de Obra. Projeto de

Arquitetura Proj. Arquitetura,Coord. de Projetos, Acomp./ Dir. de Obra. Número de Projetist as 230 20 Mais de 20 25 9 8 Tempo de atuação no merca

do 34 anos 10,5 anos 50 anos 38 anos 26 anos 11 anos

Raio de Atuação

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