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A presente pesquisa possui os seguintes objetivos:

estudar o processo de projeto para intervenção em edifícios de saúde, tanto do ponto de vista da teoria no atual estado da arte, como pela perspectiva da prática atual no cenário nacional.

mapear este processo e propor um modelo genérico, que seja uma referência para futuros projetos de intervenção nestas edificações. O modelo será gerado a partir da análise de todos os dados levantados.

Apesar da pesquisa pretender mapear o processo como um todo, o foco principal estará nas etapas iniciais do processo de projeto, relativas ao planejamento da intervenção, uma vez que as decisões tomadas no início do processo são fundamentais para a qualidade deste como um todo e possuem grande impacto em seus resultados.

As decisões tomadas durante os primeiros três estágios do ciclo de vida de uma edificação, Viabilidade, Briefing e Projeto, são cruciais; especialmente nestes estágios muitas decisões importantes são tomadas com um grande impacto potencial nos resultados finais em termos de flexibilidade, eficiência e efetividade da edificação (DE GROOT, 19995 apud RODERS, 2007b).

Analisar o papel dos arquitetos e as interações entre os diferentes agentes do processo, para auxiliar na gestão do mesmo, uma vez que os projetos de intervenção em edifícios de saúde demandam a atuação de uma equipe multidisciplinar.

Verificar as diferenças existentes entre projetos de intervenção e de obras novas para edificações de saúde, na medida em que estas influenciam o processo de projeto.

1.2 Justificativa

Pelo seu foco na promoção e recuperação da saúde do ser humano, as edificações de saúde possuem um papel social e econômico fundamental para o desenvolvimento da nação.

Estas edificações são caracterizadas por grande complexidade, devido a vários fatores que já foram colocados e que serão melhor abordados no capítulo 3. Este cenário é permeado ainda pela questão do rápido avanço da tecnologia e dos procedimentos médicos, que trazem consigo a necessidade de novos espaços, aptos a suportar e contribuir com a realização das novas atividades.

Juntamente com esta evolução, se atualizam normas e regulamentações relativas às edificações de saúde, que precisam ser atendidas a cada intervenção nos espaços a elas pertencentes ou em novas construções.

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DE GROOT, E. H. I ntegrated Lighting System Assistant – Design of a decision support system for integrating daylight and artificial lighting in the early design stage of office rooms. Eindhoven: Technische Universiteit Eindhoven, 1999, p. 2.

I NTRODUÇÃO 26

A desatualização vivenciada pelas edificações de saúde não se referem apenas ao espaço físico, mas também à resposta que este dá aos serviços que estão sendo entregues à população nestes ambientes, ou seja, a execução das atividades de prestação de serviços na forma como estão organizadas na edificação já não atendem às atuais necessidades dos usuários com eficiência.

Por fim, a própria tecnologia construtiva evolui abrindo novas possibilidades para construção de edificações de saúde, que podem permitir soluções inovadoras que contribuam com o desenvolvimento das atividades específicas deste tipo de edificação.

Neste sentido, o projeto de edificações de saúde apresenta um elevado grau de dificuldade, para atender a todos os requisitos expostos e também estar alinhados à legislação pertinente.

Diante deste cenário de desenvolvimento tecnológico constante – e conseqüente desatualização das edificações existentes e da forma como os serviços estão organizados – e dentro do contexto de desenvolvimento sustentável, torna-se cada vez mais importante buscar métodos que favoreçam e facilitem a atualização contínua dos edifícios de saúde existentes, através de intervenções, ao invés da busca apenas por novas edificações.

Segundo Fábio Bitencourt, arquiteto e vice-presidente de desenvolvimento técnico- científico da ABDEH – Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar –, a reabilitação6 está entre as grandes soluções para as “ edificações que mantenham componentes apreciáveis e compatíveis de serem atualizados sob o aspecto funcional e econômico, sem que haja o prejuízo da sua demolição” (BI TENCOURT, 2006).

Além disto, as edificações de saúde são grandes consumidoras de energia, e a modernização das instalações pode melhorar a eficiência energética e trazer economia, além da sustentabilidade.

Segundo dados da ABDEH, o mercado de construções hospitalares apresentava-se, em 2005, com 90% de retrofits para 10% de construções novas (KELNER E LAMHA NETO, 2005). I sto pode ser justificado pelo fato de que as inovações tecnológicas, dentre

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outros fatores, levam as edificações de saúde a um cenário de constantes intervenções para não se tornarem precocemente obsoletas.

As intervenções neste tipo de edificação apresentam ainda, em relação às edificações novas, o agravante de que o hospital não pode parar. A gestão do processo, neste caso, tem ainda o papel de mapear as interferências com a utilização e o fator tempo, para garantir a qualidade do projeto e ao mesmo tempo a eficiência de sua execução. Segundo Miquelin, “ reformar um hospital é como dar manutenção num avião em vôo” . (informação verbal)7.

Neste sentido, o mapeamento e a otimização do processo de projeto são importantes para facilitar sua gestão. Esta pesquisa se justifica, portanto, justamente por estudar este processo e mapeá-lo, propondo um modelo genérico a partir da teoria e da prática estudada, que possa contribuir com processos de projeto futuros e dados para discussão sobre o tema.