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A primeira fase do processo de projeto da empresa é o desenvolvimento do programa operacional. O programa operacional “descreve o funcionamento do edifício, centrado nas atividades que compõem os processos de produção que se realizam em setores” (BROSS, 2008). Devido à complexidade dos edifícios de saúde, o diretor da empresa afirma que o entendimento das atividades é de extrema importância, pois isto permite que o projeto garanta a funcionalidade do espaço físico. Para ele, esta ferramenta é mais importante que o programa físico.

O programa operacional caminha paralelamente ao esboço do “ negócio” , ou seja, a diversidade dos processos de produção de serviços que serão produzidos no edifício

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em questão, “ para atender aos múltiplos e diferentes tipos e quantidades de demanda”48.

Assim, o “ Esboço do Negócio” é definido a partir das seguintes questões:

Quem? Quantos? – É necessário que se estabeleça uma faixa de consumidores para dar cobertura. Devem-se considerar os perfis demográficos, sociais e epidemiológicos.

Como? Por quê? – O Plano Diretor deve ser estruturado para atender aos objetivos estratégicos da empresa – instituição de saúde. Deve também definir os serviços médicos-hospitalares que serão prestados, detectar as tendências dos aspectos comportamentais, tecnológicos e sócio-econômicos.

Portanto, o projeto de edifícios de saúde se inicia, na empresa, com todas as funções e inter-relações definidas, ainda sem nenhuma configuração dos compartimentos. Nesta fase, não há ainda preocupação com dimensões métricas dos ambientes. Assim, o programa dos setores vai sendo projetado segundo a provável progressão do paciente dentro do complexo.

Neste sentido, o diretor considera como aspecto negativo o fato de clientes visitarem edificações de saúde existentes quando desejam construir ou reformar uma determinada edificação, pois a visita ao hospital traz uma “ leitura de um ambiente físico, não de um ambiente operacional. A inexistência de uma compreensão operacional se volta para uma leitura quase que estética”49, que não explica o funcionamento da edificação.

A Figura 17 mostra um modelo qualitativo de atividades, onde estão representados os setores do processo de atenção e os possíveis fluxos de pacientes dentro da edificação, sem ainda a preocupação com a compartimentação ou dimensão dos setores, mas com a distribuição destes e suas relações.

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Primeiro o Negócio!!! Depois o Prédio!!! Texto escrito e fornecido pelo Diretor da Empresa.

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Figura 17. Exemplo de fluxo qualitativo de atividades. Fonte: Bross ( 2008) .

A etapa seguinte define a quantificação do fluxo de atividades, conforme ilustrado na Figura 18. Os números representam a porcentagem de pacientes em cada fluxo, ou seja, de cem por cento dos pacientes que entraram no hospital, dez por cento foram para a emergência, vinte foram para a internação e setenta para o ambulatório. Ao final, a saída totaliza novamente os cem por cento. Este modelo permitirá o dimensionamento posterior dos setores.

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Figura 18. Exemplo de fluxo quantitativo de atividades. Fonte: Bross ( 2008) .

PROGRAMA FÍ SI CO

Por sua vez, o programa físico “define os setores do edifício, listando os compartimentos que o compõe, com as atividades que neles se desenvolvem, e suas metragens” (BROSS, 2008). Ou seja, concentra-se a análise no processo – programa operacional – e traduz-se este processo em compartimentos. A empresa acredita que uma simples listagem dos compartimentos – programa de necessidades – sem um entendimento aprofundado das atividades que acontecerão em cada ambiente é pouco elucidativa. Nas palavras do diretor, “ [ ...] consultório prevê uma consulta genérica, que

é diferente de uma consulta de oftalmologia, que é diferente de uma consulta de otorrino. Então o termo consultório é pouco esclarecedor”50.

A definição do programa físico se dá através das seguintes questões:

Qual? Onde? – Definir áreas métricas para o Programa Físico, pré- dimensionar um terreno virtual adequado, que atenda à “ancoragem” do edifício que se pretende construir. Analisar e definir a localização do terreno e esboçar a configuração virtual do edifício.

Quando? Quanto? – O cruzamento e compilação dos dados supracitados fornecerão o “ Esboço do Negócio” . Este contém estimativas de investimentos e necessidades relativas ao terreno, projeto, construção, equipamentos e mobiliário. Traz também a determinação de tempo e valor do negócio, definindo assim a viabilidade ou a necessidade de ajustes no empreendimento51.

O programa físico não tem sido mais submetido à apreciação dos clientes, pois a empresa acredita que este possui uma linguagem técnica voltada a profissionais de projeto, não ao público em geral. Neste sentido, o programa operacional é mais apropriado para o entendimento por parte dos clientes.

A tabela a seguir ilustra o programa físico para o setor de um edifício de saúde.

EMERGÊNCIA QUANTIDADE.

RECEPÇÃO E REGISTRO 5

1 Embarque e desembarque de pacientes 0

2 Estar e fones públicos 1

3 Sanitário de público 2

4 Estacionamento de macas e cadeiras de rodas 1

5 Recepção e registro de pacientes 2 Boxes 1

6 Estacionamento de ambulância 0

PRONTO ATENDIMENTO 5

1 Consultório médico 2

2 Sala múltiplo uso 4 Boxes 1

3 Medicação 2 Boxes 1 4 Inalação 2 Boxes 1 URGÊNCIA 2 1 Higienização e preparo 1 2 Procedimentos 2 Boxes 1 50

I nformação verbal, obtida através de entrevista com o diretor da empresa.

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REPOUSO E OBSERVAÇÃO 2

1 Repouso e observação com serviço 3 Leitos 1

2 Repouso e observação com serviço – isolamento 1 Leito 1

ÁREAS DE APOIO 12 1 Posto e serviço 1 2 Prescrição médica 1 3 Arsenal 1 4 Raios-X transportável 1 5 Expurgo 1 6 Sanitário pessoal 2

7 Quarto de plantonistas com banho 2

8 Conforto de pessoal 1

9 Entreposto de recicláveis e lixo 1

10 Depósito de material de limpeza 1

ÁREA 236 m2

Tabela 10. Exemplo de Programa Físico: Emergência. Fonte: Bross ( 2008) .