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5 Os tempos negados ou invisibilizados

5.3 Eu não quero dormir hoje!

Como vamos viver numa escola de tempo integral obrigando a todos dormirem? Pela ilusão de manter a ordem, o controle, submetemos as crianças a práticas que desrespeitem seus tempos, desejos e necessidades. A suposta “ordem” para os adultos é o caos para as crianças, que só é percebida quando a ouvimos e a vemos. Negando suas vozes impõem-se o que e como fazer, como se elas fossem “mudas”, estão ali, e precisam dormir. A que preço esse silêncio, que ouvimos quando todos estão dormindo? Elas precisam dormir para descansar? Quem está cansada? Um tempo que pode ser curto, mas que tem muito a nos dizer, que deixa marcas e que, consequentemente o dia da criança na escola vai ser nessa mesma ótica, somente no sono que não será respeitada e ouvida?

Precisamos contemplar a todas as crianças que estão na escola de tempo integral, se temos sessenta crianças, são sessenta crianças diferentes, com histórias de vidas diferentes, podendo até ter coisas que se assemelhem, mas nunca são iguais, assim como os gêmeos, que pela lógica vivem as mesmas experiências, com a mesma mãe, mesmo pai, mesma casa, mas que são completamente diferentes. Portanto, são diversas, teremos as que precisam e desejam dormir e as que não querem e não necessitam dormir. Como fazer isso acontecer no cotidiano da escola? Que propostas são oferecidas numa escola de tempo integral após o almoço? Como as crianças vivem estes momentos em que não querem dormir?

Romper com a seção cinema22 para as crianças que não querem dormir era o grande desafio, todas as nossas ações têm uma intencionalidade, se assistimos a filmes todos os dias isso diz de uma relação pedagógica, de uma concepção contrária a que estávamos construindo enquanto grupo. Foi preciso planejar com a estagiária que ficaria responsável pelas crianças o que fazer neste momento e o que não fazer justificando/refletindo, pois assistir ao filme era muito mais fácil, com isto não quero dizer que as crianças não devam assistir a filmes na nossa escola.

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No primeiro momento, as crianças tiveram um dia que uma das opções para este espaço-tempo era a seção cinema, participavam já no início da semana da escolha do filme através de votação, neste dia além da opção do filme escolhido poderiam brincar em outro lugar. Porém, o que acabava por acontecer é que como o combinado para o dia era filme, fazer outras coisas não era autorizado, assistir ao filme para uns era muito bom, já para outros uma tortura, além de estarem sentados nas cadeiras duras, fico pensando: Como assistimos filmes nas nossas casas? O filme servia como um recurso na garantia que todas as crianças ficassem quietas, fazendo a mesma proposta, uma uniformidade de ações e reações? As crianças gostam de filmes, não podemos negar que ele não entre na escola, mas até nisso escolarizamos. Por que então, assistir a filme?

Nos demais dias da semana estabelecemos um cronograma para as crianças, a fim de fazerem um rodízio nas salas, convivendo em locais diversos, que as desafie e ao mesmo tempo criar expectativas de brincar na sala de outros amigos, enredos onde tudo pode acontecer. Nestes momentos se percebe o quanto o mesmo espaço proporciona enredos diversos de acordo com a imaginação da criançada, pois a turma A brinca de pescar no barco, já a turma C o barco é do pirata.

Essa opção causava um mal estar no grupo, as crianças circulavam entre as salas. Tinha uma estagiária responsável por esse momento, ou seja, que “ficava” com as crianças, o que menos acontecia era relação, uma vigilância às vezes. Propunha algumas propostas, devido a cobrança, era fazer por fazer, quando as crianças brincavam acontecia dois extremos o controle ou o descaso, acabando por estragar as construções, desenhos, painéis da turma, além dos brinquedos, as crianças estavam nos dizendo algo, que não estava bem.

Ao mesmo tempo em que nossas práticas buscavam o respeito, a autonomia de escolher ou não dormir, tínhamos e temos o desafio de também respeitar as demais crianças que não querem dormir, de propor espaços- tempos que dialoguem com o acolhimento, encontro, liberdade, espaço-tempo lúdico e alegre, que me faz desejar estar ali, que me desafia, que me

impulsiona a criar, a aprender, a viver, a estar entre os amigos, mas também a ficar só, a fazer algo e a não fazer, a simplesmente contemplar.

O desafio para esse momento é eterno, precisávamos mudar o formato, pensado para este grupo, com significado. Mas, como? A ideia de ter uma professora responsável por esse momento seria a solução, mas infelizmente não foi, vivendo esses momentos fomos propondo algumas estratégias a fim de nos aproximarmos com o que estávamos a buscar, um espaço-tempo que respeitasse também as crianças que não dormem, que fosse legal, que as crianças gostassem e que tivesse vida. Como estamos vivendo? Por que esses momentos são tão tensos? Como poderia ser diferente?

Num primeiro momento com a professora coordenando esse espaço- tempo, as crianças exploraram os espaços temáticos das salas, o que logo se esgotou, queriam mais, outras coisas, logo começamos a pensar num planejamento diferente. Cada semana uma (professora ou estagiárias) seria responsável em pensar as propostas partindo do que as crianças estavam dizendo, ou daquilo que gostam de fazer e brincar. Esse planejamento não seria suficientemente bom, a questão sempre esbarrava no espaço físico. Questionamos-nos, o que era preciso fazer diferente? Juntas decidimos organizar caixas com brinquedos diferentes dos que tinham na sala, pois uma fala recorrente era: “Eles brincam um pouco e não querem mais”.

Partindo da necessidade de construir mais um espaço para o brincar, desmontamos um depósito que havia ao lado da sala que era dos professores e da coordenação pedagógica, criando então uma pequena brinquedoteca. Vale ressaltar que as famílias nos ajudaram muito nessa construção, enviando brinquedos construídos com materiais alternativos, dentre eles: bonecas de pano, carrinhos, robôs, feitos de garrafa pet, bilboquê, vai e vem, pé de lata, 5 Marias, carrinho de rolimã, cavalo de pua, peteca, uma riqueza.

Engano nosso, com a crença de que a brinquedoteca iria acabar com todos os problemas que elencávamos existir e existe para esse momento, a brinquedoteca, por si só, não bastou, pois não comportava todas as crianças. Nesse movimento da brinquedoteca em ação, posso dizer que houve um tensionamento entre os adultos, pois as crianças adoram estar nesse espaço, mas para as estagiárias, o mesmo não acontece, pois não conseguem

“controlar” as crianças, acaba dos brinquedos quebrarem e a todo o momento intervenções para homogeneização das ações e dos corpos. Um lugar mais aberto que o adulto está sob olhar de outros, a sala é um campo de “controle dos corpos”. O que compromete toda a qualidade desse espaço que é a brinquedoteca, sem falar em outras esferas em que as crianças acabam quebrando os brinquedos, pois o adulto fica no lugar de quem apenas controla, ao invés de brincar junto, pelo lado das crianças elas entram nesse espaço querendo tudo ao mesmo tempo.

Tentando entender o que acontece, propus numa formação um momento que o grupo responsável pelas crianças que não dormem nos contasse como é viver esse momento. Transcrevo abaixo algumas falas para a melhor compreensão:

Viver esse momento, a gente não tem espaço para viver, a gente sai do refeitório e só se olha para que sala a gente vai, e daí é uma das três que a gente vai, (...) tem a proposta que é tipo para acalmar, só que daí é roda de música, uma roda de livro, ou é jogo, (...)quando a gente propôs jogo até eles fazem, mas eles já estão cansados eles não querem mais. É tipo de novo sentar, de novo isso, de novo isso, toda hora eles tem uma coisa pra fazer, já tão cansados, fica complicado. Ou eles querem tudo ao mesmo tempo, pegam tudo pra jogar, daí a correria, eles querem ir lá no canto, daí fica tudo virado, daí a gente sabe que eles se agitam e tem a tarde pra eles ficar, e tem a sala que a gente não pode deixar ela virada. (...) sem falar que é um momento que eles querem agitar que eles não querem descansar. P.2 (2012)

(...) um dia a V. me disse, “mas profe sempre está uma bagunça, sempre tem coisa espalhada”. Cobramos deles, mas, quando eles chegam no ambiente não está assim como eles entregam (...) realmente é uma coisa para se pensar (...). E.3 (2012)

(...) está ficando complicado, agora a turma aumentou. Está aumentando cada dia mais, uns não querem dormir, não querem subir, não vou dormir, é um choro para não dormir. Ficam com nós. Esses espaços tão pequenos, porque aqui ficou vinte e quatro agora essa semana. E.4 (2012) Não, é vinte e seis E.3(2012)

Vinte e seis dentro da sala, todo mundo quer brincar no mesmo brinquedo, já brigam, querem ir lá (apontando para os espaços), dois três estão quietinho desenhando, dois lá na rede e assim nas outras salas também (...)í eles começam a se empurrar (...) E.4 (2012)

Começam agitar, a gente não deixa, eles recém almoçaram, E.3 (2012)

Na verdade é assim, eles almoçaram precisam de um tempo para descansar, é isso que eles precisam, mas, não é isso que eles fazem, o que eles querem é brincar, agitar, eles querem alguma coisa que eles possam fazer, mas o que gente propõe nem sempre é o que eles querem fazer. P.2(2012)

A gente acha o que é certo para eles, pegar um livro, sentar e ficar quietinho, entre aspas, mas não é isso, né que eles querem. E.3 (2012)

Na transcrição das falas acima, podemos destacar a dificuldade que os adultos têm em relação ao espaço, as propostas, o número de crianças que está aumentando, a concepção marcante de aluno, imóvel (BARBOSA, 2009), o desejo dos adultos pelo descanso e o desejo das crianças por brincar. Enfim, muitas tensões instituídas, vivendo em dois extremos que não convergem à liberdade e o controle. Na realidade, o que se busca são propostas que “preencham esse tempo”, num espaço pequeno ao mesmo tempo em que não se quer isso, quando diz “toda hora eles tem uma coisa pra fazer”, que todos se envolvam, que não tenha bagunça. Pensar através de outra perspectiva vai ser uma ruptura urgente e necessária.

A fala nos remete a refletir nas urgências, pensar que tempo estamos priorizando, pensar que, muitas vezes, em busca de uma suposta “ordem” instauramos o “caos” para a vida das crianças e dos adultos. Então alguém ocupa esse lugar, se os adultos não estão atentos as ações e reações das crianças, através da escuta e do olhar sensível. As crianças acham táticas para dizer o que ainda não conseguimos mudar e para que tenham seus direitos garantidos precisam acontecer.

Não podemos viver sempre na ideia de que se tivéssemos espaço seria diferente, isso como já disse é uma premissa para conseguir as melhorias para

a escola, para as crianças e adultos que ali vivem. Mas não justifica o nosso não fazer, do descaso ou da acomodação, precisamos viver a escola de tempo integral de outra maneira, pautada nas relações, na vida coletiva, há que se ter espaço para que as reinvenções aconteçam.

Parece que as crianças que dormem fazem parte da escola, pois para essas são pensadas propostas para brincarem depois que acordarem, mesmo que isso na prática pouco acontece devido chegarem à sala e logo irem para o lanche. Já as crianças que não dormem, parece não fazer parte da escola, pois para elas não são pensadas propostas para brincar. No relato que segue podemos perceber essa “distinção”,

Outra coisa, ontem a M1. organizou a recepção, nós fizemos a escovação depois íamos dividir-nos, quando eu fui lá e perguntei, M1. “tu organizou a recepção?” Ela disse: “organizei, nós íamos vir para cá”, a gente ficou, tranquilo,mas não ficou como estava organizado para a Turma C (...)P.2(2012)

As recepções23 transformam-se numa barreira para entrar, mas a proposta do dia “brincar nas salas” não pede um planejamento? A sala, como está organizada convida, a quê? Que enredos serão recriados se todos os dias as crianças se deparam com os “cantos” da sala que já brincaram antes? Enfim, os adultos “ficam” com as crianças e com isso negam a elas oportunidades de enriquecerem suas experiências. As crianças frequentam a escola de tempo integral, logo precisam que todos os espaços-tempos sejam pensados. Assim Nunes (2006, p. 19) nos traz a concepção de que espaços- tempo para serem qualificados precisam ser pensados, “espaços e tempos aconchegantes, convidativos, legíveis e com materiais disponíveis que autorizem a partilha, o movimento e a autonomia”.

Podemos afirmar que em nossa escola, ainda está presente a concepção e o funcionamento do turno integral, dividida em turno da manhã e da tarde, ainda é escasso o diálogo com o que se pensa para as crianças que não dormem e para as crianças que dormem. Essas crianças ficam na escola 10 horas por dia, elas não saem da escola para retornar, para viver a recepção

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da tarde. Ao mesmo tempo em que se abrem as cortinas (BATISTA, 1998) que o espetáculo vai começar e antes não está autorizado a entrar, e se está, causa um desconforto, um não pertencimento, aos adultos, pois as crianças têm isso bem claro.

As crianças que não dormem compõem um grupo que vai se constituindo, que não começa e termina do mesmo jeito. Ao longo dos dias, serão outras crianças embarcando nesse novo grupo, as decisões vão mudando, uma vez escolhido dormir sempre vou dormir, e ao contrário também. Com isso, a inevitável pergunta “O que fazer?”. Nesse momento que me desestabiliza, que muda, que não é como era ontem. Sem esse entendimento vivemos assim,

Eu me vejo muito nisso que as gurias falam, porque ano passado eu vivia, é bem isso, quando tu vê cinco, dez não dormiram, descem ali, e você está ali, o que eu vou fazer? E5(2012)

E te dá um desespero J., ali quando tu vê descendo na escadinha ali (apontando para a escada), ai vem mais dois o que vamos fazer? (...) como é que eu vou explicar, pra ti não transmitir para a criança o que está pensando que ele é mais um no grupo (...) Eu já me vi assim no meu limite, eles não tem culpa de ser mais um, eles não estão com sono. Calma, não vou passar essa negatividade, criar uma barreira entre eu e a criança, (...) daí a criança vai sentir que eu não estou bem por ela ter chegado, tu volta ao teu normal, acolhe a criança porque ela não quer dormir. E3(2012)

Quais sentimentos que essas crianças têm ao ver os rostos dos adultos dizendo que elas não deveria estar ali, e sim dormindo? A rigidez permeia os fazeres, pois é isso ou aquilo, não há espaço para o “e”, para agregar. Para os adultos esse não é um momento “nobre”. Coexistem duas concepções, no espaço-tempo do sono é permitido escolher já no espaço-tempo do descanso essa concepção desaparece. O não saber o que fazer com o número de crianças que aumenta representa a perda do controle, o silenciamento da voz do adulto. As crianças criam resistências ao que está instituído e que não lhes garantem que seus direitos sejam atendidos.

Há uma ideia de que tudo precisa estar organizado para as crianças, como se elas não tivessem condições de organizarem suas casinhas, cavernas. Eu lembro dos momentos muito felizes da minha infância que vivi com minhas irmãs, envolvidas muito tempo na organização das nossas casinhas e quando acabávamos já era hora de desarrumar tudo para ir tomar banho ou mesmo depois de organizar a brincadeira já havia acabado o sentido, íamos brincar de outras coisas. O que nos envolvia era montar e desmontar, criar muitos jeitos de viver as casinhas de nossas infâncias. Porque não podemos viver isso na escola?

Quando a vida não tem espaço, ficamos pensando em propostas que não dialogam com a criança real, buscando a fórmula e a receita que vai dar certo, estamos num lugar incerto, a imprevisibilidade faz parte da vida, não podemos nos agarrar a roteiros prontos, fragmentados e rígidos. Escutar as crianças é a condição para tomar as melhores decisões (TRÓIS, BOMBASSARO, GUIMARÃES, 2011).

Às vezes eu saio, sobra só para as gurias e começa descer, como vão fazer? Ficam todos numa sala? Vai enchendo , quando vê é quarenta na sala da M., porque a R. está ajudando descer do sono. P2(2012)

Quando a gente vê o refeitório quando está lotado, “meu Deus”, que nem aquele dia do boliche, eu tinha planejado, não vai ter pra todo mundo. P2(2012)

Que nem minha gelatina que eu fiz. E3(2012) Tem dia que é bem tranquilo, que a gente faz alguma coisa que é bem legal, só que daí eles cansam, de novo aqui, de novo aqui. P2(2012)

Se nos colocamos em outro lugar, de estranhamento, de maravilhamento, de se perguntar, duvidar, voltar atrás, abrir mão, refletir, buscar outras estratégias, contemplar e nos sentir insegura, buscando nos colegas apoio para prosseguir será o caminho. Os sentimentos são múltiplos, afinal somos diferentes,

Não é tão ruim, a gente tem uma relação legal, mas é difícil. P2(2012)

Eu tinha vivido o sono daí eu cheguei aqui. Meu Deus lá é o paraíso. E5(2012)

Não, mas eu vivia o sono quando eu entrei daí eu vim para cá. Eu prefiro aqui do que no sono. E3(2012)

Não é um momento tão ruim, mas é o não saber o que fazer. P2(2012)

Te dá um desespero, tu faz, tu tenta, só que daí quando tu olhas parece que é tanta criança. E3 (2012)

Agora nesse encontro, entre eu e o notebook, fico pensando no papel da escrita para nos conhecermos, nos entendermos, pois ao escrever, relatar os dados registrados, vou compreendendo os porquês que ainda não conseguia ver, e sem esse momento iria continuar, fazendo, pensando o que é impossível de não acontecer, mas sem registro do processo, reflexão, não teria sentido e, logo, a mudança. Parar e olhar o que as crianças estão querendo nos dizer, nos ver, conseguiremos responder “o que fazer?”, sem a pretensão ilusória que encontrando a “resposta” não encontraremos mais perguntas e que tudo ficará tranquilo, isso não cabe no cotidiano da escola de Educação Infantil.

A participação das crianças na construção dessa escola de tempo integral se efetiva quando suas vozes aparecem, expressadas através de múltiplas linguagens, nas nossas escolhas dos caminhos a percorrer, nos intensos diálogos entre adultos e crianças, seremos assim atravessados pelas infâncias. Diante disso, estaremos vivendo um currículo das infâncias, que segundo Trois (2012)

Um currículo que é atravessado pela emergência de uma infância plural que pulsa, que vibra, que silencia, que interroga e que sobretudo age. Não é uma ação qualquer, mas uma ação que necessita ser olhada, investigada, vasculhada com olhos de quem quer ver. (p.158)

Uma ação que necessita ser olhada nas 10 horas diárias da vida de cada criança que está nessa escola de tempo integral, são vidas compartilhadas, desafios vencidos, aprendizagens construídas, as primeiras experiências e quem sabe as únicas.