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5 Os tempos negados ou invisibilizados

5.2 A gente passa o dia inteiro assim, né, apressando eles

Nos primeiros contatos com o grupo, agora com o olhar de pesquisadora, propus ao grupo brincar com a argila, onde participaríamos de uma Bienal e as esculturas comporiam a sala intitulada de “Turno Integral”. Neste dia, estavam presentes duas professoras e cinco estagiárias. Das cinco estagiárias três modelaram algo que as remetia ao momento do sono. Acredito que esse conceito emergiu por elas viverem o sono, inevitavelmente demarcaram como algo que diz respeito ao tempo integral, e viver esse momento as convocam a um lugar nada estável, de muitas perguntas, não saber, tensionamentos, entre outros. As fotografias e as falas abaixo retratam bem esse momento:

Figura 37 – Modelagem em argila 1 Foto: Juliana Rodrigues

(...) para mim, o soninho é a troca. É o momento que eles vão descansar mais um pouco, para o outro momento que é a tarde (...)E.1

Figura 38 – Modelagem em argila 3 Foto: Juliana Rodrigues

Vou começar com o soninho, que eu acho que é um momento que consegue, claro que todo o momento tu tenta dar carinho, para as crianças, mas naquele momento tu consegues ficar mais tempo com ele. Às vezes a gente conversa, consegue tirar algo mais dela, por que tu tá só com ela, não tem ninguém para escutar , aquele barulho da turma então, já descobri várias coisas delas no soninho (...)E.2

Figura 39 – Modelagem em argila 4 Foto: Juliana Rodrigues

(...)um momento do soninho é um descanso, um momento que a gente tem mais possibilidades de conversar com eles, entender umas coisas (...)E.3 A partir dessas falas, podemos pensar em quatro elementos importantes: a troca, o afeto, a escuta e a entrega. Quando a E.1, traz para pensarmos sobre a troca, me pergunto: Quem faz a troca de turno? Será que as crianças também demarcam essas trocas? Quando traz a ideia da troca, me reporto à passagem do plantão, como acontece, por exemplo, num hospital, onde tem um tempo que a equipe repassa o andamento do seu turno. Na escola não temos essa rotina, bom seria se tivéssemos, pois não podemos

negar que existe essa troca. Exemplifico isso, quando acontece alguma coisa diferente com a criança, ou quando tem algum recado, esses são na maioria das vezes, esquecidos de socializar. Existe então, um rompimento dos turnos, os adultos ainda não conseguem estabelecer um diálogo, afinal, a criança está na escola dez horas por dia, é preciso pensar em estratégias para fomentar essa ideia de continuidade, do dia, do tempo integral.

Em relação ao afeto, a entrega e a escuta, acredito que são elementos indispensáveis, sem eles não há relação. O sono é um momento de cumplicidade e respeito. Quando verbalizam que conseguem fazer nesse espaço já é uma grande conquista, precisamos estabelecer que essas práticas se “contaminem” para todos os momentos que as crianças estão na escola. É um desafio, acabamos por vezes sendo absorvidas pelas tarefas, focadas no que tem a fazer, nas nossas responsabilidades, esquecendo do principal, as crianças, as relações. No relato a seguir, podemos perceber a dimensão do quanto isso está presente:

Eu estava colando os bilhetes e chegou uma criança: “Ah, profe, deixa eu te pintar?” “ Espera um pouquinho que eu tenho que recortar os bilhetes”. Pensei, às vezes a gente deixa de brincar com eles por que é uma correria do dia a dia, que a gente tem que fazer, que a gente tem que pegar coisa, colar, e deixa de brincar com eles, por que está aqui, não tem tempo de parar. Eu pensei cinco minutos que eu paro e me pinto até a J. me viu, né? Eu saí toda maquiada, então, é uma forma de a gente estar mais presente, mais afetividade. E.3 Nesse relato, temos claro que para ela, existem coisas mais importantes do que suas tarefas, porém que ela não está conseguindo fazer, mas quantas vezes os “pedidos” das crianças não nos provocam, a ponto de continuarmos colando os bilhetes, organizando as coisas, como se fossemos uma máquina de execução. Será que não estamos passando pela escola? A estagiária nos proporcionou aprender com a sua experiência, com Larrosa (2002, p. 24) ampliamos nosso olhar, para além de ter ficado maquiada,

A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos

tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, olhar mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.

Enfim, é um permitir-se. Que arte do encontro estamos proporcionando na escola? A experiência do sono também é algo que nos toca, com diferentes sentidos, um momento que precisa ser muito especial, pautado na liberdade de viver ou não e na diversidade de significados, jeitos e tempos. É uma entrega, um espaço que me convida, que me acolhe, de respirar mais fundo, de sentir o corpo, de encolher-se ou esticar-se, ficar de bruço ou entrar no “útero”, conversar, procurar o amigo, ou um objeto que me lembra a minha casa. São outros encontros, outros barulhos, outros cheiros, um lugar que me permite descansar e até dormir, sentir o coração e a respiração. A criança precisa sentir a confiança desses adultos que compartilha essa experiência, ao sentir- se segura vive de outra maneira.

O que os adultos falam do momento do sono? Levei essa pergunta ao grupo no dia que fizemos a proposta da modelagem. Trago abaixo os registros desses momentos, intercalando-os com as minhas reflexões.

Ao meu ver, o sono é algo que não pode faltar. Além das crianças descansar, ficar mais tranquilas, é um momento deles. Acho que eles organizam as coisas, como nós também organizamos. E, que também tem aquele chamego da profe, aquele olhar só pra ele, aquela caminha fofa. É um pouco aquele encontro com o lar que está longe, um cantinho quente, encontro gostoso. Acho que o sono é fundamental, ao meu ver, eu gosto muito do sono. E.1

No primeiro relato, novamente questões do afeto, do encontro. Fico pensando o quanto para nós, na nossa casa, no nosso quarto, na nossa cama e na hora que temos sono é bom receber um chamego, sentir-se cuidada e

amada, nos deixa tranquilas, sentimos que somos importantes. Imagina o que isso significa para a criança que está na escola, longe da sua casa? Num espaço coletivo e quem sabe com saudade das suas coisas, da sua família. Além de ser “um momento deles” acredito ser mais um momento nosso, e quando digo nosso, me compromete, sou parte, e é como vivo e estou ali, quem determina as interações.

Como a estagiária bem coloca “eu gosto muito do sono” será que é isso que determina a ela dizer outras possibilidades de ver e viver o sono? Como é viver o sono para as demais? Essa estagiária acompanha as crianças até o sono, ficando com eles um pequeno tempo, e se ela ficasse todo o momento continuaria gostando do sono? Para outra estagiária que vive todo o momento do sono, este lhe faz pensar a partir de outra perspectiva:

Acho que tem que tornar ele agradável, por que às vezes tem, mas não é agradável. Ah, é complicado para a gente, às vezes tem que fazer oito dormir em meia hora, daí a gente, pede: “Fecha o olho, fecha o olho e dorme”, dá um tempo para ele. E.4

Para essa estagiária, o sono significa pensar no ambiente e na quantidade de crianças que tem que fazer dormir num tempo determinado. Quando eu ouvi esse relato, tive que parar um pouco para tentar me colocar novamente no lugar que eu estava, na escola, pois me levou a crer que eu estava no lugar errado, numa fábrica, com uma linha de produção bem definida. Essa frase “fazer oito dormir em meia hora”, me incomodou muito. Mas, por quê? Quem definiu isso? Onde está escrito que é para ser assim? Não podia fingir que não ouvi. Transformei essa frase num jingle, daqueles que não sai da cabeça mesmo. Utilizando sempre nos acompanhamentos com as professoras a fim de tocá-las e também comprometê-las com o que acontece nos bastidores da escola, um currículo oculto, homogêneo.

Há uma divisão clara das regras a serem seguidas, vive-se como uma fábrica, com uma produção em série: função - fazer oito dormir, tempo - em meia hora. Dividem-se as crianças como se fossem objetos, os teus e os meus. O que é isso? Até quando essas práticas terão espaço na escola de Educação Infantil? Diante disso, nos tornamos escravos desse fazer, como se consegue viver assim?

Ao mesmo tempo, busco entender o fragmento “tem que tornar ele agradável (...) porque às vezes tem, mas não é agradável” refletindo com Barbosa (2009, p. 91) quando ela afirma que “a intencionalidade pedagógica transforma espaços físicos em ambientes”. Então, que intencionalidades estão explicitadas? Se para ela não está agradável, imagina para as crianças, por que ele não é ou está agradável? A quem compete torná-lo agradável? Como os adultos estão pensando e vivendo esse espaço-tempo? Como esse espaço- tempo me toca a ponto de mobilizar movimentos de reflexões, busca e mudanças?

As próximas fotografias do sono, registrada quatro meses após esse relato, elucida para mim alguns motivos de o porquê ele não está agradável. Há um descaso, acredito que quando nos pertencemos ao lugar que estamos inseridos não deixamos ele de lado, ou simplesmente acontecer, só cuidamos daquilo que para nós tem valor. Há uma urgência de pensar que a gestão da escola compete a todos os envolvidos: diretor, coordenador pedagógico, professoras, estagiárias, crianças, famílias e funcionários. Já no período de maio essa realidade aparecia conforme relato da estagiária, passam-se os dias, as horas e tudo continua a mesma coisa, por quê? Porque é tão difícil mudar a realidade? Paralisa-se frente ao vivido, a ponto de repetir sempre as mesmas ações, e com isso a pior postura, lamentações, vazias, pois sem implicar-se não tem espaço para que a mudança aconteça, como estamos contagiando nossos pares com nossas lamentações a fim de transgredir o vivido?

Figura 40 – Espaço do sono desorganizado

Figura 41 - Cama

Figura 42 – Descaso do espaço do sono Fotos: Juliana Rodrigues

Essa fotografia, que fiz alguns recortes intencionais, também, nos convoca a pensar. Qual o convite que fazemos às crianças quando apresentamos esse espaço? Que experiências esse espaço vai oportunizar? Por que aquela cama está naquele lugar? Que lugar essa criança ocupa? Estar do outro lado da lente fotográfica não é nada bom às vezes. Organizei, então, uma formação com o grupo que era responsável pelo sono, e nesse dia projetei essa imagem a fim de problematizar as práticas do sono, as verdades, as regras, as concepções. Ao olharem para a fotografia e seus recortes, percebo o

desconforto de muitas, algumas se justificando, outras de imediato percebendo o que a fotografia dizia. E claro, obtive a resposta de o porquê a cama estar ali. Assim, me questiono: Que práticas acontecem nessas quatro paredes? Como desconstruí-las? Será que numa única formação conseguiremos atingir o objetivo de modificar as práticas existentes? Como dar continuidade a essa formação, se as demandas de formação para uma escola de tempo integral são muitas? Sendo as estagiárias também parte do processo, que espaço- tempo proporcionamos no dia a dia para que as mesmas reflitam sobre suas práticas? No relato abaixo alguns desejos emergem:

Eu subo com eles, mas eu não fico, já está na hora de sair, mas daí faz umas três vezes que eu fiz isso, de dar um beijo em cada um deles para eles dormir. Quando eles percebem que eu estou dando beijo, eles já viram a bochecha e já estão pronto, é um outro carinho, um outro olhar que a gente tem. Vou tentar fazer isso como uma prática mais diária. Por mais que a gente não fique com eles nesse momento, é um momento só nosso com eles, é uma prática de carinho que a gente tem que ter. O dia em que eu fui acordar não pude porque só estava nós e era aquele vuco vuco. Consegui acordar só dois, o olhar deles ao ver nós acordando. P.1 (2011-2012)

Gomes e Carvalho (2005, p. 143) nos dizem que: “todo o processo que envolve o dormir e o acordar é caracterizado por uma série de rituais importantes”, diante disso, que rituais são vividos pelas crianças quando são retiradas de perto dos amigos para que durmam mais rápidos ou para evitar que dispersem os demais do grupo? Por outro lado, Batista (1998), nos aponta que existe rituais que partem da valorização do resultado, fazer todos dormir. Nos relatos que seguem, assim como num fragmento do relato da E.4 anteriormente descrito, vamos nos deparar com essa perspectiva de resultado, bem como com a concepção de tempo vivido no cotidiano da escola no ano de 2011.

Às vezes torna meio corrido para nós acordar, é pouco tempo. A gente desce com uns, desce com outros, os outros que ficam dormindo e tem que acordar. E.4

Eu fui uma vez só, o que vê de fora ele tem um olhar com mais com tranqüilidade, não é esse corre corre de vocês. E.1

É o que eu comentei, quando a gente sobe, para acompanhar esse momento do descer do sono é uma loucura do dia a dia. É um que acorda chorando, é um que não quer colocar o tênis, um que não quer pentear o cabelo, um que quer continuar dormindo, é um que vira no sono, então fazer essas trocas eu acho que é super válido. P.1 (2011-2012)

Até para se colocar nesse outro lugar. E.1

Ficamos olhando para o relógio, essa hora que tem para dormir, essa hora para acordar. E.4

A minha preocupação, tipo o que aconteceu com a K., pressa. E se eles comem tarde demais, e ela ficar sozinha (referindo a colega E.3.). E eu tenho que fazer eles dormir, tenho que sair, então a minha pressa é essa, de fazer andar, fazer com que eles apurem, é não deixar ela sozinha depois no soninho. E.1

Eu acredito assim, a parceira, por que não estão só vocês duas está a E. 5, quando a E. 5 não está, está a E. 6, a turma A não é só nossa a turma B não é só de vocês. P.1 (2011-2012)

Eu sempre ajudo. E.5

A gente passa o dia inteiro assim né, apressando eles. E.4

Será que é só nesses momentos que essa lógica está presente? Diante disso, é fato, o respeito aos tempos dos adultos e das crianças, é um desafio para a escola de tempo integral. Quem sabe se a sala fosse no primeiro andar, as crianças poderiam dormir na hora em que sentissem sono. Como o adulto ia se relacionar com essa possibilidade? Batista (1998, p. 112) nos faz pensar que as práticas pautadas numa rotina pré-fixada “muitas vezes impede que o adulto possa olhar, participar e compartilhar das ações e reações das crianças no cotidiano. Sua preocupação está mais voltada para o tempo do relógio.” Um tempo-relógio que vai nos consumindo, engolindo, robotizando nossas ações pré- definido-as. Como seria um tempo-criança?

A esse tempo do relógio encontro, em Bachelard (1988, p. 37), duas alternativas, “defendermos dele ou utilizá-lo”. Como podemos nos defender dele? Como podemos utilizá-lo? Em que medida o tempo do relógio está determinando nossas práticas?

Assim, uma rotina engessada, nos faz vestir camisas de força (COUTINHO, 2002), transformamos nossos fazeres em algo alienado, mecânico, eu tenho que fazê-los dormir, logo vou fazê-los dormir, esse é o objetivo. “O sono é uma coisa necessária, mas não para todos do mesmo jeito”. Brito (2006, p.84) Que relações que eu estabeleço? Acaba que o tempo do relógio sufoca o vivido, não nos permitindo viver, uma série bem programada, fazendo todos: comer, escovar os dentes e dormir.

Batista (1998) propõe organizar o momento do sono a partir das manifestações emocionais, corporais, gestuais, cognitivas que são evidenciadas pelas crianças. Precisamos viver o tempo de uma maneira diferente na escola infantil, olhar para nossas crianças, crianças reais, que estão ali convivendo conosco, compartilhando os primeiros anos de suas vidas, de suas experiências. A fotografia abaixo é um convite, olhar com os olhos da criança que habitam em nós. Com certeza, nós não vivemos dentro de uma escola integral nessa mesma idade, estávamos em outros lugares, com outras pessoas. Quais as marcas que essas experiências estão deixando? Ao olhar todos dormindo, que perguntas me faço?

Figura 43 – Crianças dormindo Foto: Aline Dezengrini de Souza

Como nunca experenciei o sono quando frequentava a pré-escola, me vem às lembranças que tenho do sono da minha infância, daquelas gargalhas sem motivos, quando meus pais mandavam dormir, Mais desejo de transgredir, éramos três, uma ria de lá, outra ria daqui. Quando isso entra na escola? Como proporcionar que a história seja contada de outras maneiras? Como é viver o sono nesse coletivo? Como não priorizar o resultado? Fiquei pensando que todos os momentos as crianças tecem algumas teorias a nosso respeito, uma hora a gente diz: faz mais devagar, e no mesmo dia, apressa tudo. Quais as mensagens que estamos deixando? Como as crianças nos vêem? Diante disso Coutinho (2002) propõe um espaço-criança. Como seria viver um espaço- criança? O que as crianças têm a dizer em relação ao sono?

No ano de 2011, a organização do sono se dava da seguinte maneira, as crianças que dormiam subiam para o sono com a sua turma acompanhada pelas estagiárias, no ano seguinte, as crianças subism nos grupos com duas estagiárias e a P.1 (2011-20012), que acompanha todo o momento do sono, planejando propostas semanais para serem vividas com as crianças. Cada criança tem o seu colchonete, o lençol, travesseiro, fronha e coberta é de responsabilidade dos pais providenciar tais utensílios. Na segunda-feira, a estagiária da turma organiza as camas de sua turma, na sexta-feira são enviados através de uma sacola feita pelas crianças e suas famílias para serem lavados retornando para a escola na segunda-feira.

A sala do sono fica no segundo andar, ao lado da sala multiuso, as cortinas inicialmente eram de persianas (2011), nesta há um climatizador, um som e um escaninho para guardar os materiais extras e as sacolas. Também nesse espaço, havia um pequeno depósito de materiais (jogos, mala de fantasias, casinha, brinquedos, objetos para os cantos temáticos). Para o ano de 2012, foram instalados blecautes, deixando a sala mais escura e o depósito foi retirado desse espaço, inserimos biombos feitos de madeiras, com detalhes vazados, a fim de organizar microespaços. Os biombos formam pensados a partir da vivência da turma A, no ano de 2011 em que a P1(2011-2012) propôs microespaços organizados com lençóis. As crianças se divertiram muito com essa organização, envolvidas em brincadeiras de espiar os colegas, suspense e fantasia, é claro.

O papel do coordenador não é aquele que tem todas as respostas e que vê tudo, mas aquele que se permite a aprender sempre e com todos que fazem acontecer à escola. Foi isso que me deparei ao ler o registro diário da P2(2011) no dia 31 de agosto de 2011, suas reflexões me provocaram a pensar coisas óbvias. A proposta surge a partir de um diálogo que tivemos no grupo de estudos sobre a escuta e o protagonismo infantil, na turma da professora 2. Estava acontecendo de algumas crianças não quererem subir mais para o sono e a professora não estava conseguindo entender os sinais das crianças, se era porque estava acontecendo algo, ou se elas não tinham mais vontade. No entanto, algumas dessas crianças demonstravam, ao longo da tarde, sono e muito cansaço. Partindo da provocação que a temática do grupo de estudo suscitou a professora, ela propõe para a próxima semana utilizar a imagem do quarto do Chico Bento, projetada através do aparelho de retroprojetor nas paredes da sala do sono da escola, a fim de ouvir as opiniões que as crianças têm em relação ao espaço do sono. Transcrevo abaixo as falas das crianças.

Professora: Como é o local do soninho? J..- É escuro.