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A EXCESSIVA DEPENDÊNCIA DA UNIÃO EUROPEIA DE FONTES ENERGÉTICAS EXTERNAS

7. A INTEGRAÇÃO EUROPEIA E A GLOBALIZAÇÃO DE MERCADOS

7.2 A EXCESSIVA DEPENDÊNCIA DA UNIÃO EUROPEIA DE FONTES ENERGÉTICAS EXTERNAS

O ponto anterior abriu-nos a porta da percepção do comércio internacional na integração. Este ponto aborda a excessiva dependência da União Europeia (UE) de fontes energéticas externas, a estratégia de enfrentamento da situação, e faz uma taxonomia descritiva histórica dos espaços de integração e de como os mesmos se assumem como soluções de comércio livre. A reflexão chega, também, à “bondade” do argumento dos termos do comércio, sua assumpção em mercados imperfeitos (em concreto no mercado do gás e petróleo), concluindo-se pela integração Europeia como promotora de caminho de criação do grande espaço de comércio livre mundial - afirmação do Primeiro Óptimo de Pareto.

Os países da União Europeia no seu conjunto constituem, hoje, a grande potência mundial no que diz respeito ao desenvolvimento e aplicação de energias renováveis. A promoção das energias renováveis tem um papel muito importante, tanto em termos de reduzir a dependência externa de abastecimento energético da UE, como nas acções a serem tomadas em relação ao combate das alterações climáticas. Contudo, a UE continua fortemente dependente de fontes energéticas externas, nomeadamente no que se refere ao fornecimento de petróleo e de gás natural.

7.2.1 A União Europeia: o status quo em matéria energética

A dependência energética externa da UE está em contínuo aumento. As suas necessidades energéticas são cobertas em 50% com produtos importados e, se nada se fizer até 2020 ou 2030, este número aumentará para 70%. Tal dependência externa implica riscos económicos, sociais, ecológicos e físicos. A importação de energia representa 6% do total de

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importações e, em termos geopolíticos, 45% das importações de petróleo provêm do Médio Oriente e 40% de gás natural provêm da Rússia.

Ora, a UE não dispõe ainda de todos os meios que permitam inflectir as tendências do mercado internacional. Esta sua fraqueza esteve claramente patente aquando do forte aumento dos preços do petróleo no final de 2000 e encontra-se em 2011 na primeira linha das preocupações com os factores de competitividade.

Tendo a UE, ou a voz do seu Directório, numa fase aparente de desaceleração do comércio mundial e de recessão do comércio intracomunitário, uma preocupação quase exclusiva com os factores de competitividade, a percepção do excessivo peso do modelo baseado nos combustíveis à base do carbono torna-se incrivelmente visível. Se a isto acrescermos o facto do acidente da central nuclear de Fukuyama133 e a continuação da chegada ao consumo de vastas camadas de consumidores dos denominados países emergentes, estão criados os ingredientes para novos ciclos de recessão com alterações importantes do quadro distributivo mundial.

Ao abordar o problema, a UE deve igualmente fazer face a numerosos desafios que é necessário ter em conta na elaboração de uma tal estratégia. De entre os novos desafios, destacam-se as preocupações ambientais - que influenciam as escolhas energéticas nomeadamente a luta contra as alterações climáticas e a realização do mercado interno - que reserva um novo lugar e papel à procura e que pode fazer surgir novas tensões a nível político (p. ex., a baixa de preços pode ser contrária à luta contra as alterações climáticas).

7.2.2 O caso do rectângulo – jardim134

Portugal tal como qualquer País da União Europeia têm uma forte dependência de fontes energéticas externas. O país importa cerca de 85% da energia que consome – 4 000 milhões de euros ano de importações, e tem um dos piores níveis de eficiência dos 27 estados membros na utilização da energia. Anos como o de 2005 ainda acentuaram mais essa tendência, devido ao facto de ter havido uma baixa na produção hidroeléctrica - devido à seca que afectou todo o País.

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O ano de 2011 encontra Portugal numa situação mais confortável. Apesar da subida recorrente e paulatina do preço do crude, a assumpção de investimentos no eólico e a assumpção de investimentos futuros no hidroeléctrico tem permitido pelo menos contrariar a subida crónica da factura energética135 e tentar contrariar a escalada do crude.

Em matéria de eficiência energética, Portugal é um dos países europeus com menor eficiência, gastando 0,88 barris de petróleo por cada mil euros de PIB. O valor médio da UE é de 0,65 barris por cada mil euros e o País europeu mais eficiente é a Dinamarca sendo o valor de 0,41. Os indicadores de intensidade energética portugueses são claramente superiores aos dos outros países comparáveis e, em particular face à média da União Europeia.

No contexto da política energética comum, Portugal pretende implementar um conjunto de medidas, como a concretização do Mercado Ibérico da Electricidade, um mercado interno comum aos dois países, onde racionamento e fornecimento seriam decisão conjunta. Isto traria benefícios, não só para os consumidores e empresas, bem como para o meio ambiente136.

7.2.3 A estratégia Europeia

Nos nossos dias, a política energética adquiriu uma dimensão comunitária: os Estados- Membros são interdependentes, tanto a nível das questões de luta contra as alterações climáticas como a nível da realização do mercado interno. Contudo, isto não se traduz em novas competências comunitárias. A Comunidade pode intervir com as suas competências em vários domínios, nomeadamente o mercado interno, a harmonização, o ambiente e a fiscalidade. Mas a ausência de consenso político a favor de uma política energética comunitária limita as possibilidades de intervenção. Convém examinar se seria vantajoso ampliar o campo das competências comunitárias em matéria de energia, a fim de garantir que a UE possa dominar melhor o seu destino energético.

O Livro Verde traça as linhas de uma estratégia energética a longo prazo. Segundo ele a UE deve reequilibrar a política da oferta através de acções claras a favor da procura; fazer uma

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análise da contribuição a médio prazo da energia nuclear; prever um dispositivo reforçado de reservas estratégicas e de novas rotas de importação para os hidrocarbonetos137.

7.3 OS ESPAÇOS DE INTEGRAÇÃO COMO SOLUÇÕES DE