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E A EXPANSÃO SILENCIOSA

Q7 NOTAS SOBRE O SWOT EUROPEU:

14.1 PONTOS FORTES OU FORÇAS

14.1.1 Imagem

Como muitas das corporações de maior sucesso, a imagem da Europa é (foi?) feita de sucesso, com um trago de inveja por muitos outros povos que almejam estar acobertados pelo seu já enfraquecido mas ainda subsistente modelo social Europeu.

Apesar dos actuais “riots220” em sociedades cada vez mais multiculturais como a Inglesa221, os não Europeus aspiram a uma Europa que tem fama de generosa para os seus nacionais. Mesmo que a imagem já não corresponda por inteiro à realidade, da fama ainda a Europa não se libertou e dessa fama muito proveito a mesma tem retirado222. Não só na manutenção de um saldo de crescimento populacional ainda não negativado223 pela constante baixa de natalidade autóctone, como na sustentabilidade e não colapso do seu sistema de segurança social pela manutenção de um saldo natural positivo.

A imagem da Europa auto-confiante, progressista, unitária, tolerante, parece agora estar fragilizada em muito dos seus itens, sendo “beliscada” por alguns dos seus protagonistas. Gunther Oettinger224 é um dos que parece dar “corda” a uma energia negativa, numa espécie de retorno ao “ground zero” da relação dos povos Europeus225.

14.1.2 Lobismo

Na nossa SWOT o lobismo aparece como ponto forte mas também como ameaça. Ponto forte quando se conjuga a ética com a visibilidade e a transparência nos processos, redundando em competência e conhecimento nas decisões.

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Nalguns países da União, como Portugal, a figura circense da cunha226, da “mãozinha”, da troca de influências, fazem do lobismo sinónimo de corrupção227. Os meios ou canais de lóbi como: o documento de trabalho; a proposta de legislação228; o contacto personalizado; as reuniões formais; os encontros informais; a carta aberta ou o abaixo - assinado; as visitas organizadas; os livros verdes ou brancos; o livro de lóbi; os media (entrevistas, artigos opinião, reportagens, comunicados à imprensa, dossiers de imprensa, conferências de imprensa); a publicidade paga (anúncio, campanha publicitária, publireportagem); a internet; os websites (o tradicional e o “antisítio”); o “mailbombing”; os blogues; o controlo dos motores de busca; os “posts” (em grupos de discussão ou nos bbs); as conferências; seminários; congressos, cimeiras; exposições; manifestações; recolha assinaturas; petições; os estudos de mercado; sondagens de opinião e os diversos (cartazes, brochuras, folhetos, panfletos, bandeias, t’ shirts, sms’s); a Business Inteligence (BI) e o catálogo das informações (obtidas em Bruxelas); actas de grupo de peritos do conselho de ministros; as ordens de trabalhos; a lista de participantes nos trabalhos; actas da comitologia e outras (Lampreia & Gueguen, 2008, p. 69) não são, assim e apenas, meios ou canais de lóbi229 mas formas, mais ou menos sub-reptícias, de “cozinhar” interesses não legítimos aos olhos dos cidadãos. O verdadeiro drama de algumas sociedades é a resposta a estas dúvidas e interrogações não terem a devida contrapartida na participação civil e controlo pela cidadania das decisões, sendo que a Europa dos resultados torna-se assim coisa de outros, sendo os cidadãos apenas chamados à intervenção através da factura dos custos.

14.1.3 Comitologia

Um das consequências dos alargamentos tem sido a restrição dos consensos, o que implica que as directivas comunitárias se transformem em directivas quadro, ”apelando” a medidas alargadas de execução exigindo o recurso sistemático à comitologia. O conselho de ministros adopta sozinho ou articuladamente com o Parlamento o acto legislativo, através de processo de consulta ou co-decisão, mandatando a Comissão para propor e desencadear as medidas de execução230. Essas medidas de execução são então submetidas a grupos de comitologia. Os grupos de comitologia são 118, repartidos por comités de regulamentação, de gestão ou consultivos. Daniel Gueguen de (Lampreia & Gueguen, 2008, p. 114) dá uma noção da

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importância destes comités231 ao referir a relação de textos adoptados em co-decisão, versus as decisões adoptadas em comitologia: relação de 1 para 75!

O confronto da produção de acto legislativo na UE, versus um país como Portugal, proporciona a assumpção da superioridade neutral e técnica que deriva da comitologia. O acto legislativo fica muito mais expurgado da lógica de maioria/oposição encontrando na comitologia uma maior neutralidade e universalidade normativa.

14.1.4 Externalidades

Na Europa actual há uma espécie de “isquémia” do coração Europeu que não permite a distribuição regular e oxigenada dos diferentes tecidos. Os chamados periféricos no corpo Europeu são como pernas e braços, a quem artérias esclerosadas e válvulas em mau funcionamento já não promovem oxigenação suficiente e igual. Os tecidos adjacentes e os órgãos próximos parecem descuidar que uma discriminação positiva activa é uma constante necessária para um corpo conjunto activo, aditivo e de maior dimensão. Um das maiores preocupações da criação do mercado interno Europeu foi a preocupação com a concorrência. A regulação da concorrência no mercado interno parece, no entanto, ter esquecido que a pressão concorrencial intra - Europeia necessitava de um esforço de regulação inter-membros.

Na Europa todos os membros deveriam ser iguais232, embora haja uns mais iguais que outros233. No mundo das decisões empresariais, as decisões de uma empresa não afectam apenas os agentes com quem estas interagem nos mercados. Têm efeitos até com agentes que não se relacionam directamente com eles. O efeito externo ou externalidade assim decorrente exige regulação a bem do equilíbrio do conjunto. A integração trouxe, como efeito, externalidades positivas e negativas para os seus diferentes membros - as externalidades negativas e positivas da integração. A regulação das externalidades234 exige uma compressão de escala e uma redistribuição dos custos e receitas associadas235. Parece não haver assim lugar à exclusão de mecanismos correctores que evitem uma excessiva polarização da riqueza em zonas geográficas específicas do espaço Europeu comum. Do mesmo modo que a possibilidade ou impossibilidade de realizar a exclusão é uma característica crucial para saber se um bem tem de ser provido pelo Estado, do mesmo modo a possibilidade ou

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impossibilidade de construir uma Europa equilibrada aponta para a não exclusão de mecanismos correctores à espera da bondade auto-reguladora do mercado.

Q8. EXTERNALIDADES DA INTEGRAÇÃO SOBRE OS PERIFÉRICOS