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2. DIRETRIZES PARA A HUMANIZAÇAO DO EDIFÍCIO HOSPITALAR

2.4. Exemplo de humanização: “The healing enviroment”

O Healing Enviroment é uma forma de cuidado à saúde que envolve a influência do espaço físico na recuperação do paciente, incluindo a percepção do espaço pelos diferentes usuários como forma de promover um ambiente construído “saudável”.

Tem como objetivo a criação de espaços para o cuidado do paciente que reduzam as fontes externas causadoras de estresse, proporcionando paz, esperança, motivação, alegria, reflexão e consolo, propondo a otimização do entorno do cuidado com o paciente (GUELLI, ZUCCHI, 2005, p. 44).

Nada mais é do que propor uma transformação na imagem do hospital, garantindo espaços que abriguem o espírito humano e que dêem suporte aos pacientes e familiares, ajudando-os positivamente, de forma a transcender a doença. Essa influência positiva do espaço na recuperação dos pacientes foi feita segundo estudos do Center of Health Design, organização sem fins lucrativos focada na pesquisa e promoção do Healthcare Design. Além de proporcionar maior satisfação dos pacientes, os estudos demonstram outras vantagens, tais como:

Reduzir o custo dos tratamentos, diminuindo o tempo de permanência; Reduzir o uso de medicamentos compensatórios;

Reduzir o tempo de enfermagem por paciente, aumentando o moral de prestadores de serviços ao redor destes;

Reduzir os custos do treinamento e recrutamento pela maior aderência dos colaboradores à instituição.

Alguns novos edifícios de saúde estão incorporando, baseados nessa discussão, os elementos do Healing Enviroments, encorajados pelo crescimento das pesquisas que demonstram os benefícios positivos na recuperação dos pacientes e como forma de acompanhar a tendência do mercado de atender o desejo do consumidor e competir pela excelência” (GUILLI, ZUCCHI, 2005, p. 45 apud COLIE, 2003).

Iniciativas como a do Center of Health Design estão promovendo o desenvolvimento de uma nova ciência chamada de Evidence Based Design, que propõe que se examine e teste minuciosamente os benefícios do espaço físico na atenção à saúde.

Em 1998, o Center of Health Design propõe a busca do maior número de publicações que tratasse do ambiente de atenção e saúde e seu benefício terapêutico, sendo que os pesquisadores encontraram limitações para demonstrar cientificamente esses benefícios.

Numa revisão de 78.761 estudos publicados a partir de 1966, apenas 1.219 artigos descreviam a investigação do impacto do meio ambiente na recuperação dos pacientes, e destes, 84 associaram especificadamente o espaço físico, sendo que apenas 3 foram realizados através de ensaios controlados e randomizados (GUILLI, ZUCCHI, 2005, p.45). Nota-se, portanto, a carência de embasamentos científicos que demonstrem a relação do espaço físico na recuperação do paciente.

Foi com base nessas pesquisas que o Center of Health Design decide chamar atenção para a importância de aprimorar o grau da evidência da influência do espaço na recuperação dos pacientes estimulando instituições, através do The

Pebble Project, a realizarem estudos de casos que relatem a importância do Healing Enviroment na qualidade do cuidado, através de suas experiências e resultados.

2.4.1 The Pebble Project

Lançado em 2000, o The Pebble Project é uma iniciativa de investigação do

Center of Health Design que tem como objetivo a criação de uma mudança no setor

de saúde, fornecendo pesquisas e documentando exemplos de unidades de saúde, cujo design tem feito a diferença na melhoria dos pacientes e na eficiência do trabalho dos profissionais.

Estes estudos baseados em evidências que busca a comprovação científica da evidência da efetividade de uma intervenção através de ensaios randomizados, revisões sistemáticas da literatura e metanálises, estão testando a maneira como o entorno do cuidado com o paciente interfere com o cuidado médico, a doença e os atributos do paciente (GUILLI, ZUCCHI, 2005, p.45).

Dentre os parceiros deste projeto estão vários hospitais, localizados em vários estados norte-americanos, cada um com sua especialidade e seu público alvo. Esses hospitais vem demonstrando que o design da instituição pode melhorar a qualidade dos cuidados com o paciente, atrair mais pacientes, recrutar e manter a equipe de trabalho, aumentar o apoio filantrópico, comunitário e corporativo, além de enfatizar a eficiência operacional e a produtividade da instituição.

Os maiores benefícios que os parceiros do Pebble Project recebem são o acesso à informação e aos conhecimentos tecnológicos dos profissionais envolvidos. Reuniões com outros parceiros e com o quadro de associados do The

Center of Health Design proporcionam a difusão de conhecimento e a oportunidade

de bons negócios para ambos. Um alto nível de consultoria e assistência técnica também são fornecidos para facilitar as pesquisas, bem como uma metodologia de projeto específico para cada situação.

Outro benefício do Pebble Project é o reconhecimento e a visibilidade. Todos os seus parceiros são co-autores dos resultados das pesquisas feitas e são promovidos através do website do The Center of Health Design, de programas educacionais e de relações públicas internacionais.

Segundo Vasconcelos (2004) apud Marberreey (2002), quatro instituições associadas a este projeto já vem há alguns anos medindo, documentando e avaliando as evidências baseadas no design dos seus ambientes e apresentam resultados satisfatórios.

Dentre eles pode-se citar o Rady Children’s Hospital & Health Center,

localizado em San Diego, na California, que tem como missão restaurar, manter e melhorar a saúde e o potencial de desenvolvimento das crianças através da excelência no atendimento e do cuidado com a instalação física da instituição.

No Rady Children’s Hospital & Health Center foram implantados programas

que envolvem a música e a arte, diversos jardins e esculturas com a intenção de promover refúgio e tranqüilidade para os pacientes e familiares, além de funcionar

como um convite à criança a brincar, estimular sua criatividade, promover seu desenvolvimento físico, emocional, mental e espiritual.

Segundo Vasconcelos (2004), outros hospitais participantes do projeto já apresentam resultados avaliados e concluídos. O Barbara Ann Karmanos Cancer

Institute de Detroit, por exemplo, teve aumento de 18% na satisfação do paciente,

menor variação dos custos diários, redução do uso de medicação para a dor, 30% de redução dos erros médicos – devido principalmente ao aumento de área dos ambientes médicos, sua melhor localização e organização, padronização da sinalização visual e tratamento acústico para diminuir o nível de ruído – e 6% de redução nas quedas dos pacientes que é resultado da melhor visualização do paciente devido ao ângulo de abertura das portas, melhoria da iluminação e do layout do quarto.

A importância dessas pesquisas e dos resultados satisfatórios obtidos por estas instituições são importantes, pois além de influenciarem gestores e arquitetos a promoverem mudanças nos edifícios hospitalares, comprovam a eficácia da qualidade do espaço físico na recuperação dos pacientes e no melhor desempenho dos profissionais, através dos aspectos ergonômicos que facilitam suas atividades.

Figura 2.28 e 2.29 – Rady Children’s Hospital & Health Center, San Diego, CA.

Figura 3.1 – Lelé.

Fonte: observador. blogbrasil.com