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1. HUMANIZAÇÃO

1.4. Humanização da saúde pública do Brasil

1.4.2. Humaniza SUS

Como já visto o PNHAH tem como meta “promover uma mudança na cultura de atendimento em saúde no Brasil” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). Em 2003, por sua vez, outro programa é criado pelo Ministério da Saúde, o Humaniza SUS, com base na humanização, onde “lança mão de ferramentas e dispositivos para consolidar redes, vínculos e a co-responsabilização entre usuários, trabalhadores e gestores” e, além disso, também destaca o conceito de ambiência, ressaltando o tratamento dado ao espaço físico “entendido como espaço social, profissional e de relações interpessoais, que deve proporcionar atenção acolhedora, resolutiva e humana” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

Ao fazê-lo, identificou uma série de obstáculos a serem vencidos para que possam ser alcançados os objetivos de integralidade, universalidade e eqüidade defendidos pelo SUS, são eles:

Fragmentação do processo de trabalho e das relações entre os diferentes profissionais;

Fragmentação da rede assistencial dificultando a complementaridade entre a rede básica e o sistema de referência;

Precária interação nas equipes e despreparo para lidar com a dimensão subjetiva nas práticas de atenção;

Sistema Público de saúde burocratizado e verticalizado;

Baixo investimento na qualificação dos trabalhadores, especialmente no que se refere à gestão participativa e ao trabalho em equipe;

Poucos dispositivos de fomento à co-gestão e à valorização e inclusão dos gestores, trabalhadores e usuários no processo de produção de saúde;

Desrespeito aos direitos dos usuários;

Formação dos profissionais de saúde distante do debate e da formulação da política;

Controle social frágil dos processos de atenção e gestão do SUS; Modelo de atenção centrado na relação queixa/conduta.

O conceito de humanização se dá pela compreensão e valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde. Quanto à oferta de tecnologias e dispositivos para a configuração e fortalecimento das redes de saúde, “a humanização aponta para o estabelecimento de novos arranjos e pactos sustentáveis, envolvendo trabalhadores e gestores do Sistema, e fomentando a participação coletiva da população, provocando inovações em termos de compartilhamento de todas as práticas de cuidado e de gestão” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Portanto, essa política visa atingir todos os níveis de atenção à saúde, entendendo a humanização como uma transformação cultural.

No caso dos serviços que prestam atenção básica, o Humaniza SUS propõe-se à elaboração de projetos terapêuticos individuais e coletivos para os usuários e sua rede social, formas de acolhimento e inclusão de clientela, práticas que incentivem a diminuição do consumo de medicação, fortalecimento das relações entre as equipes de saúde e os usuários, além do estabelecimento de ambiente acolhedor (SIMÕES, RODRIGUES, TAVARES, RODRIGUES, 2007).

O Programa Nacional de Humanização, o PNH, outro programa, que faz parte do Humaniza SUS aborda o termo “ambiência”, como sendo o ”tratamento dando ao espaço físico entendido como espaço social, profissional e de relações interpessoais que deve proporcionar atenção acolhedora, resolutiva e humana” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

Dessa forma, pode-se qualificar o ambiente além de sua “composição técnica, simples e formal” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004), considerando diversos outros fatores que implicam no melhor funcionamento dos espaços, tais como, ao grupo que será destinado com seus valores culturais e relações sociais.

De acordo com a cartilha do Humaniza SUS (2009), o conceito de ambiência segue primordialmente três eixos:

O espaço que visa a à confortabilidade, focada na privacidade e individualidade dos sujeitos envolvidos, valorizando elementos do ambiente que interagem com as pessoas – cor, cheiro, som, iluminação, morfologia...-, e garantindo conforto aos trabalhadores e usuários.

O espaço que possibilita a produção de subjetividades – encontro de sujeitos – por meio da ação e reflexão sobre os processos de trabalho. O espaço usado como ferramenta facilitadora do processo de trabalho,

favorecendo a otimização de recursos, o atendimento humanizado, acolhedor e resolutivo.

Para tanto, aponta a arquitetura como ferramenta facilitadora de mudança do processo de trabalho, uma vez que esta pode garantir aos ambientes algo que vai além da arquitetura normativa e projetada exclusivamente para comportar alta tecnologia. Os espaços podem vir a ser otimizados, aumentando a possibilidade de acomodações, além de tratados com elementos como cor, cheiro, som, arte, dentre outros, que o tornam mais acolhedores e menos estressantes.

O cenário que se vê hoje no Brasil, ainda é de precariedade no atendimento aos pacientes, principalmente aos menos favorecidos. A criação desses programas é importante, pois vem despertando interesse entre aqueles que se preocupam com a questão da saúde e estabelece diretrizes para que se recupere o papel e a responsabilidade, através da arquitetura, as condições funcionais de conforto

necessárias ao bom desempenho das práticas médicas, assim como o bem-estar e a auto-estima dos usuários dos edifícios de saúde. Assim atuando, certamente os arquitetos contribuirão para o processo de cura dos pacientes (TOLEDO, 2005).

Esses programas surgem como um impulso para a construção do “hospital humanizado”, tomando o que se tem hoje para que possa ser moldado, assim construindo o hospital do futuro.

Para tanto, é preciso criar novos paradigmas, exercer a criatividade, a reflexão coletiva, o agir comunicativo, a participação democrática na busca de soluções que sejam úteis para cada realidade singular, a fim de transformar as instituições de assistência a saúde em organizações mais dinâmicas, harmônicas e solidárias.

No capítulo seguinte serão apontadas as diretrizes e parâmetros estabelecidos para a humanização do hospital, bem como o papel e a importância do arquiteto de edifícios hospitalares na elaboração de um projeto mais humanizado. A finalização deste se dá com a descrição sobre a importância do Healling

Enviroment, exemplificado pelo The Pebble Project, que através de suas pesquisas