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3.3. A Coleta de dados

3.3.2. Aplicação dos exercícios e relatórios semanais

3.3.2.3. Exercício para sentir as tensões pélvicas

Para que o indivíduo obtenha uma respiração livre e se sinta grounded, a tensão muscular na parte inferior de suas costas e no quadril deve ser reduzida, levando a um livre fluxo das sensações sexuais101. Segundo Lowen,

o trabalho com a parte inferior do corpo envolve exercícios especiais para restaurar a mobilidade natural da pélvis. Quando os movimentos vibratórios das pernas alcançam a pélvis, ela começa a tremer. Esse é o início. À medida que a tensão na pélvis é reduzida, ela entrará num movimento oscilatório em harmonia com a respiração, para trás na inspiração e para a frente na expiração102. [...] Quando este movimento é livre, a onda respiratória passa

pela pélvis em direção às pernas. O assentamento no chão é completo. (LOWEN, 1983, p. 91).

De acordo com o casal Lowen, em um alinhamento saudável do corpo, a pelve estará ligeiramente puxada para trás, embora se mantenha solta. Além disso, os joelhos estarão levemente flexionados e o peso do corpo sobre o “peito” dos pés.

Nesta postura, a pressão (stress) de gravidade [sic] e as pressões (stresses) da vida são transmitidas através das vértebras para a pelve e através dos ossos pélvicos para as articulações do quadril. Uma vez que as pernas estão adequadamente alinhadas com o corpo (o que ocorre quando os artelhos estão apontados diretamente à frente e os joelhos centrados sobre os pés), o peso do corpo mais qualquer pressão (stress) adicional passa através das pernas para os pés e chão. Este deslocamento da pressão (stress) para as pernas pode acontecer apenas quando a pelve está inclinada para trás (LOWEN; LOWEN, 1985, p. 48).

100 As consígnias são expressões verbais utilizadas no decorrer dos exercícios. O uso dessas expressões neste exercício será explicado no próximo capítulo.

101 É importante lembrar que a sensação sexual não diz respeito apenas à excitação genital, mas sim a toda e qualquer sensação de prazer vivenciada pelo indivíduo.

102 Por esse movimento também acontecer involuntariamente no clímax do ato sexual, Reich chamou-o de

De forma a reter o fluxo das sensações sexuais, o indivíduo pode imobilizar sua pelve em uma posição de avanço ou de recuo, de acordo com as características de sua estrutura de caráter. “Com a pélvis mantida para frente e erguida, ocorre tensão nos músculos abdominais, espasticidade no reto abdominal e contração das nádegas” (LOWEN, 1977, p. 103), e este seria o distúrbio pélvico mais comum (LOWEN; LOWEN, 1985). Com esse posicionamento da pelve, a região lombar das costas fica ereta e perde-se a sua curvatura natural, causando uma pressão no terço inferior da coluna. Essa pressão também é causada pelo erguimento exagerado da bacia para trás, acentuando sua concavidade natural. Assim, uma pélvis mantida imóvel, seja para frente ou para trás, quebra a linha natural do corpo, causa uma propensão a dores lombares e está associada a uma diminuição da potência sexual do indivíduo.

Portanto, “um corpo sexualmente vivo é caracterizado por um balanço livre da pelve” (LOWEN; LOWEN, 1985, p. 49). Mas, para Lowen, a maioria das pessoas não se dá conta da imobilidade dessa região de seu corpo, e em sua movimentação fazem com que ela apenas aparente ser livre. Segundo esse terapeuta, quando as pessoas “não estão fazendo um esforço consciente, [...] ela volta a ficar mobilizada” (LOWEN, 1994, p. 115). Assim, o exercício seguinte tem como objetivo testar a resposta sexual do indivíduo e fazê-lo sentir suas tensões pélvicas. Qualquer dificuldade em realizá-lo denota a presença de bloqueios nessa região.

Exercício 7 – Rotação dos quadris

Neste exercício, o indivíduo deve ficar em pé, com os pés paralelos e separados mais ou menos no que se refere à largura dos ombros, e com os joelhos ligeiramente flexionados. O peso do corpo deve estar sobre o “peito” dos pés. É preciso que os ombros estejam relaxados e a barriga e o tórax soltos. O exercício é realizado girando-se o quadril em forma de círculo tanto no sentido horário como, depois de algumas voltas, no anti-horário. O movimento deve estar concentrado principalmente na pelve, envolvendo o tronco e as pernas o mínimo possível.

Para aqueles que, durante esta pesquisa, demonstraram mais dificuldade de movimentação na pelve, o exercício foi realizado por partes:

1. Movimento em semicírculo para frente e depois para trás, tanto no sentido horário como no anti-horário.

2. Apenas uma volta para cada sentido, parando ao final dela, antes de inverter o sentido e iniciar novo círculo.

3. Círculo normal com várias voltas no mesmo sentido.

Esse exercício foi realizado tanto em sua forma original como com o violino. Foi feito com o participante tocando em cordas soltas ou em escalas em posição fixa, onde cada arcada correspondia a um círculo completo da pelve. Para aqueles com maiores dificuldades de rotação dos quadris, foi realizada primeiramente uma arcada para cada semicírculo feito pela região pélvica. Após isso ter sido realizado a contento, a arcada passou a corresponder ao círculo completo.

Esse exercício foi também realizado em alguns trechos lentos de obras estudadas pelos participantes da pesquisa, com o intuito de levá-los a terem maior consciência da sua região pélvica no ato da performance. Como já foi visto no primeiro capítulo, Dominique Hoppenot (1991) ressalta em seu trabalho a necessidade de se ter atenção ao balanço da pelve no processo de ensino-aprendizagem do violino. Para ela, uma boa performance só será possível se a parte inferior do corpo não se tornar isolada da superior por uma musculatura pélvica rígida. Além disso, uma pelve tensa acarreta dificuldades na respiração que, conseqüentemente, refletirão na qualidade da sonoridade do violinista.

Os mesmos passos desse exercício foram realizados com os participantes deitados. Nesta posição, eles deveriam dobrar os joelhos de forma que os pés ficassem apoiados no chão mais ou menos o referente à largura dos ombros. Erguendo os quadris, os participantes realizaram os círculos pélvicos da mesma forma que na posição ereta. Nessa posição, o exercício também foi realizado com e sem o violino, seguindo os mesmos princípios de quando realizado em pé.