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na minha experiência enquanto músico e no método Suzuki Educador 02: Baseado na vivência Musical dos alunos e

minha experiência. Educador 08: vídeos, métodos de violão, partituras de flauta-doce e minha vivência como músico (questão 5.7 do formulário). Educador 05: Na minha prática, no que eu aprendi na universidade, com estudos sobre a literatura da educação musical: de Swanwick, dos métodos ativos e etc.. Educador 09: métodos ativos, livro ensinando musica musicalmente de Swanwick e as aprendizagens da faculdade (questão 5.7 do formulário).

Como podemos ver, a experiência de vida é uma das principais bases pedagógicas que estes educadores tem para ensinar música nas ONGs. Muitos deles ensinam conforme aprenderam música, estando suas vivências musicais, intimamente ligadas a sua atuação no cotidiano das ONGs. Isso ressalta a necessidade de uma reflexão a respeito de uma formação continuada para atuar em ambientes não escolares.

A respeito da formação dos 14 educadores musicais que ensinam nas ONGs, o grau de escolaridade deles varia desde ensino fundamental incompleto ao mestrado. Eles possuem cerca de 8 (oito) anos de experiência com ensino de música, e todos já participaram de curso na área de música, sendo que dos 14, metade possui curso no conservatório de música da cidade e a outra metade adquiriu formação em cursos promovidos por igrejas escolas livres e etc.

Metade desses educadores é licenciado em música ou estão cursando licenciatura em música na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), e a outra metade, possuem outras formações, algumas até em outras áreas. Aos educadores que cursou ou estão cursando ensino superior em música, foi perguntado de que modo eles acham que o curso de licenciatura, preparou ou está preparando para a prática profissional no terceiro setor, dois deles responderam que foram (ou estão sendo) formados adequadamente, três apontaram que foram (ou estão sendo) formados razoavelmente e outros dois responderam que foram formados precariamente. Entre os relatos estão:

ADEQUADO: Educador musical 02: o curso me dá bases pedagógicas e metodológicas para atuar com ensino de música. Educador musical 05: O conhecimento que adquire na universidade e o que me ajuda na prática, se não fosse à universidade eu estaria se baseando na minha vivência.RAZOÁVEL: Educador 04: na graduação não fui preparado para lidar com a música como elemento terapêutico. Educador 09: Tem muita coisa que estudo, que não se aplica a realidade que atuo, tem sempre que adaptar. Educador 11: falta o curso investir mais em aulas práticas e teóricas nas ONGs, assim como também nas escolas especializadas e escola de ensino básico.PRECÁRIO: Educador musical 03: pela falta de professores, poucas aulas de prática pedagógica, preparo especifico para trabalhar com alunos especiais, são coisas que faltam. Educador musical 10: as práticas musicais oferecidas na universidade, esta distante da

realidade das ONGs, escolas e etc. Preciso adaptar o que aprendo para minha realidade (questão 3.5 do formulário).

Esses relatos apontam lacunas na formação obtida no curso, pois muitos dos educadores relatam que não obtiveram formação adequada para atuar com o ensino de música no terceiro setor. Nesse sentido, se faz necessário pensar em alternativas que aproximem o aluno do curso de música a realidades de ensino vivenciadas em ONGs, através da criação de uma prática de ensino no terceiro setor, que possibilite que os alunos tenham experiência para atuarem nesses espaços, habilitando-o a lidar com a realidade educacional desse contexto de ensino. Sabe-se que a prática de ensino por si só não ira “preparar” o aluno para atuar nas ONGs, mas somada a outras diversas propostas poderá ajudá-lo a atuar potencialmente com o ensino de música em ONGs. Considerações finais

Os desdobramentos e implicações desses resultados confirmam que o terceiro setor é um campo de atuação do licenciado em música. No entanto, o curso de licenciatura em música da UERN não está considerando esses espaços como potenciais campos de atuação profissional e/ou laboratórios de formação docente, talvez pela grande ênfase dada ao ensino de música na escola especializada e no ensino básico (ALMEIDA, 2005).

Não se sabe ao certo até que ponto é positivo ter tantas propostas de educação musical sendo desenvolvidas nas ONGs de Mossoró/RN. Pois, na medida em que propostas como essas estão dando oportunidade de acesso à educação musical a uma parcela da população, ao mesmo tempo está favorecendo o descomprometimento do Estado com a educação, que é um direito de todos, contribuindo cada vez mais para um projeto neoliberalista de governo. (OLIVEIRA; ADDAD, 2001; MONTAÑO, 2002).

A partir desses resultados, acredito ter contribuído com as discussões a respeito do ensino de música no terceiro setor, assim como também a legitimação das ONGs como um espaço de atuação e formação de educadores musicais, tendo em vista que as experiências de ensino vivenciadas nesses espaços poderão contribuir com a formação de vários licenciandos em música da UERN.

O que não foi possível identificar através dessa pesquisa, mas que poderá ser investigado em outras pesquisas são os aspectos relacionados às formas de aprendizagens vivenciadas pelos educandos participantes dessas ONGs, assim como também o perfil desses educandos e as motivações que os levam a aprender música nesses espaços. E identificar, em

maior profundidade, a função da música inserida nesses espaços, nabusca de entender que tipos de diferenciações existem entre ensinar música nas ONGs e ensinar música nas escolas regulares e/ou especializadas.

Referências

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O PAPEL DA BANDA DE MUSICA NA ESCOLA REGULAR: RESULTADOS