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QUADRO 01: ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS QUE DESENVOLVEM ATIVIDADES MUSICAIS NO MUNICÍPIO DE

MOSSORÓ/RN

1. Associação de Apoio aos Portadores de Câncer de Mossoró e Região – AAPCR 2. Associação dos pais e amigos dos excepcionais – APAE

3. Associação Orquestra Sanfônica de Mossoró 4. Centro feminista 8 de março – CF8

5. Fundação Casa do Caminho

6. Companhia Escarcéu de teatro amador

7. Conselho Fraterno das Comunidades Integradas Mossoró e Baraúna – CONFRACIMB

8. Grupo de teatro o pessoal do tarará 9. Grupo Mulheres em ação – GMA 10. Lar do Padre Guido;

11. Mandacaru Companhia Teatral

Fonte: Lista de Entidades cadastradas no COMDICA e CMAS.

Desta forma, realizou-se um levantamento completo de todas as ONGs que trabalham com música, e todos os respectivos educadores musicais que atuavam profissionalmente nesses espaços, não se trabalhando com amostras, como base para possíveis generalizações, evidenciando-se assim a necessidade de utilizar um método de investigação capaz de dar conta de diversos espaços, mesmo que para isso não fossemos a fundo na coleta de dados.Nessa óptica, o método de investigação empregado foi o censo por se configurar como o método mais adequado para se entender uma realidade abrangente. E que segundoGil (2010):

As pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas, acerca do problema estudado, para em seguida, mediante

análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados (GIL, 2010, p.35).

Em alguns casos, devido ao grande número de pessoas que fazem parte do universo da pesquisa que se deseja investigar, as pesquisas de levantamento, por questões orçamentárias e temporais, é realizada com uma amostragem do total da população10, para que assim, através de testes estatísticos, possa-se ter uma maior aproximação de toda a realidade.

No entanto, no caso desta pesquisa, devido ao pequeno número de 14 educadores musicais que fazem parte da população investigada, optou-se pela realização do censo, posto que “quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo pesquisado, tem-se o censo” (GIL, 2010, p. 35).

Se tratando do instrumento de coleta de dados utilizado para realização dessa pesquisa, optou-se pelo formulário, entendido como uma “coleção de questões que são formuladas e anotadas por um entrevistador, numa situação face a face com o entrevistado” (GEHARDT, SILVEIRA, 2009, p. 71). Este instrumento possibilita uma maior interação e uma melhor qualidade na coleta de dados, tendo em vista que o criador dos formulários, também é o aplicador. Para o número de entrevistados e o objetivo que se pretendia atingir, esse instrumento se configurou como o melhor a ser utilizado.

Durante a organização dos dados, foi utilizado o software11Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), “poderosa ferramenta de análise informática que permite realizar cálculos estatísticos complexos, e visualizar os resultados, em poucos segundos” (PEREIRA, 1999, p. 10). Este possibilitou uma fácil manipulação dos dados, com a ajuda do software,as respostas das questões dos formulários foram organizadas, e a partir delas criaram-se gráficos estatísticos e tabelas,o que ajudou bastante na

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Entende-se população como sendo uma especificação teórica do universo pesquisado (BABBIE, 1999).

descrição quantitativa de toda a pesquisa, facilitando na hora da interpretação dos dados, que consistiu em estabelecer relações entre os dados coletados e o referencial teórico. Características do ensino de música nas ONGs de Mossoró

Por meio dessa pesquisa, foi possível verificar que, no município de Mossoró/RN existe um total de 60 ONGs inscritas no CMAS e no COMDICA, sendo que dessas 60 ONGs, apenas 11 desenvolvem atividades musicais, estando estas, presente em todas as regiões da cidade: duas no leste, nos bairros Dom Jaime Câmara e Ilha de Santa Luzia; duas no oeste, no bairro Abolição II; uma no norte, no bairro barrocas; três na região sul, nos bairros aeroporto, alto da conceição e jucurí; e três na região central, localizadas no centro da cidade e no bairro paredões.Entre os espaços físicos onde ocorrem essasoficinasestão desde salas projetadas para o ensino de música, a espaços ao “ar livre.

Buscando verificar quais as principais características das oficinas, foi perguntado aos educadores musicais, quais as modalidades e a periodicidade em que ocorriam as oficinas de música, assim como também o número de turmas e participantes que frequentavam esses espaços, e os principais materiais didáticos12 que eles utilizavam nas oficinas.

Nesse sentido, verificou-se que as oficinas desenvolvidas nesses espaços são todas em grupo, estando elas vinculadas à aprendizagem de um instrumento musical e em alguns casos, a reflexão sobre temas transversais e as condições sociais dos participantes. Essas oficinas ocorrem de uma a três vezes por semana, e em alguns casos, acontecem toda a semana, ou esporadicamente, com uma média de aproximadamente três turmas com cerca de quinze pessoas. Entre os principais materiais utilizados nessas oficinas de música estão o instrumento musical, o computador e os recursos de multimídia (CDs, DVDs, aparelho de som, projetor, vídeos e etc.).

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Talvez, os motivos que levam os educadores musicais das ONGs de Mossoró/RN a trabalharem em grupos, estejam ligados ao fato de que o ensino em grupo possibilitaas ONGs de atingirem seus objetivos de serem instrumentos de mudança social. Por ser mais abrangente, o ensino em grupo é mais acessível para um maior número de pessoas, e segundo Cruvinel (2005):

O ensino em grupo possibilita uma maior interação do indivíduo com o meio e com o outro, estimula e desenvolve a independência, a liberdade, a responsabilidade, a auto-compreensão, o senso crítico, a desinibição, a sociabilidade, a cooperação, a segurança, [...] desenvolve a auto-estima no aluno, na medida em que assimila os conhecimentos de forma eficaz e prazerosa. A partir da interação com o grupo, o sujeito passa a conhecer mais a si próprio e o outro, trocando experiências. Na medida em que essa interação grupal ocorre, o sujeito se sente realizado por fazer parte daquele grupo, com isso, a sua auto-estima aumenta, da mesma forma que sua produção e rendimento (CRUVINEL, 2005 p. 80-81).

Pensando desta forma, é possível identificar que o trabalho em grupo é umas das estratégias utilizadas para ensinar música nas ONGs e que através desse trabalho, as ONGs estão contribuir diretamente para o desenvolvimento humano de crianças adolescentes e jovens que vivem em situação de risco social.

Além do trabalho em grupo, na realização das oficinas,os educadores musicais, mesmo que inconscientemente, desenvolviam algumas atividadesde Técnica, Execução, Composição, Literatura e Apreciação musical - (T)EC(L)A13 - apontados por Swanwick (2003) como atividades fundamentais da música enquanto fenômeno e experiência. Os eixos de classificação apontados no gráfico 01, estão relacionadosa algumas atividades do (T)EC(L)A.

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Tradução do modelo pedagógico de educação musical proposto por Swanwick (1979) chamado C(L)A(S)P que enfatiza a centralidade da experiência musical ativa através das atividades de composição - C -, apreciação - A - e performance – P ,ao lado de atividades de “suporte” agrupadas sob as expressões aquisição de habilidades (skillacquisition) - (S) - e estudos acadêmicos (literaturestudies) - (L). No Brasil C(L)A(S)P é conhecido pela tradução “(T)EC(L)A, em que (T) representa ‘técnica’; E, ‘execução’; C, ‘composição’; (L), ‘estudos acadêmicos’ e A, ‘apreciação’(FRANÇA; SWANWICK, 2002, p.17-18).

Como podemos ver no gráfico, as atividades de apreciação, técnica e conteúdos teóricos (literatura)estão diretamente subordinadas às atividades de execução, que somadas a discussão/reflexão, são por assim dizer as principaisatividades das ONGs do município de Mossoró. Corroborando com o que diz Swanwick (2003) quando fala que a literatura e a técnica não podem ser entendidos como o foco das atividades musicais, mais sim essas atividades precisam permear o fazer musical. Através dessa atividades de música, os educandos aprendem a tocar um instrumento, ao mesmo tempo em que refletem sobre as suas condições sociais e o seu papel enquanto cidadão.

Se tratando do processo de planejamento e avaliação dessas oficinas, a maioria dos educadores musicais apontam realizar planejamento e avaliação semanalmente, mas em alguns casos eles não avaliam as oficinas para retroalimentarem seus planejamentos. Apontando que o processo de planejamento e avaliação em alguns casos mostra-se falho, constatado que o planejamento, muitas vezes, serve apenas para ser colocado no papel, mas na prática, não se tem ideia do que deu certo e do que precisa melhorar (HENTSCHKE; DEL BEM, 2003).

Em todos os casos investigados, foi identificado que não existe um documento norteador que sirva de base para o planejamento dos educadores musicais. Fazendo com que eles se baseiem na sua própria experiência e nas formações recebidas em cursos, como demonstra os relatos:

Educador 01: na minha experiência enquanto músico e no método