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MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM COM MÚSICA

3. Formação Docente

A formação docente é temática recorrente nos contextos políticos, educacionais. Entendida como um processo contínuo e permanente de aprendizagem, a formação compreende formação inicial, período de iniciação ao trabalho docente e desenvolvimento profissional.

Ao fazer uma análise das produções sobre a formação inicial Garcia (1999) revela que a formação inicial é o momento em que o professor adquire conhecimentos acadêmicos, pedagógicos e práticos que contribuíram para prática educativa. Para o autor a formação abrange atitudes, competências, conhecimentos que possibilitam ao professor a compreensão de situações complexas (GARCIA, 1999). De maneira semelhante Imbernón (2010) afirma que o futuro professor deve “apreender os fundamentos de uma profissão, o que significa saber por que se realizam determinadas

ações ou se adotam algumas atitudes concretas, e quando e por que será necessário fazê- lo de outro modo” (IMBERNÓN, 2010, p. 67-68). Abrangendo os campos cientifico, cultural, contextual, psicopedagógico e pessoal a formação inicial visa uma atitude critica e reflexiva considerando a complexidade do contexto em que o professor estará inserido.

Já a iniciação profissional caracteriza-se como um período de amadurecimento em que os professores fazem a transição de estudantes para professores. Esse momento é caracterizado pela aquisição de conhecimento profissional advindos de tensões e aprendizagens que surgem nos contextos em que eles estão inseridos.

A última fase da formação docente, desenvolvimento profissional, é contínua e está relacionada com o trabalho e a carreira docente, ou seja, com o desenvolvimento pessoal do professor, a sua interação com a comunidade escolar e a organização da escola, do currículo e do ensino (GARCIA, 1999). Segundo Garcia (1999), esse desenvolvimento relaciona-se com o proposito de modificar as atividades institucionais e transformar a prática pedagógica visando à melhor aprendizagem dos alunos. Nessa mesma perspectiva, Imbernón (2010) associa os processos de formação de professores a profissionalização docente. Para esse teórico, as mudanças ocorridas na história da educação refletem na profissão docente, cujo profissional deve assumir novas competências pedagógica, científicas e culturais. A formação então é constituída como um espaço “de participação, reflexão e formação para que as pessoas aprendam e se adaptem para poder conviver com a mudança e com a incerteza” (IMBERNÓN, 2010, p. 15).

A formação docente, segundo Pimenta (1999), deve contribuir para o exercício da atividade docente. Para a autora, com o processo de formação docente, o professor deve ser capaz de mobilizar conhecimentos, atitudes, habilidades, de acordo com as necessidades da realidade em que se encontra, construindo saberes que constituem sua atividade docente o ensinar. Complementando o pensamento de Pimenta, Tardif (2011) “ensinar é mobilizar uma ampla variedade de saberes, reutilizando-os no trabalho para adaptá-los pelo e para o trabalho” (TARDIF, 2011, p. 21). O trabalho então, é o espaço em que o professor mobiliza, reproduz, adapta os saberes produzindo a sua prática profissional (TARDIF, 2011).

Considerando a relação entre trabalho docente e formação, esta pesquisa é relevante uma vez que se propõe a conhecer a realidade dos profissionais que atuam

com música na EI em Brasília para melhor qualificar sua formação tanto nos cursos de pedagogia quanto nos cursos de formação de professores de música.

4. Metodologia

Como o objetivo da pesquisa é investigar a formação e atuação de profissionais que trabalham com a música na Educação Infantil, optou-se pelo surveys como método de pesquisa. Os surveys “estudam uma amostra de uma determinada população, coletando dados sobre os indivíduos na amostra, para descrever e explicar a população que representam.” (BABBIE, 2005, p. 107; COHEN, MANION, 1994), sendo os dados coletados por meio de um questionário. Porém, devido à baixa taxa de respostas, optou- se por outras técnicas para obtenção dos dados. Assim, nesta pesquisa, a metodologia foi um estudo quali-quantitativo de pequeno porte com questionários, entrevistas e observação. A coleta de dados foi realizada em três fases: 1) distribuição de questionário para conhecer a formação dos professores atuantes na EI; 2) entrevistas com professores de música, licenciados para aprofundar informações sobre sua prática docente e sua interação na escola, e 3) observações de algumas aulas para auxiliar a realização das entrevistas. O questionário foi elaborado com questões abertas e fechadas, que possibilitam o respondente opinar, justificar e dar sugestões. As entrevistas seguiram um roteiro estruturado com base nas respostas dos questionários dos professores selecionados.

Para definir a amostra da pesquisa, foram coletadas informações em documentos da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. Segundo o Censo Escolar, a Educação Infantil (EI) na cidade é oferecida em 641 instituições educacionais. Ela ocupa o segundo lugar com relação ao número de instituições (públicas e particulares) da Educação Básica, ficando entre o Ensino Fundamental (967escolas) e o Ensino Médio (205 escolas). O grande número de escolas (641) exigiu uma seleção intencional por região administrativa que possibilitasse fácil acesso: Coordenação Regional de Ensino Plano Piloto/Cruzeiro (CRE-PP/Cruzeiro) com 117 instituições. Em seguida foi realizado o contato, telefônico ou presencial, com as escolas para verificar a presença desses profissionais. Das 117 escolas, 50,4% (59 escolas) afirmaram contar com a presença de um profissional (leigo ou formado) que trabalham especificamente a música. Após esse levantamento, foi encaminhado, por email ou pessoalmente, um questionário auto-administrado para os profissionais das 59 escolas identificadas. Após 2 meses de contato e solicitação de retorno dos

questionários, apenas 22% (13 profissionais) responderam. Dentre os respondentes, foram identificados 5 (38, 4%) professores licenciados em Educação Artística, com habilitação em Música.

Após análise dos dados oriundos das respostas ao questionário optou-se pela realização de entrevistas com a finalidade de aprofundar algumas informações sobre a prática dos profissionais e sobre a sua interação na escola. A observação também foi considerada para auxiliar a realização das entrevistas, porém esta foi descartada, pois as escolas não permitiram a presença da pesquisadora. Assim, foram realizadas entrevistas com 70% (9 profissionais) que consentiram participar.