2.2 Deformações em nanotubos isolados
2.2.1 Experimentos de Duan, et al [42℄
O artigo desta subseção é, por assim dizer, a maior motivação para esta
dissertação. Elesegueo viésexpli itadopela on lusãodainvestiga proprie-
dades elastostáti as dosistema de nanotubosde arbono sobresubstrato de
dióxido de silí io(
SiO
2
)amorfo. Alguma dis ussão, essen ialmentequalita- tiva, se faz sobre a dinâmi a geradora dos resultados observados, mas nãose a pres reve quantitativamente. Talvez não seja exagero dizer que esta
dissertação se propõe justamente a forne er tal pres rição, juntamente om
algumas de suas impli ações.
Oartigoseresumeemseuter eiroparágrafo: nanotubosde arbonosobre
substrato de
SiO
2
amorfo, res idos de modo similar ao des ritoem 2.1.1 e em[29℄,masretilíneosede omprimentosdaordemde entenasde mi rme-tros, são nanomanipulados por um sistema AFM e, após, exibem um perl
ara terísti ode freqüên iapara diversos dosseus modos vibra ionais,oque
é apre iado om o uso da espe tros opia Raman. Após argumentação om
base nos dados, é on luído que os pers se devem a deformações relativas
que os tubos sofrem ao longo de si, de aráteres torsional e axial 8
, estas ge-
rando, também, mudanças na estrutura eletrni a dos nanotubos, o que é
observado através de alteraçõesnas intensidades das transiçõesóti as
E
ii
. Uma imagem que exempli a as nanomanipulações efetuadas pode servista nagura 2.3, juntamente om os pers de freqüên ia de espalhamento
Raman para o modo radial (RBM, em inglês) e um modo
G
do nanotubo apósamanipulação. Aexpli açãodosporquês,dadapelosautores,sebaseia,emessên ia, emdoisfatos: primeiro,asalteraçõesnasfreqüên iasdosmodos
vibra ionais dos nanotubos se estendem muito além da região perturbarda
8
Com base na dis ussão do apítulo 1, seção 1.1, orrespondem a, respe tivamente,
mudançasnas omponentes
uφφ
euzz
dotensorde deformaçãodonanotubode arbono, omr, z, φ
as oordenadas ilíndri asusuais.Figura 2.3: Nanomanipulação de nanotubos de arbono sobre substratos
de
SiO
2
amorfo. a) Imagem por AFM. b) Perl de RBM antes (quadra- dos pretos,vazados)eapós(quadradosvermelhos, heios)nanomanipulação.Detalhe refere-se ao mesmo grá o. ) Idem, mas para modo
G
. Adaptado de [42℄.pelananomanipulação;segundo, o RBM não depende de deformações
u
zz
9.
Asimpli açõesdestesdoisfatossãoimportantes: oprimeiroforne ejusti-
ativapara ex luirefeitos om ara terísti alo al omo sendoosresponsá-
veispredominantes pelos fenmenosobservados. Dentre estesefeitos, itam-
se transferên ia de arga, temperaturae interação om o substrato. Sobra,
pois,apropagaçãodeperturbaçõesme âni asnaformade deformação omo
expli ação. Porém, não qualquer tipo de deformação: exão, ambagem 10
e ompressões radiais seriam limitadas ao lugar de nanomanipulação e são,
9
Verreferên ias
1
e13
desteartigo,respe tivamenteas[61℄e[63℄destadissertação. A [63℄ serátratada napróximasubseção,2.2.2.desta maneira, des artadas.
Então, torsão e extensões axiais são as deformações responsáveis pelo
efeito. O segundo fato, portanto, utiliza justamente esta on lusão para
forne erumaoutra: emlo aisondenão háalteraçãopara oRBM,alterações
para o espe tro sedevem, somente, adeformaçõesaxiais.
Assim, identi ada a origem físi a das alterações nos espe tros Raman,
restam expli arem-se tanto suas formas nais, quanto o fato de diferentes
modos vibra ionaisresponderem diferentementeàs perturbações.
Para a primeirapendên ia, a gura 2.3nos mostra que os pers Raman
apresentam, om relação ao ponto de nanomanipulação, um formato simé-
tri o de M, ou W, para os asos de res imento ou de res imento das
freqüên ias, respe tivamente. Uma justi ativa qualitativa para isto pode
ser vista na gura 2.4: durante a nanomanipulação, a deformação no tubo
de ai om a posição, a partir do ponto em que se apli a a força, devido ao
atrito entre o tubo e o substrato. Se supusermos uma força de atrito ons-
tante, estede aimentodeverá serlinear 11
. Se levarmosem ontaasequações
(1.10) e (1.25), isto impli a em forças volumétri as onstantes ao longo do
nanotubo. Portanto, quando da interrupção da apli ação de força via apa-
ratodeAFM,oúni olo al omforçanãonulaéolo aldeapli açãodaforça,
e,pois,arelaxaçãoseini ia aíesepropagapelotubo,até essar,poratrito.
Isto justi a os pers observados, se onsiderarmosa ressalva feitana seção
1.3, aqual onsidera que o regime de pequenas deformações orresponde ao
regime de pequenosdeslo amentos om baixas energias.
Figura 2.4: Formação de perl de deformação, sob suposição de força de
atrito
f
onstante entre tubo e substrato. a) Durante puxão, deformação res e linearmente. b) Relaxação o orre até erto ponto, quando pára poratrito estáti o. Adaptado de [42℄.
Quanto à segunda pendên ia, os autores se valem duma expli açãoqua-
litativabaseada nas ligaçõesentre os átomosde arbono do nanotubo: para
deformações torsionaisse argumenta que,duranteuma torsão, algumas dis-
tân ias entre determinados átomos de arbono aumentam, ao passo que ou-
11
tras diminuem 12
. Deste modo, sob torsão,determinados modos vibra ionais
terão suas freqüên ias aumentadas - quando as distân ias diminuirem - ou
diminuidas - quando as distân ias aumentarem - e isto expli a as diferentes
respostas observadas natabela1 doartigo, nasua página 2119.
Já om relaçãoàsdeformaçõesaxiais,sua propagação quase semprepro-
duz efeitos extensivos 13
, o que expli a todos os modos sensíveis a este tipo
de deformaçãoapresentarem operlde W,enão odeM.Defato, omoa
fraseanteriorindi a,hámodosinsensíveisàsdeformaçõesaxiais,umexemplo
sendo, assim omo o RBM, o
E
2G
, e a justi ativa para isso provém destes modos serem,geometri amente, ir unferen iais.Doispontos adi ionaisde [42℄ valemser omentados,por m. Como tor-
são pode levar àquebra de simetria, éesperado que modos
G
se desdobrem em mais dum modo, apresentando múltiplos pi os de intensidade no espe -tro. Isto, de fato, é observado experimentalmente. O segundo ponto é que,
evidentemente, deformação altera a estrutura eletrni a do nanotubo 14
, o
que ausa alteração naintensidade dos pi os Raman observados.
Em on lusão, a dis ussão feitao foi nosentido de ressaltar arelevân ia
doartigo[42℄,que ontribuiparauma ompreensãofundamentaldasproprie-
dadeselásti asdenanotubossobresubstratos,remontandonãosóàdis ussão
da subseção 2.1.1, omo mostrando a utilidadeda té ni a de espe tros opia
Raman noestudo de tais propriedades- além de ser não invasiva,permiteo
estudo de efeitosde longo e urtoal an e, om pre isãoqueatornariaútila
apli ações.