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CAPÍTULO III ANÁLISE DOS DADOS AUTOBIOGRÁFICOS

1. FAMÍLIA DE ORIGEM

Figuras parentais

A figura parental masculina é assumida em 67 dos casos pelo pai biológico, em 7 ocasiões está ausente, em 5 casos é um padrasto e em 1 situação é desconhecida.

Na análise "percurso profissional integral" encontramos uma diferença significativa (valor de P=0,038; quadro 1), pois à medida que nos deslocamos dos primeiros para os últimos grupos (isto é, dos mais vinculados ao trabalho, para os menos vinculados ao trabalho), nomeadamente no 7o e 8o, a percentagem de sujeitos com padrastos, pais ausentes e pai desconhecido aumentam, parecendo que estas situações acontecem mais frequentemente nos sujeitos com menor vinculação ao trabalho. Contudo, esta diferença significativa não se confirma nas restantes análises.

Quadro 1 - Comparação dos 8 grupos do percurso profissional integral para a figura parental masculina

Grupo: Percurso Profissional Integral

Figura parental masculina/grupo 1 2 3 4 5 6 7 8 Total Pai 17 15 9 7 2 4 2 7 63 Padrasto 1 1 0 0 0 0 0 2 4 Pai ausente 1 1 1 2 0 0 0 2 7 Pai desconhecido 0 0 0 0 0 0 1 0 1 Total 19 17 10 9 2 4 3 11 75

Relativamente à figura parental feminina foi possível determinar quem assume este papel em 75 casos, verificando-se que 68 dos casos são assumidos pela mãe, 3 por madrastas e em 4 casos a figura materna está ausente.

Na amostra total foi possível caracterizar a actividade profissional das figuras parentais masculinas em 54 situações. A grande maioria (38) exerce profissões indiferenciadas, existindo 8 casos com profissões diferenciadas, 6 reformados e 2 exercem actividades especializadas.

Caracterizaram-se as actividades profissionais das figuras parentais femininas, em 64 casos, observando-se que 27 são domésticas, 26 indiferenciadas, 10 reformadas e 1 caso diferenciada.

Na análise "sujeitos que predominantemente trabalharam e predominantemente não trabalharam/durante a reclusão", verificou-se que entre os 35 sujeitos que trabalharam 20 das figuras parentais femininas assumem-se como domésticas, 9 indiferenciadas, 5 reformadas e 1 diferenciada. No grupo dos sujeitos que não trabalharam das 29 figuras parentais femininas, 17 trabalham como indiferenciadas, 7 domésticas e 5 reformadas.

Relativamente às figuras parentais masculinas observaram-se 16 casos de consumos excessivos de bebidas alcoólicas, não se registando outro tipo de adições. Somente em duas situações se verificou o seu envolvimento na prática de crimes.

No que toca às figuras parentais femininas registaram-se 2 casos de consumos excessivos de bebidas alcoólicas e outros tantos casos de envolvimento na prática de crimes.

Filhos da família de origem

As famílias de origem dos sujeitos têm, em média, 5,9 filhos por casal.

Na análise "percurso profissional integral" encontramos uma diferença significativa (valor P=0,006; quadro 2). A variável apresenta diferenças significativas, pois os 3o e 5o grupos apresentam, em média, um número de filhos muito superior à média geral e o 6o grupo apresenta uma média bem inferior à mesma média geral. Contudo, trata-se de resultados que não parece importante explorar para o nosso estudo.

Quadro 2 - Comparação dos 8 grupos do percurso profissional integral para o número de filhos da família de origem

Grupo do percurso profissional integral

N° de filhos na família de origem/grupos 1 2 3 4 5 6 7 8 Média

Número 4,8 5,9 9,1 6,3 9,5 3,5 5,3 5,3 5,9

Observaram-se 17 famílias de origem em que outros filhos que não os sujeitos da amostra registaram adições, sendo 5 casos de álcool, 5 de drogas leves e 7 de drogas duras.

Simultaneamente, 14 famílias integram outros filhos com registo de condenações.

Verifica-se uma diferença significativa, na análise "sujeitos que predominantemente trabalharam e sujeitos que predominantemente não trabalharam/durante a reclusão", pois nas famílias dos sujeitos que predominantemente não trabalham verifícaram-se 9 condenações e nas famílias dos sujeitos que predominantemente trabalharam só se registaram 5 casos.

Ambiente familiar

No que se refere à afectividade avaliaram-se 74 famílias, registando-se 41 valores médios, 30 fracos e 3 bons.

Relativamente à estruturação do ambiente familiar, em 74 famílias, obtiveram-se 50 valores fracos, 23 médios e, apenas, 1 valor bom.

Foi possível avaliar a supervisão familiar de 74 famílias, registando-se 56 valores fracos e 18 médios.

No que se refere à integração dos sujeitos na família, relativamente às 74 famílias, registaram-se 43 casos com valores fracos e 31 com valores médios.

A integração familiar apresenta as seguintes diferenças significativas:

- Na análise "sujeitos em liberdade condicional e sujeitos reclusos" os sujeitos em liberdade condicional apresentam 24 valores médios e 15 fracos, enquanto os sujeitos reclusos apresentam 31 valores fracos e 9 valores médios.

- Na análise "sujeitos que predominantemente trabalharam e sujeitos que predominantemente não trabalharam/antes da reclusão", os que trabalharam apresentam 29 valores fracos e igual valor para os médios. Contudo, este equilíbrio desfaz-se no caso dos sujeitos que não trabalham, que apresentam 17 fracos e 4 médios.

- Na análise "sujeitos que predominantemente trabalharam e sujeitos que predominantemente não trabalharam/depois da reclusão", os que trabalharam apresentaram 20 sujeitos com resultados de integração familiar médios e 14 com resultados fracos. Os que não trabalham apresentam 29 fracos e 11 médios.

- Na análise "sujeitos que sempre trabalharam, que trabalharam intermitentemente e que nunca trabalharam/depois da reclusão", verificou-se que entre os sujeitos que sempre trabalharam 20 obtêm valores médios contra 13 com valores fracos; entre os que nunca trabalharam registam-se 7 valores fracos e 1 médio; e os que trabalharam intermitentemente revelam 23 casos fracos e 10 médios.

- Na análise "sujeitos que sempre trabalharam, que predominantemente trabalharam que predominantemente não trabalharam e que nunca trabalharam/antes da reclusão" verificamos que os indivíduos que sempre trabalharam apresentam 13 resultados médios e 10 fracos, os que predominantemente trabalharam obtêm 19 casos fracos e 16 médios e os que predominantemente não trabalham 17 casos fracos e 4 médios.

- Na análise "sujeitos que sempre trabalharam, que predominantemente trabalharam que predominantemente não trabalharam e que nunca trabalharam/depois da reclusão", os sujeitos que sempre trabalharam apresentam 20 casos com valores médios e 13 com valores fracos. Os que nunca trabalharam apresentaram 7 valores fracos e 1 médio.

Comunidade

Na amostra total foi possível avaliar a comunidade em que o sujeito se insere em 74 casos, encontrando-se 52 situações com avaliações médias, 19 fracas e 3 boas.

- Na análise "sujeitos que sempre trabalharam, trabalharam intermitentemente e nunca trabalharam/durante a reclusão" encontra-se uma diferença significativa pois os sujeitos que sempre trabalharam apresentam 17 casos com valores médios, 6 fracos e 1 bom, os sujeitos que nunca trabalharam revelaram 7 casos fracos e 2 médios e os que trabalharam intermitentemente apresentam 36 valores médios, 8 fracos e 2 bons.

- Na análise "sujeitos que sempre trabalharam, que predominantemente trabalharam que predominantemente não trabalharam e que nunca trabalharam/durante a reclusão" também se encontram diferenças significativas porque os sujeitos que sempre trabalharam apresentam 14 valores médios, 9 fracos e 1 bom; os que nunca trabalharam dividem-se entre 7 fracos, e 2 médios; os que predominantemente trabalharam apresentam 10 médios, 8 fracos, e 1 bom; e finalmente os que predominantemente não trabalharam dividem-se em 17 médios e 10 fracos.

Relativamente à imagem da família de origem na comunidade, na amostra total foi possível avaliar a imagem da família de origem do sujeito pela comunidade em 74 casos, obtendo-se 40 valores médios, 32 fracos e 2 bons.

Situação económica

No que se refere à situação económica foi possível avaliar a situação económica da família de origem de 71 sujeitos, registando-se 49 casos de resultados inferiores ao

salário mínimo, 19 equivalentes àquele salário e somente 3 famílias com salários acima daqueles valores.

1.6. Situação habitacional

Foi possível caracterizar a situação residencial de 60 sujeitos, registando-se 30 situações residenciais fracas, 26 médias e 4 boas.

Residem numa casa 28 famílias, 17 num andar, 12 em barracas, 2 em parte de casa e 1 é sem abrigo.

Defmiu-se a propriedade da habitação em 58 casos, vivendo em casa arrendada 37 sujeitos, 16 residem em casa própria e 5 noutras situações.