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CAPÍTULO II ANÁLISE DOS DADOS HETERO-BIOGRÁFICOS

1. A FAMÍLIA DE ORIGEM

• Analisando as figuras parentais da família de origem dos sujeitos verifica-se que em 84% dos casos as figuras parentais masculinas foram assumidas pelos pais biológicos, em 9% das situações estas figuras estiveram ausentes, em 6% dos casos verificou-se a existência de padrastos e em 1% das situações o pai não foi conhecido.

A figura parental feminina foi assumida em 91% dos casos pelas mães biológicas, em 5% das situações a figura materna esteve ausente e em 4% das situações verificou-se a existência de madrastas.

• Quando caracterizámos as actividades profissionais das figuras parentais masculinas, observámos que 70% exerceu actividades profissionais indiferenciadas,

19% realizou actividades com alguma especialização e 11% estava reformado.

As actividades profissionais das figuras parentais femininas repartiram-se entre domésticas (42%), actividades profissionais indiferenciadas (40%), reformadas (16%) e só 2% exerceram uma actividade profissional diferenciada.

• As figuras parentais masculinas apresentaram 20% de casos de consumos excessivos de bebidas alcoólicas, não se registando outro tipo de adições. As figuras parentais femininas apenas registaram dois casos de consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Importa sublinhar uma percentagem muito elevada de alcoolismo das figuras parentais masculinas, pelo que os comportamentos aditivos estiveram presentes, desde muito cedo, nas famílias de origem dos sujeitos.

• As figuras parentais masculinas e femininas só excepcionalmente se envolveram na prática de crimes.

• As famílias de origem apresentam, em média, 6 filhos por casal, tratando-se de famílias numerosas.

• Relativamente às adições de outros filhos da família de origem que não os sujeitos, verifícaram-se problemas de álcool ou drogas em 21% das famílias.

Depois de observarmos q ue 20% das figuras parentais masculinas apresentaram problemas de alcoolismo, importa agora sublinhar que 21% dos outros filhos da família de origem, que não os sujeitos, apresentaram problemas aditivos significativos. A conjugação dos resultados das duas variáveis parece-nos extremamente significativa, demonstrando a forte presença de comportamentos aditivos em diversos membros das famílias de origem, as quais na geração mais velha se centraram no consumo de álcool e nas gerações mais novas no consumo de estupefacientes.

• Verificaram-se condenações de outros filhos da família de origem que não os sujeitos, em 18% das famílias, o que nos parece um indicador muito importante.

As famílias dos sujeitos mais vinculados ao exercício de uma actividade profissional apresentaram um número menor de filhos com condenações do que as famílias dos sujeitos menos vinculados ao exercício de uma actividade profissional, cujo número de condenações dos filhos é bastante superior.

• O ambiente familiar das famílias de origem caracteriza-se pela existência de laços afectivos entre os diversos membros do agregado familiar, registando-se 55% de avaliações médias, 41% fracas e 4% boas.

Relativamente à estruturação familiar, 68% das avaliações são fracas, 31% são médias e 1% é boa, tratando-se de famílias em que o ambiente familiar é pouco estruturado.

Os dados obtidos ao nível da supervisão parental são em 76% dos casos fracos e 24% médios, pelo que, também a este nível, os resultados são negativos.

A integração dos sujeitos na família de origem obtém 58% de avaliações fracas e 42% médias, verificando-se diferenças significativas em algumas análises.

Analisando o ambiente das famílias de origem, podemos concluir tratar-se de famílias com fortes laços afectivos. Contudo, a maioria dos agregados familiares apresentou um ambiente familiar pouco estruturado não exercendo uma supervisão familiar adequada sobre os seus membros e revelando problemas na integração familiar dos sujeitos.

Ao nível da integração familiar, verificou-se que os sujeitos em liberdade condicional e os mais vinculados ao exercício de uma actividade profissional apresentaram uma melhor integração familiar do que os sujeitos reclusos ou menos vinculados ao trabalho. Este fenómeno repetiu-se em diversas análises, estabelecendo uma relação estreita entre as duas variáveis.

• A comunidade em que a família está inserida mereceu uma avaliação média em 70% dos casos, em 26% dos casos fraca e em 4% uma avaliação boa.

Importa sublinhar que os sujeitos mais vinculados ao exercício de uma actividade profissional estiveram inseridos em comunidades com avaliações mais positivas do que os sujeitos menos vinculados ao exercício de uma actividade profissional.

• A imagem da família de origem dos sujeitos junto da comunidade atingiu valores médios em 54% dos casos, fracos em 43% das situações e bons em 3% das situações.

Apesar de a imagem da família junto da comunidade ser maioritariamente positiva, as avaliações negativas são em número muito significativo, o que deixa entrever algumas dificuldades de inserção na comunidade.

• A situação económica da família de origem dos sujeitos revelou que em 69% dos casos, os salários são inferiores ao salário mínimo, em 27% das situações, os salários foram equivalentes a este valor e só 4% auferiu salários acima daquele valor, tratando- se de famílias pertencentes a estratos sócio-económicos desfavorecidos.

• A situação residencial da família de origem foi avaliada como fraca em 50% das situações, média em 43% dos casos e só em 7% dos casos foi boa, importando sublinhar que 20% das famílias residiram em barracas, sem quaisquer condições de

habitabilidade. Residiram em casa arrendada 64% das famílias, 27% em casa própria e 9% em situações diversas.