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Ferramentas de Monitorização – Acompanhamento de Supervisão

4. O Acordo de Basileia III

4.3. Basileia III – Normas Prudenciais Harmonizadas em matéria de Liquidez

4.3.3. Ferramentas de Monitorização – Acompanhamento de Supervisão

No que concerne às ferramentas de monitorização do risco de liquidez, também foi identificada pela Comissão de Basileia e Supervisão Bancária a necessidade de harmonizar as métricas relativas ao acompanhamento dos perfis de risco das instituições bancárias, pois no estudo que conduziu em 2009, constatou que a globalidade dos supervisores utilizava mais de 25 medidas e conceitos diferentes (BCBS, 2011a). Com intuito de fornecer maior consistência internacional ao processo de acompanhamento do risco de liquidez, esta desenvolveu um conjunto de métricas comuns que constituem os tipos mínimos de informação que os supervisores devem utilizar no exercício das suas funções (BCBS, 2011a, BCBS, 2010a).

Assim, consonante com a postura relativa às disposições respeitantes ao capital e à supervisão do cumprimento dos seus requisitos, a Comissão de Basileia reforçou de igual modo as ferramentas de monitorização do risco de liquidez, melhorando e uniformizando a qualidade da informação, na qual é baseado todo o processo de avaliação desenvolvido pelos supervisores. As ferramentas de monitorização introduzidas são essencialmente métricas142 que refletem a evolução de determinados aspectos-chave que, juntamente com os indicadores LCR e NSFR constituem a pedra angular, em termos de informação, do processo de avaliação do risco de liquidez de um banco (BCBS, 2010a). As métricas introduzidas dizem respeito a cinco áreas distintas (BCBS, 2011a, BCBS, 2010a):

i. Desfasamento Contratual de Maturidades

Defende-se a condução frequente, por parte dos bancos, de processos de avaliação do desfasamento contratual das maturidades, com o intuito de melhorar a sua compreensão acerca das suas necessidades de liquidez. Esta métrica143 pretende

142 Importa referir que, os supervisores têm liberdade para utilizar ferramentas e métricas adicionais

adequadas à captação de elementos do risco de liquidez específicos à jurisdição em causa, permitindo- lhes assim complementar o seu quadro de informação no processo de avaliação do risco de liquidez (Comissão de Basileia e Supervisão Bancária, 2010).

143 É da responsabilidade dos bancos o fornecimento dos dados em bruto (Cash-Inflows e Cash-Outflows

contratualizados, de dentro e fora do balanço, mapeados num horizonte de tempo com base nas suas maturidades) aos supervisores (CBSB,2010).

108 | P á g i n a fornecer informação acerca dos compromissos contratuais ao longo de um horizonte de tempo, sendo útil para a comparação dos perfis de risco de liquidez de diferentes instituições, e identifica, ao longo do horizonte temporal definido, potenciais necessidades de liquidez, permitindo assim aferir, até que ponto um determinado banco depende da transformação de maturidades no âmbito dos seus contratos atuais.

ii. Concentração de Financiamento

Esta métrica procura identificar fontes de financiamento por grosso de elevada importância, cuja impossibilidade de aceder às mesmas poderia ocasionar problemas de liquidez à instituição bancária monitorada. Para tal é efectuada uma análise às concentrações de financiamento por grosso fornecido por contrapartes, instrumentos e moedas específicos. Esta auxilia na avaliação da dimensão dos riscos de liquidez de financiamento que podem ocorrer, caso o acesso a uma ou mais fontes de financiamento desta envergadura seja impossibilitado. Assim sendo, esta métrica encoraja os bancos a adoptarem uma postura de diversificação das suas fontes de financiamento, tal como recomendado pelo sétimo princípio dos Principles for Sound Liquidity Risk

Management and Supervision (BCBS, 2008).

iii. Disponibilidade de Ativos Livres

Esta métrica tem por objectivo fornecer aos supervisores informação acerca da quantidade de ativos livres que um banco dispõe, que poderiam, potencialmente, ser utilizados como colaterais para a obtenção de financiamento garantido, quer no mercado secundário quer em facilidades permanentes do Banco Central. Assim, os seus resultados permitem aos bancos e aos seus supervisores tomar consciência, da potencial capacidade dos primeiros obterem financiamentos garantidos adicionais, tendo em consideração que, perante um cenário adverso, esta capacidade tende a diminuir.

iv. Rácio de Cobertura de Liquidez por moeda significativa

Esta métrica pretende monitorar o nível global e a tendência da exposição de um banco a uma moeda com importância significativa, com base no reconhecimento do

109 | P á g i n a risco de taxa de câmbio enquanto componente do risco de liquidez; assim, a nova regulação defende que o LCR deve ser avaliado em cada moeda com importância significativa, permitindo desta forma, aos bancos e aos seus supervisores acompanharem o surgimento de potenciais questões de incompatibilidade cambial.

v. Ferramentas de monitorização relacionadas com o mercado

A elevada frequência com que são gerados e divulgados dados do mercado permite que estes sejam utilizados como indicadores de alerta no processo de acompanhamento e identificação de potenciais dificuldades de liquidez nos bancos. Dada a diversidade de tipos de dados disponíveis no mercado, é importante segmentar a informação, de modo a ser possível, aos supervisores, concentrarem-se em potenciais dificuldades de liquidez específicas; assim, a nova regulação distingue três perspectivas144 de análise de informação: informação do mercado como um todo; informação sobre o sector financeiro; e, informação sobre um banco específico. Dados como: preços de ações, prémios de credit default swap, informação relativa à capacidade da própria instituição se autofinanciar e se financiar nos vários mercados de financiamento, e o respectivo preço que ela pagaria para o fazer, são alguns dos dados disponíveis no mercado, cuja avaliação no seu todo, permitirá aos supervisores identificar potenciais dificuldades de liquidez num banco específico e no sector que integra.

Assim sendo, quando os supervisores são confrontados com situações em que as métricas identificam uma tendência negativa, ou a deterioração de uma posição de liquidez, ou um atual ou potencial problema de liquidez, estes devem tomar medidas corretivas,145 de modo a minimizar os impactos potenciais das dificuldades de liquidez assinaladas.

144 É possível observar em maior detalhe o tipo de informação disponível em cada óptica de observação

no Anexo XVII (Quadro 9.16).

145 A Comissão de Basileia e Supervisão Bancária no seu 16º princípio dos Principles for Sound Liquidity Risk Management and Supervision fornece um conjunto de possíveis medidas que poderão ser adoptadas

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