• Nenhum resultado encontrado

Odair José

Mestre em Sociologia pela Universidade de Brasília (2002), Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás (1999) e atualmente está cursando o 6o período de Direito pelo Centro Universitário de Brasília.

É professor da Faculdade Processus-DF. Tem experiência nas áreas de Sociologia, Filosofia do Direito, História

do Direito e em Ciência Política com ênfase em Sociologia Jurídica e Teoria do Estado, atuando principalmente nos seguintes temas: Estado, Direito e Sociedade.

1. (FGV/OAB/EXAME XXXI/2020) Temos, pois, de-finido o justo e o injusto. Após distingui-los assim um do outro, é evidente que a ação justa é inter-mediária entre o agir injustamente e o ser vítima da injustiça; pois um deles é ter demais e o outro é ter demasiado pouco (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973).

Em seu livro Ética a Nicômaco, Aristóteles apre-senta a justiça como uma virtude e a diferencia daquilo que é injusto. Assinale a opção que define aquilo que, nos termos do livro citado, deve ser entendido como justiça enquanto virtude.

a. Uma espécie de meio-termo, porém não no mes-mo sentido que as outras virtudes, e sim porque se relaciona com uma quantia intermediária, enquan-to a injustiça se relaciona com os extremos.

b. Uma maneira de proteger aquilo que é o mais con-veniente para o mais forte, uma vez que a justiça como produto do governo dos homens expressa sempre as forças que conseguem fazer valer seus próprios interesses.

c. O cumprimento dos pactos que decorrem da vida em sociedade, seja da lei como pacto que vincula todos os cidadãos da cidade, seja dos contratos que funcionam como pactos celebrados entre par-ticulares e vinculam as partes contratantes.

d. Um imperativo categórico que define um modelo de ação moralmente desejável para toda e qualquer pessoa e se expressa da seguinte maneira: “Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por meio da tua vontade, uma lei universal”.

Comentário

A justiça, para Aristóteles, caracteriza-se como o justo meio, as porções que faltam ou que excedem ensejarão injustiça, seja por falta, seja por excesso.

2. (FGV/OAB/EXAME XXV/2018) Uma punição só pode ser admitida na medida em que abre chan-ces no sentido de evitar um mal maior (Jeremy Bentham).

Jeremy Bentham, em seu livro Princípios da Moral e da Legislação, afirma que há quatro casos em que não se deve infligir uma punição. Assinale a opção que corresponde a um desses casos cita-dos pelo autor na obra em referência.

a. Quando a lei não é suficientemente clara na puni-ção que estabelece.

b. Quando o prejuízo produzido pela punição for maior do que o prejuízo que se quer evitar.

c. Quando o juiz da causa entende ser inoportuna a aplicação da punição.

d. Quando o agressor já sofreu o suficiente em fun-ção das vicissitudes do processo penal.

Comentário

O utilitarismo pauta-se por alguns princípios, dos quais se destacam o bem-estar, o consequencia-lismo e a otimização. Nesse sentido, até mesmo a punição operada pelo Estado deve se pautar pelos princípíops do utilitarismo. Assim, para Benthan, existem as circunstâncias segundo as quais a puni-ção não atende a esses princípios e, por esse mo-tivo, não convém punir nas seguintes hipóteses: (i) não há prejuízo a evitar; (ii) a punição só pode ser ineficaz; (iii) prejuízo pode ser evitado; (iv) inútil ou excesso de dispêndio.

3. (FGV/OAB/EXAME XXVII/2018) Concebo, na es-pécie humana, dois tipos de desigualdade: uma que chamo de natural ou física, por ser estabeleci-da pela natureza e que consiste na diferença estabeleci-das idades, da saúde, das forças do corpo e das quali-dades do espírito e da alma; a outra, que se pode chamar de desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção e que é estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo con-sentimento dos homens (ROUSSEAU, Jean-Jac-ques. Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978). Levando em consideração o trecho acima, assi-nale a afirmativa que apresenta a perspectiva de Rousseau sobre como se coloca o problema da desigualdade.

a. As desigualdades naturais são a causa das desi-gualdades morais, uma vez que as diferenças na-turais se projetam na vida política.

b. As desigualdades naturais são inaceitáveis; por isso, o homem funda a sociedade civil por meio do contrato social.

c. As desigualdades naturais são aceitáveis, mas as desigualdades morais não o são, pois consistem em privilégios de uns sobre os outros.

d. Todas as formas de desigualdade consistem num fato objetivo, devendo ser compreendidas e tole-radas, pois elas geram o progresso humano e pro-duzem mais bens do que males.

Comentário

Rousseau identifica duas desigualdades: uma, na-tural; e outra, resultante das convenções humanas, sendo que esta ele chama de moral ou política. As desigualdades naturais são, na verdade, as diferen-ças entre os indivíduos resultantes de fatores natu-rais, tais como idade, saúde ou força. Essas diferen-ças não têm como ser alteradas, porque estão na própria natureza, mas as desigualdades morais ou políticas, que ensejam desigualdades econômicas, por exemplo, podem e devem ser combatidas.

4. (FGV/OAB/EXAME XIX/2016) Segundo o filósofo Immanuel Kant, em sua obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes, a ideia de dignidade hu-mana é entendida

a. como qualidade própria de todo ser vivo que é ca-paz de sentir dor e prazer, isto é, característica de todo ser senciente.

b. quando membros de uma mesma espécie podem ser considerados como equivalentes e, portanto, iguais e plenamente cooperantes se eles possuem dignidade.

c. como valor jurídico que se atribui às pessoas como característica de sua condição de sujeitos de direitos.

d. como algo que está acima de todo o preço, pois quando uma coisa tem um preço pode-se pôr em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço e, portanto, não permite equivalência, então ela tem dignidade.

Comentário

A noção de dignidade é tida pelo filósofo Kant como elemento que se liga ao próprio indivíduo, à sua con-dição essencial de humano. É por esse motivo que ela não pode se submeter a precificação, a qualquer tipo de valoração não humano.

5. (FGV/OAB/EXAME XXXII/2021)Norberto Bobbio, em seu livro O Positivismo Jurídico: lições de Fi-losofia do Direito, afirma que o positivismo jurídico é uma teoria na medida em que se propõe a des-crever o Direito, mas que também pode ser uma ideologia na medida em que se propõe a ser um certo modo de querer o Direito.

Assinale a opção que, segundo Bobbio, no livro em referência, expressa essa suposta ideologia do positivismo jurídico, denominada por ele posi-tivismo ético.

a. A ética como fundamento moral para a autoridade competente propor e aprovar a lei.

b. A lei só é válida se for moralmente aceitável por parte da maioria da população.

c. A lei deve ser obedecida apenas na medida em que se revelar socialmente útil.

d. O dever absoluto ou incondicional de obedecer a lei enquanto tal.

Comentário

Nessa questão é preciso observar que Bobbio traba-lha com o Positivismo a partir de duas perspectivas

distintas, uma teórica, nesse caso a o positivismo se propõe a uma análise do que é o direito, portanto, ele é descritivo; a outra é ideológica, nesse sentido, já não se está mais no campo do ser, mas do de-ver ser, nessa perspectiva o positivismo jurídico se apresenta como dever absoluto ou incondicional de obediência da lei enquanto tal.

6. (FGV/OAB/EXAME XXVI/2018) Em seu livro Le-vando os Direitos a Sério, Ronald Dworkin cita o caso “Riggs contra Palmer” em que um jovem ma-tou o próprio avô para ficar com a herança. O Tri-bunal de Nova Iorque (em 1889), ao julgar o caso, deparou-se com o fato de que a legislação local de então não previa o homicídio como causa de exclusão da sucessão. Para solucionar o caso, o Tribunal aplicou o princípio do direito, não legisla-do, que diz que ninguém pode se beneficiar de sua própria iniquidade ou ilicitude. Assim, o assassino não recebeu sua herança. Com base na obra ci-tada, assinale a opção que melhor expressa uma das pretensões fundamentais da jusfilosofia de Ronald Dworkin.

a. Revelar que a responsabilidade sobre o maior ou menor grau de justiça de um ordenamento jurídico é exclusiva do legislador, que deve sempre se es-forçar por produzir leis justas.

b. Mostrar como as Cortes podem ser ativistas quan-do decidem com base em princípios, não com base na lei, e que decidir assim fere o estado de Direito.

c. Defender que regras e princípios são normas jurí-dicas que possuem as mesmas características, de forma que se equivalem; por isso, ambos podem ser aplicados livremente pelos Tribunais.

d. Argumentar que regras e princípios são normas com características distintas, mas igualmente vinculantes e, em certos casos, os princípios po-derão justificar, de forma mais razoável, a deci-são judicial.

Comentário

As normas se dividem em regras e em princípios. Importante destacar que regras e princípios não são necessariamente excludentes entre si, mas é possí-vel que em dada situação as regras não respondam a contento as questões judiciais, nesses casos o jul-gador poderá lançar mão dos princípios como justi-ficador da decisão judicial. Esses princípios podem estar ou não expressos, o que importa é que neles estão presentes valores de como deve ser o direito, julgar com base neles é responder a esses valores.

Documentos relacionados