2 BASE TEÓRICO-EMPÍRICA
2.1 Relacionamentos em Marketing
2.1.6 A influência do Foco Regulatório pelas metas de Consumo
2.1.6.2 Foco Regulatório: Promoção e Prevenção
O foco regulatório é um modelo conceitual para entender a motivação, a
autorregulação e a busca de metas (HIGGINS, 1997:1998; MANTOVANI,
2011). Para Mantovani (2011) a teoria sugere que o sucesso e o fracasso são
interpretados de modos diferentes pelos indivíduos de acordo com um dos
tipos de foco regulatório, promoção ou prevenção.
Os indivíduos em Promoção têm uma orientação em atingir resultados
positivos, aproximando-se de ganhos e afastando-se de não-ganhos. Procuram
evitar erros de omissão e utilizam pontos de referência positivos para avaliar
seu progresso (foco no resultado final positivo, seus ideais, aspirações e
realizações) (HIGGINS, 1997;1999;2002; DHOLOKIA, et al, 2006; HIGGINS e
SCHOLER, 2009).
Os indivíduos em Prevenção têm uma orientação em evitar resultados
negativos, aproximando-se de não-perdas e afastando-se de perdas. Têm uma
preocupação com obrigações, deveres e responsabilidades, procurando evitar
erros de ação, utilizando pontos de referência negativos para avaliar o
progresso (HIGGINS, 1997;1999;2002; DHOLOKIA, et al, 2006; HIGGINS e
SCHOLER, 2009).
Da mesma forma como os indivíduos podem ter um foco regulatório com maior
relevância (ou dominante) oriundos de múltiplas experiências pessoais e da
própria criação, estes podem ser naturalmente estimulados por situações, ou
mesmo por primings análogos em testes para que sejam dominantes em
diferentes metas de consumo (HIGGINS, 1994:1997:1998; FRIEDMAN e
FORSTER, 2001; AAKER e LEE, 2001; GONÇALVES; 2009; MANTOVANI,
2011).
Em um experimento Higgins (1997) verificou que induzir diferentes tipos de
focos regulatórios causou a distorção da avaliação de aspectos positivos e
negativos de um produto. Estimulados com redações, os indivíduos com foco
regulatório de prevenção avaliaram mais negativamente aspectos negativos
dos produtos, enquanto que no foco de promoção, os indivíduos avaliaram
mais positivamente os aspectos positivos do produto.
Chernev (2004) demonstrou evidências que os indivíduos em promoção
avaliavam melhor produtos com aspectos hedônicos, enquanto em prevenção
avaliaram melhor produtos com aspectos utilitários. Para o autor isto teria
acontecido porque os indivíduos em promoção (prevenção) teriam avaliado
melhor as características hedônicas (utilitárias) como uma forma de maximizar
(minimizar) resultados positivos (negativos). De forma semelhante Gonçalves
(2009) verificou que os indivíduos em Promoção tiveram avaliações mais
positivas para compras de experiência (como viagens e jantares) do que para
opções materiais (televisões, roupas) pois
14estariam focando nos ganhos de
uma experiência positiva. Entretanto, os indivíduos em Prevenção avaliaram
melhor a segunda opção porque estavam evitando possíveis perdas de um
resultado incerto da experiência de consumo de viagens e jantares.
14A autora também acredita que o ajuste regulatório tenha afetado as avaliações, apesar de
que as opções de compra não eram explicitamente descritas em promoção ou prevenção. Este “ajuste” se refere à congruência da mensagem recebida ou captada, e o foco regulatório predominante. Para o autor, a congruência intensifica a percepção da mensagem, tornando mais relevante (ou menos quando incongruente).
De acordo com Mantovani (2011) este impacto deriva então “da utilidade adicional até o ponto em que os meios usados para perseguir determinada meta sejam compatíveis com o foco regulatório desse indivíduo” (pg 37). Desta forma, os indivíduos têm um ajuste regulatório quando realizam ações, ou suas estratégias para perseguir uma meta estão de acordo com sua orientação regulatória (AAKER & LEE, 2006). Tendo um ajuste regulatório, existe a
percepção que a mensagem está correta (feeling right) impactando positivamente nas