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A CRISE DO FORDISMO E A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA: MUDANÇAS NA ATUAÇÃO DO ESTADO E NO MUNDO DO TRABALHO

2 VIÉS SOCIAL DO DESENVOLVIMENTO: TRABALHO COMO ELEMENTO ESSENCIAL AO HOMEM E OS ENTRAVES NA SUA REALIZAÇÃO

2.2 A CRISE DO FORDISMO E A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA: MUDANÇAS NA ATUAÇÃO DO ESTADO E NO MUNDO DO TRABALHO

A partir do século XX, o trabalho se organizou, majoritariamente, conforme os ditames do sistema taylorista-fordista (DIAS, 2011). Esse modelo objetivava a racionalização extrema da produção. No taylorismo, é essencial que a produção se dê no menor tempo possível, aperfeiçoando a divisão técnica do trabalho, já que não era necessário que o trabalhador conhecesse todo o processo produtivo. No fordismo, destaca-se a introdução da linha de montagem, esteiras no qual ocorria a produção marcadamente repetitiva.

A partir da década de 1970, inicialmente nos países centrais, mas com rebatimento nas nações, o sistema de produção capitalista entrou em crise após um período de prosperidade. O quadro de progresso entrou em transição juntamente com o regime de acumulação que vigorava. David Harvey (2012) aponta a existência de problemas no fordismo desde a década de 1960, quando ocorre uma diminuição da taxa média de lucros para o capital. Para o autor, a palavra que melhor representava a incapacidade do fordismo e do keynesianismo em conter as contradições capitalistas que se aguçavam no período era a ‘rigidez’(HARVEY, 2012, p. 135). Havia problemas com a rigidez em sistemas de produção em massa que impediam a flexibilização do planejamento e presumiam crescimento estável em mercados de consumo invariantes.

Somava-se à crise do modelo fordista a recuperação econômica de países da Europa Ocidental e do Japão, bem como um processo de substituição de importações na América Latina, que intensificaram a competição internacional, desafiando a hegemonia dos Estados Unidos e promovendo a desvalorização do dólar (ANTUNES, 2009). Para Harvey (2012,

p. 135): “(...) de modo geral, o período de 1965 a 1973 tornou cada vez mais evidente a incapacidade do fordismo e do keynesianismo de conter as contradições inerentes ao capitalismo”. A economia estadunidense perdeu competitividade em função da recuperação de economias europeias, sofrendo pressão ainda com os gastos decorrentes de guerras e dispêndios sociais. A solução aos déficits gerados foi a emissão de moeda, responsável pela inflação que se seguiu.

A estagnação de rendimentos, a desvalorização do dólar e a desregulamentação do sistema monetário internacional somaram-se ao aumento no preço do petróleo pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e ao embargo da exportação de petróleo para o Ocidente pelos árabes. Esses últimos fatores afetaram o custo dos insumos energéticos necessários à produção, levando a mudanças na tecnologia e na organização da produção. Assim, Harvey (2012, p. 137) demonstra os desdobramentos da crise do capital:

A mudança tecnológica, a automação, a busca de novas linhas de produto e nichos de mercado, a dispersão geográfica para zonas de controle do trabalho mais fácil, as fusões e medidas para acelerar o tempo de giro do capital passaram ao primeiro plano das estratégias corporativas de sobrevivência (...).

Esse contexto de crise conduziu, portanto, o capital a um período de reestruturação econômica, reajustamento social e político (HARVEY, 2012). Diversas transformações foram impostas para fins de recuperação do capital e restabelecimento do padrão de acumulação, do dinamismo, da estabilidade e da prosperidade que caracterizaram o pós Segunda Guerra. Assim, “Desemprego em dimensão estrutural, precarização do trabalho de modo ampliado e destruição da natureza em escala globalizada tornaram-se traços constitutivos dessa fase da reestruturação produtiva” (ANTUNES, 2009, p. 36). Tais mudanças que se deram, por exemplo, no modelo de organização da produção e no Estado, refletiram diretamente no mercado de trabalho, gerando consequências sociais significativas, como a intensificação da precarização e o aumento da desigualdade e exclusão social. Conforme Antunes (1999, p. 31):

Como resposta à sua própria crise, iniciou-se um processo de reorganização do capital e de seu sistema ideológico e político

de dominação, cujos contornos mais evidentes foram o advento do neoliberalismo, com a privatização do Estado, a desregulamentação dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo estatal, da qual a era Thatcher-Reagan foi expressão mais forte; a isso se seguiu também um intenso processo de reestruturação da produção e do trabalho, com vistas a dotar o capital do instrumental necessário para tentar repor os patamares de expansão anteriores.

No contexto da crise instalada, a demanda pelos serviços públicos do Estado de Bem Estar – característico dos países centrais – aumentou para tentar minimizar os efeitos na conjuntura social. Nesse momento, a teoria Neoliberal6 se apresentava ao mercado como instância capaz de coordenar os dilemas postos pela crise. Afirma-se, assim, que o capital promoveu um processo de reorganização produtiva, de um lado, e a implantação de um sistema político e ideológico que previa a retirada do Estado da execução de suas funções sociais, por outro lado, o que conduziria às políticas neoliberais: “(...) o neoliberalismo e a reestruturação produtiva expressam ‘duas faces da mesma moeda’, isto é, da crise orgânica do capital” (BRAGA, 1997, p. 213).

Nesse momento, era importante que fosse apresentada a atuação do Estado e os reflexos dessas ações para as mudanças ocorridas no mercado de trabalho. A partir da década de 1970, foram colocadas em prática, em alguns países, políticas de ajuste estrutural tanto pelo Estado, quanto pelo mercado. Tratou-se, logo, da imposição de medidas neoliberais que transformaram significativamente o mercado de trabalho, violando, em muitos casos, a legislação trabalhista já firmada nessas nações. Para tanto, a atuação do Estado passou a ser essencial aos interesses do capital e de sua reestruturação:

Assim, conforme se apontou anteriormente, a ação combinada do Estado e do capital durante as duas últimas décadas do século XX transformou o mundo do trabalho mediante reformas institucionais que o tornaram flexível, polivalente e precário, absolutamente moldável e funcional às necessidades de compra e venda de força de trabalho e à lógica de reprodução do capital. (VALENCIA, 2009, p. 121).

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O Neoliberalismo ganhou força com a crise do Estado de Bem Estar Social, defendendo a mínima intervenção estatal na economia, devendo existir liberdade de comércio que propicie o crescimento econômico e o desenvolvimento social. Além disso, os neoliberais defendem a pouca intervenção do Estado no mercado de trabalho e a privatização das empresas estatais (ANTUNES, 1999).

Mesmo que não seja uniforme, Valencia (2009) afirma que o padrão de acumulação neoliberal concretiza-se pela: a) crescente substituição do trabalho humano devido à introdução de inovações tecnológicas e b) perda de direitos contratuais e constitucionais dos trabalhadores. O autor vai além:

Devido ao enfraquecimento da estrutura sindical mundial e das lutas operárias, o curso posterior que assumiram as políticas de reestruturação do capital se concentra em três dimensões: a) forte tendência à queda dos salários; b) aumento da exploração e da superexploração em todas as suas facetas; e c) extensão da precarização do trabalho como um fiel reflexo da imposição da flexibilização do trabalho, pois agora o operário tem que “trabalhar mais”, ganhando menos, para sobreviver num mundo “individualizado” e “competitivo”, rodeado de milhões de pobres e famintos. (VALENCIA, 2009, p. 137).

As mudanças engendradas para fins de manutenção da reprodução do capital provocaram, portanto, novas relações de trabalho que se pautam na intensificação e no aumento da jornada de trabalho, diminuição de salários, precarização da força de trabalho, perda de direitos trabalhistas individuais e coletivos, além do aumento do desemprego e subemprego. A rigidez do fordismo somado ao conjunto de medidas políticas e sociais neoliberais, à reestruturação produtiva e à diminuição do crescimento econômico das grandes economias mundiais, abriram portas para um difícil cenário para os trabalhadores.

Nesse contexto, os empregos formais cederam espaço pra novas modalidades de contratos de trabalho, como o contrato temporário e a terceirização. A terceirização e a precariedade do trabalho são características presentes na ocupação dos catadores de materiais recicláveis analisada neste trabalho, sendo, por isso, aqui enfatizadas.

No momento, ressalta-se que, no viés social, a reestruturação produtiva caracterizou-se, de forma geral, pela passagem de um regime de acumulação fordista para a acumulação flexível. Foram intensas as transformações no processo produtivo, destacando-se o investimento no avanço tecnológico e as novas formas de produção marcadas pela acumulação flexível, realçando-se o toyotismo. Para Antunes (2009), embora a crise tivesse raízes e determinantes mais profundas, a resposta do capitalismo resumiu-se a sua superfície,

reestruturando sem modificar os pilares essenciais do modo de produção capitalista e sem adotar alternativas que conferissem dinamismo ao processo produtivo.

A nova forma de organização da produção, o Toyotismo, ganhou espaço nas três últimas décadas do século XX, caracterizando-se pela produção focada na demanda, sem estocagem de excedentes; multifuncionalização da mão de obra e supervisão da produção, tendo ainda como princípio o just in

time para o melhor aproveitamento possível do tempo de produção (ANTUNES,

2002). Tratava-se de uma nova forma de racionalização da produção, que combinava um padrão produtivo organizacional e tecnologicamente avançado com técnicas de gestão da força de trabalho. Conforme Harvey (2012, p. 140):

A acumulação flexível, como vou chamá-la é marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo. Ela se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional.

Além das mudanças incutidas diretamente na produção, Harvey (2012, p. 141) destaca que “a acumulação flexível parece implicar níveis relativamente altos de desemprego “estrutural” (...), rápida destruição e reconstrução de habilidades, ganhos modestos (...) de salários reais e o retrocesso do poder sindical”. Diante do enfraquecimento do poder sindical e do excedente de mão de obra, foram impostos contratos de trabalho mais flexíveis e utilizados, cada vez mais, o trabalho a tempo parcial, temporário ou subcontratado.

No Brasil, essas mudanças se fizeram perceber, principalmente, por volta dos anos de 1980 e 1990, embora experiências anteriores datem da década de 1970 (DIAS, 2011). O modelo taylorista-fordista foi introduzido no Brasil por volta da década de 1950, sofrendo uma reestruturação por volta das décadas de 1980 e 1990, em função dos reflexos da crise do capital nos países centrais na década de 1970. Internamente, principalmente a partir da década de 1990, as mudanças ocorridas no processo produtivo, os processos de automação e a informatização da indústria foram acompanhadas de mudanças no mercado de trabalho.

Conforme Borges (2007), as modificações no mercado de trabalho brasileiro foram sentidas principalmente nas duas últimas décadas do século XX e nos primeiros anos do século XXI, resultando em transformações que afetaram várias gerações de trabalhadores. Tais modificações podem ser sintetizadas em: “perdas, precariedade e insegurança.” (BORGES, 2007, p. 81).

As mudanças se relacionavam com as novas diretrizes econômicas brasileiras, já que a regulação foi substituída por uma economia desregulamentada, com parte dos setores estratégicos privatizados. Nos anos 1990, intensificou-se a implementação da agenda Neoliberal no Brasil e o planejamento das políticas públicas passou por diversas mudanças, objetivando-se, com isso, incorporar à atuação da administração pública os valores neoliberais, como a desregulamentação, a privatização e rearranjos nos padrões produtivos nacionais. Nesse ritmo, proliferam-se os postos de trabalho mal remunerados e desprovidos de proteção ao trabalhador, provocando marcas no funcionamento do mercado de trabalho brasileiro, a exemplo da intensificação da flexibilização e da precarização.

Nesse sentido, dois processos devem ser enfatizados para a construção da “flexibilização-precarização”: a terceirização e a desregulamentação das relações de trabalho (BORGES, 2007). Quanto à primeira, podem ser citadas as formas mais usuais, por subcontratação de empresas menores, contratação de trabalhadores por meio de cooperativas e trabalhadores autônomos. Quanto à última, Borges (2007) indica que, a desregulamentação das relações de trabalho ainda é um processo inconcluso no Brasil e à espera das condições políticas para a sua implementação, em que direitos já garantidos deixariam de ser assegurados por lei. Para a autora, ocorre a acentuação das características mais negativas do mercado de trabalho, cada vez mais precário e pobre.

Assim, após a crise do fordismo, foi imposto um novo ritmo de produção e trabalho, sendo imperativo que, sob essas novas condições, o trabalhador se submetesse a realidades precárias e flexíveis em seu trabalho. Nesse sentido, afirma-se que “A mesma lógica que incentiva a permanente inovação no campo da tecnologia atinge a força de trabalho de forma impiedosa, transformando

rapidamente os homens que trabalham em obsoletos e descartáveis” (DRUCK e THEUBAUD-MONY, 2007, p. 26).

Nesse período, o setor de serviços absorveu a parcela adicional da força de trabalho excedente dos setores primários e secundários da economia, entretanto essas ocupações são, por vezes, precárias seja no setor formal ou informal. É por meio da informalidade7 que os trabalhadores encontram no setor de serviços diversas estratégias humanas de sobrevivência, como a catação de materiais recicláveis, atividade que se configura como reflexo da reestruturação produtiva. Assim, na tríade da globalização, reestruturação produtiva e do neoliberalismo, a flexibilização e a precariedade das condições laborais ganham evidência.

Antunes (2009) destaca as contradições no mundo do trabalho, pois ao mesmo tempo em que cresce a necessidade por qualificação e o uso da tecnologia, aumenta o nível de degradação das condições de trabalho. Conforme o autor (ANTUNES, 2009, p. 251) “no topo, temos trabalhadores ultraqualificados, que atuam no âmbito informacional; na base, avançam a precarização e o desemprego, ambos estruturais”. O desenho da classe trabalhadora brasileira passa a ser o desemprego ampliado, a precarização exacerbada, o rebaixamento salarial acentuado e a perda crescente de direitos (ANTUNES, 2009).

Para Antunes (2009), “a classe que vive do trabalho” nos dias atuais, inclui a totalidade dos indivíduos que vendem a sua força de trabalho pelo ganho de um salário. Trata-se de uma noção ampliada. Isso significa que, além do proletariado fabril, compõem-na os assalariados do setor de serviços, aqueles que vivem do trabalho rural, o proletariado precarizado e aqueles que sobrevivem da economia informal, encontrando-se afastados do mercado formal pela reestruturação produtiva.

Ao referir-se a uma conformação complexificada da classe trabalhadora nos dias atuais, Antunes (2009) destaca a redução do proletariado industrial, fabril, tradicional e o incremento do novo proletariado fabril e de serviços.

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7 A informalidade é compreendida, conforme Antunes (2009), em seu sentido amplo, como o

Destaca também o trabalho realizado no contexto da economia solidária e o trabalho doméstico.

A precarização das condições laborais, que hoje pode ser visualizada nas mais diversas formas de trabalho, é a implicação direta da flexibilização, a qual pode ser compreendida como um processo determinado por fatores macroeconômicos e sociais derivados de uma nova conformação do sistema capitalista, o que provoca mudanças significativas nas relações trabalhistas, no mercado de trabalho e na legislação. Conforme Druck e Theubaud-Mony (2007, p. 30):

O debate acerca da precarização no Brasil refere-se fundamentalmente aos resultados e impactos da flexibilização, cujas noções que marcam as análises são a fragmentação, a segmentação dos trabalhadores, a heterogeneidade, [...] a informalização do trabalho, [...] e, a mais importante delas, a ideia de perda – de direitos de todo tipo e da degradação das condições de saúde e de trabalho.

Nesse mesmo sentido, Reinecke (1999) afirma que a reestruturação produtiva realçou diversas formas de contratação da força de trabalho, como o trabalho domiciliar, o temporário, as subcontratações e a terceirização. Esses novos formatos representam o trabalho “atípico”, termo cunhado em oposição à forma clássica de contratação por tempo indeterminado (REINECKE,1999).

A temática do trabalho “atípico” chama atenção para a precarização como característica marcante dessas novas formas de contratação. Nesse processo, a força de trabalho perde valor, de maneira que a remuneração do trabalhador não consegue proporcionar total acesso aos meios de vida necessários, restando atingida a qualidade do trabalho.

Conforme Reinecke (1999), a qualidade do trabalho, oposta ao labor precário, associa-se à renda, ao vínculo trabalhista formal, à estabilidade, à seguridade social, à jornada de trabalho, aos riscos de acidentes e ao envolvimento nas decisões coletivas. Tais aspectos são diretamente atingidos pelo processo de reestruturação produtiva, o qual gerou a proliferação de trabalhos precários como forma de potencializar os ganhos do capital.

Assim, a partir dos elementos apontados, surge a necessidade da criação das mais diversas estratégias de sobrevivência pelos indivíduos. Como

já assinalava Karl Marx (1974, p. 25): “O trabalhador não tem apenas de lutar pelos seus meios de vida físicos, ele tem de lutar pela aquisição de trabalho, isto é, pela possibilidade, pelos meios de poder efetivar sua atividade”.

Destarte, tem-se que o aumento do desempenho da catação de materiais recicláveis se relaciona diretamente à reestruturação produtiva, caracterizando-se como uma atividade para a qual se encaminhou parte dos destituídos da forma clássica de trabalho e vítimas do desemprego estrutural. Contudo, além da motivação social, outro elemento encontra-se ligado ao aumento do número de catadores, visto que é preciso frisar que a acumulação flexível também gerou como efeito o aumento do consumo baseado em modas efêmeras e no descarte de materiais obsoletos. Assim, “a estética relativamente estável do modernismo fordista cedeu lugar a todo o fermento, instabilidade e qualidades fugidias de uma estética pós-moderna que celebra a diferença, a efemeridade, o espetáculo, a moda (...)” (HARVEY, 2012, p. 148).

O aumento do descarte de materiais postos na natureza, acelerado pelo consumismo, e a conjuntura social desfavorável ao trabalhador foram fatores decisivos para o aumento do número de catadores de materiais recicláveis. Tal categoria de trabalhadores, por vezes, é apontada como excluída, o que torna necessário o estudo de tal conceito. A Política Nacional de Resíduos Sólidos aponta como um de seus objetivos a inclusão social de catadores, assumindo um histórico de exclusão social ou de inclusão precária, o que a seguir será discutido. É essencial, ainda, a compreensão da exclusão e da pobreza por configurarem-se como realidades aprofundadas pela crise do capital e reestruturação produtiva até aqui discutidas.

De acordo com Cavalcante, Albuquerque e Jesus (2008, p. 78): “a desintegração do mercado de trabalho tem levado à marginalização social, principalmente porque a proteção social, nos pontos em que não tem um caráter universalista, está relacionada ao trabalho formal assalariado”. Assim, procede-se, no item seguinte, um estudo do conceito da exclusão social enquanto realidade marcante no contexto em análise.