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Formação de Professores no Âmbito do Prouca TO (2013-2014)

TO (2013-2014)

O curso de Formação dos Formadores para Uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação na Escola (TDIC-Escola), portanto, é um programa de formação em rede dos profissionais das escolas municipais do estado do Tocantins. Aconteceu nos anos de 2013 e 2014 e atendeu, aproximadamente, a 1.800 professores e demais profissionais em exercício, em 135 escolas municipais, em 74 diferentes municípios tocantinenses.

Como já referido, essa formação foi desenvolvida pela UFT, por meio da pró- reitora de extensão, em parceria com o MEC; a PUC-SP; Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop); Undime-TO; e Secretaria de Estado da Educação do Tocantins (Seduc-To)., contando com uma equipe, articulada para atender os cursistas em seus contextos.

Cientes do desafio da formação crítico-reflexiva e diante do amplo alcance do projeto, os 74 municípios tocantinenses participantes foram nucleados pela proximidade com os sete câmpus da UFT, cada um com coordenação adjunta e equipe de formadores e tutores, como mostra a figura 6.

Figura 6 - Nucleação dos municípios tocantinenses e quantitativo das equipes

Fonte: Arquivos da coordenação do Prouca TO-UFT

Conforme Rodrigues e Gonçalves (2015), a intencionalidade do projeto de formação em foco é assim descrita, na proposta do curso:

Capacitar professores e gestores das escolas das redes municipais do estado de Tocantins para uso pedagógico das TDIC, possibilitando assim a inclusão digital escolar, e a apropriação tecnológica e pedagógica das TDIC enquanto linguagem a partir dos laptops educacionais (BRASIL, UFT, 2003, p. 2).

A metodologia teve como eixo a aprendizagem e a prática pedagógica com o uso do laptop educacional, assim como a formação em rede. Basearam-se em exposições dialogadas, palestras, atividades práticas (oficinas), discussões reflexivas, entre os participantes, sobre conceitos abordados e construção de narrativas digitais.

A formação foi desenvolvida em três etapas, inicialmente pensadas para 12 meses, mas que se estenderam por 15 meses, de setembro de 2013 a dezembro de 2014 (Anexo C). A primeira etapa foi denominada de mundo digital e contemplou a apropriação tecnológica; a segunda etapa envolveu o currículo e as TDIC, com a elaboração de projetos; e a terceira etapa foi denominada depurando o projeto. Desde o final da segunda etapa, os formadores passaram a orientar a elaboração do Projeto de Gestão Integrada de Tecnologias (Progitec). Cientes de que uma mudança rumo à cultura digital somente acontecerá a partir de um projeto da escola, a intencionalidade era que, ao seu final, cada equipe escolar (professores, coordenadores e gestores) tivesse esboçado o seu Progitec, explicitando as ações para integrar as tecnologias no cotidiano da escola.

Cada uma dessas etapas proporcionou ao cursista educador “uma formação contextualizada na prática pedagógica, na realidade escolar e no entorno da escola”. Na metodologia adotada, “a teoria ilumina a compreensão da prática e esta leva à reelaboração da teoria, ou seja, teoria e prática são refletidas, recontextualizadas e se retroalimentam” (ALMEIDA, 2002, p. 78).

Para atender às demandas dos cursistas, o curso foi desenvolvido na modalidade semipresencial. A parte presencial aconteceu por meio seminários e oficinas para trocas de experiência entre as escolas municipais de Tocantins, assim como encontros com formadores e tutores, no início de cada etapa. No intervalo, os tutores também mantiveram contatos localizados com os professores nas respectivas escolas. Já o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da plataforma Moodle foi importante para as atividades de aprofundamento dos estudos e debates sobre as práticas com o uso das TDIC, bem como para o compartilhamento de práticas realizadas entre os participantes, nas diferentes escolas.

Deste modo, a formação pautou-se nos pressupostos de que a “prática pedagógica reflexiva é consciente, intencional, dialógica e transformadora”. A intencionalidade do curso era que, durante a formação contextualizada e crítico- reflexiva, à medida que os professores fossem incorporando as TDIC à sua prática, tivessem “a oportunidade de reelaborar seus próprios processos de pensamento, rever a intencionalidade de seus atos, a adequação de suas intervenções pedagógicas”. Em suma, se esperava que a formação contribuísse para a construção “da autonomia

[docente] na tomada de decisões principalmente no que se refere ao uso da TDIC com seus alunos” (ALMEIDA, 2002, p. 78).

Exercendo a coordenação adjunta, no câmpus de Gurupi/TO, acompanhei de perto o processo de formação em 11 municípios, com mais de 280 professores e gestores escolares, em 19 escolas de 1o ao 5o ano do EF. Esse acompanhamento proporcionou

proximidade com as escolas e os professores em formação. Deu acesso aos seus projetos e às suas realizações, bem como às suas dificuldades e incertezas sobre como integrar os laptops ao currículo escolar. Em muitas situações, foram ouvidas reclamações sobre questões externas ao curso, como problemas com a infraestrutura da escola e com a Internet, problema quase generalizado nas escolas brasileiras. Entretanto, mais impactante foi a constatação de que vários professores pareciam não compreender a proposta de formação e a faziam para somente cumprir uma obrigação.

Decorrida a primeira etapa do curso, apesar de todos os esforços da equipe de formação para envolver os cursistas, aconteceram algumas evasões. Um levantamento, realizado no final do ano de 2013 revelou que, no polo de Gurupi/TO, 253 professores do 1o ao 5o ano do EF permaneciam envolvidos no curso.

Ao começar o novo ano letivo (2014), também ocorreram mudanças no quadro docente das escolas, o que gerou esforço extra da equipe de formação para realizar os encontros presenciais em cada município, com reapresentação da intencionalidade e organização do curso, bem como em oficinas destinadas à apropriação tecnológica e pedagógica das ferramentas disponíveis nos laptops.

No mês de outubro, foi realizado, no câmpus da UFT de Gurupi/TO, um colóquio envolvendo formadores, tutores, coordenadores de TIC e gestores das escolas desse polo regional. Também participaram alguns secretários de educação. O momento foi de preparação para a última etapa da formação, cuja meta era envolver toda a escola na elaboração do Progitec. O colóquio também foi importante para avaliar a formação. Vários participantes falavam com entusiasmo do uso dos laptops em suas escolas, mesmo nas mais afastadas das cidades, onde existem mais dificuldades de infraestrutura e rede.

No início do ano letivo de 2014, foi iniciada a investigação em uma escola do Município de Gurupi/TO envolvida na integração dos laptops ao currículo. Três professoras aceitaram participar de uma investigação-ação sobre o uso dos equipamentos.

Percorridos os trâmites regulamentares, o primeiro semestre foi dedicado ao estudo dos documentos: proposta curricular do município, projeto político-pedagógico da escola, projetos temáticos e planos de ensino.

No mês de agosto, chegou a hora de frequentar a escola semanalmente, fazendo intervenções nos momentos dedicados ao planejamento de aulas, por duas das professoras arroladas na investigação, pois a terceira havia se afastado por problemas de saúde. Nos dias e horários previamente acertados, as aulas planejadas para e com o uso dos laptops eram observadas e submetidas a análise posterior, com a professora. Após dois meses de intervenção, surgiu a necessidade de estender a investigação para uma segunda escola, visando ampliar o volume de dados para análise e em atendimento à solicitação da coordenadora de TIC dessa escola. A realização do colóquio anteriormente descrito foi oportuna para a negociação e incorporação dessa segunda escola e mais duas professoras. As duas escolas, bem como o perfil das quatro professoras, sujeitos da investigação-ação, estão descritos a seguir, enquanto todo o processo de investigação está descrito no capítulo sobre metodologia e seus resultados no capítulo de análise.