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A formação docente no PIBID na UFBA

No documento Por uma formação para a docência (páginas 175-179)

O PIBID teve início na UFBA em 2009, com a aprovação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) do seu primeiro Projeto Institucional. O Programa deu início a uma abordagem diferenciada no contexto das práticas de formação docente, buscando redesenhar a organização do

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trabalho, estabelecer parcerias com as escolas públicas, promo- ver novas formas de interação entre atores do processo forma- tivo e propor estratégias diferenciadas de ação. Se parece cedo para falar em resultados do Programa, ousamos aqui indicar alguns sinais que mostram a sua potencialidade como catalisa- dor de uma nova cultura de formação, contribuindo para proble- matizar estruturas cristalizadas e propor novos caminhos.

A formação docente é parte da política institucional?

As mais recentes práticas de formação que ocorrem no âmbito do PIBID em cada instituição se inserem em um contexto peculiar e problemático instituído pelas políticas e ações do campo da formação superior de professores para a educação básica. Estudos como os de Bernadete Gatti (2010) vêm caracterizando a formação de professores como um campo de ambiguidades das normatizações vigentes; de fragmentação na oferta de cursos diversificados que não dialogam, assim como nas dicotomias internas a cada curso com ênfase nos conteúdos específicos de cada área de conhecimento em detrimento da formação focada no trabalho docente; dificuldade de estrutu- ração das práticas de estágio curricular, cujo aproveitamento na forma como hoje se apresentam fica diminuída pela desar- ticulação com os demais momentos da trajetória formativa do licenciando. Os problemas observados têm relação com a secun- darização da formação para a profissão docente, que na maioria das instituições de ensino superior não está posta como uma questão a ser discutida como parte da política institucional.

Talvez por ainda não termos feito a pergunta “Que professores, afinal, queremos formar?”, a construção do Projeto

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Institucional do PIBID da UFBA foi o primeiro grande desafio para uma instituição. A princípio, houve a mobilização, não abrangente, mas significativa, de professores que “militavam” como professores de metodologia de ensino nas áreas especí- ficas, que realizavam pesquisas sobre o ensino das disciplinas da educação básica e outros não tão envolvidos com o campo de atuação profissional, mas intrigados com a finalidade de seu trabalho na universidade. Necessariamente, não eram profes- sores da Faculdade de Educação, embora esta também se fazia presente, sendo requisitada como articuladora das diferentes áreas de conhecimento. Uma condição importante nessa fase foi perceber a interdependência entre os diferentes atores quan- do se colocava no horizonte o aperfeiçoamento da formação dos profissionais que juntos devem dar conta da melhoria da qualidade da educação básica, em especial nas escolas públicas.

Uma conquista importante do Projeto Institucional foi a elaboração coletiva de um objetivo geral para dar direção ao trabalho. No caso da UFBA, o principal desafio posto nesse momento era o de fortalecer a articulação entre a universidade e a rede de educação básica da Bahia, de modo a estabelecer projetos de cooperação que buscassem elevar a qualidade do ensino nas escolas da rede pública e a melhorar os cursos de formação de professores, subsidiando o desenvolvimento de políticas públicas e de práticas escolares inovadoras. Mais espe- cificamente, são objetivos do Programa: ampliar e consolidar a parceria entre a Universidade Federal da Bahia e as escolas da rede pública estadual e municipal; melhorar a formação inicial e continuada de professores, por meio da integração dos licenciados e professores mais experientes, constituindo uma comunidade de aprendizagem dinâmica e contínua, que tem como principal riqueza a diversidade e pluralidade de

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saberes e experiências; valorizar a escola, espaço complexo e dinâmico de produção de conhecimento e cultura, bem como lócus de formação docente, contribuindo para a valorização do magistério e da superação dos desafios históricos marcados pelo descaso e pela negação do direito pleno à educação; dar subsídio para a reorganização do currículo nas escolas e da reflexão sobre o seu Projeto Político-Pedagógico, bem como dar subsídio para a reflexão sobre o conjunto de políticas públi- cas de formação de professores (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, 2014).

Claramente distante do horizonte traçado pelos objetivos iniciais, foi necessário somar esforços para garantir o mínimo de organização do trabalho. Desse modo, o Programa exigiu: a criação de estruturas administrativas internas; a formalização da parceria com escolas, por meio da assinatura de termo de cooperação técnica entre secretarias de educação e universida- de, bem como termo de adesão e compromisso de cada escola parceira; a instituição de práticas de planejamento, qualificação do trabalho da equipe de docentes, desenvolvimento de ativi- dades formativas nas escolas e em seu entorno, acompanha- mento e avaliação dos processos, desempenhos e impactos das ações, socialização de resultados; a mobilização dos diferentes segmentos que compõem o Programa visando ampliar a parti- cipação nas tomadas de decisão, com a criação da Comissão de Acompanhamento do Programa (CAP), primeiro por nomea- ção de seus membros por portaria do Pró-Reitor e Ensino de Graduação, sendo posteriormente integrada ao Regimento Interno do PIBID1, passando a ter papel ativo no processo 1O Regimento Interno do PIBID UFBA foi aprovado em 16 de dezembro de 2014

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de regulação do Programa e sistematização dos anseios de seus participantes, a exemplo da elaboração da Carta do VII Seminário PIBID UFBA2.

Os inúmeros processos desencadeados com a implanta- ção do trouxeram à tona a necessidade de discutir uma polí- tica institucional de formação de professores para a educação básica. Muitas lições vêm sendo aprendidas na medida em que a universidade é provocada a elaborar, de modo singular e contextualizado, um Projeto Institucional do PIBID com obje- tivos claros, a reestruturar-se política e pedagogicamente para garantir o desenvolvimento desse projeto. Com isso, aparen- temente tem início uma ruptura com o processo de secun- darização, rumo a uma valorização da formação docente na universidade. Quiçá chegaremos à proposição de uma política institucional de formação de professores.

O que é possível instituir a partir da

No documento Por uma formação para a docência (páginas 175-179)