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FORMAÇÃO DOCENTE: IDENTIDADE QUILOMBOLA EM TERRITÓRIOS DIGITAIS

FORMAÇÃO HUMANÍSTICA: EDUCAR PARA CIDADANIA PLENA.

Na modernidade do Século XXI sabemos que a Educação é uma Política Pública bastante nova e que está em construção no Brasil e que a partir da redemocratização do País na década de 80 começou a progredir, mas que precisa é muito avançar e principalmente na melhoria da qualidade do Ensino, que infelizmente ainda não é de qualidade. Ao pesquisarmos a História do Brasil fica claro que a Educação sempre foi negada por aqueles que querem se perpetuar no poder do País (classe Burguesa), haja vista, que para os Políticos, o analfabetismo significa “lucro político”, então para que povo escolarizado e culto.

Desta forma, o Direito a termos Educação (de qualidade) sempre foi negado e do meu ponto de vista continua sendo, já que a maioria da população não tem acesso às políticas educacionais, o que perpassa inclusive pelo Ensino Superior, onde poucos conseguem chegar a Graduação e sem falar na Pós-Graduação (Especialização – Mestrado – Doutorado), onde a exclusão é gritante em todas as áreas. E o Governo ainda diz que quer formar um número grande de Profissionais nas diversas áreas do

Anais do II INTERFOR, VII ENFORSUP – Palmas, Tocantins, Brasil, 12 a 15 de setembro de 2017, UFT. ISBN: 978-85-5659-012-1

187 conhecimento, me digam como (?), se a exclusão está presente no bojo das

Universidades Públicas e de renome no País, onde alguns grupos políticos e que infelizmente formado por Professores (não generalizando) que deveriam fazer justamente o contrário, mas que infelizmente trabalham a própria exclusão nos diversos cursos do Ensino Superior e na Pós-Graduação não é diferente.

No Brasil, o direito de termos Educação está garantido em nossa Constituição de 1988 (Constituição Cidadã), no Art. 205 que afirma “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. É muito lindo no papel, mas será que é realmente um direito para todos? E o Estado/Governos (formados pelos Políticos) garante a Educação para todos? A Família procura garantir a educação, mas é difícil, haja vista, que a maioria delas faz parte do núcleo dos proletários (os desassistidos) e os Governos não querem os submissos graduados ou será o contrário, posso estar errado? Será que a Educação brasileira está preparando o seu povo nas Escolas para exercerem a Cidadania realmente e de forma plena, para a emancipação do humano? A Pedagogia está sendo construída nos moldes da Formação Humanística?

PAULO FREIRE, um dos maiores educadores do Brasil e do Mundo dizia que era preciso construímos a Pedagogia do Oprimido, que a Educação deveria ser gerada para beneficiar toda uma coletividade e não apenas uma parcela pequena da população (as Elites/Dominantes), que a Educação deveria ser trabalhada e projetada para o humano, no sentido de melhorar a condição de vida da humanidade através do conhecimento. Para Freire, a importância no processo pedagógico, no ensinar, era o aprender a aprender, sendo a Educação direcionada para o Ser (a Educação Humanística) e não apenas para o Ter (EducaçãoTecnicista).

Vale ressaltar que Paulo Freire vivenciou a Ditadura Militar na década de 60, sendo inclusive exilado do País, pois, a sua Metodologia Educacional não seria a ideal para o Governo Ditador Militar, já que o Educador queria alfabetizar a população em massa e politizando-a para a garantia da cidadania, de sua emancipação. Sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em contraposição à por ele denominada educação bancária, tecnicista e alienante: o educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído.

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188 Desta forma, muitos Educadores, Intelectuais e Professores foram perseguidos na Ditadura Militar no Brasil (anos 60), justamente por questionarem o regime Militar na época e ainda, por defenderem um Novo Modelo Educacional para o País (que pregavam), que visava à emancipação do Povo (regime democrático e participativo), o que não era de interesse dos Militares, e que na atualidade continua não sendo, e isto, por grande parte dos Governantes e Políticos Brasileiros (na maioria corrupta).

Nesta perspectiva, Cidadania Plena e Democracia que deveriam andar juntas e ser realmente duas ferramentas no bojo das Políticas Públicas, no sentido de trabalharem para o bem comum da coletividade, da população, do meu ponto de vista ainda está bem distante e, sobretudo da Educação Brasileira, pois, não foi a toa que Professores e Educadores em 1932 criaram o Manifesto dos Pioneiros, e em 1959 o Manifesto dos Educadores, que demonstra toda uma luta histórica pelo direito de termos Educação e de qualidade no Brasil. Portanto, em pleno século XXI, o sonho de termos educação e de qualidade para todos, no sentido de se garantir uma realização social, profissional e de cidadania plena sem dúvida é uma meta a ser alcançada ainda na modernidade.

Nesse sentido, em “A educação para além do capital”, ISTVÁN MÉSZÁROS (2008, p.15 -16) confirma o nosso pensamento, de que a educação para a emancipação humana é algo a ser perseguido em nossa sociedade, algo a ser conquistado:

O objetivo central dos que lutam contra a sociedade mercantil, a alienação e a intolerância é a emancipação humana. A educação, que poderia ser uma alavanca essencial para a mudança, tornou-se instrumento daqueles estigmas da sociedade capitalista: “fornecer os conhecimentos e o pessoal necessário à maquinaria produtiva em expansão do sistema capitalista, mas também gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes”. Em outras palavras, tornou-se uma peça do processo de acumulação de capital e de estabelecimento de um consenso que torna possível a reprodução do injusto sistema de classes. Em lugar de emancipação humana, agora é mecanismo de perpetuação e reprodução desse sistema.

(...) No reino do Capital, a educação é, ela mesma, uma mercadoria. Daí a crise do sistema público de ensino, pressionado pelas demandas do capital e pelo esmagamento dos cortes de recursos dos orçamentos públicos. Talvez nada exemplifique melhor o universo instaurado pelo neoliberalismo, em que “tudo se vende, tudo se compra”, “tudo tem preço”, do que a mercantilização da educação. Uma sociedade que impede a emancipação só pode transformar os espaços educacionais em shopping centers, funcionais à sua lógica do consumo e do lucro.

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189 Como podemos notar a educação, o modelo educacional brasileiro está

intimamente ligado às entranhas do sistema do capital, onde não se aceita uma formação para a emancipação do humano e, sendo que a própria educação virou uma mercadoria, que pode ser vendida e comprada, e não importa se tem qualidade, pois, o importante é gerar números falsos de inclusão social e perpetuar a exploração e o poder da classe dominante sobre os subalternizados. Neste cenário, o que percebemos é uma constante geração de cursos e Universidades sem critérios (visando apenas à lucratividade), sem o controle do Ministério da Educação, que deveria fiscalizar a qualidade do ensino no Brasil? Boa parte desses cursos não tem qualidade e nem legalidade. A educação que temos no Brasil moderno, não oferece a possibilidade de transformação do atual modelo de gestão do país (neoliberalismo), que é um modelo de destituição de direitos, de negação da vida, da cidadania plena, de tudo que está garantido na Constituição Federal de 1988. Desta forma, é preciso, que os Professores, os Educadores e os Intelectuais orgânicos façam suas reflexões pensando no rompimento do atual modelo alienante educacional, que tem as suas bases firmadas na lógica do capital, tendo como objetivo, a emancipação do humano, a transformação desta sociedade, para uma que garanta a cidadania plena, a participação popular e democrática no existir humano, e para isto, parafraseando ISTVÁN MÉSZÁROS precisamos enxergar a Educação para além do capital, visando à libertação das classes oprimidas e o rompimento com o sistema do capital.

De acordo com FREIRE (2014, p.57):

A pedagogia do oprimido, como pedagogia humanista e libertadora, terá dois momentos distintos. O primeiro, em que os oprimidos vão desvelando o mundo da opressão e vão comprometendo-se, na práxis, com a sua

transformação; o segundo, em que, transformada a realidade opressora, esta pedagogia deixa de ser do oprimido e passa a ser a pedagogia dos homens em processo de permanente libertação.

Em qualquer destes momentos, será sempre a ação profunda através da qual se enfrentará, culturalmente, a cultura da dominação. No primeiro momento, por meio da mudança da percepção do mundo opressor por parte dos oprimidos; no segundo, pela expulsão dos mitos criados e desenvolvidos na estrutura opressora e que se preservam como espectros míticos na estrutura nova que surge da transformação revolucionária.

Desta forma, fica evidente que na ação reflexiva do seu próprio existir, e que o homem se ver como individuo oprimido e marginalizado pelo sistema de dominação opressora (o capital), e que a partir, da criação da sua própria pedagogia

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190 humanista, ou educação da libertação, este terá a oportunidade de construir a sua práxis

de transformação da realidade na qual vive, e assim, rompendo com a cultura do opressor, para viver um processo educacional humanista e libertário (permanente), ouvindo e legitimando as suas pedagogias de resistência, a pedagogia dos oprimidos (dos outros sujeitos – os subalternos).

Nesta perspectiva, percebemos que desde o Brasil colônia até a nossa modernidade do século XXI, as formas de dominação e exploração do homem pelo homem sempre se fizeram presentes na sociedade brasileira onde se retrata a luta de classes. No Brasil capitalista, a luta de classes é latente, entre a Burguesia e o Proletariado (a maioria), as duas classes antagônicas do capitalismo, e que nesse processo de construção do capital, na relação da produção e reprodução do sistema, da acumulação de capitais, a maioria dos homens (trabalhadores) são expropriados da sua existência, de suas vidas, dos seus direitos, haja vista, que esses existem exclusivamente apenas para gerar a acumulação dos grandes capitais, a lucratividade e que ficam presos nas mãos dos donos do Capital (que são a minoria – os burgueses). Nesta relação da geração da produção do capital, as pedagogias de dominação e subalternização são marcantes e configuram-se ao mesmo tempo como projetos educacionais, de um lado, como de perpetuação da ordem vigente, e de outro, como ferramenta de libertação das classes inferiores, de rompimento dos subalternos com o sistema.

Sendo assim, em relação às Pedagogias de dominação/subalternização, ARROYO (2012, p.12) afirma que:

Os coletivos populares trazem longas histórias de inferiorização, opressão com que o padrão de poder/saber de dominação pretendeu produzí-los como subalternos. Com que processos? Que pedagogias desumanizantes,

destrutivas de suas culturas, valores, memórias, identidades coletivas são estas tão persistentes na especificidade de nossa história? Da história dos povos latino-americanos? Dessas pedagogias, processos de produção dos Outros como subalternos, inexistentes, oprimidos pouco acúmulo de pesquisas e de produção teórica existe no pensamento educacional. Essas pedagogias tão nossas não fazem parte da história das teorias pedagógicas ensinadas nos cursos de licenciatura e pedagogia.