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FORMAÇÃO DOCENTE: IDENTIDADE QUILOMBOLA EM TERRITÓRIOS DIGITAIS

PROCESSO HISTÓRICO DA CIDADANIA.

A inquietação com a garantia dos direitos do homem é uma polêmica antiga. Hoje a cidadania é assegurada nas Constituições, pois ao passo que a sociedade evoluía, desenvolveu-se uma conscientização de que alguns direitos faziam parte da própria natureza humana.

Anais do II INTERFOR, VII ENFORSUP – Palmas, Tocantins, Brasil, 12 a 15 de setembro de 2017, UFT. ISBN: 978-85-5659-012-1

191 Nas sociedades modernas a cidadania se fortaleceu paralelo com o

surgimento do capitalismo, portanto se faz necessário conhecer um pouco desse processo.

Sociedades primitivas: não existiam leis, códigos ou declarações escritas que apresentassem os direitos e deveres dos indivíduos em suas regras, baseavam-se na cultura e nos costumes das comunidades. Com a evolução das sociedades os direitos de cidadania foram se acentuando com o surgimento de leis e códigos. Ex: Código de Hamurabi, que refletia a vida e os costumes dos povos babilônicos. Também foram utilizados como forma de pregar os direitos do homem: “As Escrituras Sagradas” (Bíblia), o “Livro dos Mortos” dos egípcios, o “Vedas” dos hindus e o “Zeud Avesta” dos persas, todos se tratavam de textos religiosos que determinavam a moral, a conduta e o comportamento humano.

A evolução da cidadania teve seu processo na Grécia Antiga, onde o modelo de Democracia não respeitava a liberdade individual dos indivíduos e nem reconhecia os direitos naturais do homem, ou seja, a liberdade Identificava-se pela capacidade do individuo enquanto cidadão, reconhecida pela sua participação na gestão dos negócios da cidade. Deste modo o Estado democrático grego não era legitimado e instituído pela população, e tão pouco possuía caráter constitucional.

No itinerário desse processo histórico de cidadania, aparece o Estado Romano (idade antiga), o qual é considerado como os precursores do direito à cidadania. Sempre primaram à estabilidade política, a liberdade e a democracia, mas priorizavam a reedificação da autoridade. Os conflitos entre as classes (patrícios e plebeus) eram constantes, lutavam pela igualdade de direitos políticos, civis e religiosos. Estas “lidas” sócias, de oposições ideológicas político-partidárias, estimulavam a criação de novas leis que revolucionavam o pensamento jurídico. Buscava-se a paridade entre as classes, o respeito aos direitos básicos do cidadão para todos, independentemente de qual classe pertencesse.

A idade média retratou um cenário de diversas transformações políticas, sociais, econômicas e culturais, geradas a partir do modo de produção escravista, o qual entrou em declínio e originou um novo modelo de produção: O Feudalismo (séc. V e X), formado pelas classes (nobreza-clero-campesinato). No sistema Feudal residia à desigualdade social que era refletida no acordo de enfeudação (contrato de relação entre Suserano e Vassalo), representando um grande imobilismo, isto é, era muito difícil mudar de uma camada social para outra.

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192 Um das primeiras conquistas de cidadania na sociedade feudal foi a “Carta

Magna”, documento onde o rei como suserano se comprometia a respeitar os direitos tradicionais de seus vassalos, todavia, não estabelecia a participação da população de forma igualitária e nem aspirava à democracia (governo do povo).

Somente na idade moderna com a Revolução Gloriosa (séc. XVII-1688- 1689) com a criação da “Lei dos Direitos do Cidadão” e que se aprovou alguns direitos básicos do cidadão, onde as ideologias sobre a democracia, a cidadania e os direitos humanos se avultaram, diversificaram e evoluíram.

A luta pela cidadania tornou-se acirrada com o surgimento de revoluções como: Intelectual (Iluminismo na França), a Francesa (que aprovou em Assembleia Nacional Constituinte a Declaração dos Direitos Humanos (26/08/1789) que estabeleceu os direitos à igualdade de todos perante a lei, à liberdade individual, à propriedade privada e resistência à opressão), Industrial (ascensão da burguesia ao poder político, ratificando no plano econômico as relações de produção capitalistas, nascendo assim o capitalismo onde a classe dominante (burguesia) explora a classe dominada (proletariado)).

Com a revolução Industrial acentuaram-se as desigualdades sociais, pois, o regime capitalista gerou no Mundo diversos problemas de ordem econômica, social e política, desencadeando assim diversas manifestações das classes subalternas (os trabalhadores) perante o Estado, buscando uma relação democrática em busca de direitos igualitários para todos.

Esse modelo de sociedade permanece até hoje e a maioria dos países o adotam. No Brasil o processo pela cidadania sempre se deu associado à luta pela democracia a qual defende a participação do cidadão na sociedade de forma justa e igualitária. Sendo, porém um país capitalista anexado a “democracia” representativa e respaldado nas teorias políticas neoliberais (liberdade econômica). Entretanto o país em seus antepassados enfrentou governos autoritários e ditatórios que reprimiam as lutas políticas e sociais das camadas populares.

Assim a cidadania é tida como uma questão social, que exige luta pelo seu exercício, já que foi instituída há séculos e se constitui (hoje) como direito do cidadão. Logo, a defesa do exercício da cidadania se torna um processo muito importante, pois a mesma está plantada e assegurada nas Constituições Federais dos países (no Brasil Constituição Federal de 1988) como direitos inalienáveis e “universais”, legitimando os Direitos Humanos em Lei.

Anais do II INTERFOR, VII ENFORSUP – Palmas, Tocantins, Brasil, 12 a 15 de setembro de 2017, UFT. ISBN: 978-85-5659-012-1

193 Portanto na atualidade, os indivíduos-cidadãos que participam de determinados grupos, associações, movimentos sociais, comunidades, sindicatos, que lutam pela igualdade de direitos, onde todos possam ter educação, saúde, habitação, emprego, assistência social, alimentação. Exercem um processo de aprendizagem- educação da cidadania que se dá no cotidiano destas “lidas sociais” pelo acesso aos direitos humanos (de modo geral), que denotam o antagonismo e os interesses particulares entre Estado e sociedade civil.

Desta forma, no Brasil (a luta de classes continua), o embate político pela cidadania entre capitalistas e proletariados; Estado e sociedade civil, aponta um quadro político-social que enfoca a luta pela pretendida igualdade de oportunidades ante a sociedade capitalista como um todo, e a superação da exclusão dos subalternos (os trabalhadores), assim como a quebra dos privilégios dos “superiores”. Nesse sentido busca-se a concretização da cidadania plena, de direitos já reconhecidos na CF1988, assim como a incorporarão de novos direitos que deverão ser assegurados pelo Estado na Constituição (lutas atuais de diversos movimentos populares organizados).

Nesta perspectiva, de fato, a Cidadania é uma categoria em movimento, que está em processo de transformação e legitimação de direitos (políticos, civis e sociais). É uma luta constante do cidadão por garantia de seus direitos humanos junto ao Estado, no caso o Brasil, que vive uma Política Neoliberal, onde retira o papel de responsabilidade do Estado perante as Políticas Públicas (Saúde, Educação, Assistência Social, Habitação, Trabalho, Alimentação...), colocando-as a serviço do capital, ou seja, passando a responsabilidade para a iniciativa privada, tornando assim o que está garantido na Constituição Brasileira de 1988 (os direitos inalienáveis do cidadão) como objeto de mercadoria, onde quem tem dinheiro para pagar é visto como cidadão e quem não têm como pagar (por saúde, educação, habitação, alimentação, trabalho), no caso a maioria dos Cidadãos Brasileiros são vistos como “mendigos” de uma sociedade, que estão à mercê e a margem do projeto capitalista, que exclui cada vez mais e escraviza a maioria da humanidade em todo o Planeta, haja vista, que a distribuição de renda e riqueza no mundo está nas mãos de poucas pessoas (políticos, empresários, banqueiros, fazendeiros...) que se utilizam da desgraça de um povo (a maioria dos trabalhadores que geram toda riqueza de uma nação), para poderem usufruir dos bens materiais e serviços, do seu luxo, praticamente sem fazerem esforço algum, sendo que o Povo que constrói a riqueza vive na miséria, sem saneamento básico, sem habitação, sem alimentação, sem saúde, sem educação de qualidade, sem direitos.

Anais do II INTERFOR, VII ENFORSUP – Palmas, Tocantins, Brasil, 12 a 15 de setembro de 2017, UFT. ISBN: 978-85-5659-012-1

194 Desta forma, PINSKY (2008, p. 96) nos remete a questão da cidadania,

onde confirma que:

A cidadania não é, contudo, uma concepção abstrata, mas uma prática cotidiana. Ser cidadão não é simplesmente conhecer, mas, sim, viver. Não há possibilidade de ser cidadão num regime totalitário, como a Alemanha de Hitler, a Itália de Mussolini ou uma nação latino-americana submetida a governos militares. Isso não significa, contudo, que a democratização formal transforme, automaticamente, todos os habitantes do país em cidadãos. Costuma-se dizer que a cidadania, como a liberdade, não pode ser autorgada, mas, sim, conquistada. Se isso é verdadeiro, não é menos verdadeiro que cabe a nós, educadores, um papel fundamental no sentido de ampliar o debate sobre a questão da cidadania e os limites impostos à sua prática.

Realmente, a Cidadania é uma conquista e para conquistá-la é preciso que os Trabalhadores nas diversas categorias, a Comunidade, os Estudantes, a população estejam realmente unidos organizados e não lutando isolados, pois, é isso que o Neoliberalismo e o Estado burguês querem (Cidadãos pacatos). Portanto, devemos estar juntos organizados, mobilizados para garantirmos a construção de uma educação humanística e de libertação, no sentido de legitimarmos a Democracia, a Participação Popular (ATIVA) e a luta dos movimentos sociais, dos trabalhadores pelos nossos direitos de forma coletiva: pela garantia da nossa Cidadania, que é o bem comum, uma luta do coletivo organizado nos movimentos sociais.