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FUNÇÃO DO TÍTULO E DO CARTÃO NA CIRCULAÇÃO DO CRÉDITO

3 ASPECTOS DESTACADOS SOBRE O TÍTULO DE CRÉDITO

4.1 FUNÇÃO DO TÍTULO E DO CARTÃO NA CIRCULAÇÃO DO CRÉDITO

O crédito não tinha ligação a um documento físico, baseava-se somente na confiança, na palavra do devedor. Nesse sentido, a confiança pode ser entendida, sob seus aspectos subjetivos e objetivos. O aspecto subjetivo consiste na credibilidade que o credor deposita na pessoa do devedor de preencher os pressupostos morais básicos necessários à efetivação do negócio de crédito, ou seja, para cumprir determinada obrigação, o devedor deverá ter capacidade econômica garantida, correspondente ao pagamento do empréstimo no prazo fixado. O elemento objetivo da confiança compreende da certeza que o credor tem de que o devedor possui condições financeiras de efetuar a importância mutuada no termo final do prazo, resultando essa confiança do conhecimento da renda e do patrimônio que o devedor possui (ROSA JÚNIOR, 2007).

Com o decorrer do tempo, a obrigação baseada apenas na confiança passou a gerar problemas, pois nem sempre garantia a relação de crédito e débitoconstituída entre as partes. Além disso, também existiam as dificuldades para retirada de valores monetários, cujos locais de depósitos eram distantes uns dos outros, o queaindafacilitava o roubo dos valores daqueles que os transportavam.

Em função dessas questões, com o passar do tempo, o crédito passou a ser formado por uma cártula, o que possibilitou a demonstração da relação obrigacional entre as partes envolvidas, bem como evitou que as pessoas pudessem ser roubadas, vez queagoranão transportam valores, esimum documento representativo desse valor.

Assim, embora a confiança até os dias atuais seja de grande importância para o crédito ao celebrar um determinado negócio, este não pode se pautar somente na palavra do devedor, sendo necessário que se prove a relação de crédito e débito. É preciso ter um elemento físico capaz de garantir a obrigação. Nisso, o elemento confiança passa a ser materializado em uma base física, qual hoje se conhece como título:

Refere-se, portanto, ao texto que dá identidade, ou adjetivação à coisa, ao fato ou à pessoa. Título é o documento a inscrição material grafada, para o qual se usa por sinônimo a expressão papel, remetendo à base física de sustentação da inscrição jurídica de um crédito tanto quanto de um débito (MAMEDE, 2008, p.05-06).

Em determinado momento da história, os indivíduos só poderiam adquirir bens quando tivessem dinheiro. Com o decorrer do tempo, os cartões e os títulos de crédito passaram a permitir que o indivíduo pudesse comprar, mesmo não tendo recursos financeiros. Esses instrumentos permitem antecipação de crédito futuro. Dessa forma, o título e o cartão de crédito possibilitam facilidades nas relações comerciais, principalmentena oportunidade que surge para o credor de encontrar terceiros interessados em antecipar o valor de determinada obrigação, em troca da titularidade do crédito, conforme Rosa Júnior (2016) e Rachel (2009).

Nessa linha de pensamento, o título de crédito refere-se, unicamente, a relações creditícias. Não se documenta num título de crédito nenhum outro tipo de obrigação, somente o crédito titularizado por uma ou mais pessoas, podem constar em um instrumento cambial. Alguns dos títulos de crédito impróprios garantem direitos não creditícios ao seu portador: o warrant e o conhecimento de depósito, por exemplo, juntos, representam a propriedade de mercadorias depositadas em Armazéns Gerais. Somente a característica de representar direitos creditórios, por si só, não é suficiente para diferenciar os títulos de crédito dos outros documentos que possam representar uma determinada obrigação. A apólice de seguro, por exemplo, também representa apenas o crédito eventual do segurado ou do terceiro beneficiário, perante a seguradora, e não se pode considerar título de crédito (RACHEL, 2009).

O título de crédito é o documento formal, definido pela lei processual como título executivo extrajudicial; possui executividade, quer dizer que dá ao credor

o direito de promover o seu direito em execução judicial.Nem todos os documentos escritos que apresentam obrigações creditícias dispõemdessa característica. Se o credor não dispuser de documento a que a lei processual imponha natureza executória, a cobrança do crédito representado deverá ser feita através de ação de conhecimento (ou monitória), normalmentemais lentaque a execução. Esse atributo dos títulos de crédito convém observarque também não é exclusivo;muitos outros documentos representativos de obrigação são também títulos executivos, como a sentença judicial, contrato revestido de certas formalidades, apólice de seguro de vida, dentre outros (RACHEL, 2009).

O conjunto da disciplina dos títulos de crédito autoriza a circulação de direito e através dessa circulação é que se torna possível maior desenvolvimento do crédito, ou seja, chegando-se dessa maneira a uma transformação da própria estrutura econômica da propriedade (RACHEL, 2009).

Adota, também, o título de crédito, o atributo da negociabilidade, ou seja, está sujeito a certa disciplina jurídica, que torna mais fácil a circulação do crédito e a negociação do Direito nele mencionado. Se o credor tem o seu direito representado por um título de crédito, por exemplo, uma nota promissória, duplicata ou cheque pós-datado, pode descontá-lo junto ao banco do qual é cliente. Na operação de desconto bancário, o credor do título transfere a titularidade do seu direito ao banco e recebe deste, adiantado, uma parte do valor do crédito. O banco, no vencimento, irá cobrar do devedor, lucrando a diferença entre o valor que se encontra no título e o restante antecipado ao credor originário (RACHEL, 2009).

Assim, através da circularidade e da negociabilidade dos títulos de crédito, é possível a realização do seu valor mesmo antes de seu vencimento, por meio da operação de desconto, e com issoo título de crédito surge para circular e não para ficar imóvel entre as partes. Em razão de sua negociabilidade, os títulos de crédito desempanham um papel importante na economia moderna, como, por exemplo, operando no sistema financeiro e como intermediário de crédito entre as instituições financeiras e as pessoas, sejam elas naturais ou jurídicas, que dele venham a necessitar. Vislumbrado essa finalidade circulatória, os títulos de crédito terão sua finalidade secular alcançada e com grande certeza podem trazer grandes benefícios para o comércio e sociedade (ROSA JÚNIOR, 2007).

Nesse sentido, ressaltando-se a precípua finalidade dos títulos de crédito de fazer circular o capital, escreve Martins (1976 p. 12):

[...] de modo que, hoje, facilitando grandemente as atividades dos indivíduos e dos povos, temos nos títulos de crédito documentos que representam certos e determinados direitos e, mais que isso, que dão possibilidade a que esses direitos incorporados nos documentos circulem, se transfiram facilmente de pessoa a pessoa, revestidos de inúmeras garantias para os credores e todos quantos figurem nesses papéis. Com o aparecimento dos títulos de crédito e a possibilidade de circulação fácil dos direitos neles incorporados, o mundo na verdade ganhou um dos mais decisivos instrumentos para o desenvolvimento e o progresso.

Sem dúvida, devido à criação dos títulos de crédito, os capitais, pela rápida circulação, tornam-se mais úteis e, portanto, mais produtivos, permitindo que deles melhor se disponhaa serviço da produção de riqueza. Compreende-seassima enorme importância que adquiriram os títulos de crédito na economia atual, tornando seu estudo um dos pontos altos do moderno direito comercial.

Nem todos os documentos representativos de obrigação, contudo, serão descontáveis pelos bancos. Instrumentos sujeitos ao regime civil de circulação não acordam o mesmo interesse de instituições financeiras, pelo fato de que elas ficam em situação mais vulnerável quanto ao recebimento do crédito. A negociabilidade dos títulos de crédito é segundo o regime jurídico-cambial, que estabelece regras que dão à pessoa para quem o crédito é transferido maiores garantias do que as do regime civil (RACHEL, 2009).

Jáo cartão de crédito, que tem como sua principal função estimular as vendas e a prestação de serviços, estáintimamenteligado à evolução da sociedade e da intensificação das relações de consumo.A possibilidade de se obter bens e serviços por meio do cartão, sem a necessidade de desembolsar dinheiro vivo, aumentam a liquidez do público a partir do momento em que o usuário adquire o cartão (AVELAR, 2014).

E a diversidade de cartões que existem hojedestaca outras funções, comodinheiro eletrônico, dossiê informacional, chave de acesso (sistema de informação e permuta de dados), meio de prova (cartão com memória, que registra as operações efetuadas, garantia de jóias, e, também, o cartão bancário, que contém uma fita magnética), meio de pagamento, meio de obtenção de crédito e

meio de transporte. Enfim, eles são um meio de transação fácil e prática, queatualmentevêm sendo a forma mais procurada pelos consumidores no mercado, dada a sua praticidade (AVELAR, 2014).

4.2 COMPARAÇÃO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS DO CARTÃO E DO TÍTULO