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INSTITUTOS CAMBIÁRIOS DE EXIGIBILIDADE DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

3 ASPECTOS DESTACADOS SOBRE O TÍTULO DE CRÉDITO

3.6 INSTITUTOS CAMBIÁRIOS DE EXIGIBILIDADE DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

Além dos institutos de constituição, há os institutos de exigibilidade do títulos de crédito: vencimento, pagamento, protesto e ação cambiária, cujas

características são mostradas, a seguir, de acordo com as explicações de Damian (2015) e de Fazzio Junior (2004), como seguem.

O vencimento é o instituto, que corresponde aomomento em que o crédito cambiário pode ser exigido dos devedores cambiários pelo portador do documento, podendo,contudo, receber o valor exposto no título, antecipadamente, através de operação de desconto. Conforme Rosa Junior (2007), o vencimento determina efeitos jurídicos para o mundo cambiário. São estes, os quatro tipos de vencimento: ordinário, extraordinário, determinado e indeterminado.

O vencimento ordinário provém da vontade do sacador da letra de câmbio ou emitente da nota promissória. Neste vencimento, assinala-se a expiração de um prazo normal e previsto pelo criador do título.Jáo vencimento extraordinário ocorre de fatos relevantes e previstos em lei. Sendo utilizado este tipo vencimento, o valor do título é reduzido de acordo com as taxas bancárias vigentes no local do domicílio do credor. O vencimento determinado encontra-se caracterizadointegralmenteno título, independente de qualquer ato formal de exposição pelo portador. Nesse caso, a modalidade mais utilizada é a do vencimento com data certa, aquela conforme o dia, mês e ano estão configurados entre as partes.E o vencimento indeterminado é aquele que não está devidamente preciso no documento, depende da sua apresentação pelo portador para ser formalmente caracterizado, neste caso, a modalidade mais utilizada é o vencimento à vista.

Destaca-se que, se o título não apresentar data de vencimento, o pagamento será considerado à vista, por não se tratar de condição necessária para a eficácia do documento, como a letra de câmbio e nota promissória. Já no caso da duplicata, se não contiver a época do pagamento o título não produzirá efeitos como tal, podendo o sacado recusar o aceite. E, no caso do cheque, o título é pagável à vista, considerando-se não escrita qualquer referência em contrário.

O pagamento corresponde ao meio direto e normal de extinção da obrigação cambiária, sendo admitidas formas de pagamento indireto.Com o pagamento do título de crédito, tem-se algumas ou todas as obrigações extintas, dependendo de quem o realiza. Todavia, a total extinção das obrigações e a liberação de todos os devedores cambiários ocorrem quando o devedor principal realiza o pagamento do título de crédito, porque este é o primeiro dos devedores e os outros são todos posteriores. As obrigações posteriores à do devedor que

cumpriu a obrigação documentada no título libera os devedores cambiários seguintes. Entretanto, se o título não for pago pelo devedor principal, mas por um dos coobrigados, a titularidade do crédito passa para quem efetuou o pagamento, garantindo direito de regresso contra qualquer um dos devedores anteriores.

Dependendo de quem concretiza o ato cambiário, o pagamento pode ser qualificado em extintivo ou recuperatório. O pagamento extintivo é aquele que põe fim a vida ativa do título de crédito, pelo fato de não admitir o exercício de direito de regresso, por ser efetuado pelo devedor principal. E o pagamento recuperatório é aquele feito por devedor de regresso porque lhe permite recuperar o valor pago pelos obrigados solidários do título de crédito.Aquele que efetua o pagamentodo título de crédito deve exigir que a quitação seja lançada no próprio título, em função do princípio da literalidade, assim como exigir que o título quitado lhe seja entregue, pelo princípio da cartularidade, o que evita que o título seja transferido a terceiro de boa-fé.

Protesto é a exposição pública do título ao devedor para atestar a falta de aceite, de pagamento ou de devolução do título de crédito, ou somente provar a falta de pagamento de qualquer título que apresente uma dívida. De acordo com o artigo 1º da Lei 9.492/97, o protesto é “o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento da obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida”. São espécies de protesto: o protesto por falta de aceite, por falta de pagamento ou falta de devolução.

O protesto por falta de aceite deve ser realizado antes do vencimento do título de crédito, e só será indispensável na duplicata e na letra de câmbio sem aceite. Nesse caso, o protesto permite, na letra de câmbio, a cobrança antecipada do endossante e avalista.O protesto por falta de devolução pode ocorrer na duplicata e na letra de câmbio, quando o título é enviado para o devedor efetuar o aceite, mas este fica com o título e não o devolve. Nesse caso, será protestada uma segunda via,como é o caso do protesto por indicações. O protesto por falta de pagamento pode ser concretizado em qualquer título de crédito, como uma tentativa de recebimento, só pode ser realizado após o vencimento do título (VIDO, 2015).

Após encerrados os prazos fixados para se realizar o prostesto por falta de aceite ou por falta de pagamento, o portador perdeu os seus direitos de ação contra os endossantes, contra o sacador econtra os outros coobrigados, à exceção

do aceitante.O protesto cambiário pode ser necessário ou facultativo. O protesto necessário é aquele que deve ser realizado dentro do prazo para conservar o direito do crédito contra os devedores indiretos, que são os sacadores, endossantes e avalistas. O protesto facultativo é constituído contra o devedor principal e respectivo avalista, uma vez que a garantia da ação cambial nesse caso independe de protesto.

O portador do título de crédito tem o direito de promover a cobrança mediante as ações cambiárias, que são de duas espécies: ação cambiária de execução com base em título extrajudicial e ação cambiária de enriquecimento sem causa, de procedimento ordinário ou sumário, quando ocorrer prescrição da ação de execução ou decadência de direitos cambiários. Também é possível ingressar com ação causal baseada na relação jurídica, de natureza extracambiária, assim comocom ação monitória.

A ação cambiária de execução é proposta contra o devedor que não pagou o total cambiário no vencimento, promovida pelo portador do título. Tem como fundamento no título de crédito a obrigação líquida, certa e exigível, dotado de eficácia processual abstrata, uma vez que os títulos de crédito são definidos como títulos executivos extrajudiciais pela legislação processual. Já, a ação de enriquecimento sem causa tem fundamento no título de crédito que perdeu sua força executiva, em decorrência da prescrição da ação de execução ou decadência dos direitos cambiários, o legitimado ativo desta ação é o portador legítimo do título no momento em que ocorre a decadência ou a prescrição, ou seja, o beneficiário, o endossatário, que justifica o seu direito por uma série ininterrupta de endossos ou um coobrigado de regresso que tenha pago a soma cambiária, os legitimados passivos são os devedores que se enriqueceram injustamente com o não pagamento do título.

É necessário observar alguns pressupostos para se propor a ação, como a existência de documento válidoque preencha os requisitos legais para produzir efeitos como título de crédito, não pagamento do título, incidência da prescrição da pretensão jurisdicional executória ou decadência dos direitos do portador em relação aos devedores indiretos, enriquecimento injusto do emitente da nota promissória, sacador ou aceitante da letra de câmbio ou emitente do cheque, empobrecimento do portador.

Além das ações cambiárias com base no título de crédito, o portador pode ingressar com ação extracambiária ou ação causal baseada na relação jurídica que ocasionou a emissão do título. Este tipo de ação não confunde com as ações cambiárias. O prazo prescricional da ação causal é determinado de acordo com o disposto na legislação aplicável ao vínculo extracambiário que une as partes da demanda; pode-se tambémingressar com ação monitória, cujo prazo de prescrição é de cinco anos, contados da data da prescrição da ação de execução.