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CAPÍTULO 6 GAIA

6.2 Recomendações do GAIA

6.2.1 G1 – Vocabulário Visual e Textual

Este grupo apresenta as recomendações mais frequentes e relevantes do GAIA, de acordo com a análise dos trabalhos selecionados. Elas abordam o uso adequado de textos e imagens considerando as particularidades de pessoas com TEA. Cerca de 50% dos trabalhos analisados apresentam considerações sobre estrutura textual, linguagem, comunicação verbal e pictórica, fluxo de leitura e contraste de cores.

Na recomendação 1.2, consolidamos contribuições de quatro trabalhos (DAREJEH; SINGH, 2013, SEEMAN; COOPER, 2015, ABOU-ZAHRA, 2012), (WEBAIM, 2014) que continham oito recomendações sobre o uso adequado de linguagem nas interfaces. A recomendação 1.4 sumariza cinco recomendações similares extraídas de três trabalhos (MUÑOZ et al., 2012, WEISS et al., 2011, LAU; YUEN; LIAN, 2007) relacionadas à representações do mundo real em ícones e padrões de interação.

Como as pessoas com TEA podem enfrentar barreiras para compreender informações e decodificar linguagem, as recomendações deste grupo, apresentadas nas Tabelas 8 a 11, podem trazer melhorias para o aspecto de engajamento para a comunicação (PUTNAM; CHONG, 2008) e trabalhar as habilidades sociais e de comunicação.

Tabela 8. Recomendação 1.1 da categoria G1.

Características do Autismo Relacionadas

Atenção Leitura Compreensão verbal ou linguística Compreensão visual Descrição

O conteúdo também deve ser compreendido sem imagens ou estilos e as cores devem ser utilizadas de forma adequada como um complemento para distinguir ou relacionar objetos.

Por que fazer?

Elementos que usam somente cores, sem imagens ou texto para representação da informação, podem atrair a atenção da pessoa, principalmente crianças, sem que ela compreenda o que aquele elemento significa.

Além disso, o baixo contraste entre o fundo e o texto/objeto de primeiro plano dificulta a

compreensão, a legibilidade e pode prejudicar a atenção da pessoa com TEA. Entretanto, as cores dos objetos e os diferentes contrastes podem ser usados para guiar a atenção e diferenciar elementos.

Como fazer?

A cor de fundo deve ser diferente o suficiente da cor do objeto do primeiro plano e possui contraste adequado. Dê preferência para planos de fundo de cores claras ou branco para destacar os objetos ou textos do primeiro plano.

Você pode utilizar cores para diferenciar seções de um site ou relacionar conteúdos similares. Cores não deve ser a única forma de transmitir um conteúdo. O conteúdo também deve ser compreendido sem imagens ou estilos. É recomendável associar rótulos textuais a elementos. Em caso de dúvidas se o contraste está adequado, utilize ferramentas de verificação de contraste para comparar a cor de plano de fundo e a cor do elemento do primeiro plano.

Exemplos Figura 1 Fonte: http://booking.com Os botões da principal ação no site Booking.com utilizam as cores como guia juntamente com um rótulo descritivo e um ícone na principal ação. Figura 2 Fonte: https://www.smashingmagazine.com/2016/10/icons-as-part-of-a- great-user-experience/ Esta imagem ilustrativa de um website utiliza as cores vermelho e verde para mostrar uma prática ruim e uma prática boa, respectivamente, mas também utiliza

as palavras “Bad” e “Good” como rótulo dos botões

juntamente com ícones que representam geralmente os

termos de certo e errado. Figura 3 Fonte: http://www.examprofessor.com/tour Nesta imagem, temos um exemplo incorreto que associa as respostas certas e erradas somente às cores vermelho e verde. Fontes

SEEMAN E COOPER, 2015; WebAIM, 2014; Sitdhisanguan et al., 2012; Friedman e Bryen, 2007

Tabela 9. Recomendação 1.2 da categoria G1.

Características do Autismo Relacionadas

Atenção Leitura

Compreensão verbal ou linguística

Descrição

Pessoas com TEA podem ter dificuldade para compreender textos longos, complexos e com linguagem conotativa. A compreensão do conteúdo deve ser facilitada através de linguagem visual e texto com linguagem simples e apropriada ao conteúdo.

Por que fazer?

Um dos aspectos de comportamento afetados em pessoas com TEA é a comunicação. Por isso, elas podem ter dificuldade em compreender textos com metáforas, coloquialismo e expressões não literais.

Parágrafos complexos podem também ser distrativos e prejudicar a atenção ao conteúdo da página.

Para crianças, o uso de linguagem simples e textos sucintos pode auxiliar não apenas na atenção e compreensão da linguagem, mas também na aquisição de vocabulário e letramento.

Como fazer?

Facilitar a navegação e compreensão do conteúdo através de linguagem visual e texto com linguagem simples que não utilize jargões, como termos técnicos.

Use linguagem simples, apropriada ao conteúdo, evitando erros ortográficos e gramaticais, evitando coloquialismo, linguagem conotativa, metáforas, texto não literal, abreviações e acrônimos.

Procure ser sucinto, escrevendo textos simples, claros e suficientemente descritivos sobre as informações que devem ser compreendidas. Não escreva parágrafos longos.

Escreva rótulos consistentes de formulários, botões e outras partes do conteúdo, utilizando termos de fácil compreensão.

Evite utilizar termos e nomes que podem não ser familiares a todos os usuários, como termos utilizados somente por pessoas de uma determinada área.

Utilizar símbolos reconhecíveis pelo usuário, com aparência, formas e contornos que possam identificar o que o símbolo significa.

Exemplos Figura 1 Fonte: http://appsforaac.net/app/pictello No aplicativo Pictello, o rótulo do campo para digitar o nome da história a ser criada apresenta uma pergunta que “conversa” com a pessoa: “What is the title of your story?” (Qual é

o título da sua história?) Fontes

Tabela 10. Recomendação 1.3 da categoria G1.

Características do Autismo Relacionadas

Atenção Leitura Compreensão verbal ou linguística Compreensão visual Descrição

Além de escrever textos com a linguagem adequada (ver recomendação 1.2), devem ter uma estrutura que permita a legibilidade. Uma boa forma de atender isso é utilizando elemento como subtítulos e listas, sendo necessário também se atentar à quantidade de caracteres por linha e espaçamento entre linhas.

Por que fazer?

Conforme mencionado na recomendação 1.2, parágrafos complexos podem ser distrativos e prejudicar a atenção ao conteúdo da página para pessoas com TEA.

Textos divididos entre pequenos parágrafos, listas e textos com subtítulos maximizam a legibilidade e ajudam a focar a atenção na informação, guiando a leitura e organizando melhor o conteúdo.

Como fazer?

Atente-se para a legibilidade do texto quanto à altura de linha, evite linhas com mais de 80 caracteres e não espace muito as palavras e letras.

Evite alinhar os textos à direita.

Use textos em caixa baixa, evite o uso de caixa alta para todos os caracteres. Faça uso de marcações de cabeçalho (títulos e subtítulos).

Use fontes sem serifa como Arial, Verdana, Helvetica e Tahoma.

Use linguagem simples, apropriada ao conteúdo, evitando erros ortográficos e gramaticais, evitando coloquialismo, texto não literal, abreviações e acrônimos. Procure ser sucinto e não escreva parágrafos longos.

Exemplos Figura 1 Fonte: https://medium.com/@andregrilo/acessibilidade-no- design-de-intera%C3%A7%C3%A3o-exemplos-e- recomenda%C3%A7%C3%B5es-86c059ef9e2f#.xxm9wpx6u Na plataforma de publicação de textos Medium.com, todos

os textos publicados são apresentados com um bom espaçamento entre as linhas e

tamanho adequado da fonte. Embora o site utiliza para o corpo de texto fontes no estilo

“serifadas”, houve a preocupação na escolha de uma tamanho adequado que

permitisse a leitura. Além disso, é possível perceber que

há uma divisão bem delimitada entre os parágrafos através de espaços em branco.

Fontes

WebAIM, 2014; Friedman e Bryen, 2007

Tabela 11. Recomendação 1.4 da categoria G1.

Características do Autismo Relacionadas

Memorização Atenção Leitura

Compreensão verbal ou linguística Compreensão visual Descrição

Pessoas com TEA podem ter dificuldade de lidar com metáforas, portanto, ícones, ações e padrões de interação devem ser reconhecíveis e compatíveis com o mundo real sempre que possível. Para

sites e aplicações voltados a crianças, esta abordagem permite conhecer a aprender ações ou vocabulários que elas poderão utilizar na vida real.

Por que fazer?

Pessoas com TEA podem ter dificuldade com representações metafóricas, de faz-de-conta ou que demandem imaginação para serem decifradas.

É preciso que ações, ícones e elementos da página ou aplicação sejam relacionados com ações concretas e baseados no mundo real para que a pessoa possa reconhecê-los mais facilmente.

Como fazer?

Os ícones e imagens, principalmente se tratarem de emoções e situações de vida cotidiana, devem representar claramente as ações concretas e baseadas no mundo real, evitando metáforas.

Sempre que possível, use ações e padrões de interação que as crianças podem conhecer e aprender a utilizar na vida real. No caso páginas e aplicações utilizadas em dispositivos móveis como tablets, faça uso das ações naturais providas por estes dispositivos para manipular elementos na tela.

Representações verbais, gráficas e em formato de personagens auxiliam as crianças a se concentrar nas tarefas.

Relacione atividade que tenham a ver com as habilidades e experiências de vida cotidiana da criança.

Reproduzir ações, interações e objetos que sejam reconhecíveis ou compatíveis com o mundo real.

Exemplos

Figura 1

Fonte: http://coloradomoms.com/reviews/new- rewards-app-marble-jar-marbjar/

O aplicativo Marble Jar apresenta elementos de interface e cenário com formas e texturas similares ao mundo

real, permitindo que a criança compreenda a metáfora de

preenchimento do pote. Note que o pote também apresenta uma foto da criança, o que facilita a ela

reconhecer que as bolinhas de gude que ela deve acumular pertence a ela.

Figura 2

Fonte: http://www.appymall.com/apps/discover-our-world-the- educational-app-developed-for-children-suffering-from-autism- and-mental-retardation

O aplicativo Discover Our World permite carregar

fotos do ambiente real onde a pessoa vive e

marcar os objetos existentes no ambiente,

relacionando com seus respectivos nomes

Figura 3

Nesta interface que simula um álbum de figurinhas, os

cenários e botões se assemelham à aparência de

um álbum do mundo real, mesmo com os traços

cartunescos.

Fontes

Muñoz et al., 2012; Weiss et al, 2011; Lau, Yuen e Lian, 2007