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3.1 Geografia Econômica Evolutiva

3.1.3 Generalized Darwinism – Darwinismo Generalizado

A palavra evolução se mistura com a noção popular de progresso, sendo amplamente utilizada no meio acadêmico do século XIX e chegando à década de 1950 com o trabalho de White (1959) sobre evolução cultural. Por outro lado, evolução é usada por Darwin como um indicador de transformação ao longo do tempo, sem nenhuma implicação finalista ou progressista. Dessa forma, o termo evolução não é autoexplicativo, mas, muito pelo contrário, precisa ser definido com rigor pelo pesquisador, uma vez que historicamente esse termo foi utilizado em diferentes sentidos (GLÓRIA, 2009). Segundo Darwin, em sua teoria, seleção natural, os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores chances de sobrevivência do que os menos adaptados, deixando um número maior de descendentes. Os organismos mais bem adaptados são, portanto, selecionados para aquele ambiente, conceito da biologia para as ciências humanas.

A teoria do Darwinismo Generalizado é também uma abordagem da Geografia Econômica Evolutiva, que tem sua origem em outra área do conhecimento. Tem seu foco na evolução das regiões como ambientes de seleção, onde a concorrência entre os agentes gera a evolução das regiões, que é determinada sobre os princípios da variedade, novidade, seleção e continuidade

contexto social e os fatores históricos não podem ser negligenciados quando avalia-se o impacto da teoria evolutiva.

O Darwinismo é uma teoria causal da evolução em sistemas populacionais complexos, envolvendo a herança de instruções geradoras de unidades individuais e de um processo de seleção da variada população de tais entidades (HODGSON;

KNUDSEN, 2006). Esta teoria afirma que os princípios fundamentais da evolução

fornecem uma estrutura teórica geral para a compreensão da mudança evolutiva em sistemas complexos de população, todavia o significado desses princípios e a

maneira que eles operam, são específicos para cada domínio (HODGSON, 2002,

2004; KNUDSEN, 2004). Princípios de variação, herança e seleção de Darwin são

necessárias não só para explicar evolução dentro das populações, como também as origens dessas próprias populações (HODGSON; KNUDSEN, 2006).

Não existem ainda estudos de generalised darwinism relacionados com o turismo, porém, há evidências em outros setores de que a transferência de conhecimentos entre as empresas tem um efeito positivo sobre a empresa e em relação ao desempenho regional (ERIKSSON, 2011), e dessa forma, próximos estudos poderiam ser realizados sobre os mecanismos de transferência de conhecimento entre empresas de turismo, o que poderia apresentar um escopo mais amplo. Já foram observados alguns estudos explorando a transferência de conhecimento entre empresas de turismo (WEIDENFELD; WILLIAMS; BUTLER, 2010), apresentando como resultado que pequenas adaptações de produtos e serviços na atividade turística foram a forma mais comum de inovações que difundidos e no final do processo, algumas transferências de conhecimento resultaram em novos produtos ou inovações nos processos, ou ainda o conhecimento permaneceu incorporado (ou codificado) entre os trabalhadores, constituindo um potencial para futuras inovações (BROUDER; ERIKSSON, 2013).

Além disso, uma série de estudos sobre clusters de transferência de conhecimentos e de turismo (COOPER, 2006; NOVELLI; SCHMITZ; SPENCER, 2006; SHAW; WILLIAMS, 2009) mostram que há espaço para testar o generalised darwinism no contexto do turismo (BROUDER; ERIKSSON, 2013).

Para entender a evolução econômica na abordagem das demandas do

generalized darwinism é preciso compreender como os conceitos-chave de variação, seleção e continuidade podem ser representados na economia, e de que forma

esses conceitos são postos em movimento, ou incorporados dentro de um sistema dinâmico de competição econômica entre os agentes, assim como eles são

influenciados por outros mecanismos específicos para esse sistema

(ESSLETZBICHLER; RIGBY, 2010).

Entretanto, a teoria do Darwinismo não sustenta a teoria completa de tudo, de células à sociedade humana, e sim, fornece um quadro de explicação mais abrangente, porém, sem a pretensão de explicar todos os aspectos ou detalhes (HODGSON; KNUDSEN, 2006). O Darwinismo apresenta um alto grau de generalidade e sempre requer explicações específicas, então, o panorama teórico serve como uma maneira de inspirar, moldar e organizar estas explicações (BLUTE, 1997; HODGSON; KNUDSEN, 2006). Não é que a evolução social é análoga à evolução no mundo natural; é que há um elevado nível de abstração, na evolução social e biológica que compartilham estes princípios gerais. Neste sentido, a evolução social é darwiniana (HODGSON; KNUDSEN, 2006).

A Geografia Econômica Evolutiva deve cumprir três requisitos: deve ser dinâmica (referindo-se a conceitos como o surgimento, a convergência, a divergência e outros padrões irregulares, em relação ao momento histórico); deve lidar com processos irreversíveis; e ser criativa, como a principal fonte de

transformação (BOSCHMA; MARTIN, 2010). Assim, estes elementos estão

intimamente relacionados com a biologia evolutiva e o darwinismo (princípios de

variedade, seleção e continuidade) e podem ser considerados como uma “base teórica” para os sistemas sociais (HODGSON, 2009).

De acordo com Essletzbichler e Rigby (2010), esta abordagem examina como a população de entidades heterogêneas se relaciona por meio da interação entre si e com o espaço ajudando a dar forma e possibilitando interações com outras populações e outras regiões (BROUDER; ERIKSSON, 2013). Regiões deixam de ser vistas como unidades de seleção, e passam a ser consideradas como ambientes de seleção, dentro e através dos quais, os processos evolutivos operam (BOSCHMA; MARTIN, 2010). Dessa forma, esta perspectiva está focada na análise da evolução da população em nível inter e intra-regional (SANZ-IBÁÑEZ; ANTON CLAVÉ, 2014).

O generalised darwinism para a evolução social, refere-se às populações de entidades sociais tais como regras, rotinas e instituições. A noção de auto-organização pode ser muito importante para ajudar a explicar em alguns casos,

como se desenvolvem entidades individuais, mas ainda é necessária uma teoria darwiniana para começar a explicar a evolução de toda a população de tais entidades. A auto-organização por si só não pode explicar a adaptação e sobrevivência dos resultados (HODGSON; KNUDSEN, 2006).

No entanto, a própria noção de darwinismo não fornece nenhuma alternativa para uma detalhada explicação das propriedades emergentes específicas dos processos em níveis sociais ou biológicos. O Darwinismo em si não fornece todos os mecanismos causais necessários e explicações para o cientista social, nem evita o elaborado trabalho adicional de investigação específica e detalhada explicação causal na esfera social (HODGSON; KNUDSEN, 2006).

A evolução biológica e social são muito diferentes no que diz respeito aos detalhes, porém, os modos de explicação darwinistas são necessários para enfrentar a evolução das populações, tanto no domínio biológico quanto ao domínio social (HODGSON; KNUDSEN, 2006).