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Gestão da informação e governança corporativa

2.3 A GESTÃO DA INFORMAÇÃO COMO ELEMENTO ESTRATÉGICO

2.3.1 Gestão da informação e governança corporativa

A crescente importância de assegurar a melhor forma possível de utilização da informação quer do ponto de vista da sua eficácia, eficiência e o seu alinhamento com as melhores práticas de gestão organizacional sugerem a necessidade constante de investigação desses temas. Sobre a relação entre gestão da informação e governança corporativa Valentim et al. (2010,p.292-293), ressaltam

A gestão da informação é o mecanismo capaz de fornecer suporte a grande parte dos elementos vitais da governança corporativa. [...] Por isso, é fundamental que as empresas, mediante os modelos de governança corporativa, estabeleçam padrões de gestão da informação que contemplem todos os interessados.

Sob essa perspectiva Valentim et al. (2010), consideram que os modelos de governança corporativa buscam resguardar os interesses dos stakeholders e, nesse sentido, acreditam que gerindo a informação corretamente e alinhando esse processo aos elementos da governança corporativa, as organizações podem evitar a existência de informações e ações ocultas. Essas práticas devem ser norteadas, especialmente, por controles de gestão da informação mais eficientes, que permitam aos interessados pela empresa concluir com maior segurança sobre as ações da organização. Ainda assim, merecem especial atenção as necessidades informacionais dos usuários externos, conforme assinalam Valentim et al.(2010 p.294-293):

Defende-se que a utilização de mecanismos que atendam as necessidades informacionais dos participantes do mercado é crucial. Ainda que as empresas atendam as leis e regulamentos, é possível que sejam disponibilizadas mais informações e, sobretudo, que os mecanismos alcancem todos os interessados em obter tais informações.

O Estado Brasileiro considera esta questão relevante e nesse sentido promulgou a Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011, que dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto desde a Constituição Federal de 1988. A Lei 12.527 de 2011, em seu artigo oitavo, determina que o Estado e as organizações governamentais divulguem as informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.

Assim, Cardoso et al. (2000, p. 75), no que diz respeito ao acesso à informação governamental, assinalam que

Se há, por um lado, cidadãos, ou grupos deles, que se encontra em posição privilegiada, seja em função de sua classe social, sejam porque são representados por grupos fortemente organizados cujos integrantes dispõem de meios informais de acesso às esferas de decisão governamental, há, por outro, aqueles para os quais o aparelho burocrático estatal é tão distante, complexo, que se quer o reconhecem como portadores de direitos e, em especial, do direito à informação.

A Lei 12.527 visa assegurar no seu artigo quinto que “É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão”. (BRASIL, 2011)

A relevância do alinhamento entre a governança corporativa e as boas práticas de gestão da informação encontra-se no fato de que a ausência de critérios na seleção ou divulgação indevida de informações pode causar uma perda de inteligência corporativa ou de propriedade intelectual valiosa para a organização, conforme relata Willis (2005). Atualmente, o capital intelectual de qualquer organização é suscetível de ser seu maior patrimônio e esse recurso deve ser protegido e uma forma de protegê-lo consiste em adotar uma boa governança corporativa.

Desse modo, Valentim et al. (2010) apontam aspectos que se configuram como requisitos fundamentais para a qualidade da governança corporativa, considerando que todos são permeados por informação, sejam em decorrência de fluxos formais ou informais, sob a forma registrada ou não registrada. Nessa acepção, os elementos da gestão da informação devem estar alinhados aos aspectos da governança corporativa. O alinhamento dos elementos da gestão da informação com os respectivos aspectos da governança corporativa referenciados por Valentim et al. (2010) são apresentados no Quadro 5:

Quadro 5 - Relação entre gestão da informação e governança corporativa

Elementos da gestão da

informação Aspectos da governança corporativa

• Descrição documental sobre as políticas de relacionamento entre conselho/ direção/ acionistas.

• Elaboração e divulgação de código de ética dos principais executivos.

1. A estrutura interna de gestão de informações que podem envolver:

• Divulgação dos critérios de poder dado aos executivos e instrumentos de avaliação de desempenho de executivos e conselheiros.

• Criação de comitês de auditoria para acompanhamento das informações geradas e divulgadas.

2. Critérios de disseminação de informações relevantes:

• Implantação de instrumentos e procedimentos de gestão de risco. • Maior divulgação sobre remuneração de diretores e conselheiros. • Criação de instrumentos que: coíbam práticas de uso de informações

privilegiadas, facilitem o acesso a informações sobre governança corporativa entre os pequenos acionistas e viabilizem a participação de acionistas em assembléias, como voto eletrônico.

• Utilização de mecanismos para relacionamento com investidores. • Criação de modelos de divulgação de informações quanto à

estrutura financeira, condições, desempenho e perspectivas para a empresa.

3. Eficácia da web site como suporte das informações divulgadas:

• Utilização de critérios de usabilidade rigorosos (como conteúdo, localização e navegação) para a área de divulgação de informações na web site e adoção de pesquisas para avaliação do conteúdo acessado visando melhor gestão desse quesito.

• Criação de mecanismos tecnológicos cujas linguagens permitam a coleta de informações financeiras de acesso para compartilhamento de informações entre a empresa e os participantes do mercado. Fonte: Adaptado de Valentim et al. (2010).

Finalmente, ressalta Willis (2005), entende-se que a governança corporativa favorece a sobrevivência das organizações públicas e entidades econômicas semelhantes, por meio da apresentação da transparência, responsabilidade, demonstração do cumprimento das atribuições e das obrigações legais.