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3. CONTEXTO: A UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

3.1 GESTÃO PÚBLICA UNIVERSITÁRIA

Para Meyer Jr. (2000), a literatura na área de gestão universitária salienta as características especiais da organização universitária, onde os estudos se dão sob a ótica da burocracia, da política, da natureza acadêmica e da natureza anárquica de sua dinâmica interna. Para análise dos aspectos da estrutura, dos processos e do comportamento das organizações universitárias, são utilizadas outras abordagens como teoria dos sistemas, contingencial, planejamento e gestão estratégica, e qualidade total.

Para o mesmo autor, eventos científicos vêm sendo realizados nos campis universitários para atualização do conhecimento do administrador universitário. No entanto, os temas abordados têm origem na esfera organizacional e são apresentados por profissionais sem conhecimento da realidade universitária.

Ribeiro (1977) situa a gestão universitária no quadro da administração geral, nos fundamentos da teoria administrativa, e no quadro da teoria da universidade, nas peculiaridades da vida acadêmica, caracterizando uma teoria da administração acadêmica universitária com base em três grandes óticas da teoria administrativa: a ótica das relações humanas, a ótica da tomada de decisão e a ótica sistêmica.

Sob a abordagem sistêmica, é apresentada uma analogia em relação à gestão universitária. A universidade é comparada a uma célula, com vida e estruturas próprias, mas fazendo parte de um organismo sem o qual ela não pode sobreviver, a sociedade global.

Então, estudar gestão universitária é estudar a estrutura interna e o modo de funcionamento da universidade, bem como as articulações que a unem à sociedade global. Já, para Meyer Jr. (2000, p. 145), existem três abordagens acerca da gestão universitária:

A primeira reconhece e reforça a existência de uma ciência da administração, com um corpo teórico próprio, composto por teorias, princípios, técnicas e abordagens comuns e que podem ser aplicadas a

distintas realidades, inclusive a universitária. Exigindo-se, apenas, liderança, bom senso, discernimento e adaptabilidade para que as funções administrativas possam ser bem cumpridas. Neste caso, qualquer pessoa dotada daquelas habilidades e, sem qualquer preparação, pode praticá-la, sem maiores dificuldades. A segunda abordagem considera a universidade uma organização atípica com características próprias, que requer teoria própria e, por consequência, uma administração própria. Assim, esta teoria da gestão universitária está em formação e, ainda, segundo o mesmo autor, é alimentada pela contribuição de milhares de dirigentes universitários que, em seu trabalho diário, encontram soluções criativas e bem sucedidas. Trata- se de experiência organizacional concreta que passa a ser, gradativamente, absorvida por toda a instituição e, muitas vezes, disseminada a outras instituições.

A terceira abordagem harmoniza elementos das abordagens anteriores. As instituições de ensino superior possuem características comuns a qualquer organização, aplicando-lhes os fundamentos da administração em geral, mas que possuem características especiais que requerem, na prática administrativa, uma atenção especial.

Na situação em que se apresenta a gestão universitária, inclusive mundialmente, como menciona Meyer Jr. (2000, p. 147) há uma grande contradição, “as universidades são organizações que produzem e transmitem conhecimento, porém não o utilizam em proveito próprio”. As universidades formam administradores ensinando-lhes teorias, técnicas, processos, abordagens que não são utilizadas na própria instituição. A necessidade de a universidade propiciar a profissionalização da administração é enfatizada por Ribeiro (1977, p. 04):

A administração universitária, porém, só nos últimos anos tem oferecido um tratamento mais científico ao exercício de suas funções. A tradição é o empirismo, presume-se que quem leciona ou tem certo nível intelectual é também capaz de administrar.

Vasconcelos (2010) corrobora a ideia de Ribeiro (1977) e Meyer Jr. (2000), em relação à gestão universitária, de que dependendo da natureza das instituições de ensino superior, diferentes modelos de gestão estão sendo implementados. Para a autora, está posto um grande paradoxo, em que as instituições de ensino superior, formadoras de gestores em seus cursos, acabam praticando um modelo de gestão amador e experimental, no sentido de que experimentam, erram, refazem e desperdiçam.

A dificuldade em administrar a universidade é um reflexo da dificuldade em administrar qualquer organização, o que talvez torne a universidade diferente é que as complexidades pareçam mais evidentes nesta organização. Assim, a aplicação dos modelos empresariais não surte o efeito desejado nas universidades, porque nas próprias empresas há uma ilusão de que as relações inerentes a estas podem ser simplificadas, os conflitos

eliminados, e o equilíbrio sempre conquistado. Logo, faz-se necessário um repensar crítico das teorias administrativas que dê conta de toda complexidade inerente a todas as organizações, incluindo aí as universidades (SCHLICKMANN,2009).

A universidade, como instituição social, tendo a sociedade como seu princípio e sua referência normativa e valorativa, requer uma gestão universitária com critérios e princípios que manifestem os seus interesses, que atendam e sustentem a sua autonomia e a sua expressão social e política. Para tanto, a gestão universitária deve ocorrer sobre as atividades de ensino, pesquisa e extensão, objetivos da instituição universitária (CHAUÍ, 2003).

A universidade possui forte atuação na comunidade representada pelas ações de ensino, pesquisa e extensão, que inclui a prestação de serviços e possui responsabilidades sociais, pois promove o desenvolvimento científico e tecnológico, educacional e cultural de acordo com as necessidades da comunidade. Cada uma dessas atividades possui uma metodologia de trabalho específica caracterizando as universidades como as organizações que possuem a estrutura mais complexa. Assim, por estarem à frente dos processos decisórios, é importante que os gestores estejam preparados, instrumentados e capacitados para desempenharem suas atividades fazendo com que a universidade atenda à demanda e às perspectivas da sociedade.