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6. APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS/

6.1. Analise de Resultado

6.1.1. Gestor do século XXI

Desafios do século XXI para o gestor contemporâneo

Referente aos desafios do gestor contemporâneo, os entrevistados apontaram que o ambiente organizacional está passando por um momento de mudança de paradigma com a inserção de uma nova geração no mercado de trabalho, independente do nome que essa geração receba.

“Eu não acredito que seja característica de uma determinada geração, a X ou a Z, mas sim porque é um momento de mudança. E isso exige dos nossos gestores um movimento de mudança” (E7) Esta nova geração traz uma nova roupagem para o conceito de trabalho. Eles desejam encontrar um propósito. Caso não encontrem, eles mudam de empresa.

“Atualmente trabalhamos com carga de trabalho mais alta que nossos avós, nossos pais. A gente recebe menos que nosso pais, nossos avós, a gente muda muito de empresa. Não temos muita identificação de empresa. Como você mantém o cara engajado, como você mantém o cara motivado para continuar trabalhando com uma carga horária mais alta, ser cansativo e continuar entregando e continuar se sentindo bem fazendo aquilo?” (E3)

“Como você faz para motivar, manter essa galera com você diante de tantas adversidades e oportunidades que esse jovem possui? [...] Hoje em dia está muito comum o perfil inovador, empreendedor, então como é que você, como uma multinacional com processos definidos pré-estabelecidos onde não tem muito lugar para a pessoa inovar, criar, ousar... então esse é o primeiro desafio. Os valores e princípio dessa garotada que está chegando, por exemplo, essa nova geração tem menos paciência do que a gente tinha no passado, uma galera muito mais aflita por crescer, por andar, por desenvolver e se as coisas não acontecem no tempo que elas esperam elas já acham que aqui não é para elas” (E4).

Além disso, foi observado através dos relatos que nos últimos anos houve uma valorização do controle horizontal da companhia em detrimento da

verticalização desta, exigindo uma postura mais participativa do gestor diante este cenário.

“O gestor do século XXI precisa cada vez mais estar aberto a fazer uma coisa participativa, inclusiva. Passou a era em que esse gestor dava as ordens e a equipe seguia, e ele era o que dominava tudo e sabia tudo. Essa era já acabou totalmente [...] Como o mundo está mudando, as pessoas não querem receber ordem. Tem que fazer sentido [...] Os bons profissionais hoje querem se sentir parte do que está sendo construído, querem ter um legado” (E1).

“Meus filhos, por exemplo, não querem trabalhar em uma empresa com hierarquia rígida, que tem horário para entrar e horário para sair. Ou seja, o significado de trabalho da nova geração está mudando [...] Vai ter um outsourcing de mão de obra” (E5).

“Fazer junto, construir junto do que simplesmente sentar na cadeira e delegar. Tem que ser hands-on” (E3).

No entanto, há o questionamento sobre a falta de vivência que esse jovem gestor apresenta nos cargos de primeira liderança, principalmente em um cenário de crise econômica da qual o Brasil passa no ano de 2016:

“Como você cria essa massa crítica sem encarreirar essa massa crítica?” (E5).

“A nova geração não sabe lidar com crise, ainda mais a crise politica e econômica do ano 2016 [...] As pessoas estão acostumadas a lidar com cenários prósperos, mas diante de cenários complexos, apresentam muito dificuldade em lidar sob pressão, ainda mais essa liderança jovem que não tem vivência para lidar com cenários de divergências. Como reter esses talentos?” (E6).

Dado isso, foi relatada a importância da capacidade do gestor em desenvolver e engajar pessoas, sabendo aproveitar o potencial de cada indivíduo de um time formado por profissionais de diferentes perfis diante de um cenário complexo:

“Hoje as soluções têm que ser entregues mais rápidas ao cliente. E para isso você precisa ter uma equipe fazendo, construindo, experimentando, acertando e errando junto. E nisso o papel do líder de formar um time que consiga trabalhar dessa forma é cada vez mais desafiador [...] O bom gestor é aquele que consegue realizar através da equipe” (E1).

“O papel da liderança, do gestor é de confiar no seu time, mais do que coordenar tarefas, é dar uma visão, assumir alguns riscos, empoderar a sua equipe e dar suporte” (E7).

“Ele tem que criar um ambiente competitivo saudável, o gestor tem que saber liderar bem, dentro das premissas de comunicação, de engajamento, de objetivo [...] O desafio é saber gerir pessoas” (E8).

Papel do gestor no século XXI

Pelos depoimentos dos entrevistados, foi possível identificar aspectos em comum sobre o que eles esperam da função de um gestor. A capacidade de desenvolver uma equipe foi a função mais apontada durante as entrevistas, acrescentando o fato de que esse gestor necessita ter a sensibilidade de perceber as competências, as motivações e as lacunas de cada integrante de sua equipe para que, assim, possa motivar as pessoas a realizarem uma determinada entrega.

“O que eu espero do gestor é essa capacidade de ensinar, não só coisas técnicas, mas também se portar, se desenvolver, como ser um profissional dentro do ambiente organizacional” (E2).

“ (o gestor) é responsável por fazer a “equipe funcionar”, sabendo identificar as competências de cada integrante de sua equipe, fazendo com que cheguem juntos ao resultado determinado. O gestor é parte integrante da equipe que ele lidera” (E3).

“Ele que tem que estar junto com a equipe, como um coaching da equipe, de mostrar, de acreditar, desenvolver, motivar, tem que ser muito mais forte” (E4).

“Consiga (o gestor) olhar as pessoas mais como pessoas e não como recursos” (E5).

Outra função mencionada foi a capacidade em influenciar e engajar as pessoas, principalmente em cenários de crise.

“O gestor precisa trazer o propósito para as pessoas, um engajamento ligado a longo prazo e não a curto prazo, visto que o curto prazo o cenário é ruim. Como criar esse propósito em sua equipe em um cenário econômico de recessão? ” (E6).

“Porque antigamente um gestor ficava aqui e pensava “pô estou em uma multinacional, quero crescer aqui, quero fazer carreira aqui e tudo mais”. Era muito simples, você era treinado e você tinha que fazer aquilo ali acontecer, obvio que tinha aquela cerejinha do bolo pendurada lá no finalzinho do túnel, para a pessoa ir lá buscar. Só que hoje em dia não. Você tem que estar girando todos os pratinhos para eles não caírem, ou seja, mais perto da equipe, motivando, falando “acredita em mim”, dando um caminho, uma orientação. Dividindo experiência, trocando” (E4).

Foi observado ainda a importância do autoconhecimento do gestor e da visão holística para que, assim, ele possa reconhecer o potencial de sua equipe:

“Quanto mais o gestor faz esse processo de autoconhecimento, mais ele aprende a saber o que exigir de cada integrante da sua equipe, aprende a entender que o ritmo de cada um é diferente. Isso auxilia a capacidade de visão holística, essa habilidade de coordenar recursos financeiros, processos e pessoas. E dentro disso, coordenar processos e finanças são ensináveis, agora coordenar pessoas...” (E8).