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Gestores do IFNMG e Campus Salinas

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2 PARA SE ANALISAR ALGUNS DADOS E A VIVÊNCIA

3.3 Gestores do IFNMG e Campus Salinas

Embora a gestão institucional esteja ligada e na prática se dê com o auxílio de vários outros conselhos, diretorias e coordenações locais e específicas aos setores da escola, buscamos informações por meio de questionário específico encaminhado no âmbito da Reitoria, à Pró-Reitoria de Ensino e Diretoria de Ensino - PROEN, como também à Direção Geral - DG do Campus Salinas, seu Departamento de Desenvolvimento Educacional- DDE e Coordenação Geral de Ensino - CGE, por entender que tais grupos têm atuações muito específicas com o ensino e por extensão com o currículo. Sob esta expectativa, procuramos descrever as atribuições dos gestores, docentes e servidores da educação, enquanto grupos pesquisados. Entendemos que aos gestores cabe a “gestação” de uma instituição, o que concerne na sua idealização, no planejamento, na elaboração e na execução de suas ações, no caso de uma escola com e para a comunidade, e por isso também lhes cabe a coordenação de grupos e pessoas, que diretamente executam as tarefas. Neste sentido, Lück (2000), define:

A responsabilidade maior do dirigente é a articulação sinérgica do talento, competência e energia humana, pela mobilização contínua para promover uma cultura organizacional orientada para resultados e desenvolvimento. (LÜCK, 2000, p. 15)

De modo geral as atribuições indicadas em Regimento Geral – RG para os cargos de PROEN, DG, DDE, CGE, (respectivamente, artigos 40, 64, 74, 80 e 81) se resumem na definição, planejamento, organização, administração e financiamento dos atos a serem realizados através da delegação de tarefas aos subordinados. Contudo, suas ações têm decisiva repercussão na prática pedagógica e nos resultados desta.

Apesar de ser um cargo comum a todos os campi, a Coordenação Geral de Ensino – CGE, a quem enviamos questionário, tem suas atribuições definidas conforme art.81 do RG, enquanto no Regimento Interno - RI, ainda em construção, são definidas as atribuições de seus integrantes. Subordinada a CGE tem-se, hoje, a Seção de Supervisão Pedagógica - SSP, que junto a tal coordenação, ao que tudo indica será desmembrada em dois Departamentos de Ensino Técnico – DET e de Ensino Superior – DES. Também juntas responderão, conforme Minuta do Regimento Interno – MRI, pelas atribuições que se seguem, entre outras:

Art. 51. Compete ao Departamento de Ensino Técnico:

I - assessorar na elaboração de projetos de cursos, programas e planos de ensino e organização do calendário escolar;

II - orientar o corpo discente para a participação na vida social, política e cultural da instituição;

III - propor eventos, reuniões, encontros e cursos com vistas ao aprimoramento docente e discente; [...]

IV - fomentar discussões sobre políticas afirmativas garantindo a implementação de ações inclusivas no Campus;

Assim, podemos dizer que a CGE ou DET, é um dos setores que diretamente responde e lida com os alunos e professores, encaminhando os atos de estudo, planejamento e execução pedagógica, a partir das orientações dos setores superiores, os DDE, DG e PROEN. Daí, entendermos que a concepção e orientação destes órgãos é fato determinante na execução

52 curricular, embora não limitante para o currículo, frente às influências da prática local e interação entre professor, aluno, técnico-administrativo e comunidade em geral. Quanto à SSP, desenvolvemos entrevista com servidor responsável, incluída, neste texto sob as considerações dos demais servidores, através dos quais buscamos uma discussão democrática sobre a integração curricular.

A partir da criação dos Institutos Federais de Educação, conforme a Lei º 11.892/08, novos cargos de gestão foram criados através da Reitoria, como também cresceu a necessidade de interação entre gestores e demais atores da educação, em função da centralização das decisões naquela instância institucional. Pareceu-nos, que o Campus Salinas, como os demais, ainda passa por um momento de adaptação à configuração e identidade institucional de Instituto Federal, e por isso a maior parte de seus documentos encontrava-se em construção o que, contudo, não foi impedimento para este estudo.

No quadro de gestores pesquisados apenas um não tem como função efetiva a docência. Sendo que todos possuem experiência de em média mais de 15 anos de atuação na EB e EPT, além de importante formação acadêmica, de no mínimo mestrado, sendo ainda, alguns doutorandos, e todos licenciados em áreas específicas. São, portanto, um grupo experiente, que goza dos benefícios de terem presenciado importantes transformações nas políticas públicas da educação, entre elas a Integração Curricular mediante Decreto nº 5.154/04 e a criação dos Institutos Federais de Educação, os IF‟s. De posse desta bagagem, os gestores apresentaram considerações que a nosso ver, se traduzem em uma ação de implementação de integração de currículo que, como fora dito por um deles, privilegiava o “diálogo, muito diálogo”, o que, obviamente constitui um ganho pedagógico.

Em resposta, a nosso questionário na questão “2.1) De acordo com sua experiência como gestor descreva uma ação gerencial (sua ou de seus colegas gestores) que, em sua opinião, tenha contribuído para a integração curricular”, tivemos de nossos gestores importante tendência a discussão e ao debate, como surgem nas respostas a seguir:

Construção coletiva do Projeto Pedagógico (Experiência de Integração Curricular descrita por Gestor do IFNMG/Campus Salinas)

Toda contribuição que já dei às propostas de integração se deu através do trabalho coletivo, em reuniões com professores e equipe pedagógica lemos a legislação e discutimos a construção de projetos pedagógicos. Nunca efetuei uma ação direta com os cursos de ensino médio, mas sempre fui convidada para participar das discussões. (Gestor do IFNMG/Campus Salinas)

[promoção de] momentos estes que permitem um trabalho de cooperação e troca, aberto ao diálogo e ao planejamento do fazer pedagógico. (Gestor do IFNMG/Campus Salinas).

Quando perguntados, (item 3.1) sobre as ações práticas de integração implementadas em suas gestões, em função do Decreto 5.154/04, as respostas dos gestores indicam a promoção de eventos para a divulgação da “função social da Instituição”, “discussão-reflexão acerca dos documentos norteadores para a oferta de cursos integrados”, além do trabalho na “construção coletiva do projeto pedagógico” e “busca de melhor participação e envolvimento dos pais, docentes e equipe pedagógica no fazer pedagógico da instituição”, a exemplo da descrição que segue:

53 Foram oportunizadas a realização de várias reuniões com amplas discussões visando à implementação do Decreto 5154/2004, que estabeleceu as diretrizes para o Ensino Médio Integrado ao Ensino Profissionalizante, o que veio de encontro às mudanças pretendidas pela Instituição. As discussões partiram da análise e avaliação dos cursos existentes na escola, na forma do decreto 2208/97 e dos cursos extintos em 1997, os quais eram integrados. Foram avaliadas, pelos professores, as falhas na formação dos alunos ocasionadas por esse decreto e ressaltada a ocorrência de uma melhor formação do técnico quando os cursos eram integrados.

Considerando que o corpo docente acreditava que a integração possibilitaria a formação de um técnico com melhor formação humana e científica, foram reestruturados, com a participação efetiva dos professores, para a modalidade integrada os cursos que antes eram ofertados na modalidade de concomitância interna (Técnico em Agropecuária e Técnico em Agroindústria). Além disso, foram implantados novos cursos, à luz do Decreto 5.154/04.

Embora entendamos tais ações como contribuições importantes para a integração curricular, destacamos contudo, que na prática do dia-a-dia da escola não são oportunizados momentos de criação e elaboração de atividades práticas que enriqueçam as estratégias dos professores, a partir da troca de experiências com seus pares. Antes, sobretudo, após a implantação do terceiro turno, o isolamento entre os educadores, tem sido uma dificuldade, enfrentada por alguns via recursos de comunicação, e-mails, chats, etc. Contudo, até então, não há estratégias gestoras que visem superar este obstáculo, o que para os professores, constitui, como veremos mais adiante, uma importante dificuldade para as ações docentes na integração de currículos, que obviamente não pode se estabelecer no isolamento e deve ser estimulada, sobretudo pelos gestores.

Embora, seja promissora a evidência inscrita nos questionários dos gestores, que não apresenta visões tecnicistas ou receituárias, nos pareceu que importantes temas e dimensões curriculares como as teorias de currículo, ideologias, ações metodológicas e práticas interdisciplinares, que encaminhariam a execução da integração rumo às ações práticas, não foram evidenciadas como temas das discussões nos relatos dos gestores nem dos professores. Também consideramos a hipótese de que os profissionais participantes de tais reuniões, sobretudo os professores, não fossem os mesmos respondentes uma vez que é significativa a rotatividade através de processos de transferências e redistribuições. Isso, no entanto, também nos leva a crer que haveria a necessidade de abordagem e discussão contínua dos temas tal como sugere um dos professores respondentes.

Importante que os fundamentos que embasam a legislação sobre integração seja discutido com os atores da educação. Importante que a defesa de uma ensino integrado seja incorporada ao discurso dos atores que, a partir daí, surjam novas práticas educativas fundadas no princípio da integração. ( Professor da EB)

Embora, de modo geral, seja evidente o esforço em incorporar à gestão escolar uma condução democrática para as escolas, a seguir problematizamos a questão por entender que esta ainda é uma tendência recente. Assim, buscamos identificar, na escola os...

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