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2 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Van Grembergen e De Haes (009a, p.3) definem e posicionam a Governança

2.1 GOVERNANÇA CORPORATIVA

Cabe aqui então conceituar-se a GC. O Quadro 4 apresenta algumas conceituações clássicas de GC:

Quadro 4. Definições de Governança Corporativa.

Autor Definição

Relatório de Cadbury (1999, p.1 apud RODRIGUES, 2010, p.23)

é o sistema por meio do qual as companhias são dirigidas e controladas. É expressa por um sistema de valores que rege as organizações em sua rede de relações internas e externas.

Information Technology

Governance Institute (ITGI, 2003, p.6)

é um conjunto de responsabilidades e de práticas exercidas pelo conselho e direção executiva com o objetivo de fornecer orientação estratégica, garantindo que os objetivos sejam atingidos, apurando que os riscos sejam geridos adequadamente e verificando que os recursos da empresa são utilizados de modo responsável.

Instituto Brasileiro de Governança

Corporativa (IBGC, 2006, p. 6) é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade.

Fonte: a partir das definições dos autores.

Depreende-se das definições anteriores que a GC diz respeito à criação de mecanismos efetivos para o monitoramento e incentivo, visando garantir que o comportamento dos dirigentes de uma organização esteja alinhado aos interesses dos acionistas/cidadãos/partes interessados (atores principais), minimizando dessa forma os conflitos existentes entre propriedade e controle, i.e., os Conflitos de Agência.

O Instituto Brasileiro de Gestão Corporativa (IBGC, 2009 apud SILVA, 2011, p.33), define os seguintes princípios básicos de GC:

Transparência: disponibilizar às partes interessadas informações de seu interesse e não apenas aquelas impostas por leis e regulamentos;

Equidade: tratar com mesma justiça os sócios e todas as partes interessadas na empresa;

Imputabilidade: os agentes da governança (sócios, administradores, conselheiros fiscais e auditores) devem prestar contas de sua atuação, assumindo integralmente as consequências de seus atos; e

Responsabilidade Corporativa: os agentes de governança devem zelar pela sustentabilidade das organizações, visando à sua longevidade, incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações.

Weill e Ross (2004, p.6-7), no contexto da GC, entendem que as empresas concretizam suas estratégias e geram valor de negócio através de seis ativos principais:

Ativos humanos: pessoas, habilidades, planos de carreira, treinamento, competências, etc.;

Ativos financeiros: dinheiro, investimentos, fluxo de caixa, etc.; Ativos físicos: prédios, equipamentos, manutenção, segurança, etc.;

Ativos de Propriedade Intelectual (PI): Know-how de produtos, serviços e processos embutidos nas pessoas e nos sistemas da empresa;

Ativos de informação e TI: dados digitalizados, informações e conhecimentos sobre clientes, desempenho de processos, sistemas de informação, etc.; e Ativos de relacionamento: relacionamentos internos e externos, marca, e

reputação junto a clientes, fornecedores, órgãos reguladores, etc.

Dessa forma a GTI, diante de sua missão institucional e objetivos estratégicos bem definidos, deve direcionar e monitorar a ação de seus ativos, à luz dos princípios de GC, para o alcance das metas e objetivos estratégicos definidos pelo Plano Estratégico Institucional (PEI).

2.2 GOVERNANÇA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Do mesmo modo, apresentam-se algumas conceituações clássicas de GTI. Simonsson e Johnson (2006, p.3) realizaram um estudo exaustivo sobre as definições existentes em 60 (sessenta) diferentes artigos e destacam as seguintes mais citadas, mostradas no Quadro 5:

Quadro 5. Conceitos e definições de Governança de Tecnologia da Informação.

Autor Definição

Mantida pelo ITGI na versão 4.1 do COBIT editada em 2007

é responsabilidade do Conselho de Diretores e gerentes executivos. Ela faz parte integral da governança empresarial e consiste da estrutura organizacional e de liderança bem como dos processos para garantir que a organização sustente e estenda sua estratégia e seus objetivos. (ITGI, 2000)

Van Grembergen (2002) é a capacidade organizacional exercida pelo Conselho de Diretores, pela gerência executiva e pela gerência de TI para controlar a formulação e implementação da estratégia de TI e desta forma assegurar a fusão entre negócio e TI.

Weill e Ross (2004) especifica os direitos de decisão e o framework de responsabilidades para encorajar comportamentos desejáveis no uso de TI.

Luftman (1996) é a seleção e uso de relacionamentos como alianças estratégicas ou joint ventures para obtenção de competências- chave em TI. É análogo à governança corporativa e envolve escolhas do tipo ‘fazer × comprar’ na estratégia de negócio.

Fonte: SIMONSSON e JOHNSON (2006, p.3).

Webb, Pollard e Ridley (2006, p.6) promoveram análise de conteúdo de 12 (doze) definições de GTI, na qual confirmaram os seguintes elementos comuns e pertinentes: i) alinhamento estratégico; ii) geração de valor através da TI; iii) gestão de desempenho; iv) gestão de risco; e v) controle e responsabilidade. Dessa forma, esses autores definem a GTI como:

o alinhamento estratégico da TI com o negócio de tal maneira que o valor máximo de negócio seja alcançado por meio do desenvolvimento e manutenção de controles efetivos da TI, bem como responsabilização, gestão de performance e gestão de riscos.

Interessante notar que esses elementos comuns encontrados, em suma, representam os domínios da GTI, conforme estabelecido pelo Information Technology Governance Institute (ITGI). Esses domínios da GTI podem ser utilizados como critérios agrupadores hierárquicos durante o processo de ranqueamento dos FCS aqui pesquisados. O Quadro 6 sumariza esses domínios.

Quadro 6. Domínios da Governança de Tecnologia da Informação.

Domínio da GTI Descrição

Alinhamento Estratégico foca no alinhamento estratégico com o negócio e soluções colaborativas - tem como objetivo manter o alinhamento entre as

soluções de TI e o negócio da organização;

Entrega de Valor concentra na otimização de despesas e realiza o valor da TI - tem

como objetivo otimizar os custos dos investimentos em TI e o correspondente retorno;

Gestão de Riscos endereça a salvaguarda dos ativos de TI e a recuperação de desastres - tem como objetivo assegurar a proteção dos ativos de TI,

recuperação de informações em caso de sinistros e manter a continuidade da operação bem como serviços de TI;

Gestão de Recursos otimiza o conhecimento e a infraestrutura - tem como objetivo

estabelecer e distribuir as capacidades (aplicativos, informações, infraestrutura e pessoal) adequadas de TI para as necessidades do negócio; e

Mensuração de Desempenho

acompanha a entrega de projetos e a monitoração de serviços de TI -

tem como objetivo acompanhar os indicadores e fornecer evidências de que a direção está sendo seguida ou não.

Fonte: ITGI (2003, p.22-30).

A GTI ocorre em um ciclo contínuo, podendo iniciar em qualquer ponto. Normalmente, tem início na estratégia e seu alinhamento com a empresa. A implementação ocorre entregando o valor estratégico prometido e verificando os riscos que precisam ser reduzidos. Com intervalos regulares, a estratégia deve ser controlada e os resultados medidos, relatados e atendidos. A Figura 1 ilustra esse ciclo e a relação entre os domínios da GTI.

Figura 1. Domínios de Governança de TI.

Naturalmente, esses cinco domínios da GTI devem estar alinhados com as diretrizes traçadas pelos principais stakeholders do negócio. Dois deles, representados com linhas mais grossas, são resultados: Entrega de Valor e Gestão de Riscos, e três são direcionadores: Alinhamento Estratégico, Gestão de Recursos e Mensuração de Desempenho (ITGI, 2003, p.19).

A despeito da conceituação de vanguarda de De Haes e Van Grembergen apresentada no início deste capítulo, como se pode integrar de forma efetiva os últimos conceitos de GC e GTI? Weill e Ross (2006, p.6) propõem o modelo, representado na Figura 2, que associa então a GC e a GTI.

Figura 2. Governança Corporativa e Gestão de TI.

Fonte: WEILL e ROSS (2006, p.6).

A metade superior do modelo expressa os relacionamentos no conselho, em que a equipe executiva senior, como seu agente, articula estratégias e comportamentos desejáveis para cumprir as determinações desse conselho. Já a metade inferior identifica os seis ativos principais da organização, por meio dos quais estas consolidam suas estratégias e geram valor para o negócio. Segundo os autores, para se governar esses elementos essenciais, definidos anteriormente, as

empresas utilizam os mecanismos de governança financeira e os mecanismos de governança de TI, com seus respectivos comitês, orçamentos, etc.