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4 I MPLICAÇÕES DA FINANCEIRIZAÇÃO DO CAPITAL NO REPOSICIONAMENTO ECONÔMICO DE CIDADES NA RMR E G OIANA E NA REESTRUTURAÇÃO

4.2 O novo contexto econômico e os reinvestimentos nos núcleos de desenvolvimento da RMR

4.2.3 Os grandes projetos de transformações urbanas em função das novas oportunidades: o capital imobiliário financeirizado

Os grandes projetos urbanos reaparecem como indutores do desenvolvimento. Mas no contexto da economia financeirizada introduz, cada vez mais, critérios de rentabilidade

58 Renda per capital familiar. Salienta-se que o salário mínimo em 2010 era R$ 510,00. 59 Esgotamento sanitário por rede geral de esgoto ou pluvial.

econômica e possibilita, especialmente, o desenvolvimento metropolitano, por meio da criação de novas centralidades.

Os dados sobre os investimentos anunciados, entre 2004 e dezembro de 2012, para o Estado de Pernambuco, registram um volume total de R$ 104,319 bilhões. Ao todo, foram 729 projetos aprovados com vistas ao período de implementação, entre os anos de 2007-2016. Desse total, R$ 78,5 bilhões se concentraram na RMR, dos quais quase R$ 58,3 bilhões foram anunciados para cinquenta empreendimentos localizados somente na cidade de Ipojuca, e outros R$ 11,6 bilhões no município do Cabo de Santo Agostinho (ROSA; OLIVEIRA, 2015). A tabela a seguir apresenta a distribuição dos recursos e o quantitativo de projetos aprovados, com ênfase nas cidades da região metropolitana e nos municípios de Goiana e Vitória de Santo Antão. Alguns dos projetos já estão em operação, outros em curso e alguns ainda não foram iniciados, possivelmente, em virtude dos reveses na economia, sobretudo, a partir de 2015 (Tabela 4).

Tabela 4 – Investimentos anunciados, entre 2004 e dez/2012, para o Estado de Pernambuco, com ênfase nos municípios da RMR, Goiana e Vitória de Santo Antão para implementação entre 2007-2016.

UNIDADE TERRITORIAL NÚMERO DE PROJETOS

APROVADOS

VOLUME DE INVESTIMENTOS

R$ MILHÕES DISTRIBUIÇÃO %

Abreu e Lima 14 63,8 0,06

Araçoiaba -- -- --

Cabo de Santo Agostinho 51 11.646,0 11,16

Camaragibe 6 232,1 0,22

Igarassu 14 166,5 0,16

Ipojuca 50 58.260,0 55,85

Itamaracá -- -- --

Itapissuma 11 1.080,6 1,04

Jaboatão dos Guararapes 70 955,1 0,92

Moreno 5 46,7 0,04

Olinda 11 40,6 0,04

Paulista 38 852,2 0,82

Recife 153 4.039,8 3,87

São Lourenço da Mata 7 774,3 0,74

Vários municípios* 2 394,0 0,38

RMR (total) 432 78.551,7 75,3

Goiana 29 11.576,3 11,1

Vitória de Santo Antão 34 1.144,2 1,1

Outros municípios de PE 234 13.047,4 12,5

Pernambuco (total) 729 104.319,6 100

Fonte: ROSA, OLIVEIRA, 2015.

Nota: Foram contabilizados apenas os investimentos cujo valor declarado superou R$ 100 mil. (*) Corresponde aos investimentos que perpassam mais de um município da RMR.

A cidade do Recife concentrou o maior número de projetos aprovados, mas que correspondem em valores a R$ 4 bilhões, ou 5,14% do total aportado na RMR. Os dados confirmam o que discutem Rocha e Diniz (2014), quando afirmam que a capital deixa de ser a única centralidade da RMR. Observa-se que com os novos investimentos, abre-se espaço para

a intencionada maior dinamização de outros municípios, sinalizado no plano Metrópole Estratégica de 2002, os quais passam a assumir características de centralidade, gerando outros polos de desenvolvimento mais significativos, e se consolidam municípios que já tinham esse atributo.

Como se pode perceber, o maior volume de investimentos (quase 90%) se concentrou na nucleação Sul, por meio de aportes em torno do Complexo Industrial Portuário de Suape, a fim de melhor explorar as potencialidades e capacidade do complexo e o consolidar como centralidade daquela nucleação. No que se refere aos novos direcionamentos, chama-se atenção para os identificados ao Norte, sobretudo, com a concentração de R$ 11,5 bilhões em investimentos no município de Goiana, que embora não esteja inserido na RMR, faz limite com os municípios de Itapissuma e Igarassu, valendo ressaltar que já se iniciou discussão para uma possível inserção no futuro. Com isso, a expectativa é de que a cidade de Goiana se transforme em uma nova centralidade ao Norte da RMR – com polo automotivo, farmacoquímico e vidreiro, o que possivelmente impactará nas suas relações intermunicipais, como salientam Rosa e Oliveira (2015).

A Oeste, salienta-se a realização dos megaeventos, como a Copa das Confederações em 2013 e Copa do Mundo em 2014, que levaram investimentos, sobretudo, a São Lourenço da Mata, município sede da Arena Pernambuco, para a implantação do estádio e da infraestrutura de serviço e transporte que demandava a realização de eventos como esses, bem como, alguns investimentos na área de habitação em virtude dos reassentamentos realizados.

Além disso, destaca-se outro município que também não pertence à RMR, Vitória de Santo Antão, que faz limites com os municípios de Moreno, São Lourenço e Cabo de Santo Agostinho, o qual recebeu um shopping center, uma unidade do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia e o Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco, bem como projetos na área de habitação (ROSA; OLIVEIRA, 2015).

Confirma-se, assim, o boom de investimentos a partir da euforia do capital financeiro em projetos de grande porte ou de grande impacto. As seções a seguir foram divididas e abordam como esses investimentos impactaram nas dinâmicas econômicas dos municípios, promovendo reestruturações nas hierarquias urbanas e regionais e nas relações de interdependência entre eles, como também apresentam os impactos na reprodução do espaço urbano, em virtude da intensa expansão imobiliária e por meio da implantação de projetos em infraestrutura urbana.

Sabe-se que se referem às relações que se encontram imbricadas e que interferem umas nas outras, a expansão imobiliária está atrelada às mudanças na economia e à dotação de

determinada infraestrutura, mas foram organizadas em seções diferentes, em busca da identificação e organização das mudanças ocorridas em cada contexto.

4.2.3.1 Dinamização da economia e mudanças nas hierarquias urbano e regionais Embora o Recife deixe de ser a única centralidade da RMR, sua centralidade tem características singulares para a região metropolitana e ainda para o Nordeste, em virtude do seu caráter histórico de concentração de serviços importantes na saúde e educação, da mesma maneira que no âmbito comercial atraíam moradores de cidades vizinhas e de outros estados. Com um claro direcionamento ao fortalecimento do setor terciário e terciário moderno, conforme exposto na seção 4.1.2, os investimentos dos anos 2000 estiveram voltados a consolidar o que estava na essência da centralidade recifense.

Desse modo, concentra a força do centro financeiro e investe e incentiva as grandes empresas com poder decisório, as de serviços regionais de educação, de saúde – por meio de um Polo Médico de destaque – de tecnologia da informação – por meio da implantação do Porto Digital, e posteriormente, expansão para as atividades da chamada economia criativa, especialmente, nas áreas de jogos eletrônicos, audiovisuais, músicas e design. Com isso, as demais centralidades que surgem, tendem a abrigar demais serviços e atividades produtivas importantes, que não são mais oferecidos na capital pernambucana.

A vocação percebida para a fomentação de um Polo Médico relaciona-se, a princípio, a tradição na área médica, com grandes hospitais públicos e Faculdade de Medicina que atraíram, por muito tempo, pacientes de localidades vizinhas por oferecer melhores condições de atendimento; e também em virtude de ações espontâneas de médicos que viram no modelo de saúde brasileiro – em que o Sistema Único de Saúde (SUS) cuida dos pacientes de baixa renda, enquanto que o sistema de saúde suplementar privado responsabiliza-se pelos que podem pagar planos de saúde – a oportunidade de instalar hospitais, clínicas de diagnóstico e laboratórios de análises clínicas em moldes mais capitalistas e com maior preocupação em eficiência empresarial (FERNANDES; LIMA, 2006).

Fernandes e Lima (2006) apontam que, consequentemente, foram se aproximando fornecedores de insumos e equipamentos com maior tecnologia e operadoras de planos de saúde, o que possibilitou uma gradativa ampliação de mercado. Ampliação esta que foi percebida como potencialidade a ser valorizada nesse novo cenário econômico competitivo, estabelecendo singularidades significativas para a cidade polo da RMR.

Outra área identificada para receber maiores investimentos foi a de Tecnologia da Informação e Comunicação. Com a finalidade de promover maior visibilidade à economia digital de Pernambuco e desenvolver o terciário moderno, ainda nos anos 2000 foi criado o

Porto Digital (PD), com investimento inicial de R$ 33 milhões – oriundos da privatização da Companhia Energética de Pernambuco (CELPE). O PD – sociedade civil sem fins lucrativos – é um projeto de desenvolvimento econômico que envolve investimentos públicos, iniciativa privada e meio acadêmico60, compondo um sistema local que promove um ambiente de

inovação para negócios das tecnologias de informação no Estado de Pernambuco (PORTO DIGITAL, 2016).

Com a possibilidade de novos aportes de investimentos, em 2013 viu-se a capacidade de expansão do Porto Digital para as atividades da chamada economia criativa, especialmente, nas áreas de jogos eletrônicos, audiovisuais, músicas e design, por meio de financiamento do BNDES, no valor de R$ 8,8 milhões para estruturação do que foi chamado Porto Mídia vinculado ao Porto Digital. Os recursos não reembolsáveis foram oriundos do Fundo Cultural do BNDES (PORTO DIGITAL, 2016).

Desde a sua criação e posteriores investimentos, o Porto Digital gerou cerca de 8 mil postos de emprego, dinamizado a economia, sobretudo, do centro histórico do Recife, local em que se instalou. Bem como, têm sido percebidas ações de contrapartidas em recuperação de edificações importantes para o bairro e para a cidade, ainda que controversas do ponto de vista dos estudiosos das técnicas de restauro.

Uma vez que se entende seu grande potencial em geração de emprego e renda, observa- se que apesar do cenário de crise econômica, verificado no país, o Porto Digital não deve sentir maiores impactos, haja vista que para além dos investimentos anunciados, com implementação entre os anos de 2007 a 2016 (conforme Tabela 4), já foi anunciada em outubro de 2016 a expectativa de se destinar R$ 60,5 milhões, através de emendas parlamentares com a finalidade de auxiliar no desenvolvimento de estratégias e projetos, com foco na interiorização do Porto e incremento da atividade empreendedora para o período entre 2017 e 2025. Estima-se, com isso, que os novos projetos teriam potencial para gerar em torno de 12 mil novos postos de trabalho em Tecnologia da Informação e Comunicação e em economia criativa (PORTO DIGITAL PODE, 2016).

No que se refere a contrapartidas e recuperação da mais valia urbana, pode-se citar os investimentos do Porto Digital, em complementos de ações de renovação urbana no bairro do Recife, por meio de aquisição e recuperação de edificações de destaque, de modo a adequá-las à recepção de novas empresas, ao tempo em que preservaria suas características arquitetônicas.

60 Além dos investimentos públicos, destacam-se os incentivos fiscais oferecidos, tais como: abatimentos no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS) e no Imposto Sobre Serviço de qualquer natureza (ISS).

Além disso, os novos usos propostos levam à circulação de pessoas nos três turnos no bairro, uma vez que na etapa anterior da revitalização, na década de 1990, privilegiava-se atividades noturnas, o que tornava a área vazia no período diurno.

Contudo, com a divulgação da inciativa para o PD, os preços de vendas subiram rapidamente, pressionando atividades tradicionais e empresas menores, dando lugar a grandes empresas inseridas no contexto global financeirizado. Desse modo, rompe com ações que estavam em andamento ou em discussão para bairro, como as de coligações políticas e econômicas que davam suporte às iniciativas locais, como trata Zancheti (2007), e os projetos de habitação de interesse social no centro, em função da valorização dos terrenos. Só sendo possível identificar algumas iniciativas nesse sentido na periferia do bairro do Recife.

Salienta-se ainda que em face dos serviços ofertados, Recife continua sendo a cidade escolhida para estabelecer moradia, sobretudo, pelos que detêm poder de escolha, ainda que trabalhem nas cidades vizinhas. Assim sendo, observa-se uma disputa pelos poucos terrenos disponíveis na cidade para a ampliação do estoque residencial, tal como vê-se uma rápida valorização dos preços de venda de unidades habitacionais em muitos dos bairros.

Enquanto isso, os investimentos na nucleação Sul também estiveram voltados a melhor aproveitar a sua já caracterizada vocação industrial, cristalizada na instalação do CIPS nos anos 1970. Desde a sua concepção, o Complexo visava a alavancagem da economia pernambucana, que esteve por muito tempo atrelada à agroindústria sucroalcooleira. No entanto, em virtude da estagnação econômica em 1980 e da transição em 1990, os investimentos públicos realizados, embora tendo-se mantido contínuos, não foram suficientes para atrair outros recursos privados importantes, os quais pudessem de fato colocar o CIPS como polo de desenvolvimento regional, conforme afirmam Rocha e Diniz (2015), aproveitando melhor sua capacidade e potencialidade. Com a retomada do crescimento econômico, e a partir do ano de 2007 com os investimentos oriundos do PAC, o Complexo conseguiu atrair um volume significativo de recursos públicos e privados (Tabela 4), tornando-se um dos principais receptores de investimentos do país. Em números, verifica-se que os investimentos públicos passaram de R$ 438,6 milhões (de 1995 a 2006) para R$ 1,46 bilhão (entre 2007 e 2010), enquanto que os investimentos privados que tinham sido de US$ 2,2 bilhões, até 2006, passaram para US$ 17 bilhões no período de 2007 a 2010 (EMPRESA SUAPE, 2010).

Nesse contexto, o CIPS atraiu 70 novas empresas, em vários setores de dez polos industriais: combustíveis, naval e offshore61, refino de petróleo, petroquímico, bebidas e

alimentos, automóveis, energia eólica, logística, siderurgia e metalomecânica (ROCHA; DINIZ, 2015). Dentre elas, destacam-se as implantações do Estaleiro Atlântico Sul, do setor da construção naval e offshore62; da Refinaria de Petróleo Abreu e Lima e; dos produtores de

resina, grupo Mossi &Ghisolfi63.

Atualmente são mais de 100 empresas em operação, responsáveis por mais de 25 mil empregos diretos, e outras 50 em implantação. Tudo isso soma mais de R$ 40 bilhões em investimentos, geram 15 mil novos empregos e mais de 40 mil empregos na construção civil (EMPRESA SUAPE, 2016).

Com vistas a consolidar o Estado de Pernambuco como distribuidor de bens e serviços da indústria do petróleo, gás e naval, foi lançado em 2008 o projeto Suape Global, em que executivos da empresa Suape, representantes do governo e entidades ligadas ao projeto realizam intercâmbio de informações e atraem o interesse de outros investidores do mundo para a região (EMPRESA SUAPE, 2010).

Com isso, os municípios que servem para as instalações de Suape, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, consolidam-se como centralidade e polo portuário industrial, demandando moradias, infraestrutura urbana e oferta de serviços. Demandas estas, que eram antigas dos moradores tradicionais, mas que têm sido atendidas visando o perfil do novo público de executivos e funcionários de alto escalão, como será apontado na seção a seguir.

Já a nucleação Norte caracterizava-se por uma economia mais voltada à agroindústria e nas indústrias de gênero têxtil e vestuário, de química e produtos de matérias plásticas, e de extração de minerais (mineração de areias) (CPRH, 2016). Com áreas de urbanização consolidadas, em padrões predominantes de classe média e baixa, a nucleação Norte não apresentava tendências de expansão e nem mudanças significativas nos moldes dos padrões urbanísticos existentes, conforme apontavam Lacerda et al. (2007).

A ação mais significativa que saiu do papel, em meados dos anos 2000, foi a implantação do Conjunto Nascedouro de Peixinhos, prevista no plano Metrópole Estratégica de

61 É importante sinalizar que o termo aqui se diferencia do contexto financeiro, em que se refere a uma empresa que tem a sua contabilidade em um país distinto do qual exerce sua atividade. Aqui o significado se relaciona com a atividade de prospecção, perfuração e exploração por empresas de exploração petrolífera que operam na costa. 62 Tendo como sócios os grupos Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, ambos atuando em segmentos diversificados, mas com forte atuação na construção e na oferta de infraestrutura, o Estaleiro objetiva ser a maior e a mais moderna empresa do setor no hemisfério Sul (ESTALEIRO, 2016).

63 A fábrica de resina PET da M&G construída pela Pernambuco Construtora em Ipojuca, é caracterizada como um dos mais importantes empreendimentos mundiais na indústria de poliéster. É a maior fábrica PET de reator único do mundo, ultrapassando a unidade da M&G em Altamira, no México (M&G, 2016).

2002. O conjunto se refere à transformação do antigo Matadouro de Peixinhos, em um centro cultural e tecnológico. Primeiramente, foi inaugurado em 2006, o Centro Cultural e Desportivo Nascedouro de Peixinhos, em 2008 foi implantado o Centro Tecnológico de Cultura Digital (CTCD), com a finalidade de ofertar cursos técnicos e de qualificação gratuitos em áudio, rádio, televisão e vídeo e design gráfico para jovens e adultos (CTCD, 2016).

O espaço tem tido ações de incentivo à formação e desenvolvimento de grupos artísticos, oportunizando jovens e adultos a se inserirem nas discussões socioculturais e nas novas possibilidades do mercado de trabalho. Pode-se inferir que é um exemplo de investimento em capital social, em uma sociedade que se financeiriza cada vez mais.

No entanto, a partir dos anos 2010, em face da possibilidade de novos investimentos, com o boom de desembolsos em 2009, e do discurso de interiorização da economia, por meio de incentivos fiscais diversos, a nucleação Norte passou a ser alvo de vários grupos de investidores, especialmente, o município de Goiana. Grande parte do aporte de capital em Goiana se dá em virtude da decisão de instalação da Fábrica de automóveis Fiat, implantação da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), o Polo vidreiro, comandado pela Vivix Vidros Planos (VVP), além de um distrito industrial, que atraíram outras empresas; em Itapissuma e Paulista, os investimentos estiveram voltados a incentivos, como também à chegada de outras indústrias de gênero de bebidas, materiais de consumo.

A implantação dessas grandes empresas altera toda a dinâmica econômica dessa nucleação, que esteve ao longo dos anos voltada principalmente a atividades agrícolas, pressionando grandes intervenções em infraestrutura urbana e de comunicação, tal como, moradias, serviços e comércio. E salienta-se, que pressiona não apenas os municípios que recebem o maior volume de investimentos, mas também os municípios vizinhos, em virtude das mudanças hierárquicas entre eles e nas relações de dependência entre os mesmos.

Por fim, aborda-se o direcionamento de investimentos para o núcleo Oeste. Entre as nucleações da região metropolitana, destaca-se por apresentar os indicadores socioespaciais mais frágeis, baixos investimentos, baixa densidade de ocupação, e maiores indicadores de pobreza (RAMALHO, 2015). Desta feita, passa a atrair mais investimentos após o anúncio, em 2009, da implantação da Arena Pernambuco para a Copa das Confederações (2013) e da Copa do Mundo (2014), no município de São Lourenço da Mata (ZIRPOLI, 2009).

Como observado, desde os planos metropolitanos da década de 1970, esboçava-se a intenção de expansão do centro – Recife e Olinda – para essa nucleação Oeste, entretanto, ainda que se tenha levado Distritos Industriais, que foram significativos nos anos 1980, e a implantação do terminal rodoviário na mesma década, essas ações não foram suficientes para

estimular e atrair moradores para a área conforme o esperado. Foram realizadas obras de melhorias da mobilidade, como: a duplicação da rodovia BR-232, nos anos de 2001 a 2003, no trecho do Recife a Caruaru; melhorias na rede metroviária; e mesmo assim, manteve-se a indução da demanda por moradia de baixa renda, como sinalizam Lacerda et al. (2007).

Com vistas a essa característica, no plano Metrópole Estratégica de 2002, foi proposta a implantação de um Parque Habitacional Metroviário. O qual pretendia desenvolver e/ou incrementar o potencial dos investimentos das áreas do entorno da rede metroviária, para o uso habitacional adequado com núcleos de comércio e serviços, principalmente sociais, sobretudo para grupos populacionais de média e baixa renda (CONDEPE/FIDEM, 2014).

Entretanto, em face dos novos interesses que aparecem na área, percebe-se que o projeto não foi plenamente desenvolvido, não se observa a implantação de equipamentos públicos sociais e de lazer no entorno de forma integrada, e sim de acordo com a demanda do setor privado. Com a escolha do Brasil, em 2007, como país sede da Copa do Mundo, e a oficialização em 2009 do Recife como cidade sede, o Governo do Estado direcionou os investimentos para a cidade de São Lourenço da Mata, na nucleação Oeste, sob a argumentação de que o Estádio a ser construído se daria em uma arena multiuso, acompanhada da Cidade da Copa. Redirecionando assim os esforços dos investimentos habitacionais para o entorno do estádio.

A arena serviria, então, como o elemento chamariz do novo empreendimento urbanístico, o qual foi estimado em R$ 1,6 bilhão, e seria viabilizado através de uma operação urbana com a iniciativa privada (ANDRADE; LAPA, 2014). A arena foi entregue em 2013, sediando jogos da Copa das Confederações que antecedeu o mundial de 2014, no entanto a Cidade da Copa até então não saiu do papel. O que será melhor abordado no capítulo seis, que traz um estudo aprofundado para o município de São Lourenço da Mata.

A dificuldade da área para atrair outras atividades e dinamizar a economia passa ainda por carências significativas em infraestrutura urbana e na rede de comunicação, demandando, portanto, maiores contrapartidas do poder público para incentivar a entrada de empresas e aportes de capital.

Em um panorama geral, verifica-se o surgimento de novas centralidades na região